um amor (falso?)

1129 Words
É, ele sabia como era ouvir merdas assim dos seus superiores ou da própria indústria. Era óbvio que as mulheres eram as mais cobradas, só que ele também tinha que ter o corpo bem definido e muito mais. Chris entrou no quarto escuro e procurou por ela, que estava na cama, embaixo de muitos lençóis. Ele não sabia se ela estava dormindo ou não. — Está vendo? Sempre que isso acontece, ela fica deprê — sussurrou a assistente. — E durona. Com certeza vai te mandar ir embora, como fez comigo. Mas eu não queria deixar ela sozinha agora. — Certo. Eu cuido daqui para a frente. — O que está fazendo aqui?! — Sophia não estava dormindo, ouviu o barulho dos dois em sua porta. — Vou demitir você, Keilly. — Depois você me agradece. Tchau. — Ela saiu de fininho. Desanimada e se sentindo um saco molhado e sujo, Soph voltou para baixo das cobertas. Era quente e fofinho. Tudo o que ela mais queria era ficar só com seus pensamentos. Sophia não era tão forte quanto imaginavam. Dentro dela havia uma menina assustada e sensível que resolvia prestar mais atenção nas coisas ruins do que nas boas. Chris era novo nessa coisa de namorado, mas até pouco tempo atrás não fazia ideia do quanto se importava com essa garota. Ela tinha quase metade da sua idade e às vezes parecia imatura. Só não mais do que ele. Porém, sempre era o seu pilar de conforto, onde ele encontrava o silêncio. Quando eles estavam juntos, nada mais importava. Christian tirou o paletó azul que vestia sobre a camisa branca de alças, tirou os sapatos, andou até a cama, subiu nela e se aconchegou junto ao corpo magro e quente de Sophia. Ela não queria que ele a visse daquele jeito, e também não queria ligar para as merdas que sua agente falou só para calar a sua boca, no entanto não controlava seus sentimentos. Mas tinha que confessar que, com ele ali, estava muito confortável. Chris afastou os lençóis, colocou-se embaixo deles, abraçou a garota e beijou o seu pescoço. Com suas mãos, sentiu o que seus olhos não podiam ver: ela estava somente com uma blusa fina, sem sutiã, e com uma calcinha fina. — O que pensa que está fazendo? — Não foi uma reclamação, porém ela não estava a fim de sexo no momento. Na verdade, seu tornozelo estava doendo muito, ela só não queria admitir. A culpa foi dela por não se concentrar na esteira. — Não vai rolar sexo. — Não quero que role. — Sentir o perfume dela era bom, trazia-lhe felicidade e conforto. — Mas gosto de tocar no seu corpo. — Você é um pervertido. — Sou o seu pervertido. Sophia tinha que admitir que sempre que ele estava por perto, ela não se achava uma boba, i****a e imatura. Chris a fazia se esquecer das merdas. Mas, dessa vez, era impossível ela não se lembrar de tudo que ouviu. — Por que veio? — Teve que virar seu corpo para ficar de frente para ele e encarou o seu belo rosto, seus olhos claros e seus lábios, que ficaram felizes quando a viram. Ela odiava tudo que esse homem a fazia sentir. Seu coração acelerava, suas mãos suavam e o mundo inteiro sumia quando eles estavam juntos. Sophia sentiu o medo consumir seu corpo ao descobrir que estava realmente apaixonada por ele, mesmo sabendo que tudo era uma farsa. — Fiquei preocupado. — Keilly é exagerada. — Você está triste e, pelo que fiquei sabendo, machucada também. — Isso o fez se lembrar desse fato, tanto que fez questão de tirar tudo aquilo de cima deles e procurar pelo machucado. — O que está fazendo? — Ela se enfureceu, não querendo que ele tocasse nela onde mais doía. — Não faz isso. Chris se surpreendeu com a contusão. O tornozelo dela estava inchado e vermelho. — Por Deus! Você se machucou feio — ele disse, irritado. — Não toca. — Pegou em sua mão ao se sentar na cama. Realmente doía, só que ela não queria ir ao médico. — Apenas me desequilibrei. Foi um pequeno acidente. — Você é uma teimosa — brigou com ela. — Não pode ficar assim. — Estou bem. — Ela estava mentindo, e ele sabia. Quando tocou nela para ver melhor, ela gemeu de dor. — Merda, Christian! Não toca. — Eu mesmo vou carregar você até a p***a do hospital, então colabora. — Não exagera. É só pôr gelo, e estarei boa amanhã. — Nada de estar boa. — Não importava se ela era teimosa. Chris tinha acabado de descobrir que essa garota mexia com ele e se preocupava o bastante para brigar por ela e com ela. — O que ela disse? — ele quis saber, mas Sophia não queria dizer. — Nada demais — desconversou. — Quando algo não é nada demais, a gente, simplesmente, ignora, não se desequilibra. — Você é insuportável — estressou-se. — Sou muitas coisas, mas acabei de descobrir que posso me importar com alguém. E não sabe o que posso fazer por uma pessoa que é importante para mim ou... gosto. — Gosta? — Surpreendeu-se. Não tinha como ela não ligar para isso. O que significava? — Enfim... Se não me disser e cooperar, acho que terei que perguntar a outra pessoa. — Não faria isso — novamente, ficou surpresa. — Ninguém mexe com a minha garota. Ele sempre foi mandão, entretanto, dessa vez, as coisas eram diferentes. Sophia não era só uma amiga, era a paixão da vida dele, e isso era novo. Ele queria protegê-la e cuidar dela, como ninguém já tinha feito com ele antes. A única luz vinha do abajur que estava atrás dela, de frente para ele. Os olhos dele desceram até seus lábios. Estava claro o que eles desejavam, e não demorou para que um dos dois se inclinasse e beijasse o outro. Começou devagar. Um sentimento bom e aconchegante que se transformou em paixão. Sophia comprovou as suas suspeitas: ela se apaixonou pelo homem que mais odiava desde os 15 anos. Isso era r**m, muito r**m, pois, na sua visão, Christian estava apenas curtindo o momento e aproveitando a convivência. Entretanto, não era bem assim. Esse beijo foi o ponto final. Ele sabia que a amava de verdade. Era assustador, pois significava que ele poderia perdê-la e estragar tudo. Era um sentimento tão grande, que o sufocava. O beijo só foi interrompido pelo gemido de dor que Soph deu ao se mexer na cama. — Acho que agora concorda que precisa de um médico. Ela não respondeu e revirou os olhos, a contragosto. Pelo pouco que o conhecia, sabia que ele iria insistir até carregá-la nos braços.
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