Mariana
Eu sei que posso parecer uma mãe superprotetora agora, mas acredite, tudo o que eu faço é por amor à minha filha. Qualquer mãe que tivesse passado pelo que eu passei agiria da mesma forma. Eu era muito amiga da mãe do Guilherme; mesmo morando em morros diferentes, crescemos juntas. Nós nos visitávamos frequentemente, e eu a acompanhava em todos os momentos importantes da vida dela. Estive com ela quando conheceu o pai do Guilherme, estive com ela durante toda a gravidez e também durante os piores momentos, quando ele começou a abusar dela.
Eu mesma cuidei dela, ajudei a esconder as marcas das surras que ele dava. Eu estava ao lado dela quando ela enfrentou os dias mais sombrios da vida dela, até o dia fatídico em que ele a matou na frente do próprio filho, a esfaqueando repetidas vezes. Foi por isso que o Guilherme acabou matando o próprio pai, em um ato de desespero e vingança.
O pai do Guilherme era um homem perigoso, o chefe do morro, mas era completamente descontrolado. Ele achava que, por ser o dono de tudo, podia fazer qualquer coisa com qualquer pessoa. E esse é exatamente o meu medo. Fiquei completamente traumatizada com tudo o que vi e não queria, de forma alguma, que algo assim acontecesse comigo ou com a minha filha, Maria Luiza.
Quando descobri que o Lobo, com quem eu estava me envolvendo, era também um homem do morro, envolvido com o crime e dono de tudo, eu me afastei imediatamente. Depois, descobri que estava grávida.
Naquele momento, tudo voltou à minha mente: todas as coisas horríveis que minha amiga teve que passar. E se acontecesse comigo? E se a Malu tivesse que passar por todo aquele inferno? Não é paranoia, é um trauma profundo que carrego comigo todos os dias. Na minha cabeça, tudo que começa com sorrisos e promessas pode terminar em tragédia, medo, e sofrimento.
Acredite em mim, minha intenção não é exagerar, mas proteger minha filha do pior. O medo que sinto é real, e a dor que vi minha amiga sofrer ainda ecoa dentro de mim. Não posso permitir que a história se repita.
Maria Luiza
Chegamos em casa e, m*l a porta havia se fechado atrás de nós, já fui bombardeando minha mãe com perguntas.
Malu_Por que você não quis conversar com o Lobo? — perguntei, minha voz carregada de urgência, enquanto olhava fixamente para ela. Ela revirou os olhos, claramente exasperada.
Mari_Agora não, Maria Luiza. Depois vamos conversar sobre isso! — falou, a caminho do quarto, tentando encerrar o assunto.
Malu_Ele é meu pai, não é?! — gritei, minhas palavras ecoando pela sala antes que ela pudesse desaparecer pelo corredor.
Ela parou abruptamente, seu corpo tenso, e se virou para mim. Seus olhos estavam marejados, refletindo a dor e o medo que ela tentava esconder.
Mari_ Quem te falou isso? — sussurrou, sua voz tremendo.
Malu_Diz, mãe, ele é meu pai, não é?
Por um momento, o silêncio preencheu o espaço entre nós, carregado de uma tensão quase palpável. Então, ela foi até o sofá e se sentou, as lágrimas escorrendo livremente pelo rosto enquanto passava as mãos no rosto, desesperada. Aquele momento confirmou tudo o que eu temia. Ele era realmente meu pai.
Mari_Maria Luiza, me desculpa, minha filha. Eu não queria te esconder isso, eu juro que não queria. — me sentei ao lado dela, sentindo o peso da revelação. — Quando conheci seu pai, estávamos em um baile no morro onde ele é dono, mas na época eu não sabia. Acabei me envolvendo com ele. Depois disso, ele sumiu. Não me mandou uma mensagem, nada. Eu também nem liguei, era só uma noite e nada mais. Mas depois de algum tempo, ele começou a mandar cartas.
As cartas que estavam na caixa vermelha_pensei, o coração acelerado.
Mari_E foi em uma delas que ele falou o que realmente era. Eu fiquei desesperada porque sabia o que mulher de bandido passava. — assenti, lembrando das histórias que minha mãe havia me contado sobre a mãe do Guilherme. — Eu quis ele longe de mim, Malu, e da minha família. — fez uma pausa, suspirando profundamente. — Só que... — respirou fundo, tentando controlar as emoções. — Eu acabei engravidando. Em uma simples noite, engravidei.
Malu_Então ele é realmente meu pai! — exclamei, ainda tentando formular cada palavra na minha cabeça. — O que o Lobo queria?
Mari_Que eu falasse a verdade sobre você ser filha dele, queria ouvir isso da minha boca, e ele quer se explicar por ter sumido.
Malu_O que você falou para o Guilherme? - ela me olhou estranho.
Mari_Já está com essa i********e toda, chamando ele de Guilherme? Você transou com ele, Maria Luiza?_perguntou me olhando.
Malu_Eu perguntei primeiro, mãe. O que você falou para ele?_ cruzei os braços.
Mari_Mandei ele ficar longe de você._ arregalei os olhos.
Malu_Você o quê? Está maluca? - alterei o tom de voz e ela se levantou.
Mari_Fala direito comigo, Maria Luiza._ falou mais alto. _Eu ainda sou sua mãe. Já está pegando o jeito do Águia, né? - suspirei.
Malu_Desculpa, não queria falar desse jeito com a senhora!
Mari_Malu, eu só te peço uma coisa_me olhou seria_Fica longe dele!
Malu_Mãe, não é porque o pai dele era um lunático, um psicopata, que o Águia ou meu pai vão ser iguais. O Águia me trata bem, ele é diferente.
Mari_Ele só vai ser assim até conseguir o que quer com você, Malu!
Malu_E o que ele quer, mãe? - falei já sem paciência.
Mari_Sexo, Maria Luiza, sexo. Ele só quer t*****r com você, colocar um filho na sua barriga e sumir. Só isso que ele quer._ sentou-se novamente.
Ela estava descrevendo meu pai ali, disso eu tinha certeza.
Malu_Nós já transamos, mãe._ falei baixo e ela me olhou com decepção, levantando-se.
Mari_ Vou para o quarto, estou cansada! - falou, levantando-se, e eu segurei em seu braço.
Malu_A senhora não deveria ter falado com o Lobo e nem com o Águia daquele jeito, não depois de tudo que eles fizeram para ajudar você. Eles não descansaram um dia sequer até encontrar você, mãe! - minha voz estava carregada de emoção e frustração enquanto olhava fixamente para ela.
Ela abaixou a cabeça, suspirando profundamente, a culpa evidente em seu rosto.
Mari- Tudo bem, amanhã eu converso com eles. Vou descansar um pouco._ concordei com um aceno e ela foi até o quarto, os ombros pesados com a situação.
Me sentei no sofá tentando organizar todas as informações que rodopiavam minha cabeça. Peguei meu celular e mandei uma mensagem para a Rebeca, chamando-a para dar uma volta. Precisava falar para ela tudo que havia acontecido, com detalhes.
Fui até meu quarto, troquei de roupa e avisei minha mãe que estava saindo. Ela não estava dormindo, só deitada, perdida em pensamentos. Olhei para ela por um momento, sentindo um misto de tristeza e preocupação, e então saí.
Esperei a Rebeca na parte de fora de casa. Quando ela chegou, fomos subindo enquanto eu contava as coisas para ela.
Rebeca_ Então ela acordou. Meu Deus, Malu, quanta informação para um dia só! - falou, sentando-se no banco da praça.
Malu_Nem me fala, estou com a cabeça doendo já! - passei a mão no cabelo.
Rebeca_Caramba, tu é filha do Lobo._ concordei com um sorrindo fraco se formando em meus lábios. - Tu deu pro Águia. - ela me olhou com um qr de incredulidade misturado com diversão_ p***a, Maluzinha, tu está cheia de moral no bagulho, hein?_ imitou o Gb e eu gargalhei sentindo um breve alívio na situação. _Agora fala aí, tu gostou da noite com ele?
Malu_Garota, tu nem imagina. Pensa em um homem gostoso. Ele fode tão bem, Rebeca!
Rebeca_Ah, eu imagino sim, eu imagino todo dia. Meu sonho é esse homem em cima de mim! - falou e eu ri sentindo-me um pouco mais leve.
Gb_ imagina quem em cima de tú? - brotou do chão, nos assustando.