28"Noite de Conflitos "

1419 Words
Maria Luiza Tinha acabado de sair do banho, depois de longas e intensas horas de sexo. Guilherme tinha ido tomar banho comigo e já tinha saído. Quando entrei no quarto, ele estava sentado na ponta da cama, apenas de toalha, com o celular na mão. A luz suave do abajur projetava sombras delicadas em seus músculos definidos, ressaltando cada contorno de seu corpo escultural. O contraste entre sua pele bronzeada e a suavidade do lençol branco criava uma imagem quase etérea. Meu coração batia acelerado, e a tensão no ar era palpável, um reflexo das emoções conflitantes que borbulhavam dentro de mim. Cada olhar trocado carregava uma carga de desejo, misturada com uma vulnerabilidade latente, tornando o momento ainda mais eletrizante. A conexão entre nós era intensa, como se o mundo ao redor tivesse desaparecido, deixando apenas nós dois, presos em um turbilhão de sensações e sentimentos profundos. Malu_ Você ainda está aí? Vai trocar de roupa logo pra você me levar embora!_ falei, colocando a mão na cintura, meu tom de voz carregado de impaciência. Águia_ Fica de boa, pô, já avisei teu pai que tu vai dormir aqui comigo!_ Guilherme me olhou com um sorriso despreocupado, seus olhos brilhando de autoconfiança. Malu_ Quem disse? Amanhã eu trabalho, meu querido, me leva embora!_ respondi, minha voz ganhando uma nota de urgência. Águia_ Eu te levo amanhã, pô, relaxa aí, mulher_ falou se levantando e vestindo um samba canção, sua postura indicando que ele realmente acreditava estar no controle da situação. Eu não estava sendo chata; amanhã eu precisava trabalhar e não tinha nenhuma roupa adequada para o trabalho na casa dele. Além disso, não queria que ele pensasse que eu faria tudo o que ele quisesse. Ele avisou meu pai que eu ia ficar aqui e eu nem sabia. Ele nem perguntou se eu queria ficar. Sentia um misto de raiva e frustração por ele ter tomado essa decisão por mim, sem sequer consultar meus desejos. Vestindo minha roupa, peguei minhas coisas, lançando um último olhar para ele sentado na sacada, fumando um cigarro de maconha. A fumaça subia lentamente, misturando-se com o ar noturno, enquanto ele olhava para o nada, alheio ao turbilhão de emoções que me consumia. Revirei os olhos, saindo do quarto com determinação. Desci as escadas com passos firmes, cada degrau representando um esforço para manter a compostura e segurar as lágrimas que ameaçavam cair. Fui até a cozinha, peguei um copo de água e bebi rapidamente, como se aquele líquido frio pudesse apagar a raiva e a frustração que queimavam dentro de mim. A sensação do líquido descendo pela minha garganta ofereceu um breve momento de alívio, mas não foi suficiente para acalmar meu coração acelerado. Já estava escuro, era 21:30, e na rua tinha umas 2 ou 3 pessoas. O silêncio da noite era quebrado apenas pelos sons distantes de carros e risos ocasionais. Fui descendo a rua com o coração acelerado, sentindo a brisa noturna arrepiar minha pele e fazer meu cabelo esvoaçar. Cada passo que eu dava parecia ecoar no asfalto, aumentando minha sensação de vulnerabilidade. A sensação de liberdade misturava-se com um toque de medo, criando um nó no meu peito. De repente, escutei o barulho de uma moto se aproximando. Meu coração disparou, e prendi a respiração, já morrendo de medo. A moto parou ao meu lado, o motor roncando baixinho. Olhei de relance e vi o brilho metálico do capacete do motorista, que parecia me observar através da viseira escura. Senti um arrepio percorrer minha espinha, e minha mente começou a correr com pensamentos caóticos, imaginando todos os cenários possíveis. xxx_ Uma princesa dessas sozinha na rua uma hora dessas!_ reconheci a voz e virei, olhando quem era. Um sorriso aliviado se espalhou pelo meu rosto. Malu_ Que susto, j**a, caramba, não faz isso!_ falei soltando a respiração que estava prendendo, a tensão diminuindo um pouco. Japa_ Tá devendo, garota, calma, pô. Tá indo pra casa?_ concordei com a cabeça._ Tá, te levo lá, pô, sobe aí!_ ele me ajudou a subir na moto, seu toque firme e gentil ao mesmo tempo. Antes de dar a partida, ele cumprimentou um dos vapores do Águia que estava parado encostado no muro com um fuzil na mão. A troca foi breve, um aceno de cabeça e algumas palavras que não consegui ouvir. O vapor, um jovem com expressão dura e olhos atentos, devolveu o cumprimento com um leve sorriso, um raro gesto de camaradagem em um ambiente marcado pelo perigo constante. Aquela interação me fez perceber o quanto aquele mundo, apesar de assustador e perigoso, tinha suas próprias regras e laços de lealdade. Logo em seguida, ele meteu o pé pra minha casa. O motor da moto rugiu, e nos lançamos pela rua deserta. O vento frio da noite batia em meu rosto, me fazendo sentir viva e presente no momento. Cada minuto percorrido parecia levar embora um pouco da tensão acumulada. As luzes dos postes passavam rapidamente, criando um jogo de sombras e luzes que quase hipnotizava. Segurei-me firme ao corpo dele, sentindo a segurança paradoxal de estar com alguém familiar em meio àquela turbulência. Chegando lá, meu coração disparou ao ver a silhueta dos meus pais na porta de casa. Eles estavam sentados lado a lado, como duas crianças ansiosas por um presente. O olhar de expectativa nos rostos deles contrastava com o meu próprio estado de espírito. Era tão bom ver eles dois assim, juntos e felizes, uma visão que sempre me trazia paz e segurança. O jardim estava iluminado pela luz suave da varanda, e o aroma das flores noturnas preenchia o ar, criando uma atmosfera acolhedora que contrastava com a frieza da noite. Assim que meu pai me viu chegando junto com o j**a, o sorriso que iluminava seu rosto se desfez instantaneamente. Ele se levantou rapidamente, os olhos escurecendo com uma mistura de surpresa e desconfiança. O olhar que ele lançou ao j**a era feroz, carregado de uma raiva silenciosa que eu sabia ser perigosa. Minha mãe, por outro lado, permaneceu sentada, mas eu podia ver a preocupação nos olhos dela, tentando entender o que estava acontecendo. Japa_ Está entregue!_ j**a falou, desligando a moto. Murilo_ Você não estava com o Águia?_ meu pai me olhou e eu olhei pro j**a, que parecia curioso sobre a situação. Malu_ Obrigado pela carona, j**a_ ignorei meu pai e dei um abraço no j**a, me despedindo. Sentia uma gratidão genuína por ele ter aparecido no momento certo. Japa_ Nada, pô, até depois!_ ele ligou a moto e saiu, deixando um rastro de fumaça e uma sensação de segurança. Murilo_ Você não tava com o Águia?_ meu pai me olhou cruzando os braços, sua postura autoritária. Malu_ Estava, mas vim embora!_ respondi, tentando manter a calma. Mari_ Achei que iria dormir lá, ele mandou mensagem para o teu pai falando que você ia ficar por lá_ minha mãe interveio, seu tom de voz mais preocupado do que acusador. Malu_ O Guilherme acha que tudo tem que acontecer do jeito que ele quer. Ele ficou puto porque não quis dormir lá e me deixou vir embora sozinha. Acabei encontrando com o j**a no meio do caminho e ele me deu carona_ expliquei, sentindo a frustração aumentar de novo. Murilo_ O j**a não está ficando com a Letícia?_ meu pai perguntou, sua voz cheia de desconfiança. Malu_ Deve estar, não sei, por que a pergunta?_ eu sabia onde ele queria chegar, mas estava cansada demais para discutir. Murilo_ Ela não vai achar r**m de ver vocês dois juntos, não?_ ele insistiu. Malu_ Não tenho nada com o j**a, ele é apenas meu amigo. Vou entrar, estou bastante cansada._ Finalizei a conversa, deixando claro que não estava disposta a discutir mais. Fui para o meu quarto, como eu já tinha tomado banho, apenas troquei de roupa, colocando um pijama confortável. Fui na cozinha preparar algo para comer, o silêncio da casa me envolvendo como um cobertor. O cheiro do café fresco e do pão tostado trouxe um pouco de conforto ao meu coração agitado. Quando terminei de comer, fui escovar os dentes e me preparei para dormir. Deitada na cama, com a cabeça afundada no travesseiro, pensei sobre os acontecimentos da noite. As emoções estavam à flor da pele, e eu sabia que precisava conversar com Guilherme sobre como me sentia. Não podia permitir que ele tomasse decisões por mim sem sequer me consultar. Adormeci com esses pensamentos, o som suave dos grilos cantando do lado de fora me embalando.
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