O que aconteceu naquela sala? Christian era mesmo um maluco pervertido. Qualquer lugar para ele era uma oportunidade de provar o quanto Sophia era fraca ao lado dele.
Ela estava irritada e satisfeita ao mesmo tempo. Já não sabia o que fazer ou quando acabaria com aquilo, só que precisava de um quarto e uma cama enorme para perder a noção das coisas e t*****r com seu “namorado”.
Ela estava de pernas bambas, prestes a perder a compostura, e sem calcinha. Como entraria em um palco, com pessoas a assistindo, dessa forma?
— Eu odeio você, sabia? — sussurrou, irritada, dando um soco leve no braço dele. O que o fez sorrir de satisfação.
Ele a abraçou, dando um longo beijo em seus lábios teimosos.
— Vocês estão aí. — A produtora estava descabelada, cansada e nervosa. — Entram em um minuto, então... — Fez um gesto para que os dois a seguissem.
Contudo, Sophia tinha um probleminha.
— Como vou entrar naquele palco sem calcinha? — Ela estava desesperada e furiosa. — Você é maluco.
— Isso é bom. — Chris não se importou com o seu rosto vermelho de raiva. Além do mais, ele também estava com um grande problema nas calças. — Aos poucos vou provar que você é só irritante, não resistente a mim.
— Dá para deixar isso de lado e me ajudar com esse problema?
Chris havia guardado a calcinha rasgada no bolso, mas fez questão de segurá-la no ar e lhe mostrar o resultado de algo que estava no meio do caminho para o paraíso.
— Quer sua calcinha de volta? — Riu dos olhos arregalados dela.
Sophia pegou o resto de tecido que sobrou e o socou novamente, dessa vez mais forte.
— Seu i****a! — sussurrou. Estava a ponto de matá-lo. — Vou entrar sem nada na frente de um monte de câmeras.
Finalmente, ele raciocinou sobre essa questão: homens poderiam espreitar uma coisa que era só dele. Viu-se com raiva de si mesmo por saber que se sentia inseguro e enciumado.
— Cruze as pernas, então. — Deixou o sorriso morrer. — Já basta eu lidar com a ideia de que outros caras viram o que agora é meu. Não quero que ninguém mais veja. — Pegou em sua mão e a levou ao palco.
Como se já não tivesse muito com o que se preocupar, ela teve que lhe devolver o tecido rasgado, botando-o no bolso da sua calça. Com certeza Sophia iria se lembrar disso e o punir futuramente.
Eles tiveram que sorrir. Havia uma pequena plateia assistindo ao programa ao vivo. O abrir de bocas era totalmente falso. Soph não parava de pensar que estava desarmada e que Chris, além da ereção, também se preocupou com esse fato.
Ao se sentar, Sophia se sentiu desconfortável. Ainda bem que a saia era grande e tinha um bom forro. Porém, nada a deixava quieta quanto à falta da calcinha.
Nenhum dos dois queria estar ali, no entanto concordaram com a conversa. Isso explicaria ao público o “relacionamento”. Eles montaram muitos motivos de quando começaram e por que ninguém sabia, mas até aquele momento só havia relatos e fotos, nenhum pronunciamento.
Ela respirou fundo. Estava de mãos dadas com Christian. Ao se sentar na cadeira macia e giratória, tomou todos os cuidados. Estava tão preocupada com isso, que quase se esqueceu da interpretação de namorada feliz e apaixonada. Ela o mataria assim que fosse possível.
Sophia e Christian eram, sim, um casal, apesar de ela negar com todas as forças. Eles sempre estavam juntos e rolavam beijos, carícias e brincadeiras sexuais. Ela não tinha cedido a ele o prazer de estar dentro dela de verdade, entretanto faltava pouco para que isso acontecesse.
Os seus sentimentos sempre oscilavam entre amar o que ele fazia e o odiar. Ela amava as suas piadas, as provocações, a forma como ele conhecia seus olhares e significados, o carinho e o desejo. Desejar estar com ele e ser dele não era um problema. Só que isso não era tudo, pois Sophia também o odiava quando ele cometia deslizes ou fazia algo sem o seu conhecimento. Detestava como o i****a podia ser provocativo ao máximo, egocêntrico, arrogante ou até mesmo provocar nela sentimentos amorosos por ele.
Ela não deveria se esquecer de que tudo era falso. Eles terminariam mais cedo ou mais tarde.
— Então... Aqui estão os dois. — A apresentadora estava tão animada e surpresa, que fez Chris rir, mas pareceu algo inocente, como vergonha, sendo que era puramente m*****o, pois nada disso era real.
Ele olhou para Soph, que estava concentrada na entrevista, mas percebeu sua atenção. Chris se perguntou o porquê de estar tão descontente. Tudo começou de modo tão frio e desesperado. Mas ele se acostumou a ter Soph só para si, a todo instante, segurando a sua mão, provocando-a, beijando-a e fazendo outras coisas a mais com ela. Sendo assim, lembrar-se de que isso era falso e que acabaria alguma hora o deixou chateado.
— Não, só nos conhecemos no set de filmagem. — Ele voltou à realidade quando a ouviu responder. — O diretor não disse quem seria o meu par e fez todo um drama. — Os que estavam ali riram como se essa fosse uma piada. — No dia da filmagem eu estava estressada, não tinha repassado as falas, e então nos esbarramos.
Eles se lembravam daquele dia. Foi inusitado. Christian, no momento, percebeu que essa história era melhor do que qualquer outra inventada.
— Foi ali, naquele instante, que descobriu que Christian iria contracenar com você?
Eles não tinham contado esses detalhes a outras pessoas, estavam no íntimo. Nesse dia Sophia quase teve um ataque de pânico. Seria a primeira vez dela ao lado do seu ídolo i****a da adolescência.
— Sophia me odiou desde o primeiro minuto — ele contou. Não queria ter que olhar para a mulher ou para a plateia curiosa, preferiu fixar os olhos na mulher com quem ele teve momentos memoráveis. — Disse que eu era arrogante.
— Você é arrogante — ela respondeu, brincalhona.
— Egocêntrico.
— Também é egocêntrico.
A conversa estava descontraída. Ela quase se esqueceu da presepada que ele fez minutos antes.
— Espera! — Isso chamou a atenção dos dois. A apresentadora abelhuda olhava o celular, com o rosto espantado. Bem... Era assim que funcionava aquele programa do qual os dois não queriam participar. Ali, ao vivo, ela sabia de tudo e usava isso para confrontar os entrevistados. — Vão se casar?!
Foi clara a surpresa de todos, inclusive dos dois sentados naquelas cadeiras. Sophia, que segurava a mão de Chris, praticamente cravou suas enormes unhas nele. Ele a encarou, tentando disfarçar o quanto isso doeu. Também estava surpreso.
Nos olhos dela havia a dúvida: “Do que ela está falando?”. E nos dele: “Nem eu sei”.
Era assim que se comunicavam: liam a mente um do outro. Eles estavam confusos e irritados, mas teriam que contornar esse perrengue.
— Casar?! — Sophia riu, desconfortável.
— É! — A morena, novamente, olhou o celular. — Acabei de receber essa notícia. Saiu em um site de fofocas. Pelo menos estão aqui para dizer como isso aconteceu. — A mulher sorria como se tivesse ganhado um bolão. Com eles ali, sendo entrevistados, a audiência estava nas alturas, ainda mais com essa falsa notícia. — Não vejo anel de noivado.
— Foi algo repentino. Nem deveria ter saído em site nenhum. — Chris disse, sem bom humor. Teve que colocar as coisas no lugar.
Sophia, por outro lado, estava desesperada. Não sabia o que dizer ou como agir, e o ouvir confirmando foi o estopim para o seu surto. Entretanto, não podia explodir ali, na frente de todos.
Eles sabiam que seria difícil estar nesse lugar. Foram forçados a confirmar presença. Mas nada os preparou para isso. Christian era bom em improvisar, e foi ele quem tentou colocar um fim naquela conversa.
Sophia queria sair dali. Estava tensa e quase correu quando saiu do palco.
Chris sabia que ela estava furiosa. Ele também estava. Só que a preocupação dele era mais com sua “namorada”, que se tornou “noiva”, que, provavelmente, acabaria com isso em dois tempos. Pior, ele gostava da danada e achava bom ser só dela. Porém, ele já estava há um bom tempo nesse ramo, iria se sair bem na fita se algo desse errado, mas Soph não, ela seria bombardeada e culpada. E isso, ele não queria. Tomaria a culpa para si só para evitar estragar a vida de alguém tão boa como ela.
Como antes, ele a puxou para uma sala vazia, fechou a porta e deixou que ela respirasse fundo.
— Que p***a foi essa? — finalmente, ela perguntou. — Casamento?
— Eu não faço ideia de onde essa falsa notícia saiu. — Ele tentou se aproximar dela, mas ela se afastou. — Eu juro, não fui eu.
— Então, por que você confirmou? — tentava não falar alto demais. Sua preocupação nem era o novo status, mas isso ter acontecido com seus pais assistindo. — Meus pais estavam assistindo. Eu tinha dito que era um namoro.
— Minha mãe também estava. Posso ser um i****a inconsequente, Sophia, mas jamais faria algo assim com você. Nunca faria isso com você ou nossas famílias. Eu só não sabia o que fazer, foi um ato falho.
— Ato falho? — Os dois se encararam e ela viu que ele estava tão preocupado quanto ela. — Quem fez isso? — Baixou a guarda.
Ele pareceu sincero. Apesar de ser um babaca que arquitetou todo aquele teatro, Chris sempre contava as ideias mirabolantes a ela. Ele tagarelava bastante, e Soph gostava de rir enquanto o ouvia. Não havia uma razão para ele estar mentindo.
— Não faço ideia. As únicas pessoas que sabem sobre nós são a sua assistente pessoal e os nossos empresários. Assinamos um acordo de confidencialidade.
— Claro. — Ela se lembrou de que aqueles sanguessugas sempre faziam o que bem pensavam, com a desculpa de que era o melhor para as carreiras de ambos. Eles foram os primeiros a aprovar a ideia estapafúrdia do namoro. — Estão querendo nos prender. Acham que assim temos mais relevância.
— Não seriam tão cruéis. — Então, Chris se deu conta de quem eles falavam. — Claro que seriam. Sempre em busca de mais dinheiro.
— Casados teríamos mais estabilidade.
— Vou matar o Eduard.
— Você confirmou.
A ansiedade de Sophia a estava cobrando. Seu coração batia como um motor velho. Isso era r**m. Christian notou e se preocupou.
— Vou resolver isso. — Ele a segurou pelos braços, forçando-a a olhá-lo nos olhos. — Comecei com tudo. Não vou deixar que isso prejudique você ou a sua carreira. Prometo que não vou permitir.
— O que vai fazer? — Ela não achava que daria para, de repente, eles mudarem de ideia. — Se contradizer?
— Se for preciso, sim. — Não importava o quão irritante ela era, Chris gostava da namorada falsa mais do que queria admitir. — Comecei com isso, e vou achar uma forma de acabar. Se continuarmos aceitando, nunca vão parar. Daqui a pouco vamos ter que entrar na igreja e sustentar a mentira.
— Do que está falando? — Ela se preocupou. — Acabar?
— Vou deixar você livre. É melhor ficar longe de mim. Não quero puxá-la para esse buraco que construí por todo esse tempo.
— Quer terminar? — Soph ignorou o restante da conversa e se viu desanimada, achando que tudo que aconteceu com eles também terminaria. E ela não queria isso.
— Não agora. Vamos conversar com os imbecis e tratar dos detalhes. — Chris não queria terminar, estava gostando de ter uma namorada. — Sabe... Isso serviu para abrir meus olhos. Ser um cara comprometido não é tão r**m.
As semanas com eles sendo um casal os deixaram acostumados. Com todas as diferenças, os dois se completavam. Christian não sentia saudade da sua vida festeira; passou a se sentar no sofá-cama, assistir a filmes clichês, beber vinho ou vodca, conversar sobre coisas aleatórias relacionadas às suas carreiras e comer porcarias escondido dentro do carro.
Sophia se sentiu muda. Não sabia o que dizer sobre essa alternativa radical. Seu medo era de que essa situação estragasse o seu trabalho, só que deixar de ser a namorada de Christian Harrison era algo que a deixava desanimada.