Christian Harrison realmente estava mudando a forma de pensar e agir. Ele se surpreendia toda vez que saía para beber e não tomava mais do que um ou dois copos de álcool ou não procurava por alguma mulher que estava dando mole nem por uma polêmica para se enfiar.
Tornou-se um homem de uma mulher só, com um objetivo em mente: não fazer nada que deixasse Sophia irritada ou em maus lençóis. A garota que o irritava por ser resistente e provocativa era seu termômetro moral, e isso era bom, fazia ele notar coisas que antes lhe passavam despercebidas, como as suas amizades. Poucos eram pessoas decentes e que continuaram ao seu lado. Alguns idiotas só embarcavam na onda de festas, strippers e bebedeiras; outros, de fato, eram seus colegas, que, bons ou ruins, estavam lá, zoando da sua nova personalidade.
— Então, vai ser assim agora? — Josh era um daqueles amigos que até um tempo atrás lhe dava conselhos corretos, tentando fazer com que o cafajeste durasse mais nas telas do cinema. Contudo, Chris notou o quão errado era tudo que fazia. — Não bebe, não vai a boates e está me olhando no rosto, não para p****s alheios?
— Ha, ha! Acho muito engraçado. — Ele zoava a si mesmo por isso também, não precisava ouvir nada do amigo. — Não posso agir mais assim, se estou em um relacionamento sério.
— Como isso começou? — Franziu o cenho, encarando-o com estranheza.
Josh era um dos seus velhos amigos. Ter 30 anos de carreira dava nisso. E Chris achava bom ter alguém como ele por perto. Eles não se viam muito e suas agendas às vezes não batiam, mas sempre se falavam.
— Em seis meses de filmagem, você encontrou o amor da sua vida.
— Não está exagerando? — Cerrou os olhos, realmente achando isso um exagero. — Apesar de seis meses ser muito tempo.
— Christian, conheço você desde que usava o cabelo estilo tigela. É um safado de carteirinha, bebia mais álcool do que água e estava na capa das revistas quase toda semana. É sério que essa mulher não é o amor da sua vida?
Josh achava estranho ele não pensar em Sophia desse jeito. Geralmente, os apaixonados iam por esse caminho.
Só que Christian não parou para pensar sobre isso com tanta seriedade. Na verdade, estava evitando. Sim, Sophia era a mulher mais interessante e surpreendente. Ela o completava com a sua chatice, com seus olhares de julgamento, quando parava o tempo enquanto eles se encaravam, lendo a mente um do outro, e quando ela sorria de algo que ele falava, beijava-o com paixão e gozava no seu p*u.
Chris não fazia ideia de que escavar tudo isso revelaria que ele estava mesmo apaixonado. Não olhar para o lado e retribuir o interesse de alguma mulher era porque ele já estava feliz e satisfeito com alguém. Era só em Sophia que ele pensava, falava e desejava.
Isso era r**m, ao seu ver. O cafajeste não era a melhor pessoa do mundo para ela. Ele sempre estragava tudo, sempre levaria as coisas para o fundo do poço, e esse relacionamento não era real.
— É que… — Ele pensou no que dizer, mas as palavras estavam misturadas em seu coração, confundindo-o. — Em toda a minha vida nunca me senti desse jeito.
— Ah, é? — provocou-o, levantando uma das sobrancelhas.
No fundo, Josh estava feliz por Chris. Ele já tinha sua carreira consolidada e era um bom homem, só que faltava um pouquinho de juízo na cabeça dele.
— Odeio ser bobo ou parecer um romântico.
— Por quê? — Achou estranho.
— Não sei o que fazer ou dizer. — Quanto mais pensava, mais se confundia. — Eu não sabia que me sentiria tão perdido. Nunca fui assim, nunca gostei de uma mulher como gosto dela. — Não era atuação, era seu real sentimento falando. — Tenho medo de tudo desde que isso começou; de sair e fazer algo de errado, de falar a coisa errada e ela me odiar...
— Normalmente, fazemos isso. — Bebeu um gole de sua bebida, lembrando-se de casos que já haviam acontecido com ele e sua esposa.
— Não sei quando parei de pensar em mim e passei a pensar só nela.
— Isso foi profundo.
Christian, a cada segundo, descobria que amava mesmo Sophia Thompson. No entanto, isso o deixou mais assustado do que feliz. Soph não entrou nessa por amor. Tudo era uma farsa, uma mentira deliciosa que montava um circo que poderia acabar a qualquer momento.
Não, não posso deixar que isso acabe. Não posso perder essa mulher.
Seus pensamentos foram interrompidos pelo toque do celular em seu bolso. Assim que ele viu o nome na tela, não demorou um segundo para o atender.
— Sophia?
Josh, em sua frente, abriu um sorriso, pensando: “Ele nem faz ideia de onde está se metendo.”
— Christian, sou eu, a Keilly. É que a Sophia não está bem — a voz da assistente pareceu preocupada. Seu coração quase parou, pois ele achou que algo r**m havia acontecido. — Você poderia vir até aqui? Sempre anima ela.
— Estou indo agora. — Chris não fez mais perguntas, somente desligou o celular, colocou-o de volta no bolso e se levantou às pressas, ainda pensando que alguma coisa muito r**m tinha ocorrido.
— O que aconteceu? — Josh se preocupou.
— Não sei, mas tenho que ir.
Depois de uma despedida rápida, Christian saiu do bar onde se encontrou com ele. Pensou que não estava bem para dirigir, depois de duas doses de vodca e de ter recebido aquela ligação, portanto pegou um táxi. Era mais prudente. Entretanto, ele se irritou com a demora no percurso. Diria ao motorista que, possivelmente, estava entrando em pânico com diversos pensamentos sobre situações nas quais Sophia poderia ter se metido e ter sofrido sabe-se lá o quê, então assumiria o volante se ele não acelerasse.
Eu deveria ter perguntado sobre o que aconteceu. Por que fui tão i****a de não perguntar?
Ele ficou grato por não estar longe de Hollywood Hills e ter chegado 15 minutos depois daquela ligação. Pagou o motorista e, praticamente, correu até a porta dela. Não parou para pensar que Sophia o deixava tão maluco, que o forçava a fazer coisas desesperadas como essa. Tocou a campainha e foi recebido por Keilly, que estava preocupada.
— O que aconteceu? — Entrou como um furacão na casa.
— Bem... Indo cronologicamente: uma passada no médico, uma discussão nada legal com a agente e um acidente na academia — Keilly falou rápido demais, andando atrás dele.
Ele parou abruptamente.
— Espera. — Confundiu-se. — Explica melhor. O que o médico disse? Por que ela brigou com a agente? E quão grave foi esse acidente? — Estava a ponto de sacudir a menina.
— Sobre o médico, está tudo bem, mas a megera, simplesmente, invadiu a consulta e foi extremamente tóxica, exigindo que ela pegasse pesado nos exercícios. Ainda a ameaçou e a menosprezou. — Chris demorou um pouco para pegar o ritmo, mas assim que pôde pensar, fechou os punhos, sentindo uma raiva crescer no peito. — Sophia tem uns... problemas emocionais. Posso dizer que isso influencia no humor e até na alimentação dela. Ela estava tão chateada, que pegou pesado na esteira e acabou caindo e se machucando. Pedi para irmos ao hospital, mas ela é teimosa.
— Ela é teimosa. — Voltou a subir as escadas, indo em direção ao quarto dela. — Claro que é. Além do mais, que p***a aquela babaca disse a ela? Quer que Sophia sobreviva de ar?
— Sophia tende a acatar as exigências sem questionar. Sempre que faz o contrário, ouve palavras de mau gosto.