CAPITULO 15

1549 Words
Regina fecha a porta do apartamento, radiante. Poderia até mesmo dar pulos de tanta alegria que invadia seu peito. Seu plano estava dando certo. Já conseguia até se ver passeando pelo Parque Ibirapuera mais uma vez. Estava tão envolvida em seus pensamentos que não conseguiu notar a presença de seu filho Marcelo, que acabara de entrar no aposento ajeitando sua jaqueta. — O que está aprontando, Dona Regina? - Pergunta Marcelo arqueando sua sobrancelha. — Ai que susto, menino! - Grita Regina se virando em direção ao filho. Ela o encara, irritada enquanto diz: — Isso é jeito de falar com a sua mãe? — Ué, está muito óbvio pela sua cara que está tramando algo. - Responde Marcelo apontando em direção ao rosto da mãe. — E pelo sorriso maquiavélico, certeza que é sobre Leandro e Helena. Sabe, Dona Regina, qualquer mãe normal , quando visse que sua filha foi largada no altar, não ia querer ver o cara nem pintado de ouro. Já a senhora , praticamente jogou a filha nos braços do cara que eu não sei se a senhora lembra, a deixou poucas horas antes de se casarem. — Eu não me esqueci, mas todo mundo merece uma segunda chance. Ainda mais quando se demonstra arrependido... – Argumenta Regina. — Sem contar que cabe a Lena decidir se vai aceitar o Leandro de volta ou não. — E se a Lena decidir que não quer dar essa segunda chance ao Leandro, a senhora será capaz de aceitar? – Pergunta Marcelo com tom de desafio. —Claro que sim. – Responde Regina não tão segura quanto tentou demonstrar. — Então se a minha irmã escolher não ficar com o Leandro e sim com o Bruno, a senhora não irá se opor? – Pergunta Marcelo, desconfiado. — Bruno? Quem é Bruno? – Pergunta Regina fingindo não se recordar do rapaz de Parati. Ela então respira fundo e encara o filho, com desprezo. — Ah, claro, o bicicleteiro... — Ciclista. O Bruno é ciclista. – Corrige Marcelo calmamente. — E sim, se ela o escolhesse , a senhora aceitaria? — Você acha mesmo que a sua irmã trocaria o herdeiro dos Albuquerque por um rapaz que m*l consegue se sustentar? — A senhora não sabe disso. – Afirma Marcelo. — A senhora não tem ideia das condições financeiras do Bruno então não pode julgá-lo. — E você sabe, senhor Sabe-tudo? —Não, mas a mim não importa se ele é rico ou não.– Responde Marcelo pegando sua chave no aparador. — A única coisa que eu desejo é que a minha irmã seja feliz. — Pode não parecer, Marcelo, mas eu só desejo a felicidade para vocês dois. — Sei, então hoje a gente conversa com ela e escutamos o que Helena tem a dizer. – Propõe Marcelo. — Se ela escolher o Bruno, teremos de aceitar, entendeu? —Claro. – Responde Regina. — Até mais tarde, mamãe. – Fala Marcelo antes de beijar a testa de sua mãe. — Comporte-se. Marcelo caminha em direção a porta do apartamento sendo acompanhado por sua mãe que a fecha rapidamente e então se vira dizendo: — O inferno terá que congelar antes para isso acontecer. *** Helena passou o trajeto todo com o rosto virado em direção a janela do seu lado, pois assim não permitia que Leandro abrisse qualquer tipo de diálogo com ela. Seu pescoço já reclamava de dor quando finalmente seu ex-noivo encostou o veículo no estacionamento do prédio. Ela respira fundo e então vira seu corpo em direção a fivela do cinto de segurança para se soltar o mais rápido que fosse capaz. Porém, assim que colocou sua mão na fivela, Leandro colocou a dele a impedindo de abrir: —Obrigada pela carona, Leandro. – Fala Helena enquanto tenta forçar a a******a do cinto. — Agora preciso ir, pois estou bem atrasada. — Tudo bem. – Fala Leandro tirando a mão da fivela enquanto sorria, o que chamou atenção de Helena. —O que foi? – Pergunta Helena sem entender o sorriso do ex-noivo. — Nada... — O que foi, Leandro? Diga. – Pede Helena, séria. — Nada. —Leandro. – Chama Helena, irritada. — Ahhh... sei lá, estou com medo de falar e você praticamente saltar do carro. – Explica Leandro. —Diga o que é que eu vejo se fujo ou não. – Propõe Helena, curiosa. — Bom, eu só quero dizer que você está muito linda com esse cabelo loiro. – Elogia Leandro — Ah é? Então deixa eu te contar uma coisa. – Fala Helena tocando na gravata de Leandro e então aproxima seu rosto. — Eu vou pintar meu cabelo de castanho sábado. — Sério, que pena. O loiro combinou muito bem com você. – Elogia Leandro sedutor tocando em uma mecha loira de Helena. —É mesmo? Pois saiba que eu não estou nem aí pra sua opinião! Quer saber? Essa é a coisa mais i****a que eu já ouvi. Agora eu entendi o motivo de você ter vindo até mim! Foi só por conta da cor do meu cabelo né? — O quê? Não... —Não? Imagina. Vocês homens são todos iguais! Só enxerga a nossa aparência, a cor do cabelo! Que coisa mais b****a! Eu sou morena e tenho muito orgulho! E quer saber? Você tem razão, eu deveria ter fugido a ter escutado essa baboseira. Eu sou mais do que o tom do meu cabelo e você não merecer ter o prazer de me conhecer. Passar bem, Bruno! – Finaliza Helena descendo do carro e batendo a porta com toda força. Leandro fica com os olhos arregalados diante da reação inusitada de Helena que ele jurava que seria bem diferente. A Helena que ele conheceu sem dúvida se derreteria por aquele elogio bobo, mas essa... virou um bicho. O rapaz se esgueira pela sua janela, se esforçando para gritar a ponto de ser ouvido por Helena: — Meu nome é Leandro! *** Helena caminha em direção a sua mesa sendo acompanhada pelo olhar curioso de Lúcia que praticamente a encurralou querendo saber como havia sido a noite de sua amiga. Lena então sentou e contou tudo sem deixar um detalhe sequer finalizando a história com os acontecimentos da manhã, impressionando ainda mais sua amiga que a encarava sem acreditar: — Sabe, eu não entendo por que os homens são assim. – Comenta Helena, revoltada. — Poxa, eu sou mais do que a minha aparência. Eu só gostaria que eles me vissem como eu sou. —Ah minha amiga, mas os homens só nos enxergam como objetos. Somos apenas um belo item decorativo para ser comentado na roda de amigos. – Explica Lúcia calmamente enquanto se virava em direção ao seu computador. — Quer saber, eu vou ligar agora para minha cabelereira. – Informa Helena pegando seu telefone fixo e discando. — Eu vou remarcar meu cabelo para o quanto antes. — Bom dia, tem alguma Helena nesse setor? – Pergunta o entregador com um pacote nas mãos. —É ela... – Fala Lúcia apontando em direção a amiga. — Assina aqui, por favor. – Pede o entregador a Helena que assina e então o rapaz entrega o pacote e sai deixando as amigas curiosas. Helena encara o pacote por alguns instantes e então começa a girar pelas suas mãos em busca do remetente , até que então se depara com o nome de Bruno Siqueira Matos. Ela rasga o pacote e então encontra os trajes da mãe de Bruno e o traje que ela deu para ele. — Roupa de ciclismo? – Pergunta Lúcia sem entender a encomenda. — Sim, eu deixei na pousada para ser entregue ao Bruno... – Comenta Helena encarando as roupas jogadas em sua mesa. — E o covarde teve a capacidade de me devolver! — E aí, o que você pretende fazer? – Questiona Lúcia, curiosa. — Tenho uma ideia. – Responde Helena, enigmática. A loira senta em sua mesa e então pega um papel, onde começa a escrever com firmeza sob os olhos de Lúcia que a cada frase solta uma risadinha de satisfação. *** Helena encarava o relógio do computador sem piscar, implorando para chegar o final do expediente. Ela já havia planejado tudo: sairia correndo e iria até os correios mais próximo onde devolveria o pacote a Bruno com sua cartinha provocadora. Quando finalmente deu o horário, Lena saiu correndo deixando até mesmo Lúcia para trás. Ela teve sorte de chegar ao hall dos elevadores e ter um ainda aberto, o que a faz apertar os passos e conseguir pegá-lo. Em cinco minutos ela já saía pela porta do prédio confiante com seu plano quando se depara com Leandro na porta e nas mãos uma caixa de tinta para cabelos castanhos. — O que é isso? – Pergunta Helena sem entender o que raios aquilo queria dizer. — Helena, você disse que sente orgulho de ser morena... – Começa Leandro se aproximando. — Eu comprei essa caixa de tinta para cabelo para te dizer que também me orgulho e se quiser posso até pintar o seu cabelo... e depois o meu cabelo para te provar isso. — Leandro... —Helena, eu não me importo com a sua aparência. – Continua Leandro. — Deixa eu provar que te mereço.
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