Capítulo 6

1076 Words
— Luara Cavalcanti — Mexo no celular e descubro muitas coisas interessantes, faço uma rede social chamada i********: que tem muitas pessoas bonitas, muitos vídeos de maquiagem, muitas roupas bonitas, pessoas falando sobre dieta e musculação, sorrio divertida e vou pro tal w******p que a Liza falou, vejo as conversas, os contatos, tem o número dela, apenas, clico e abre pra uma página de conversa, clico para escrever algo e mando um "Oiiiiiii", rio e volto pro tal i********:. Procuro por "Eliza Lins" e o i********: dela abre com muitas fotos bonitas. Mexo mais um pouco e descubro muita coisa legal. Por que essas pessoas podem sair, se vestir bem, enquanto eu tenho que vestir essa roupa e viver trancada dentro de casa? Bufo frustada e a Eliza me responde, trocamos algumas mensagens e quando da 22:00, eu bloqueio o telefone e ponho ele abaixo do meu travesseiro. *** Acordei no outro dia com a expectativa de fugir dali, não aguentava mais aquele lugar, queria sair, queria conhecer novos lugares, novas pessoas, uma vida digna de liberdade. Manda mensagem pra Eliza; "Esteja em frente à porta do meu quarto as 22:00 da noite igual ontem. Acho que vou aceitar sua hospedagem, não aguento mais ficar aqui. Posso?" Levanto radiante, nem acredito que sairei dessa casa, minha tia está passando de todos os limite e depois que eu descobri o gostinho da liberdade não quero outra vida. Vou pro banheiro e tomo um banho relaxante, o tempo hoje está frio portanto opto por um moletom cinza já que não tenho o guarda roupa da Liza, deixo os cabelos soltos e desço para a cozinha. Tia Helga não está por aqui, estranho! Ela anda saindo muito... Vou na cozinha e Lena não está aqui também, vasculho os armários e não encontro nada de interessante, abro a geladeira e pego um iogurte natural, subo para o meu quarto e tranco a porta, sento na minha cama e tem uma mensagem de Liza. "Meu Deus! Não acredito! Claro que pode. Vou estar te esperando as 22:00, nada de atrasos, viu mocinha?! Vai morar comigo e eu não vou te soltar mais." Rio. É bom saber que temos alguém pra contar. "Pode deixar, amiga! Vou ficar com você e não vou voltar. Mas e seu irmão? Acho que ele não gosta de mim." – Respondo. "Ele não gosta de ninguém, Lua, é um ogro! Acostuma, e não, ele não liga." Mando carinha de beijinhos e termino de marcar o horário pra ela vir me buscar. Vago pelo i********:, vejo roupas, maquiagens, tatuagens, e nossa! Futuramente quero tudo. Levanto e pego a mochila que usei na saída do Convento, ponho minhas roupas íntimas, documentos, alguns casacos e moletons, apenas isso. Não tenho roupas bonitas, muito menos acessórios e maquiagens. Volto pra minha cama e passo a tarde conversando com a Liza, ela me conta mais algumas coisas sobre homens e mulheres, me conta sobre a violência que existe no Morro e como o irmão dela trabalha, a princípio julgo, mas depois ela me faz entender que apesar de tudo — e dela não aceitar —, é um trabalho que banca eles dois, ela diz que ele é humilde e que mesmo o trabalho sendo sujo, não tem como voltar atrás, o Polegar não quis e a única solução pra ela foi apoiar o irmão. Fico feliz com a irmandade deles, mesmo nunca recebendo tanto afeto até Eliza esbarrar comigo no mercado, ela abriu meus olhos e me deu outro visão do mundo, e a única coisa que eu tenho que fazer é agradecer por tê-la em minha vida. Noto que já escureceu e desço ouvindo os berros da minha tia com alguém. — Seu ordinário! Você apronta todas comigo, me leva para cama, e agora quer me dispensar? Quem você acha que eu sou? – Ela grita pro celular e eu tampo a boca com espanto. Meu Deus! E eu achando que minha tia era a santa das santas! Rio e continuo com o ouvindo rente ao vão da porta. — Não interessa! Você me jurou amor eterno e agora eu quero que você vá para o quinto dos infernos. Fique com sua família, seu indigente. E por favor, esqueça que eu existo! – silêncio – Não, Sam! Acabou! Não existe explicação. Adeus. – Ela desliga e eu saio correndo para o meu quarto rindo. Então quer dizer que minha tia estava tento um caso com um homem casado? Mas que safadinha! Rio mais ainda com meu linguajar, Eliza está me levando pro m*l caminho. Encosto minha cabeça no travesseiro e durmo, apenas ouço o barulho de toc na janela de madeira do meu quarto. Abro um pouquinho e vejo Eliza linda como sempre. Coço meus olhos e bato palmas igual a ela, a mesma ri. — Vamos logo antes que sua tia te prenda, menina. – Ela diz apreensiva olhando para os lados, parece uma fugitiva. — Só um minuto! – Pego a mochila, o celular e carregador, meus documentos, olho em volta para conferir se não esqueci algo e pulo a janela. Adios, titia! Vou em direção ao carro da Eliza descalça já que não tenho chinelos e entro. Abraço ela de lado. — Tá preparada pra mudar de vida? – Ela diz com as mãos posicionadas no volante e a postura ereta sentada no banco do motorista. — Prontíssima! Lá vamos nós. – Sorrio muito feliz enquanto ela movimenta o carro. *** Ao adentrar novamente a casa da Liza, perco o fôlego ao deparar com incríveis 3 deuses sentados na cadeira em frente à piscina bebendo algo. Saio do carro totalmente tímida com meus moletons tamanho GG, descalça e os cabelos todo para o alto, pego minha mochila na mala e Liza me puxa pelas mãos indo até os meninos. Ao vê-los mais de perto, prendo a respiração e dou um sorriso tímido. — Meninos, essa é minha nova melhor amiga e a mais nova integrante dessa casa, Luara Cavalcanti. Lua, esses são Pitbull e LN. O tal Pitbull é bem familiar, tatuagem por todo o braço, boné da "Bulls" com um touro nele, uma blusa preta gola V e uma bermuda jeans, ele levanta, segura meu queixo e olha no fundo dos meus olhos. Sinto um arrepio na minha espinha e continuo encarando e reconhecendo de algum lugar. Ele me abraça forte e sussurra no meu ouvido um "Pequena". Congelo.
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