Olivia
Metade da minha vida, subitamente acreditava que não seria a subordinada, aquela que receberia ordens detalhadamente necessárias. Porém, durante o relatório minucioso, cuidadosamente preciso, referente ao casamento arranjado via-se o quanto de mim havia sido perdido. Era de dar nos nervos, nem me dei o trabalho de questionar, afinal, nada dali faria alguma diferença nessa odiosa proposta. Preferia ser mãe solteira com dinheiro na conta, a verdade é que não precisava de uma macho dividindo vinte e quatro horas o mesmo teto. Prevejo um sufocamento constante, infinito, além de uma rigorosa vigilância.
Ouvia a conversa de braços cruzados fazendo cara de paisagem, fingindo estar olhando para as duas personagens mais odiadas da minha curta listinha. O que continha o primeiro fixado, o pai desconhecido dessa criança. Tudo culpa daquela p**a mediana. Aff! Nem ao menos foi digno de apresentar o melhor dos pau.s!
Pablo olhou-me no mesmo instante que o tal pensamento surgiu dentro da minha mente, convenhamos que sou muito imaginativa, portanto o contorno daquele instrumento não sairia da minha cabeça tão cedo, embora tenha sido uma transa insignificante no final das contas.
- Com licença Coronel. Permissão para falar. - Disse calmamente, usando o tom ameno, aquele que facilmente usaria para uma cordeirinha entrar no cercadinho. O bom pastor samaritano. Bah!
- Prossiga futuro genro. - Discorrreu quase sorridente, pondo a mão no ombro do tal preferido. Aposto que sentia tanto orgulho que trocaria sua filha pondo ele como seu sonhado primogênito.
- Devemos saber a intenção da noiva a respeito dos preparativos, só teremos essa reunião e logo estaremos no salão oficial da frota, se casando.
- Que maravilha. - Falei ironicamente. Mantendo o olhar preso a ele de maneira súbita.
- Fico contente de pensar assim, minha noiva.
Olhava-me na mesma sintonia, todavia havia a máscara do cinismo. - Então, alguma orientação a respeito da cerimônia-festa?
- Que objeção faria? - Argumentei bruta. Admito.
Encostei preguiçosamente a coluna na cadeira, estávamos ambos sentados em uma espécie de círculo fechado no meio do gabinete. Meu inferno particular.
- Veja bem. - Passou minimamente a ponta da língua na parte inferior dos lábios, e instantaneamente flutuei direto, imaginando aquela mesma particularidade lingual deslizando lentamente na região de trás da coxa, frente e no meio delas. - Olivia.
Estalou aquelas junções de dedos bem diante do meu rosto. Voltei ao normal, disfarçando o gafe que a falta de sex.o fazia comigo. Por causa da gestação os hormônios atacam sem aviso prévio, transformando-me numa mulher mais sedenta, pior até do que uma ninfomaníaca. A diferença é que não sairia transado com ninguém, até porque meus problemas começaram nessa linha tênue da perdição desenfreada. E agora estou sendo jogada em um casamento sem proposito, tudo porque meu pai me obrigou, juntamente com esse soldadinho todo corretinho da porr.a. A minha vontade era…
- Olivia!
Dessa vez os dois homens me chamaram. Olhei-os impacientemente.
- O que houve, filha?
Tentou me tocar, mas logo recuei. Colocando limites entre nós. Pablo observou a ação silenciosamente enquanto me levantava do assento. Apreensiva, não queria esse contato com o SR. Cristóvão.
- Nada, somente desejo ir embora daqui, extrapolei, estou cansada pra caralh.o.
- Oli. - Ditou meio rude.
Fiz bico.
- Policie a sua boca menina. - Ergueu-se, voltando ao seu lugar predileto.
- Olivia, a respeito da ornamentação, deseja uma cor específica?
Bufei, olhando a porta de saída. Queria fugir disso tudo, voltar no tempo, fazer escolhas diferentes da qual não fariam seguir pelo caminho do matrimônio. Nunca desejei me casar, sonhava em ser solteira pelo resto da vida.
- Pense bem, faremos fotos para guardar de recordação. Essa união será única em nossas vidas.
- Deseja e acredita que será para sempre soldado? - Questionei enigmaticamente antes de encarar o meu futuro de frente.
Respirou fundo antes de recolocar o quepe, sabia que estava indicando sem palavras a sua saída dessa sala. Finalmente ficaria livre desse projeto do meu pai.
- De todo o meu coração, e para a sua informação quero me casar só uma vez. Serás única, Olivia.
- Sem amor? - Confrontei-o, erguendo a mão em punho para cima. Travando uma luta interna comigo, queria socá-lo. Pablo não deveria existir na minha vida.
- O amor se conquista diariamente, quem lhe informou que eu não posso conquistá-lo de você?
Soltei uma curta risada sarcástica, papai olhava tudo aquilo com uma expressão satisfeita em seu rosto sério. Um telespectador, apreciando sua soberania sobre a minha trajetória decadente.
Abaixei o braço, trêmula, contento os nervos alvoroçados. Que exigem uma compensação em troca.
- Pelo visto o soldadinho gosta de provocar.
- Imagina.
Aproximou-se até quase encostar seu corpo maior, grande e forte ao meu, pequenino. Empinei o queixo, impetuosa coloquei as mãos na cintura. Nos encaramos mutuamente. Pablo parecia implacável, perverso de um jeitão sexy da porr.a. Merda!
- Mas aprecio mexer com quem tenho interesse, deveria se sentir privilegiada. Se não gostasse de você, Olívia, não estaria tão empenhado em fazer dar certo. E por ele… - Tocou direto na minha barriga, fazendo-me dar um pulo de susto para trás. - … Daria todo o meu apoio possível, faria o impossível. Portanto gostaria de facilitar a nossa situação delicada.
Sua voz decidida fazia coisas comigo, parecia querer rachar a minha determinação.
- Por… ele? - Sondei desconfiada, pondo na balança o que seria melhor.
- Sim.
Engoli em seco.
- Promete se comportar Olivia?
- Hu! - Pensativamente passei dois dedos no queixo, pegando a ponta do cabelo de brinde. Sabia que as madeixas deixavam o soldado meio fora do ar. No entanto, se demonstrava implacável, recusando-se a mover um centímetro daqueles olhos escuros. - Por enquanto sim, posso fazer da sua vida uma droga depois. Pode ser?
- Ótimo, então estamos chegando a um acordo breve de paz.
Achei graça, e dei um estalo no céu da boca, balançando a cabeça negativamente.
- Se contenta com tão pouco soldado. - lancei um olhar mortal ao sujeito.
- Lamentável pensar dessa maneira. - Conferiu o meu ventre com enorme rapidez. - Vamos encerrar essa conversa sobre os preparativos do evento que nos marcará, pois temos consulta com o obstetra daqui a algumas horas. E pretendo levá-la para almoçar no restaurante perto da clínica.
Paralisei, deixando rapidamente o sorriso confiante de lado.
- O que?
- Pré Natal, Olivia. Já devia ter começado desde o momento que descobriu a gestação. Não vou lhe dar um tremendo sermão dos riscos dessa conduta, creio que tomou consciência disso. Por isso não iremos perder mais tempo, seu pai está de acordo. Ele me deu esses dias para resolvermos nossas pendências, mas estarei disponível se o Coronel precisar dos meus serviços.
Torci a boca.
- Claro que está. - Murmurei adiantando-me. - Sobre a cor da festa, gosto de dourado.
- Perfeitamente, senhorita.
Parei com a mão na maçaneta quando o senti próximo o suficiente, cobrindo-me por inteira por trás. Impondo seu toque amistosamente, serpenteando em volta do meu braço, até abri-la. Após efetuar o ato, ainda sussurrou aproximadamente em meu ouvido.
- Libertada do seu martírio, agora vamos começar a cuidar da nossa família.
- Ok..
Escapei daquele calor que subia categoricamente em meu ser, querendo expandir perigosamente. Pablo poderia ter o sexo mais incrivel na cama comigo, podia sim proporcionar essa experiencia, entretanto nunca habitaria em meu coração. Esse espaço sempre ficará vazio.
Pablo
Não demorou muito para chamar a minha futura esposa, essa seria a sua primeira consulta pré natal, e como um bom candidato a pai dessa criança ouvi detalhadamente todas as recomendações do nosso obstetra. Ele por sua vez se dirigia somente a mim, visto de antemão que a mamãe não estava muito contente sobre o andamento da gestação. Sobretudo, avistando de modo geral, a saúde dela e do bebê estavam andando na mais perfeita ordem, com algumas pontuações severas a respeito da alimentação balanceada e horas de sono.
Depois da consulta seguimos com o exame de sangue, realizando o hemograma completo.
Fiquei com ela, segurando na mão que tremia. Então dona Olívia tinha medo de agulhas?! Ahahah… Interessante.
Sempre atento, trazendo água quando pedia, ou levando até ao toalete quando era preciso. Visto que a bexiga de uma grávida era mais propensa a ficar comprimida pelo útero conforme ele aumente de tamanho para suportar o crescimento do bebê. A vontade constante podia fazê-la soltar urina caso não encontrasse um lugar apropriado para urinar.
Quando o Coronel me avisou da proposta, empolgadamente busquei algumas informações. Mas já encomendei um livro muito eficiente para jovens papais de primeira viagem.
Com o exame pronto e entregue nas mãos, retornamos ao médico. Tudo no mesmo dia, não podíamos perder tempo.
Após analisar cuidadosamente, relatando o que já esperava a respeito da nutrição da mãe e o repouso, prosseguiu com a receita, que inclui vitaminas, comprimidos para enjoo, e sulfato ferroso. Para evitar uma anemia.
Olivia se manifestou e solicitou remédios para dor de cabeça e no baixo ventre, algo que sugestivamente assustou a nós dois de imediato, porém ela apenas disse que era para prevenção. O obstetra receitou, mas só se aparecesse esses sintomas. A mocinha concordou de boca fechada, e braços cruzados sobre a leve protuberância, da qual insistia em ganhar a minha atenção.
Essa garota não tinha ideia da importância que possui em minha vida, mas não poderia me valer disso, porque o objetivo aqui era formar uma família sólida, com muito amor e união.
- Bom… Com tudo acertado podemos fazer a ultra, verificar a formação do bebê, batimentos cardíacos e etc…
- E o sexo. - Disse-lhe, tentando tocar nela involuntariamente.
- Não precisa. - Comentou ela taciturnamente. - Sei que é um menino.
O doutor riu de forma bem curta, apenas puxando a boca para o lado. Olhando para a gestante com curiosidade, tanto que intuitivamente senti uma pontada generosa de ciúmes. De soslaio, a dona perigo fisgou a minha feição e se adiantou, debruçando os braços na mesa do seu médico obstetra. Se segura Pablo!
- Como pode ter tanta certeza mãezinha, nem ao menos veio fazer o pré natal antes.
Ele a imitou, ignorando-me por completo. Olivia o mantinha hipnotizado naquele olhar de cigana. Enfeitiçando-o descaradamente. Propositalmente. Esse era o inferno que ela havia prometido? Terá que fazer melhor que isso para me fazer desistir, quer dizer, faça o que te der na telha, nosso casamento vai acontecer!
- Intuição, doutor. - Respondeu dando-lhe uma piscadela sensual.
Esticou os braços, voltando a encostar a coluna diretamente na cadeira de paciente. Peguei naquela mão disponível, alcançando a outra de imediato. Isso a fez olhar-me supetão. O outro soltou um pigarro todo sem graça, retomando a sua postura de outrora.
- Não sei o que pensou, mas essa senhorita está ligada a mim de uma maneira irrefutável. Ela tenta me fazer de b***a, querendo despertar o pior do meu ser. Nosso casório foi decidido pelas estrelas, e o nosso garoto no forninho.
Escapei da mão que queria me impedir de tocá-la, de certa forma intimamente, pois essa região era muito delicada para a esquentadinha da Olivia. Mas fiz questão desse ato, mostrá-la a quem eles pertenciam de agora em diante.
- Oh, sim. Perdão se deixei transparecer…
Quis se explicar.
- Tudo bem. - Disse sem desviar o olhar do meu destino, observando o jeito tenso dela. Gostando de ocasionar esse impacto nela. Isso Olívia, deixa-me sentí-lo, e em breve sentirei você em mim.
- Sou profissional, só achei por um instante que a paciente era uma parente sua. Desculpe soldado.
- Está perdoado cidadão. Afinal, a culpa não foi sua, minha noiva gosta de flertar na minha frente.
Fez carinha de brava enquanto me divertia tocando o meu presente de natal.
- Gosta de viver a emoção, não é mesmo carinho?
Continua...