Helena se vira encontrando Leandro, dono da voz e pelo visto também do buquê que está em suas mãos. Ele se aproxima e a jovem nota que seu ex-noivo segurava um caixa de bombons suíços, favoritos de Helena.
— Climão... - sussurra Lúcia. Ela pigarreia e então continua. — É... eu vou indo para estação porque... enfim, fui.
— O que está fazendo aqui, Leandro? - Pergunta Helena, séria , ingorando totalmente a saída de Lúcia.
—Estou aqui fazendo exatamente o que disse no cartão. - Responde Leandro se aproximando o que automaticamente faz Helena dar dois passo em direção oposta. Ele para e então continua dizendo: —Helena, eu quero te pedir desculpas pelas coisas que lhe disse... Foi da boca para fora.
— Bom, você disse que era o que sentia dentro do seu coração. - Recorda Helena estreitando os olhos. — Entao não entendo o motivo de eu ter que lhe perdoar... Você estava certo.
—Não, Helena, eu não estava. - n**a Leandro balançando a cabeça. Ele tenta novamente uma aproximação enquanto explica: — Eu estava nervoso com o casamento. Eu disse aquelas coisas sem pensar...
—Não, eu disse que você estava nervoso... E você disse que estava cansado de nós. - Recorda Helena.
— Falei sem pensar... - Repete Leandro mordendo os lábios.
— Só que não falou sem pensar e nós dois sabemos disso.
— Lena...
—Leandro, eu preciso ir. - Fala Helena se afastando do rapaz.
— Eu te levo.
—Não. - Recusa Helena de forma enfática. — Obrigada pelas flores...
—Por favor, eu só desejo o seu perdão.
— E uma carona nos deixaria quites? - Questiona Helena, rindo.
—Claro que não, Lena. Porém, me daria tempo de te lembrar que até poucos dias a gente se amava. Que eu te amava.
— Sabe, é muito difícil acreditar no que está dizendo quando me recordo que você disse que não me amava.
— Eu sei... é complicado. - Começa Leandro, nervoso . — Deixa eu te provar que devemos ficar juntos... Por favor.
— Hoje não, Leandro. - Fala Helena antes de se virar.
— Então quando? - Pergunta Leandro se controlando para não ir atrás da jovem.
Helena continua caminhando com o buquê nas mãos e a resposta de Leandro em seu íntimo. Ela se direciona ao ponto do ônibus que se aproxima em seguida. A loira senta em um dos bancos e então deixa sua mente navegar pelo tempo, enquanto encosta sua cabeça na janela. No fundo, Helena ficou mexida com as palavras de Leandro, apesar que o seu desejo fosse que elas tivessem sido ditas por outra pessoa...
— Bruno... - Sussurra Helena enquanto admira a vista da movimentada São Paulo.
***
Buquês são lindos, mas dificultam muito as atividades que precisam ser feitas com eles nas mãos, por exemplo, como a abrir a porta do apartamento com a chave. Era nisso que Helena pensava quando se esforçava para abrir a porta de casa . Deveria ter devolvido para o Leandro, pensa enquanto tente empurrar a porta, com dificuldade. Ela bufa e fica mais indignada ainda ao encontrar a mãe e o irmão jogados no sofá da sala ignorando completamente seus esforços com as rosas que estavam prestes a serem jogadas no chão.
— Boa noite povo dessa casa ! Será que alguém poderia me ajudar? - Pede Helena, nervosa.
— Oi querida. - Fala Regina levantando do sofá em um pulo. Ela segura as rosas com um largo sorriso enquanto pergunta: — Uau, rosas, quem enviou?
— Bruno. - Mente Helena apenas para ver o sorriso sair rapidamente do rosto de sua mãe enquanto o desprezo tomava o lugar. A loira sorri e continua: — Mentira, foi o Leandro.
— Leandro? - Pergunta Marcelo do sofá.
— Pois é, eu também fiquei surpresa. - Comenta Helena massageando seu pescoço com as mãos. — De fato fiquei surpresa quando ele apareceu no prédio.
— Espera, você está falando do Leandro, seu ex-noivo? - Questiona Marcelo, surpreso. — O que ele foi fazer lá?
—Ele foi fazer o que todo cavalheiro faria... pedir desculpas a sua irmã. - Responde Regina no lugar de Helena que coloca um ponto de interrogação na testa. — O que foi?
—Mamãe, você tem algo a ver com isso? - Pergunta Helena colocando as mãos na cintura.
— Que absurdo. - Solta Regina encarando as rosas. — Precisamos expor essas belezinhas.
— Mamãe. - Chama Helena , observando a mãe carregar as rosas em direção a mesa. Regina então caminha em direção a cozinha, o que faz a filha perguntar: — O que está fazendo?
— Arrumando as rosas. Vai por mim, você vai querer se recordar desse momento. - Responde Regina.
—Que momento, mamãe? - Pergunta Helena, sem entender.
— O momento em que ele pediu perdão e você aceitou o Leandro de volta..
— Eu não aceitei o Leandro de volta. - Corrige Helena, séria, surpreendendo a sua mãe. — E nem o perdoei... Até porque não há nada o que perdoar.
—Como assim? - Pergunta Marcelo.
— O Leandro estava certo, estávamos nos precipitando... De fato, eu não sei se o amava a ponto de me casar.
— Filha, você está confusa. Quando o Leandro mostrar a você que é o homem da sua vida, pode ter certeza que todos esses pensamentos sumirão com um passe de mágica.
— Será? E se não forem apenas pensamentos? E se essa for a nossa realidade?
— Acredite em mim, não é. - Rebate Regina. — Agora descanse, pois amanhã será um novo dia e quem sabe quais surpresas virão?
***
Helena não dormiu, mas sim entrou em coma. Ela nem jantou direito e foi direto para cama onde adormeceu e teve os mais diferentes sonhos e todos eles envolvendo Bruno. Apenas Bruno... Alguns sonhos eram apenas lembranças dos dias em que ficaram juntos em Parati. Quando Helena despertou, notou que havia dormido tanto que estava atrasada, mas a única coisa que conseguia se perguntar é como um rapaz que conviveu por alguns dias poderia tê-la marcado daquela forma? Ela se levanta da cama rapidamente, faz sua higiene pessoal e então se arruma para o trabalho. Helena sai do quarto e nota vozes animadas vindas da sala de estar , o que a força caminhar até lá encontrando sua mãe animada conversando com Leandro.
— O que está fazendo aqui? - Pergunta Helena, séria.
—Bom dia para você também, querida. - Fala Regina enquanto apertava os lábios indicando que sua filha estava sendo inapropriada com o rapaz.
— Bom dia, Lena. - Fala Leandro se levantando do sofá e erguendo a caixa de bombom de ontem para sua ex-noiva. — Estou aqui porque você esqueceu isto ontem.
—Eu não esqueci. Apenas não peguei. - Fala Helena sem tocar na caixa. — Olha, eu preciso ir, estou muito atrasada...
—Eu te levo. - Propõe Leandro, mais uma vez.
— É melhor não. - Fala Helena caminhando em direção a porta.
— A filha, não seja assim. Você mesma disse que está atrasada... Aceite pelo menos a carona do rapaz. - Pede Regina. — Pelo menos para compensar menos o seu atraso. Imagina o que seu chefe dirá... Você nem bem voltou das suas férias e já está se atrasando... Não fica bem... Olha, duvido que terá um ônibus essa hora...
—Está bem. - Concorda Helena apenas para fazer sua mãe ficar em silêncio. — Aceito sua carona.
— Ótimo. - Diz Leandro caminhando atrás de Helena que já estava praticamente no elevador. Ele se aproxima e então diz: — Já é um começo.
— Começo do quê? - Pergunta Helena, séria.
— Começo de algo muito especial. - Responde Leandro, enigmático.