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Olivia
Droga! Falar com toda essa gente baba ovo do meu pai e do soldadinho, me deixava enjoada, e não era culpa dessa gestação atrapalhada.
Sentei na primeira cadeira que achei vazia, distanciando-me da multidão que aclamava os homens da família. Cansada de verdade, removi o sapato de salto mediano do pé esquerdo, sendo bravamente bombardeada por duas mãos audaciosas.
- Deixa-me cuidar disso, senhora.
- Aff… - Murmurei ao som lamentável dessa palavra. Poxa! Sou tão jovem para me prender.
Olhei o rapaz charmoso de cabelos escuros, sustentando um topete curvado na ponta da testa. Como ele podia usar esse tipo de penteado se o Pablo e os demais soldados usam cabelos raspados?
Sorri ao constatar o óbvio, esta era a típica ovelha desgarrada da matilha.
O problema desse sorriso momentâneo não direcionado a ele, foi m*l interpretado. O danado removia agora o outro par, de cócoras, abrindo descaradamente as canjicas. O padrinho, e testemunha de casamento do meu soldadinho, estava dando em cima de mim na cara dura. Que cretino! ahahahah!
- Gostei de você, Olivia. Acho que poderemos ser grandes amigos, não acha?
Deu uma piscadela malandra, se aproveitando, alisou metodicamente toda a curvatura do meu pé. Subindo, incluiu o tornozelo ao seu tato cheio de segundas intenções. Malicioso. Circulando, chegou na panturrilha, e ali depositou certa pressão. Insinuando a pegada covarde. Que traíra!
Debrucei, apertando os lábios. E no mesmo instante aqueles olhos de cobra, buscaram os meus, achando que se daria bem. Completamente convencido, confiante no seu taco, no joguinho de sedução. A questão, que sou a mestra, formada e doutorada nessa arte. Sem chance bebê!
- O que pensa que está fazendo, Ronan? Esse é o seu nome, não é? Ou era… - Finge pensar, enquanto isso o toque havia cessando debaixo do vestido comprido de noiva.
- É esse mesmo, acertou. - A voz soou meramente irritada, mas conseguiu disfarçar bem o ego remexido.
- Olha, não devia fazer isso com o seu amigo.
Soltou uma risadinha curta ao se erguer lentamente, arrastando aquelas mãos consigo. Pareciam duas serpentes lotadas de veneno, descendo das minhas pernas.
Ao se posicionar feito um cavaleiro, depositou as mãos no bolso da calça social, normalmente usadas nesses eventos. Somente Pablo usava um traje especial, único, que o diferenciava das outras patentes do exército. Uma peça azul marinho, cheia de medalhas penduradas.
- Qual é? - Gesticulou jogando o corpo atlético para frente. O cara se sentia um gostosão, e queria que eu o olhasse. Que o desejasse.
- Eu que me faço essa pergunta, soldado.
Sorrindo diabolicamente, tirou a mão de onde se encontrava escondida, e passou o polegar juntamente com o indicador, no lábio inferior, puxando-o desavergonhadamente numa passada só.
- Reconheço uma tremenda safada quando esbarro com uma.
Mesmo sabendo que era uma tremenda verdade, subiu um o ódio do casset*e desse sujeito que chegava até as alturas. Chegando até o teto, e se duvidar ultrapassaria.
Levantei descalça, encarando-o mano a mano. Tão alto quanto o seu amigo, mas não tinha nem a metade da metade de como Pablo se mostrava superior na sua postura. Um ser nobre. Que p***a! Estou elogiando o soldadinho!
- Algum problema por aqui?
Se aproximou Pablo olhando para nós dois meio desconfiado. Ronan continuava sustentando o semblante arrogante, ele m*l me conhecia, somente fomos apresentados na festa, logo após as assinaturas no grande livro. E já vem fazendo graça comigo? i****a!
- Não. - Respondi curtamente, ganhando sua atenção suprema. Estava começando a gostar disso.
Andei em direção a ele, e ao me aproximar toquei sensualmente em sua lapela, e sem esperar, tasquei um beijo molhado em seus lábios, que de imediato consumiram-me ali mesmo.
Pablo
Corresponder ao beijo foi um ato espontâneo, não podia negar. E creio que nunca poderei fazê-lo. Teremos um casamento verdadeiro, então esses momentos viriam sem aviso prévio, e eu posso me acostumar com isso. Mesmo sendo tão metódico a esse respeito.
Os segundos foram passando, embora, concretamente não conseguisse sentir eles esvaindo-se, porque beijá-la era compadecer a sua mercê, ao seu domínio de fêmea perigosamente excitad*a. Somente pela respiração densa, clara e ofegante podia-se permanecer em transe, preso, estigado. Mas quando decidi reagir com mais intensidade, minha esposa desconectou minimamente aquele beiço macio, quente e aveludado. Abrimos os olhos em total sintonia, sem piscar. Olivia, nesse semblante terno, tão calmo, tanto que sua aura vinha brilhando. Porém, só durou milésimos de segundos, pois a parte da sua personalidade esdrúxula veio fortemente a borda, afastando-se quase completamente do seu esposo.
Paralisado permaneci, olhando-a sem entender o motivo desse rápido contraste de humor.
Pisquei voltando a si, notando um Ronan sorridente demais.
- Bom, desejo prosperidade para o inesperado casal vinte. - Ditou, revelando os dentes.
Por um instante olhei a Olivia, reparando no rosto desdenhoso dela, para com ele. E ali vi o quanto seu ódio era aparente. O que me restava era descobrir a razão dessa antipatia gratuita. Ronan tinha os seus defeitos, uma lista gigantesca por sinal, todavia existia nele um lance de amizade entre nós.
- Obrigado, amigo. Vamos aproveitar o restante da festa então.
Sustentando aquele sorriso maroto, aproximou e tocou no meu ombro. Mas antes de sair de perto de nós, cochichou alegremente em meu ouvido “Parabéns, vai afogar o ganso, soldado”
Por último bateu continência, um gesto brincalhão no meio da frota em período de folga, uma maneira conhecida de nos comunicarmos sem palavras, mas aqui, não achava legal alimentar esse tipo de brincadeira. Não, quando a noiva sustentava um olhar mortal para cima dele.
Ao se distanciar por completo, ela soltou um longo e persuasivo suspiro. Indaguei-me instantaneamente, no entanto a dona Olívia preferiu pegar nas minhas mãos, fazendo-me olhá-la com mais ímpeto.
- E aí soldadinho. - Deu-me uma piscadela sensual. - O beijo foi uma pequena amostra do que virá depois. Está preparado?
- Pelo visto, a minha esposa e o meu único amigo não se deram muito bem.
Revirou os olhos nas orbitais, soltando-me imediatamente, de supetão. Trazendo certa angústia ao meu coração.
- E essa parada te incomoda? - Com os lábios abertos, daqui pude enxergar ela alisando a ponta da língua no céu da boca. Mirando-me daquela forma atrevida. Devassa.
- Um pouco, confesso.
Ignorei seriamente sua atitude ousada.
- Sabe… - Veio daquela maneira, sorrateira como uma gata prestes a dar o bote. Eu permaneci duro, infelizmente, em todo o sentido da palavra. Não era a hora e nem o local adequado para sentir tesã*o. - … Desejo partir logo para a lua de mel.
Tocou-me integralmente, pondo as mãos possessivamente ao redor do meu pescoço, e num impulso se pendurou em mim, jogando o corpo de frente. Se agarrando, tomando tudo, cravando os pés ao redor dos meus quadris. Sorte que agi rapidamente e a segurei feito um louco obsessivo.
- Hummm… soldadinho… - Murmurou raspando as narinas no meu nariz.
Bufei, desejando-a fortemente. Mas não podia entrar naquele joguinho, não antes de fazê-la compreender a importância de uma família.
- Esse pacotão arrumado é tudo para mim?
Sussurrou deliciosamente enquanto movia-se atrevidamente sem se importar com os demais convidados a distância, observando as nossas cenas incomuns de recém casados.
- Que mãozão apalpando a minha b***a. - Dizia-me feito uma bêbada de bar. - Não parece tão certinho agora, não é?
Tentou vim me beijar, mas dessa vez desviei no ato. Negando-me ao que era meu por direito.
- Sua provocação me afeta corporalmente Olivia, nunca irei negar esse fato.
- Me beija garanhão… - Suas garras afiadas arranham no meu pescoço ao ponto de me fazer gemer baixinho. Esquivando-me dessa investida. - … Vem cá, quero te mostrar o que uma mulher de verdade sabe fazer.
- Quer ir logo para a nossa casa, então vamos.
Coloquei-a vagarosamente no assoalho, evitando olhá-la diretamente como estava fazendo comigo.
- Seu chato de galocha, acabou a brincadeira antes mesmo de começá-la.
Fez biquinho enquanto distanciava ela do meu corpo exaltado pela luxúria. A danada ainda deu uma conferida, envergonhando-me parcialmente. Abaixei os braços, mas logo mudei de ideia e estiquei a mão, compreendendo que realmente não tinha saída, a noiva estava muito agitada. Teríamos que sair da festa mais cedo que o planejado.
- Olivia. Vamos embora logo daqui.
Puxei-a sentindo o coração vibrar ardilosamente dentro do peito, uma euforia que jamais senti. Tudo porque avistei aquele risinho doce, sacana e perigosamente assanhado.
- Sim, soldado.
Bateu continência, mudando o meu humor às avessas. Minha esposa sorriu mais por causa disso. Peguei-a, ignorando totalmente esse detalhe enfadonho de sua parte.
Fomos nos despedir do seu pai e do restante dos convidados, imaginando futuramente sua reação na nossa primeira noite de núpcias.