CAPITULO 13

1550 Words
— E foi assim que um cara terminou comigo por conta do tom do meu cabelo. - Conclui Helena a história que contava para Lúcia sua colega de trabalho enquanto caminhavam pela movimentada Avenida Paulista em direção ao escritório. — Não creio! Você saiu daqui porque tomou um pé na b***a pouco antes de se casar e foi para Parati e... - começa a dizer Lúcia antes de tomar um generoso gole de café. — Tomei outro. - Completa Helena erguendo seu copo de café em direção a amiga. — Parabéns para mim. — Sério, as bebidas de mais tarde serão por minha conta. - Avisa Lúcia. — Obrigada, vou precisar. Até por que ainda preciso encarar minha mãe que já escuto falar horrores que me avisou e que não a escutei. —No fim, as mães sempre tem razão. - Conclui Lúcia. — Bom, pelo menos eu conheci lugares maravilhosos e um alambique digno. - Comenta Helena. — Trouxe até uma cachaça de lembrança para você. — Obrigada, amiga. - Agradece Lúcia entrando no prédio com a amiga. — O pior de tudo é que quando o Leandro me largou não doeu tanto quanto esse fora que recebi do Bruno. Sei lá, umas noites antes ele dizia que não acreditava em surperstições e tals, e de repente a cor do meu cabelo foi algo inaceitável. Qual é? - Comenta Helena apertando o botão do elevador. — Sério, qual é o meu problema? — Relaxa, Lena. Não dê tanta importância a isso. Aposto que ele não está nem se importando... — Verdade. - Concorda Helena com sua amiga. *** Bruno respira fundo enquanto observa o sol finalmente tomar seu lugar. Não havia dormido nada naquela noite, ainda mais depois de toda a situação. Por algum motivo aquele sentimento de traição não saía de seu peito. Porém, o sentimento não era com relação a Helena e sim contra si mesmo. Como ele pôde ter se deixado levar assim por uma garota em tão pouco tempo? Logo ele que sempre ficou atento a qualquer sentimento mais profundo e de repente estava ali completamente envolvido por ela. Ele balança a cabeça e então se levanta da cama , pelo menos teve forças para acabar tudo antes de... antes de... Antes do quê? De se apaixonar? Será que deu tempo mesmo para não se apaixonar por ela? — Bom dia, filho. - Cumprimenta Nilton entrando no quarto de Bruno que nessa altura nos últimos dias retribuiria com o melhor dos sorrisos, bem diferente da cara amarrada que encontra no lugar. — Está tudo bem? —Tudo ótimo. - Responde Bruno caminhando em direção ao banheiro. — O que você quer? — Xiiii... O que foi? Não vai encontrar com a Helena hoje? —Helena foi embora. - Responde Bruno antes de começar a escovação de seus dentes. — Ahhhh, por isso o mau humor. - Afirma Nilton se aproximando. — Não estou de mau humor. - Rebate Bruno lavando o rosto. Ele caminha de volta para o quarto até o guarda- roupa enquanto diz: — De fato, estou me sentindo ótimo. —Filho, é natural sentir falta da namorada, ainda mais quando o namoro é a distância. - Fala Nilton caminhando atrás do filho. — Digo isso com propriedade. Quando conheci sua mãe... —Pai, eu e Helena não estamos namorando. - Interrompe Bruno — Bom, mas no pé que estão, acredito que o relacionamento de vocês se encaminhará para isso. - Argumenta Nilton com seu filh — Acredite, isso não vai acontece — Por que diz isso, meu filho? A Helena terminou com você? - Pergunta Nilton, preocupado. —Não, eu que decidi que era melhor encararmos a nossa realidade. A vida dela é em São Paulo e a minha vida é aqui. Não daríamos certo nunca. E quer saber? É melhor assim. - Responde Bruno vestindo o uniforme da loja. —Melhor assim para quem? - Questiona Nilton. — Para nós dois. Acredite em mim. - Responde Bruno antes de sair. *** Na loja, os questionamentos foram quase os mesmos de Nilton, mas lá Bruno foi mais sincero com seus amigos que o observavam enquanto o rapaz narrava como terminou com Helena. — Foi melhor assim, para ambos. - Finaliza Bruno cruzando os braços. — Ela ia acabar se envolvendo em um relacionamento que não existia, sabe? E que nunca vai acontecer... — Sei... - Fala Gabriel não muito convencido pelas palavras do amigo. — Até porque só ela se envolveu nesses dias. — Sim, só ela. — Tem certeza , Bruno - Pergunta Lucas fazendo uma careta. — Porque ontem eu bem vi o jeito como você estava com ela. — Acredite, eu não me envolvi. Assim como não me aprofundei em nenhum relacionamento até agora e assim será. — Até quando, meu amigo? - Pergunta Jonathan. — Até quando você viverá assim? — Assim como? - Pergunta Bruno ao amigo. — Assim, sem se apegar a alguém. Sem você deixar a pessoa entrar em sua vida... — Cara, é melhor ninguém entrar na minha vida. Sabe, eu não tenho muito a oferecer a ninguém... Então, é melhor viver assim. — Sozinho? - Questiona Gabriel. — Cara, ninguém merece viver sozinho. — Prefiro viver sozinho e por muitos anos... — Ah, então você acredita na profecia. - Conclui Lucas. — Você realmente levou a sério o que a cigana disse, meu amigo. — Não, a minha escolha não tem a ver com a profecia. - Responde Bruno, sério. — Eu prefiro viver sozinho a ter que me casar forçado pelos pais da minha namorada por conta da religião dela. - afilneta o rapaz o seu amigo Jonathan. — Ou me mudar para outro país atrás de uma garota que você nem ao menos conhece e nem sabe se vai dar certo. - Aponta para Lucas. — Ou igual a você Gabriel, que fica aí fingindo que não ama a Letícia porque sua família acredita que a irmã dela deu o golpe do baú em seu irmão. — Cara... - Começa a dizer Gabriel. —Eu prefiro viver sozinho a ter que viver igual ao meu pai, buscando migalhas de um amor esquecido na mente vazia da minha mãe. - Interrompe Bruno se afastando dos seus amigos. — Espero que vocês respeitem a minha escolha e não fiquem tocando nisso o tempo todo. — Bruno? - Pergunta um rapaz na porta com uma embalagem grande nas mãos. —Sou eu. - Responde Bruno se virando para o rapaz. — Uma hóspede deixou esse pacote lá na pousada para você. - Fala o rapaz entregando o pacote para Bruno. — Tenha um bom dia. Bruno segura o pacote nas mãos sem entender o que poderia ser. Ele rasga então a embalagem encontrando três trajes de ciclismo dentro. Dois ele reconheceu que eram da sua mãe, mas o outro era maior e novo. Então Bruno se recordou que Helena disse que lhe daria um traje de ciclismo novo. O rapaz fica um tempo encarando as roupas e então caminha para fora da loja, pensativo. *** Helena tenta se concentrar no trabalho, mas a todo instante se pega pensando nos dias maravilhosos que teve com Bruno e também com a forma em que tudo terminou, o que a deixa triste. Não era possível que Bruno fosse o tipo de pessoa tão insensível assim se fosse levar em conta a forma como o rapaz a tratou a viagem toda. — Tem alguma Helena nesse setor? - Pergunta o entregador com um enorme buquê de rosas vermelhas nas mãos. —Eu me chamo Helena. - Fala Helena se erguendo de seu lugar, tímida. — Assina aqui, por favor. - Pede o entregador estendendo sua prancheta em direção a loira que assina rapidamente. Assim que ela termina, ele entrega o buquê que a jovem m*l consegue segurar. — Segura aqui e tenha um ótimo dia. Helena se contorce com o buquê sendo admirada com surpresa por todos os seus colegas de trabalho. Em todos aqueles anos, ela nunca havia recebido sequer uma rosa no trabalho e agora estava ali com uma quantidade incontável para os olhos. Lúcia se levanta de seu lugar e ajuda sua amiga na busca do cartão que revelaria seu remetente. Depois de alguns segundos, a amiga de Helena localiza o cartão branco, lendo em seguida: — Peço perdão pelas minhas rudes palavras... Isso é tudo. — O quê? Como assim? - Pergunta Helena jogando o buquê no colo da amiga enquanto pega o cartão em troca. — Peço perdão pelas minhas rudes palavras... — Foi o que eu disse. - Afirma Lúcia. — Será que é dele...? — Não é possível... - Fala Helena encarando o cartão branco. — Será? *** Helena e Lúcia saem do escritório conversando, animadas. O assunto se resumia basicamente ao buquê nas mãos de Helena que repassava toda sua viagem e o comportamento de Bruno para amiga que analisava com cuidado. — Diante de tudo o que você me contou... Talvez ele tenha se arrependido. - Conclui Lúcia, pensativa. — Ele notou que foi bem b****a a forma como terminou tudo entre vocês. — Ai, tomara. Pois não consigo imaginar de quem mais seriam essas flores tão lindas. - Comenta Helena cheirando as rosas. — As rosas são minhas.
Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD