22" Entre Desejos e Conflitos "

1828 Words
Maria Luiza Acordei sentindo meu corpo todo dolorido, cada músculo parecia reclamar do esforço da noite anterior. Levantei com dificuldade, sentando-me na beira da cama. Já senti minha larissinha doendo, o que trouxe alguns sorrisos ao meu rosto ao lembrar dos momentos intensos que compartilhei com Guilherme. Olhei para o lado, vendo-o todo largado na cama, apenas de cueca. Mesmo adormecido, ele exalava uma sensualidade inegável. Levantei-me com cuidado, sentindo cada movimento ecoar em meu corpo. Fui até o banheiro, fiz minhas higienes e troquei de roupa. Peguei meu celular que estava carregando na mesinha de cabeceira e abri a porta do quarto. Imediatamente, um cheiro delicioso de café fresco invadiu minhas narinas. Pensei que fosse a diarista ou talvez Rebeca. Antes de seguir até a cozinha, decidi passar no quarto da minha mãe. Abri a porta devagar e olhei para a cama, esperando encontrá-la dormindo, mas me assustei ao ver a cama vazia. Meu coração acelerou. Saí correndo pela casa, gritando por Guilherme. Parei de repente ao ver minha mãe saindo da cozinha com um pano de prato na mão e um sorriso maravilhoso no rosto. Mari_Oi minha pequena! Estava com saudade da sua mãezinha?!_ Ela falou, dando-me um sorriso gentil. Comecei a chorar e corri até ela, abraçando-a com força. Segundos depois, Águia apareceu descendo as escadas com um fuzil nas mãos, vestido apenas com uma bermuda. Águia_c*****o! _Ele parou no meio da escada, olhando para nós duas._Você acordou!_ falou sorrindo, vindo até minha mãe e eu. Mari_Estou aqui, em carne e osso! Malu_ Estava com tanta saudade de você, de ouvir sua voz, mãe!_ falei, limpando meu rosto e abraçando-a novamente. Águia_p***a, tô felizão em te ver bem, tia Mari, de verdade mesmo! Minutos depois, Lobo entrou apressado na casa do Guilherme, parecendo eufórico e ao mesmo tempo assustado. Assim que ele viu minha mãe, paralisou, e um sorriso de orelha a orelha se formou em seu rosto. Minha mãe olhou para ele assustada, o sorriso desaparecendo de seus lábios. Lobo_É verdade, você realmente acordou!_Ele falou vindo na nossa direção, mas parou assim que ela deu um passo para trás. Malu_O que tá rolando?_ perguntei baixo para ela. Mari_ Ele realmente está aqui, eu achei que era um delírio!_ Ela falou mais para si mesma do que para mim. Águia_Acho que eles precisam conversar. Maria Luiza, bora subir!_falou estendendo a mão para que eu pegasse, eu concordei, ainda olhando para minha mãe. Fui até Águia, pegando na mão dele, e subimos juntos para o quarto. Guilherme fechou a porta atrás de nós. Sentei-me na cama, passando a mão pelo rosto, e ele me olhou estranho. Mari_Vai ficar me olhando assim até quando? Águia_Não pode mais?_ neguei com a cabeça e ele sorriu, indo até o banheiro. Malu_Acha que eles vão se resolver?_ perguntei, referindo-me à minha mãe e ao Lobo. Águia_ Talvez, pô, não sei!_ deu de ombros Malu_ Estou com fome, não tomei café ainda! Águia_ Nem eu pô, acordei à força com você gritando igual maluca lá, não tinha nem escovado os dentes!_Ele falou, e eu gargalhei. Malu_ Vamos descer!_ Levantei-me e ele me olhou. Águia_Tú só quer ir lá ouvir a conversa, né sua pilantra. Malu_ Não é bem assim._ Fui até ele que estava secando o rosto na toalha. Águia_ Vamos logo, chatinha!_ Ele me deu um selinho e abriu a porta. Descemos as escadas e, de longe, vi minha mãe sentada no sofá com as mãos no rosto, e Lobo agachado na frente dela. Fui me aproximando e vi que ela estava chorando. Malu_ O que você fez? _perguntei, indo até minha mãe. Lobo_ Não fiz nada, nós só estávamos conversando! Malu_ É verdade mãe?_ olhei para ela que ainda estava com as mãos no rosto. _Mãe, me fala, ele fez alguma coisa com a senhora? Lobo_ É claro que não, Maria Luiza, nós só estávamos conversando, colocando os pingos nos is, ela começou a cho.... _Ele foi interrompido. Mari_ Chega Miguel, vai embora, por favor!_ falou, levantando-se. Lobo_ Mariana, nós precisamos conversar, você sabe disso, pô._ Se levantou ficando de frente para ela Águia_ Acho melhor você ir, Lobo. Depois vocês conversam, com mais calma _ Águia deu dois tapinhas nas costas de Lobo e ele concordou. Lobo_ Demorou!_ fez um toque com Águia. Antes de sair, Lobo olhou profundamente nos olhos da minha mãe, com uma expressão de dor e decepção gravada em seu rosto. Seus olhos, normalmente cheios de confiança e determinação, agora pareciam questionar tudo o que ele sabia. Ele negou com a cabeça lentamente, como se estivesse lutando contra as palavras não ditas, os sentimentos reprimidos e as memórias compartilhada. Minha mãe, segurou o olhar dele por um momento, os olhos brilhando com lágrimas contidas. A atmosfera na sala estava carregada, quase palpável, com uma tensão que parecia apertar o ar ao nosso redor. O silêncio entre eles era ensurdecedor, cheio de palavras não ditas e sentimentos não expressos. Lobo abriu a boca para dizer algo, mas nada saiu. Fechou os olhos por um instante, respirando fundo como se precisasse reunir forças para dar o próximo passo. Sua expressão era uma mistura de frustração, arrependimento e uma tristeza profunda que parecia crescer a cada segundo. Com um suspiro pesado, ele virou-se lentamente, dirigindo-se à porta. Ele colocou a mão na maçaneta, parando por um momento, como se esperasse que minha mãe o chamasse de volta. Mas quando o silêncio continuou, ele empurrou a porta com força, fazendo-a bater contra a parede com um estrondo que ecoou pela casa. O eco da porta se dissipou lentamente, deixando um silêncio opressivo na sala. O som dos passos de Lobo, firmes e decididos, diminuía gradualmente até desaparecer completamente, deixando apenas o peso de sua partida e a dor visível no rosto de minha mãe. A sala parecia fria de repente, o vazio deixado por Lobo era quase tangível. Guilherme, permaneceu ao meu lado, sua presença sólida e reconfortante. Minha mãe respirou fundo, tentando recompor-se, mas eu sabia que as feridas do passado não cicatrizam tão facilmente. Olhei para ela, a tristeza e o sofrimento estampados em seu rosto. Sabia que havia muito mais por trás daquela troca de olhares e daquele adeus abrupto. Minha mãe sempre foi forte, mas naquele momento, ela parecia frágil, quase quebrada. Malu_ Mãe, o que aconteceu aqui?_ perguntei suavemente, tentando compreender a profundidade do que acabara de presenciar. Minha mãe balançou a cabeça, ainda com as mãos no rosto, lutando para manter a compostura. Mari_ Não quero falar sobre isso agora, Malu. Vamos para casa. Águia tentou intervir, sua voz calma e firme. "Assim do nada, espera um pouco, pô!” Mas minha mãe estava decidida. Mari_ Não era nem para estarmos aqui!_ Ela olhou para Guilherme com uma mistura de dor e culpa._Você prometeu, Maria Luiza, e acabou quebrando a promessa, dormindo com ele!_gritou, apontando para Águia, cuja expressão endureceu. Malu_ Mãe, não vamos falar disso agora!_ Tentei acalmá-la, mas sua decisão já estava tomada. Mari_Exatamente, vamos para casa. Vai pegar suas coisas!_ Sua voz era firme, deixando claro que a conversa estava encerrada. Subi as escadas com um nó na garganta, sentindo a intensidade dos acontecimentos pesando sobre mim. Cada passo que dava me lembrava do olhar de Lobo, da dor em seus olhos e da frustração contida em cada movimento. Peguei minhas coisas rapidamente, tentando afastar as emoções conflitantes. Voltei para a sala, onde minha mãe estava esperando, com Guilherme ao lado. Olhei para ele, sentindo a conexão forte entre nós, mas sabendo que a situação era muito mais complicada do que parecia. Agradeci a Guilherme pela ajuda e pela noite anterior, tentando sorrir apesar do caos ao nosso redor. Enquanto nos dirigíamos para fora, a presença de Guilherme ainda me dava uma sensação de segurança e conforto. Mas sabia que a verdadeira batalha estava apenas começando. Saímos da casa, deixando para trás um turbilhão de emoções e uma história inacabada, cada um de nós lidando com suas próprias dores e esperanças para o futuro. Águia Assim que Maria Luiza saiu da sala indo para o quarto, Mariana veio na minha direção, apontando o dedo na minha cara. Mari_ Quero você longe da minha filha, está me ouvindo? Águia_ Primeiro abaixa esse dedo._ Dei um tapa na mão dela._ Você não tá falando com qualquer pessoa._ falei sério Mari_ Disso eu sei, estou falando com o Guilherme, mais conhecido como Águia, um dos bandidos mais temidos do Rio de Janeiro, e é exatamente por isso que quero você longe da minha filha. Ela é uma boa menina e merece tudo de bom na vida._ Ela falou e eu fiquei calado por um tempo. Águia_ Você vai me desculpar, tia Mari, mas quem tem que decidir se quer ou não que eu fique por perto é Maria Luiza. Ela já é adulta e sabe fazer suas próprias escolhas. Mari_ Ela tem a mente fraca, Águia. Você não viu o que ela passou nas mãos do Gabriel, e olha que ele nem era envolvido. Eu só quero ver a felicidade da minha filha, Águia. Ela tem o sonho de se casar, construir sua própria família, e você, com essa vida que leva, não pode dar nada disso para minha filha. Me desculpa se estou sendo grossa, eu gosto muito de você, mas quero você longe dela. Faz isso pelo bem dela, por favor!_ Ela implorou. Abri minha boca para falar umas duas vezes, mas não saiu nada. Escutamos passos e Maria Luiza apareceu, com uma mochila nas costas e o celular na mão. Malu_ Estou pronta! Mari_ Vamos. Tchau, Águia._ Me abraçou._Pense bem no que te falei, ela merece ser feliz, Guilherme!_ sussurrou. Malu_ Obrigado por nos ajudar!_me deu um abraço._E obrigada pela noite de ontem!_ abriu um sorrisão, me olhando. Porra, aquele sorriso me quebrou. Mas a Mariana tinha razão no que falou. Porém, não vou me afastar. Posso dar tudo que ela quer, sim. Independente da vida que levo, ainda sou um ser humano como todo mundo. Tia Mari que me perdoe, mas a Maria Luiza já está no meu nome, e já era, pô. É minha! Maria Luiza Enquanto subia as escadas, senti o peso das palavras da minha mãe ecoando na minha mente. Ela sempre foi protetora, e eu entendia seus medos, mas a atração e a conexão que sentia por Guilherme eram irresistíveis. Ele não era apenas um bandido para mim; era alguém que me fazia sentir viva, desejada e protegida. Entrei no quarto, peguei minhas coisas e, por um momento, olhei ao redor, lembrando da noite intensa que passei ali com Guilherme. Respirei fundo, tentando afastar as emoções conflitantes, e desci as escadas com a mochila nas costas. Minha mãe me esperava na sala, e Águia estava parado, com um olhar determinado no rosto. Vamos?_ Minha mãe perguntou, e eu assenti. Dei um último olhar para Guilherme, que me devolveu um sorriso que dizia mais do que mil palavras. Saímos da casa e entramos no carro.
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