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1474 Words
Mariana Cipriano Tranquilamente, tomo um chá quentinho enquanto assisto o programa que eu gosto na televisão, a casa já estava arrumada, o almoço já estava pronto e o Mauro não havia chego desde ontem. Eu sabia onde ele estava, mas tanto faz, não me importava, acho que eu preferia para não ter que me deitar com ele. Que ele busque bastante mulheres na rua. A porta bate e eu apenas olho para a minha direita em direção a porta de casa, ele entra impecável, sorrio amarelo mas não me movo para puxar seu paletó, ele aguarda e em seguida diz: - Tá esperando o que para levantar esta b***a gorda daí e vir me ajudar? - Grita. Finjo que não me importo mesmo que no fundo eu realmente me pergunte se eu estou gorda, levanto calmamente e levo minha xícara de porcelana até ele para logo em seguida levar na cozinha, mas antes disso, ele bate na minha mão com força e com raiva, fazendo a xícara cair no chão, bater no meu pé e automaticamente cortar meu dedo que sangra na hora. Grunho e franzo o cenho, na mesma hora que alguém bate na porta. Me sento na cadeira da nossa mesa de jantar e pego um guardanapo, enrolando no meu dedo que não parava de sair sangue, e ardia. Meus olhos marejam na hora, meu rosto esquenta de raiva, mas eu apenas podia engolir o choro e fingir que nada estava acontecendo, para não apanhar igual meu pai fazia com a minha mãe. Mauro vira as costas para mim e abre a porta da nossa casa, que ficava de frente para a mesa. Três rapazes, aparentemente policiais, mostram um papel na mão e consgo ouvir o Mauro engolindo a seco. O primeiro homem, bonito, forte e estranhamente conhecido, me olha, olha para o meu corte e arregala os olhos. - O que houve com ela? - Ele pergunta autoritário. - A xícara caiu no pé. - Mauro diz, sonso, e eu escondo a minha mão vermelha com a marca dos seus dedos. Fungo, para não continuar chorando, e com a outra mão limpo o canto dos olhos. - Senhora, sou o delegado Barone, poderia mostrar a mão? - Ele fala comigo e eu arregalo os olhos, automaticamente me encolhendo na cadeira. Não queria problemas, muito menos problema com o Mauro e com a polícia. - Não tem nada n... - Falo e sou interrompida pelo outro policial. - Senhora, por favor. - Ele diz mais grosso sendo repreendido com o olhar pelo tal delegado. Mostro minha mão com o pulso vermelho pela marca do tapa do Mauro. - Além da busca e apreensão, os senhores vão nos acompanhar até a delegacia. - Ele diz e eu olho para o Mauro, que me olhava vermelho de ódio. - Não... não tem nada não, não queremos sair de casa. - Falo. - A senhora tem que denunciá-lo por violência doméstica. - O delegado diz, com raiva. - Eu não quero, ele não fez nada, tá tudo bem. Podem fazer o que vieram fazer. - Falo e rapidamente me levanto mancando, pegando a vassoura, juntando os cacos e descartando-os. O tal delegado tenta ficar próximo o tempo todo, fazendo perguntas ao Mauro e instruindo os outros policiais a pegarem pastas, computadores, celular do Mauro, maletas e mais documentos que ficava no escritório "secreto" do Mauro, escritório este que era trancando com chave e eu fui ameaçada a não chegar perto, senão morria, Mauro abriu a porta para os policiais que fizeram a limpa de quase tudo. Depois que desceram para ir embora, o delegado me olha pela última vez, um olhar estranho, parecia que estava triste, mas eu logo desconsidero, deve ser só a cara dele mesmo, embora ele tenha um rosto bastante bonito, um maxilar travado, barba grande e num tom de loiro médio, o cabelo com um corte bonito, jovem, forte... A porta da sala bate e o Mauro me puxa pelo cabelo pelas escadas, me dando um susto e me deixando sem reação nenhuma. Depois do choque eu grito, choramingo, choro, peço para ser solta e ele não me ouve. Estava bravo, chateado, bufando de ódio, dava para ouvir sua respiração pesada. Ele me joga no chão do quarto e me bate com tapas do color para baixo, pontapés, chutes, pesadas, me belisca, me xinga, grita comigo e eu fico imóvel sentindo apenas a lágrima transbordando pelo meu rosto e meu dedo latejando. Depois dele terminar, durante uns 5 minutos que desconta a raiva de mim, me puxa pelo cabelo novamente me colocando numa posição na cama em que eu fique com as pernas para fora e da cintura para cinta deitada, deixando minha b***a bem para o alto. Ele entra dentro de mim com raiva, eu choro sentindo dor em absolutamente todo meu corpo, ele puxa meu cabelo enquanto praticamente cavalga em cima de mim e eu respiro fundo, tentando de alguma forma suportar. Depois dele terminar, sai de dentro de mim, e eu escorrego no chão, sem chorar, sem nada, apenas soluçando e pensando no porquê de tudo isso. Depois de tomar banho e colocar uma roupa que cubra toda marca no meu corpo, desço para cozinha para colocar a mesa do jantar. Engulo o choro que estava entalado na minha garganta e faço qualquer coisa para que ele possa comer, sirvo-o e aguardo, depois que ele começa a comer eu me sento ao lado dele, me sirvo um pouco e como só para que não aja qualquer outro tipo de desavença só porque eu não quis comer junto com ele. Ele sobe, eu arrumo a cozinha e me sento para assistir qualquer coisa na TV, ainda estava em estado de choque sobre tudo que tinha acontecido. Meu celular vibra e eu pego, já era quase 23:00 da noite quando eu recebi um: Ei, princesa. Era ele, mas eu não queria mais problemas, então simplesmente ignorei. Fala comigo. - Número desconhecido. Oi. Seu pé tá melhor? - Número desconhecido. Franzo o cenho, olho em volta, olho pela janela assustada. Como assim? Como ele sabe? Como você sabe disso? Como sabe tanto da minha vida? Fala logo quem você é! Calma, amanhã eu vou dar um jeito de te ver para falar com você pessoalmente. - Número desconhecido. Tá ficando louco? Eu sou casada, ou você esqueceu? Homem nenhum pode vir aqui em casa. Calma, Mariana. Eu vou disfarçado, relaxa, te prometo que ninguém vai ficar sabendo, ok? - Número desconhecido. Amanhã às 9h da manhã eu estou indo aí, disfarçado, prometo. Vou fingir que sou reparador da internet, ok? - Número desconhecido. Ok. Não sei onde estou enfiando tanta coragem, mas quero pagar pra ver, preciso mesmo saber quem é esse homem e o que ele quer comigo embora eu goste bastante de falar com ele e o carinho que ele tem por mim. Me sinto, pela primeira vez na vida, importante pra alguém, como se alguém se importasse verdadeiramente comigo. Desde a minha infância, minha mãe dificilmente dizia palavras carinhosas para mim e minha irmã, éramos basicamente uma boneca que minha mãe precisava cuidar. Muitas vezes ela proferia palavras de baixo calão para nós, nos culpava pela vida de porcaria que ela tinha, segundo ela mesma, chorava escondida no quarto e eu nunca entendi já que aparentemente ela era feliz como meu pai e tinha o casamento perfeito. Na verdade, minha mãe era devota do meu pai na frente dele, e por trás ela simplesmente o odiava. Eu não entendia muito bem, passei a minha adolescência inteira com ela ora feliz ora triste, era confuso pra mim porque ela sempre me disse que eu precisava ser devota ao meu marido se quisesse viver bem, que felicidade não é nada desde que tenhamos comida na mesa, um lar e saúde; Eu sempre concordei com isso, e entendo completamente essa infelicidade dela hoje em dia. Desligo o celular e vou deitar, me deito o máximo que eu posso distante do Mauro, me cubro e acordo no outro dia com o despertado do homem ao meu lado apitando para que ele pudesse ir ao trabalho. Desço, preparo o café, os adereços e me lembro que o tal admirador vem aqui hoje. Olho para o meu corpo machucado e respiro fundo, optei por vestir uma blusa de manga longa na cor salmão e uma calça preta de pano, estava bastante calor mas eu simplesmente não podia deixar a mostra as marcas, fiz um curativo no meu dedo mas estava bastante dolorido. Depois que o Mauro saiu, meu nervosismo foi triplicado, eu pensava sobre qualquer coisa dando errado, o Mauro chegando e vendo esse cara aqui, me matando ou me batendo de novo... Pego o celular pedindo para ele não vir mais, mas alguém bate na porta e eu quase desmaio de apreensão. Socorro!
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