Bola de neve

1243 Words
Semanas depois A mentira estava se tornando maior do que eles haviam imaginado. Sophia era cobrada pela mãe e a mídia estava atrás dela como se ela fosse a descobridora de uma nova civilização, enquanto Christian só nadava na sua onda. Bem... As mulheres sempre são as mais cobradas. Sempre. Então, ela deveria se preparar para tudo que estava por vir. — Não, mãe. A senhora Thompson estava insistindo para saber mais sobre esse namoro, que era um milagre, algo fora da realidade para ela. Desde que a filha tinha 10 anos, via ela apaixonada pelo jovem astro em ascensão, que se tornou o seu namorado. O mundo era mesmo pequeno e surpreendente. — Sophia, você nem avisou que estava saindo com o Christian Harrison. O próprio Christian, por quem você era apaixonada. — Ela dizia essas palavras como se isso fosse algo surreal. E até era. Sophia nunca pensou que estaria nessa posição. Da cadeira, em frente ao espelho, sendo preparado para entrar em poucos minutos em uma entrevista na qual os dois estariam com uma das maiores apresentadoras dos Estados Unidos, Chris a observava conversando com sua mãe pelo telefone. Ela estava na cadeira ao seu lado, e ele não ouvia o que a mulher na ligação dizia, porém sabia que era algo que deixava a sua falsa namorada envergonhada e estressada. Em poucas semanas com ela, Christian já a conhecia muito bem. Além do mais, os dois estavam em contato há meses antes dessa maluquice de namoro. Ele não confessaria a ela que estava gostando do status, das brincadeiras e das provocações, nem que queria estar ao seu lado por mais tempo do que eles concordaram. Era novo e assustador para Chris descobrir que a garota irritante o estava cativando e o conquistando a cada dia. Sem contar que os joguinhos de provocações eram as preliminares mais excitantes que ele já havia tido. — Isso é passado — ela respondeu, evitando olhar para o espelho, sabendo que Chris a encarava por ele. Seu coração era i*****l. Sempre que ela estava perto dele, ele batia como um motor velho e maluco. Chris não era o seu namorado de verdade, estava nisso porque precisava, e ela acabou se enfiando nessa situação em um momento de medo e constrangimento. Contudo, nas últimas semanas, ele estava sendo tão atencioso e carinhoso, além de provocá-la até o limite, que seu corpo e coração confundiam as coisas. Essa brincadeira tinha prazo de validade, e Sophia tinha que se lembrar disso. — Como assim passado? Vocês... — Mãe, eu tenho que ir. Estou ocupada agora. Sophia odiava mentir para a mãe. Desde o início, a mulher a apoiou, enfrentando o pai dela, brigando com ele para a levar às audições. E, no momento, ela mentia sobre o seu relacionamento. Ninguém podia saber a verdade, muito menos a senhora Thompson. Tudo tinha um limite. — Vou para Los Angeles. O coração de Soph ficou prestes a sair pela boca. — O quê?! — Instantaneamente, preocupou-se e saiu do canto onde era maquiada. Chris franziu o cenho, perguntando-lhe pelo olhar o que estava acontecendo, já que ela o encarava pelo espelho, assustada. — Por quê? — Ué. Você não quer me dizer nada, terei que descobrir sozinha. — Ela estava determinada a conhecer o novo genro. Amava Christian, pelo menos na TV, apesar das polêmicas. Na realidade, era nisso que ela pensava: em como a filha estava lidando com o passado dele e como tudo aconteceu. E, o mais importante, queria ter uma conversa séria com o homem. Não era porque a mulher era encantada pelo seu charme, que daria sua filha a um cafajeste como ele. — Na verdade, quero conhecê-lo e deixar claro que você não é como as milhares de mulheres com quem ele saía. — Não é necessário. Ele sabe, deixei claro — falou, tentando convencê-la a desistir da ideia. Chris teve a confirmação de que o assunto era ele. — Por que não quer que o conheçamos? — Desconfiou. — Mãe, acho que esse assunto pode ficar para depois. — Sophia queria se livrar da conversa. Seu cúmplice já estava curioso para saber do que ela se tratava. — Se não vier para uma visita e nos apresentá-lo formalmente, seu pai e eu vamos a Los Angeles. — Papai? — Ela quase caiu da cadeira. Não importava o quanto ela e seu pai eram opostos nas ideias, o quanto brigaram e o quanto ele ainda resistia em aceitar o trabalho dela. Sophia o amava, e ele a ela, tanto que colocaria Christian contra a parede. — Claro. Sinceramente, ele está furioso com você. — Normal. — Não estou brincando. Nós... — Ok, você venceu. Eu vou para casa, e o Christian vai comigo. — Vou? — Ele franziu o cenho. — Agora tenho que desligar. — Vamos lhes assistir pela TV. — Vai? — Seus nervos estavam à flor da pele. Chris se questionava sobre o pedaço da conversa que conseguiu captar. Ele nunca tinha ido à casa dos pais de uma namorada, afinal nunca havia namorado. Mas, no momento, estava com uma mulher e tinha que fingir que eles eram o grande amor um do outro. Claro que ele era atraído por Sophia e que o seu coração o estava traindo, gostando mais dela do que deveria, só que conhecer seus pais era um nível elevado demais, tornava isso mais pessoal. — Ok. Tchau, mãe. Amo você. — Desligou a chamada e voltou a se encostar na cadeira. Ela estava ansiosa. Suas mãos suavam e o coração estava na boca. Graças ao Pai, as maquiadoras tinham saído. Ali só estavam Christian e Sophia. — Vamos? — novamente, ele lhe questionou. — Achei que não envolveríamos as nossas famílias. — Eu também achei. — Ficou irritada. — Mas meus pais são do tipo que ficam em cima; querem saber das coisas e conhecer você. — São do tipo grudes. — Sentiu o tapa que ela deu em seu braço. — Meus pais não são grudes. — Nesse instante ela só queria um copo com o mais forte álcool que pudesse ter no planeta. — São amorosos. Apesar de não gostarem tanto do meu trabalho, por acharem que ele me expõe muito, eles são presentes, atenciosos e se preocupam. Se não formos lá, eles vão acabar vindo até aqui. — Se vamos à sua casa, minha mãe vai cobrar o mesmo — ele apontou. — Ela é uma mãe mais reservada. Eu falei que iria dar um tempo para nós dois passarmos por isso. Na verdade, não queria envolvê-la nisso. — Eu também não quero. — Eles estavam mais tensos do que imaginavam. — Ela vai assistir à entrevista. — Minha mãe também. — É mais difícil encarar isso com eles assistindo. — É. Não era só mentir para as suas famílias que os preocupavam, mas também até onde isso iria. Começaram com uma simples mentira. Os dois estavam juntos. Até o momento era certo que estavam bem, equilibrados, e que isso só afetava o trabalho. Aos poucos Chris, o cafajeste de Hollywood, estava entrando em uma fase de estabilidade. Para Sophia, as coisas estavam bem mais agitadas. Os fotógrafos não os deixavam em paz e ela tinha que sorrir e falar um pouco sobre como foi trabalhar com ele e se apaixonar. Christian não queria colocar tudo em cima de Soph. Era injusto, porque foi ele quem teve a ideia e a fez aceitá-la.
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