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1205 Words
Mariana Cipriano - Ele me beijou. - Falo, por fim. - QUE? - Ela berra. - Amiga, tudo isso tem acontecido há quanto tempo? - Anteontem ele falou comigo, ontem ele veio aqui. - Respondo, sentindo meu rosto esquentar. - Qual nome dele? Qual idade? Como ele é? E o velho babão? - Ela pega o celular. - Me diz o nome que eu já vou jogar nas redes sociais. - Eu só sei que o nome dele é Vinícius, ele deve ter um metro e noventa, é queimado de sol, forte, tem o cabelo loiro escuro e os olhos claros. Ela abre a boca e fecha, e abre e fecha. - Eu tô chocada com Jesus. - Dou risada e continuo a encarando. - Eu não posso continuar fazendo esse tipo de coisa, mas eu me senti muito protegida nos braços dele. Ele disse que me viu num evento, gostou de mim e decidiu me mandar mensagens no telefone, eu não sei se devo confiar mas ao mesmo tempo ele me passa uma confiança tão grande, sabe? Ela assente. - Ai amiga, se te faz livre e se você acha que ele te faz melhor do que esse filho da p**a desse velho te faz passar, saia disso. Saia dessa p***a desse relacionamento, c*****o! Você é linda, você é nova, Mariana, hoje em dia ninguém fica mais em lugar nenhum não. Século 21 minha criança, acorda! - Ela diz pela trigésima vez e eu concordo. - Estou sentindo coisas diferentes, sabe? - Solto. - Você está se sentindo desejada, coisa que esse merda nunca te fez sentir, esse broxa. - Ela faz cara de nojo. - Da próxima vez você pode dando pra ele, escutou? - Pam.. - Olho pro lado envergonhada. - Ah, para! Abre sua mente, falar de sexo não é tabu, você é inteligente e sabe que a vida que você vive, não é pra você. Sua mãe teve a vida dela, você tem a sua, anos e séculos diferentes. Dê para o tal Vinícius, e se acontecer alguma coisa, me liga. Mi casa es su casa. - Ela fala e eu sorrio, abraçando-a forte. Depois de fazermos o esboço de um projeto de uma Arquitetura gótica, prédios com decorações mais fechadas, ela foi embora dizendo: - Se liberte, se permita. Eu passo pano pra você. - Beija meu rosto, nos abraçamos e ela vai embora. Já era quase a hora do Mauro chegar, eu até me atentei ao horário mas não estava afim de fazer nada, pela primeira vez na vida. As marcas do meu corpo estavam ficando roxas, ainda bem que a Pam não desconfiou por ter optado a colocar roupas de frio. Assim que fritei um frango, Mauro chegou, olhou para mesa e depois para a cozinha, como quem se perguntasse: “Cadê a mesa?” Apenas fiquei quieta, não estava afim nem de ouvir a voz dele. - Brincadeira hein, c*****o. O mínimo você não faz, p**a que pariu! - Grita irritado. Respirei fundo, coloquei o arroz e o feijão no prato, os pedaços de frango e levei para mesa onde ele estava sentado. Ele olha para comida, olha para mim, n**a com a cabeça e puxa o prato com agressividade pra si. Trago um suco de maracujá para ele, coloco perto e aguardo ele terminar de comer para tirar seu prato. - Você não vai jantar? - Pergunta. - Não. - Respondo. - Não teve tempo para fazer uma comida, né? Estava fofocando com a p*****a da sua amiga. - Ele fala e eu abro a boca surpresa por ele ter se referido a ela assim. - Não fale da Pâmela, por favor. - Falo baixo. - Falo de quem eu quiser na minha casa. Tá maluca? - Ele vira o tronco para me olhar. - Sim, tudo bem. Mas ela não é p*****a, ela é minha melhor amiga e eu não quero comer porque não estou com fome. - Falo num tom firme e sinto-o pegando com força no meu maxilar. - Ela falou para você me encarar? Por que você tá me respondendo? - Ele aperta com mais força e os meus olhos marejam, seguro em sua mão e bato levemente para ele soltar, mas ele não o faz. Minhas lágrimas descem pelo meu rosto e ele solta dando dois tapinhas no meu rosto. Aponta o dedo para o meu rosto e diz sussurrando: - Você não me conhece, acho melhor você ficar quietinha e engolir as palavras duas vezes antes de falar qualquer coisa pra mim. Se me tirar do sério, eu te mato e te jogo em qualquer mato por aí. Você é tão insignificante que nem vai fazer falta pra ninguém. - Por que você me trata tão m*l? Eu não fiz nada. - Falo chorando, me sentindo extremamente m*l com o que ele falou pra mim. - Cala sua boca. - Ele fala e senta novamente, terminando de comer. Na sala só se ouve minhas fungadas, meu choro baixinho, meu coração doía. Eu não merecia ser tratada assim, não quando tinha um homem disposto a me tratar da forma como eu realmente merecia. Ele terminou de comer, subiu para o quarto e eu fui limpar a louça que eu tinha sujado. Ainda chorando, limpei tudo e ouvi meu celular vibrando na bancada da pia. “Estou cheio de saudades, será que já podemos nos ver novamente?” Era mensagem dele, automaticamente abri um sorriso. “Quando?” “Opa, parece então que já está animada com a ideia” “Acho que sim, confesso que quase desisti várias vezes disso tudo” “Você tem que desistir disso que você chama de casamento, casamento é carinho e cumplicidade, coisa que ele não tem por você” “Eu sei” “Então posso ir aí amanhã te ver, no mesmo horário?” “Você não trabalha?” “Sim, sou delegado, mas eu faço meu horário na maioria das vezes” “Tudo bem, gostaria de saber mais sobre você” “Amanhã eu vou aí, e nos conhecemos mais um pouco, pode ser?” Concordo feliz. “Sim, pode ser” “Posso te trazer para minha casa depois?” “Oi?” “É um modo de falar.. mas vai se acostumando com a ideia, eu vou te trazer para minha casa, você vai ser minha mulher” “Você precisa conquistar minha confiança primeiro” “Eu conquisto, não tem problema, já falei que faço tudo por você” “Tudo bem.. vou me deitar, acabei de lavar as louças da janta” Ele manda uma carinha com o bichinho revirando os olhos. “Pelo amor de Deus.. não aguento essa sua vida de escravidão.” “Não é isso, minha mãe desde pequena me ensinou a servir meu marido” “Que servir, Mariana, você não é obrigada a fazer p***a nenhuma se não quiser” “Sou sim” “Desde quando?” “Desde o momento que sou punida por isso” Ele ficou sem me responder por uns 5 minutos e quando eu estava quase desligando o celular, ele responde: “Vou tirar você daí esse mês ainda, ele não te merece”
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