CAPITULO 17

1146 Words
Bruno estava inclinado sobre um computador, seus dedos digitando com intensidade no teclado. A luz do monitor projetava um brilho suave sobre seus traços, destacando a testa franzida e a determinação em seus olhos. Desde que Helena partira, Bruno estava completamente imerso em seu trabalho, um fato que chamava a atenção de seus amigos. Era incomum para ele; geralmente, depois de terminar com uma garota, Bruno rapidamente se envolveria com alguém novo. Mas dessa vez, as coisas eram diferentes. Duas clientes, alheias à aparente desinteresse de Bruno, conversavam entre si no balcão, esperando ansiosamente por sua atenção. Ele parecia perdido em um mundo de bancos de dados de reservas e agendas, não dando importância à turista animada que se inclinava sobre o balcão, seus cabelos ruivos e flamejantes caíam para a frente enquanto ela tentava chamar sua atenção . À medida que ela se inclinava com flertes, o foco de Bruno permanecia firme na tela. Era como se ele tivesse construído uma fortaleza impenetrável ao seu redor, uma bolha que desviava todas as distrações externas, incluindo os avanços de mulheres interessadas. Sem que elas soubessem, os pensamentos de Bruno eram um turbilhão, memórias de Helena e o tempo que passaram juntos constantemente rodopiavam em sua mente. Os passos pesados anunciou a chegada de outra presença. Jonathan entrou na loja com um monte de correspondências na mão. Ao avistar Bruno absorto em seu mundo digital, ele sorriu e se aproximou, sua voz carregada de sarcasmo brincalhão. "Ei, Sr. Não-Tenho-Tempo-Para-o-Mundo, tenho algo para você", comentou Jonathan com um sorriso sugestivo, suas palavras acompanhadas pelo som de um lançamento suave. A atenção de Bruno foi momentaneamente desviada da tela quando ele instintivamente pegou o pacote. O nome do remetente chamou sua atenção, Helena. A sala pareceu prender a respiração enquanto Bruno abria cuidadosamente o pacote, revelando seu conteúdo: uma simples carta repousava sobre uma peça de roupa dobrada com precisão. Seus dedos tocaram o papel enquanto ele o desdobrava, seus olhos percorrendo rapidamente as palavras escritas com tinta. A mensagem era direta, mas seu impacto foi profundo. " Se você realmente quiser que eu fique com trajes, terá que se esforçar para me entregar pessoalmente." O mundo ao seu redor pareceu escurecer enquanto ele lia aquelas palavras, sua mente correndo. Uma mistura de surpresa, confusão e um lampejo de esperança dançaram por seus traços. O olhar de Bruno voltou-se para a porta, como se pudesse enxergar através dela para o mundo além - um mundo onde escolhas aguardavam ser feitas e caminhos permaneciam incertos. Por um breve momento, a gravidade da situação pesou nos ombros de Bruno, e o significado do que estava por vir pesou sobre ele. A cacofonia de emoções dentro dele foi abafada pelo burburinho da atividade da loja e pelo ritmo da cidade logo além de suas paredes. À medida que os segundos se estendiam em minutos, os olhos de Bruno lentamente retornaram à tela do computador, seus dedos pairando sobre as teclas. As vozes das clientes se tornaram ecos distantes, e o mundo se desvaneceu em segundo plano. Com uma exalação resoluta, os dedos de Bruno finalmente desceram sobre as teclas, seu foco agora dividido entre o mundo digital diante dele e o mundo real que o chamava além das paredes da loja. *** Bruno soltou um suspiro pesado, seus olhos deixando a tela do computador para pousar nos olhares impacientes das clientes. Com uma rápida desculpa e um sorriso tenso, ele se afastou do computador, arrancando seu olhar das reservas e dos números em sua mente. Ele fez o seu caminho até onde as roupas estavam expostas, e pegou os trajes com mãos que pareciam um pouco trêmulas. Enquanto se dirigia à área onde Gabriel estava ocupado fazendo a conferência do caixa, as vozes das clientes ecoavam em seus ouvidos, suas palavras uma confusão de desapontamento. Ele se aproximou de Gabriel e, com um olhar determinado, o interrompeu em sua tarefa. "Gabriel, estou de saída, pode atender as duas cliente no balcão para mim, por favor?", anunciou, sua voz um pouco tensa. Gabriel ergueu uma sobrancelha, encarando seu amigo. "De saída? Aonde você vai?" Bruno olhou para o lado, sua expressão um misto de incerteza e resolução. "Tenho algo para resolver." O olhar de Gabriel tornou-se inquisitivo. "O que exatamente você precisa resolver?" Bruno suspirou, debatendo por um momento quanto compartilhar. "É um assunto pessoal." Gabriel estudou seu amigo por um instante, aparentemente entendendo que não havia muito mais que poderia extrair dele naquele momento. "Tudo bem, cara. Te dou cobertura." Com um aceno de cabeça, Bruno se afastou, seus passos o levando para fora da loja. Ele se encontrou em uma batalha interna, sua mente gritando para ele voltar, para não seguir por esse caminho incerto. Afinal, envolver-se com Helena poderia ser o catalisador para o cumprimento de sua profecia, algo que ele sempre evitara. No entanto, algo mais profundo dentro dele o impelia na direção oposta. Seus passos pareciam ter vida própria, guiando-o em direção a um destino que ele ainda não havia compreendido completamente. Quando Bruno finalmente se deu conta, ele estava parado em frente à agência dos correios de Paraty. A funcionária loira do guichê, Joana, olhou para cima e o viu, imediatamente lançando-lhe um sorriso caloroso. Sim dois já haviam saído em algum momento, uma conexão efêmera que deixara uma marca em Joana, pois Bruno nem ao menos se lembrava daquela noite. Bruno se aproximou do guichê onde Joana estava, tentando disfarçar sua surpresa com o sorriso dela. "Oi, Joana." "Oi, Bruno! Há quanto tempo!" Joana cumprimentou com um tom animado. "O que posso fazer por você hoje?" Ele deu um sorriso de volta. "Preciso enviar uma caixa para São Paulo." "Ah, encomenda da loja?" Joana perguntou, curiosa. Ele balançou a cabeça. "Não, é um presente pessoal." O olhar curioso de Joana se fixou nele. "Suzana se mudou para São Paulo, ou se mudou para o Rio? Às vezes, você me deixa confusa." Bruno hesitou por um momento, seus olhos desviando do olhar intenso de Joana. "Na verdade, é para outra pessoa." Joana pegou o endereço fornecido por Bruno e leu o nome na etiqueta. "Helena? Ela deve ser importante para você." Ele lançou um olhar irritado. "É apenas para devolver alguns trajes." Joana percebeu a tensão em sua voz e decidiu não pressionar mais. Ela começou a preparar a caixa para envio, mantendo a conversa leve. "Bem, espero que ela goste do presente." Bruno soltou um suspiro tenso enquanto observava Joana trabalhar. Uma vez que a caixa estava pronta, ele pagou a taxa de envio e pegou o recibo, sua mente em turbilhão. Ele saiu da agência dos correios, o vento fresco da cidade litorânea tocando seu rosto, misturando-se com seus pensamentos tumultuados. Seus passos continuaram, uma batalha interna em curso, enquanto ele lutava contra suas próprias emoções contraditórias e os caminhos que se estendiam diante dele.
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