Capítulo 5

2080 Words
— Bradock — Sou Enzo Lins, tenho 25 anos e sou dono do Morro do Chapadão. Preservo esse lugar como se fosse minha vida desde os 16 anos de idade, eu só tenho minha irmã Eliza e ela é minha única família. Meus pais? Quero bem longe de mim e da minha irmã, eles são os fantasmas do meu passado e o motivo de eu ter vindo parar aqui nesse lugar, em partes eu agradeço, conheci amigos de verdade e pelo meu esforço, pude garantir a segurança do morro como dono, outras o julgo por ter largado eu e minha irmã na rua sem ter pra onde correr. Tive que me virar da pior forma. Tenho meus amigos, Lucca mais conhecido como Pitbull e Leon mais conhecido como LN, cada apelido tem um significado importante pra nós, eles são meus fechamentos e os únicos que eu mais confio nessa p***a toda, se algum dia acontecer algo comigo, sei que tenho eles pra me fortalecer, eles somam e eu devo muito a cada um. Eles são sem duvidas os que eu mais confio aqui dentro, porque o bagulho é doido e pra roubar teu lugar, é o que mais tem. Na Favela, algumas pessoas têm medo de mim, eu não sou carismático, não tenho motivos pra felicidade além de ver meu morro em paz e na segurança, sempre ajudo os moradores com alguma coisa, dinheiro pra mim não é problema. E quanto as minas? É tudo sem compromisso e cobrança. Seleciono muito bem as que eu fico, não me comprometo com ninguém e nem deixo elas acharam que tem moral sobre mim. Uns me odeiam, outros acham que eu não tenho sentimentos, sou vazio, mas a verdade é que eu sou só flexível com quem merece. Sou sincero até demais, não gosto de muita proximidade e já deixo bem claro pra quem se aproxima com interesse, principalmente as piranhas daqui do morro que querem status de "fiel", coisa que nunca vai acontecer. Saio da boca com meu turno terminado e avisto o Pitbull entrando, faço toque com ele, pego meu boné pendurado. — Coé parceiro, chegou às caixas com drogas, só tem de separar qual é qual pra não criar confusão. Os armamentos de fora estão no quartinho, toma cuidado com esses viciados aí, vou pra casa que tô mortão. – Ele assente e eu meto o pé. Pego o alarme e destravo minha moto da BMW preta fosca, ponho a chave na ignição e arranco. Eu moro quase no pico do morro, um pouco afastado das casas dos moradores, ela é enorme, a arquitetura dela quem fez foi minha irmã, ela e suas frescuras. Estaciono na garagem perto da piscina. Entro e vou direto no meu quarto que fica no 2º andar, tiro meu invicta do pulso e percebo que são 22:23, tiro a roupa e jogo no cesto, entro dentro do boxe e quase gemo quando sinto a água morna escorrendo pelo meu corpo. Que delícia! Pego uma toalha de corpo, me seco e envolvo na minha cintura, puxo uma cueca boxe vermelha CK e uma calça moletom do guarda roupa, ao secar meu cabelo, escuto o celular tocando. Que inferno, não posso ficar em paz nem por 1h? Pego o celular e olho no visor a foto da Eliza, reviro os olhos, lá vem m***a. — O que é, c*****o? – Digo irritado e a vejo rir do outro lado da linha. — Irmão, vem me buscar? Por favorzinho. – Vaca. Sabe que falando desse jeito eu não resisto. Bufo. — Manda o endereço por mensagem. – Desligo e ponho uma camisa qualquer, vou descalço mesmo, desço até a garagem e opto por ir com minha Range Rover, entro e sinto meu celular apitar. Abro o portão com o controle e meto o pé. Tem que ter uma razão muito boa pra Eliza me fazer sair essa hora de casa. *** Entro numa rua deserta indicado pela placa e olho minha irmã e uma menina sentada. — p***a, Eliza! Tá de s*******m, cara? Me fez sair do morro, da minha deliciosa cama, meu dia folga pra vim te buscar das tuas farras? Toma juízo, menina! – Reclamo super puto ao ver ela entrando no carro junto da amiga que mais parecia um saco de batata com toda aquela roupa larga. — Vai se f***r,     Bradock! Não me enche, quase nunca fala nada e quando fala é pra atazanar minha mente? Vai comer uma mulher! – Continuo com meu semblante sério. — Me respeita que eu sou mais velho e não vou pensar 2x antes de meter uma bala na sua testa. Agora me conta, quem é essa múmia aí? Ela não fala? Não tem boca? – Olho pra menina quieta e ela me olha com uma careta, permaneço sério alterando o olhar entre o caminho de volta pro morro no sapatinho pra não topar com polícia e o espelho central. — Ei. Como assim múmia? Por que está me chamando assim? – Quando ouço a voz dela, me arrepio todo, p**a que pariu! Que voz é essa? Voz potente, de mulher madura. Permaneço focado na estrada de volta pra casa. — Polegar, não provoca, ela tá sendo obrigada a ser freira, morou 12 anos no convento e saiu de lá tem poucos dias, não sabe nada da vida. – Liz me olha f**o e eu olho espantado. Como assim ela não sabe nada? Impossível. É um mulherão, com certeza já beijou na boca, já recebeu uma chupada... — Impossivel ela não saber nada da vida, Liz. Ela pode ser ingênua, mas alguma coisa ela deve saber. Já beijou na boca, menina? – Não sei por qual motivo mas minha curiosidade foi maior que qualquer coisa nesse momento. — Bom, eu nunca beijei como os meus pais se beijavam, com língua e tudo mais. Mas, quando eu fui embora para o convento, eu tive um amigo que me deu um beijinho na boca. Acho que só, nunca mais tive contato com nenhum garoto. Mas no Convento, diziam que abraçar, beijar, e fazer outras coisas que eu não sei, nos tornaríamos impuras. – Ouço tudo com atenção e olho de soslaio a tal menina. Ela é até bonita de rosto. — Como assim impuras? Beijar, abraçar e s**o todo mundo faz! Todo mundo pode ter um namorado e se apaixonar. Faz parte da vida, somos um só, temos que aproveitar o máximo possível. Tira essas coisas da sua cabeça, se não você vai se tornar uma infeliz. – Liz diz revirando os olhos e eu concordo com a cabeça. — Ah, ok. Eu também sempre quis ter uma família igual aos meus pais, quando fui pro Convento, sempre soube que tinha algo errado e que eu não nasci pra ser freira. – Presto atenção na conversa delas, tô parecendo um viadinho fofoqueiro. — Isso aí, Lua! Vou te ensinar a fazer muitas coisas e logo mais vou trazer você pra morar comigo, se sua tia souber de nós, ela vai te trancar e não vai te deixar sair, então boca fechada. Vamos tomar cuidado. – Trazer pra morar na minha casa? A Liz pirou? Ela nem falou comigo ainda. Garota retardada. *** Acordo com os raios de luz atingindo meu rosto, olho no relógio e 11:30 ainda. Levanto e vou pro banheiro, tomo um banho e saio com a toalha na cintura, pego uma cueca boxe branca e uma bermuda jeans escura, bagunço o cabelo com a toalha e desço pra comer algo, como de costume. Faço um sanduíche e tomo um susto com a garota gritando. — Meu Deus! Minha tia vai me m***r. Tem misericórdia de mim, Senhor! – Ela diz juntando as mãos e olhando pra cima. Coço a garganta e ela me olha assustada. – Oh... Des-desculpa. Bom dia. Ela me olha dos pés à cabeça e fica vermelha, aceno com a cabeça e saio da cozinha. Ela vem atrás de mim e me encara. — Olha, perdão te incomodar mas eu gostaria de saber se voce pode me levar pra casa. Minha tia vai me bater muito. – Ela olha pra baixo e eu bufo. Eliza traz as amizades pra casa e depois quem se fode sou eu. Essa mina tá começando a me irritar. — Cadê Eliza? Por que veio pra cá se não pode? p**a que pariu, ein! – Levanto e subo pra vestir uma camisa. Quando volto ela tá no mesmo local. – Vamos logo antes que eu meta o pé pra rua e te deixe aí. – Pego o carro e ela vai atrás. — Você é bem bruto, parece ser pior que minha tia. – Ela diz e eu sorrio de lado. — Você não viu nada. – Digo focado na direção da casa dela. — E nem quero, obrigada. – Ela bufa. Chego ao local, ela agradece e sai receosa. Dou meia volta e meto o pé pro meu morro. Essa menina é meio engraçada, gostei de implicar com ela, ela tenta se defender mas não encontra as palavras certas. Isso é bonitinho. Repenso nos meus próprios pensamentos e p**a m***a, bonitinho, Polegar? To ficando maluco mesmo. Vira sujeito homem, p***a. Entro no morro e subo pra casa, estaciono o carro e quando subo a Eliza, Pitbull e LN estão na sala um olhando pra cara do outro. — Bradock! Até que enfim! Você levou a Lua pra casa? – Ela pergunta meio receosa. — Sim Eliza, ela tava desesperada por causa da tal tia lá. – Jogo a chave em cima da mesa. Pitbull e LN olham um pra cara do outro. – Ih, coé a de vocês dois? — Nada, irmão. Mas dificilmente tu dá moral pra alguma mina e agora leva uma delas pra casa? – Ele pergunta com a testa enrugada e ri. — Qualquer uma não, Lucca! Ela é diferente, ingênua, eu expliquei muita coisa pra ela sobre a vid.... – Interrompo. — O que você fala pra ela ou não, não é problema meu, e na próxima vez que trazer alguma amiga sua aqui pra casa, faça o favor de estar presente pra aguentar, não sou babá de ninguém. – Aceno e sento do lado dos caras. — Para de ser grosso, garoto! Olha, logo mais à Lua vem morar com a gente, então, respeito com ela, ela ainda é muito inocente, se você der em cima dela, eu corto suas bolas. Isso serve pro Pit e pro LN. – Ela fuzila nós 3 com o olhar. — Da em cima daquele troço, f**o? Tenho o morro inteiro pra botar pra sentar. – Digo convencido. — Coé, Eliza! Para de ser marrenta e ciumenta. – Pitbull diz e ri. — Ciumenta seu r**o! Ela é muito ingênua, Pit. Não sabe nem o que é s**o, não quero vocês dando em cima dela porque ela não é as p**a de AIDS que vocês pegam. – LN olha de soslaio, ele é igual a mim, bem quieto. — Liz, para de drama, cara – LN diz e puxa Liz pro seu colo, Pitbull olha de cara f**a e eu acho graça – Vamos ser amigo da garota, pô! Quando ela vier, você apresenta. — Coé, chefe. – Meu radio apita. — Manda a visão, Relíquia. — Tem um cara que vive aqui na boca que tá devendo, apelido dele aqui é Madruga, cobrei dele e ele disse que ia dar o dinheiro mais tarde e agora ele tá aqui na minha frente porque assaltou a mulher do beco 15. Faço o que com ele? — Devolve o dinheiro da mulher que ele assaltou e fala que ele tem 3 semanas pra me dar o dinheiro, se até lá ele não pagar, ele vai ser expulso do Morro junto com a filha dele SE eu tiver bonzinho como eu to hoje. — Valeu, Chefe. – Guardo de volta na cintura. — Bradock, não tô te reconhecendo. Levou a mina pra casa e agora livra a barra do drogado. Tu tá bem, mano? – LN falou e eu dei dedo do meio pra ele. — To de bom humor, é diferente. Se vocês ficarem me tonteando, vou ficar puto e capar vocês 3 na p*****a. – Os 3 dão risada e eu subo pro meu quarto. Deito na cama e fecho os olhos. Tanta coisa pra pensar e os meus pensamentos vão parar naquela mina inocente que se infiltrou na minha casa do nada... Vai render.
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