QUEM MANDA SOU EU

1607 Words
O dia foi perturbado, me senti m*l depois daquela notícia, eu sabia que não poderia dizer não a minha chefe maluca, o emprego ainda era recente demais, eu só estava esperando a hora do relógio finalmente bater 18:00 horas, para eu sair correndo dali para encontrar Letícia. Aquela maluca seria finalmente a salvação para o meu dia, e eu m*l podia esperar para vomitar em cima dela toda essa história. Quando finalmente a encontrei, ela estava gloriosa como sempre, todos olhavam para ela, é claro. Logo notei o decote cavado demais, e o sorriso lindo que ela sempre estampava no rosto, mesmo quando a única coisa que poderia oferecer para o mundo... Era raiva. - Oi Laura, finalmente hein... Esse lugar só tem gente feia, já estou arrependida de ter vindo aqui, vamos sentar logo. - Vamos Leti, sempre reclamando né? Que p***a, foi você que marcou aqui nesse lugar! - Eu sei, fica calma, eu sempre reclamo. Esqueceu? eu sou a chata, e você é a sensata! - Ela disse sorrindo como uma colegial despreocupada. - Certo, vamos logo sentar, porque eu preciso desabar em cima de você. - Ihhh, o que você que você aprontou dessa vez? Você está até pálida! Nos sentamos em uma mesa um pouco mais afastada, e agradeci aos céus por isso, apesar de que muitos homens iam até lá, ou até mandavam drinks. Era o efeito Letícia sobre o local. Quando eu contei tudo a ela, eu podia observar o olhar de surpresa, e como ela estava empolgada ao ouvir, talvez estivesse achando que eu estava contando para ela algum roteiro de filme, ou fanfiction de algum lugar. Não era possível! Eu podia notar os olhos da sem- vergonha ficarem alegres, a medida que minha narrativa ia tomando forma. - E como ele era? - Foi a primeira pergunta. Tá, sua melhor amiga está correndo um risco real de morte, pode ficar sem trabalho ou sem a vida, e sua primeira pergunta era sobre a aparência do bandido? Isso era tão Letícia que eu nem me importei. - O que importa como ele era? Você ouviu alguma coisa do que eu disse Letícia? - Demonstrei toda a minha irritação falsa, fingindo me importar. - Para de se fingir de durona Laura, eu não estou te incentivando a nada, mas eu podia jurar que vi o seu olho brilhar ao falar da aparência do tal bandido, tu tem certeza que não anda vendo série demais? Talvez tenha visto isso e sonhado, sei lá, tomado um chá de cogumelo... - Não brinca com isso, eu estou falando mais do que sério! Eu estou sem opções. - Como está sem opção? Não faça! Simples, diz que não para a chefe bruxa, larga esse emprego e eu te arrumo uma mesa no meu escritório. Até parece mesmo que você precisa morrer para ter relevância. Ei, o que eu sempre te digo? - Você vai me fazer repetir aquela palhaçada de auto-ajuda? Por que essa merda não me ajuda em nada. Só ajuda pessoas como você... Que tem tudo na vida e precisa arrumar problema ou alguma sarna pra se coçar. - Eu hein Laura, que m*l humor, eu não estou falando por m*l. Você não disse que o tal gostosão te ameaçou? Não disse que ele é perigoso? Então, tá criando problema com o que? Fala que não e pronto. O meu coração congelou, quando eu finalmente ignorei o que Letícia estava falando e olhei diretamente para o outro lado do bar, eu m*l conseguia acreditar quando o vi parado ali do outro lado, com um copo de uísque nas mãos medindo os meus passos. Eu não era burra, e não havia mais opções para culpar a minha instabilidade mental e veia alcoólica sobre o que estava acontecendo. Ele estava de fato me perseguindo, me medindo, querendo algo de mim que nem sabia o que era. Talvez sinta fetiche por matar jornalistas enxeridas demais, ou talvez tenha marcado o meu rosto pela matéria anterior. Me olhou de uma forma que eu podia jurar que ele estava tirando a minha roupa, mas o olhar também era psicótico e cheio de ódio. O que fazia a minha mente enviar sinais confusos e descompassados ao meu corpo, que, hora queria suspirar por estar olhando a sua aparência, e hora queria correr de medo para a casa dos pais. Engoli o último gole do meu Martini, que desceu extremamente seco pela minha garganta, Letícia que jamais na vida dela conseguiu simplesmente levar um pensamento para casa sem antes compartilhar com o mundo disparou: - O que você está olhando Laura? Por Deus, você parece vidrada! E eu de fato estava, tão vidrada que eu nem ao menos ouvi a frase completa do que ela havia falado, eu estava olhando para ele, e ele retribuía o olhar sem o menor pudor. - Tá bom, agora eu sei por que você está vidrada... p***a que homem gostoso, nem parece o tipo que vi aqui, um monte de feios e pé-rapados tentando parecer relevante. Vai lá falar com ele Laura! Eu lancei um olhar para Letícia com tanto ódio, em grande parte, porque ela me fez finalmente descer do meu mundo de fantasias, mas também porque que eu havia acabado de descrever a aparência do homem, e mesmo assim ela pareceu não juntar uma coisa na outra, talvez ela não fosse tão brilhante assim. - p***a Letícia, é ELE! - Ele, ELE? - Ela dizia com o olho estranhamente esbugalhado. - Sim é ele, vamos embora daqui agora. Talvez fosse o meu tom de agonia, ou o meu olhar chocado, mas ela não se deu ao trabalho de me convencer a ficar, pediu a conta do garçom no mesmo momento, eu precisava de ar, sai sem ela. Eu a esperaria fora do bar . A noite estava fria pra c*****o, e eu esqueci simplesmente de vestir a p***a do meu casaco, e mesmo assim meu corpo estava quente, e o sangue bombeava por ele de puro terror. Eu não o vi mais, esperava Letícia do lado de fora do bar, senti todo o meu corpo suar frio, por que ela estava demorando tanto? - Laura? - Chamou uma voz extremamente sexy e quente como o inferno, soava baixa demais, mas era como se me atraísse. E eu sabia de quem era a voz, já tinha ouvido no que eu achei que era um sonho. - O que te fiz? Eu... Eu...Não...Eu, não fui mais até aquele lugar... que você disse pra não ir, estou seguindo com a minha vida. - Eu gaguejava demais, e p***a onde estava Letícia? Eu olhava em todas as direções tentando encontrá-la. Eu precisava ir embora dali. - Eu não quero mais que você saia da forma como tem saído, e acho que deveria parar de beber desse jeito também, e p***a, coloca o casaco, aqui fora está fazendo um frio de matar, você é assim sempre? s*******o de perigo? Ele estava me dando... Ordens? Era isso mesmo? Ele havia se aproximado para mandar em mim como se me conhecesse, ou se realmente tivesse algum tipo de preocupação comigo? O tom não era preocupado, era urgente, era uma ordem, e eu não respondia bem a isso. Eu apenas olhei para ele com surpresa, ergui os braços tentando entender o que estava acontecendo ali, e qual era o jogo daquele lunático! - Olha, eu já estou cansada de sentir medo... Então me fala... O que eu fiz pra você? Eu estou tentando seguir com a minha vida. Ele pegou no meu braço com violência, me trouxe até ele como se não fosse um esforço muito grande, eu me sentia pequena e vulnerável na presença dele, eu sentia que ele podia simplesmente acabar comigo ali mesmo, mas por que não parecia ser o caso? Encostou o rosto perto demais, eu estava absorta, não conseguia pensar em absolutamente nada além dos olhos dele, e daquele hálito delicioso de uísque, como também o cheiro de perfume exalando pelas minhas narinas. - Como você disse... você seguiu com a tua vida, e eu simplesmente não consigo seguir com a minha c*****o! Então faz o que eu te mandei e vai ficar segura. Entendeu Laura? - O que você quer dizer com não consegue seguir a sua? - Eu perguntei com a minha antiga e primária característica de caráter, a de perguntar demais. - Não importa, não agora. Eu só fico torcendo pra você dar uma escorregada, uma só! Até lá, ficam os meus avisos. Ele me soltou, e saiu andando na névoa daquela noite fria. Quando finalmente Letícia apareceu com uma cara de i****a olhando para mim, estava me pedindo desculpas, eu já a conhecia. - O que ele queria? Ah meu Deus, pensei que era piada... O que aconteceu? - Nada demais, outro aviso, o que aconteceu lá dentro? Não era pagar a p***a da conta e sair Letícia? - Não, isso nunca me aconteceu, o garçom começou a falar comigo, e a me enrolar, disse que o cartão não passou, tentou outro e outro, eu liguei no banco desesperada quando finalmente um dos meus cartões passou. Você não acha que.... - Sim, eu acho! Vamos embora agora! Eu sabia quem tinha feito o pedido ao garçom, só não sabia ainda o porquê! E o que ele quis dizer com "Não consigo seguir a minha vida" O meu corpo tremia só de pensar, eu não sabia o que havia feito ainda, mas sabia que seria algo bastante grave. Só de pensar no tom de voz que ele usou o meu corpo estremecia, e o meu coração acelerava com as lembranças.
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