Não tinha um roteiro para aquilo. Quando decidiu viajar com Sophia, Chris só pensou em como ela ficaria bem ao estar com a família depois do que passou. Então, veio aquele desentendimento que o fez se achar um i****a que se deixou levar por uma mulher mais nova e imatura.
Sophia o confundiu diversas vezes, mas foi ela quem abriu os seus olhos para uma vida menos complicada e relaxante.
Ele estava na casa dos pais dela, sendo observado pelo patriarca como se fosse um esquisito ou o seu inimigo. Arthur não era bobo e desgostava do rumo que sua filha tomou. Ela ganhava muito e era bem-sucedida, mas esse não era o problema, e sim caras como Christian Harrison. Justamente ele.
Chris se perguntava o porquê de o homem estar tão furioso, e ele com medo. Claro que ele se lembrava dos seus defeitos, mas ter entrado naquela casa era a confirmação de que tudo havia mudado.
Tudo mudou tão drasticamente e rápido.
— Senhor Thompson — ele resolveu quebrar o gelo. Aquela casa era consideravelmente grande. Sophia estava em algum lugar com a sua mãe, enquanto ele estava em frente ao pai dela. — Sinto que tem algo em mim que não gosta. — Abriu um sorriso. O nervosismo era por ele achar que Arthur o rejeitaria totalmente. Mas não o culpava. Christian não era o melhor homem do mundo.
— Não gosto nada de você, rapaz — falou sem tirar os olhos do loiro.
Os dois estavam na sala de estar. Eles poderiam estar assistindo a algo na TV, porém Arthur tinha outra coisa em mente: enquadrar o safado conhecido por ser libertino com as mulheres.
— Bem... Rapaz, você não é. — Claro, a diferença de idade entre os dois chamava a atenção dele, mesmo que isso fosse até que comum no meio artístico.
Christian tinha que admitir que essa era uma preocupação e que, algumas vezes, podia ser uma complicação. Cabeças diferentes. Só que considerando que ele era como um garoto que não cresceu, até que essa não era uma barreira tão grande.
— É. — Chris compreendia que não podia ser o Christian Harrison com aquele homem. Da forma que ele o olhava, entendia que ele não estava para brincadeiras. — Mas não é um problema, certo? — Levantou uma de suas sobrancelhas.
Arthur sabia que esse homem era bom de lábia. Atores eram comunicativos, sabiam lidar com as situações e até mentir com facilidade, se precisassem. Por isso não tiraria o olho de Harrison.
— O problema com você é ser o Christian Harrison — foi sincero.
— Sua filha pensa o mesmo.
— E ainda assim estão juntos — observou.
Chris pensou em mais cedo, quando achou que Sophia, sendo tão dura, não sentia o mesmo que ele. Uma paixão ensurdecedora que o consumia por dentro. Na noite passada ele só achava que tinha passado dos limites e que fosse uma paixão momentânea, porém notou que estava ansioso para ficar mais perto dela e ser mais do que sua farsa ou namorado. Ele poderia pensar que casamento era, sim, passar do nível do aceitável para aquele acordo, no entanto, ao imaginar que em algum momento eles se separariam, ficou louco e com medo.
— Todo mundo conhece a fama, a enorme lista. Não sabe o quão surpreso fiquei quando ouvi sobre esse... relacionamento.
Christian deu um sorriso, entendendo exatamente o seu ponto de vista.
— Foi uma surpresa para mim também.
— Foi? — Suspeitou.
Arthur pensou: “Se esse playboy acha que vai magoar a minha garota, está muito enganado.”
— Estou nisso desde os meus 10 anos. Sempre tive que trabalhar muito. Era um filme ou série atrás do outro, e fui me concentrando no trabalho ou nas coisas erradas vindas disso.
O loiro desejava ser sincero, não pensava em esconder seus sentimentos. Já tinha feito isso por muito tempo. Óbvio que não contaria a parte em que tudo aquilo começou com um acordo falso quando, no máximo, ele se sentia atraído pela filha dele. Lá no fundo, estava nervoso. Queria agradá-lo, ou arranjaria obstáculos para continuar com aquele relacionamento. Dessa vez da forma certa.
— Não sou e nem fui o melhor homem de toda a Hollywood. Sou bem errado. Sua filha me odiava e... foi difícil conquistá-la.
— Claro. Depois do que fez... — Lembrou-se do dia em que sua filha chegou da capital chorando rios só porque tinha conhecido o jovem babaca por quem tinha uma paixão platônica.
Isso o deixou em alerta mais uma vez. Sophia, uma menina bobinha em LA, já havia tido uma quedinha de fã pelo cafajeste. Christian já tinha magoado o seu coração bobo, mesmo que não da mesma forma. Havia sido há uns 12 ou 13 anos, quando a garota tinha 15 anos. Se Arthur ouvisse da sua boca que o i****a tocou nela e a machucou de verdade, não apenas a decepcionou, pegaria seu carro, iria até Hollywood Hills e o mataria, não importando quem ele era.
Chris achou estranho esse comentário, mas o deixou de lado.
— Sophia é teimosa, e até chata. Irritante, eu diria. — Ele não tinha pensado muito nos comentários, mas viu a cara que o sogro fez. — Porém, isso me chamou a atenção. Ela não é como as outras. Nunca será. Foi isso que fez eu me apaixonar por ela.
— Paixão é uma palavra que desgosto — alertou. — É passageira. Não justifica um casamento. — Isso o pegou. — Não quero que minha filha seja como essas atrizes que se casam e, depois de alguns meses, se separam.
— Não me vejo fazendo isso — apontou Chris, assustado com a observação. — Eu jamais faria nada se não tivesse certeza dos meus sentimentos.
— Você a ama, então?
Ele já tinha repetido essa palavra antes, não era difícil pensar que era real.
— Sem dúvidas — respondeu, firme. — O problema não sou eu.
— Não? — Franziu o cenho.
Depois do que Sophia o fez passar, desesperado, achando ser um bobo apaixonado, Chris se divertiria a colocando no centro do problema.
— Por mim, eu me casaria hoje, mas Sophia quer prolongar essa espera. — Ele se encostou no sofá, cruzando as pernas. — Estou ciente do que quero, e tenho até as alianças, mas ela não usa. Isso até me ofende.
Soph, toda alegre com a recente descoberta do amor de Christian, entrou na sala com sua mãe bem quando foi citada.
— Sophia! — Seu pai achou aquilo estranho. A menina maluca pelo loiro safado de jeans surrado, anos atrás, não perderia tempo de arrastá-lo para o altar.
Ela, sem saber o porquê do tom do pai, ficou confusa ao se sentar ao lado do namorado.
— Qual o problema em usar o anel de noivado? — Arthur perguntou.
— Espera... O quê?! — Se estivesse bebendo algo, estaria sufocada.
— Falei ao seu pai da sua recusa. — Ele riu e ela desejou matá-lo. Era uma mentira descabida. — Carrego no pescoço. — Christian tirou a corrente escondida no pescoço. Pendurado nela, estava um anel com pedraria.
Sophia praticamente arregalou os olhos ao vê-lo, sentindo o coração na boca, e sua mãe se surpreendeu, com os olhos enchendo de água. Que plano maluco era esse?
— Christian! — Sophia não sabia se estava emocionada ou brava por ele ter feito isso bem na frente dos pais dela. — Eu vou matar você.
— Eu sei — sussurrou, orgulhoso. — Então... Vai usar o anel agora?
— Podemos unir as famílias para comemorar. — A mãe dela se empolgou.
Arthur achou estranha a atitude da filha. Chris tirou o anel do colar, que havia comprado recentemente; não por causa da falsa notícia criada por Eduard, mas por ter colocado o olho na peça e, automaticamente, ter se lembrado dela.
Chris queria se casar com ela. Só naquele momento percebeu isso. Ele pôs o anel em seu dedo, fazendo com que o coração dela pulasse no peito.
Muitas dúvidas se passavam nas cabeças dos dois, principalmente na de Soph. Ela achava precipitada a ideia, só que não podia mentir que pensar em se casar com ele era um sonho de adolescência que se tornaria real.
— Fica mais bonito no seu dedo — ele disse, olhando em seus olhos. O sentimento se intensificou sem que eles percebessem.
— Ainda não sei, não — Arthur se pronunciou, cortando o clima.
— Arthur! — brigou Marie.
— Não vou entregar a minha menina tão facilmente. — Riu, deixando todos aliviados.
Soph se calou. Queria conversar sobre isso. Christian sempre tomava decisões sem conversar com ela. Mas dessa vez não foi algo r**m, ela ficou boba com essa atitude. Nunca havia achado que, algum dia, Christian Harrison a pediria em casamento. E realmente não pediu, só lhe mostrou a aliança.