CAPITULO 9

1895 Words
Regina se aproxima do casal, irada. Não era possível que sua filha tivesse sido capaz de estar ali no meio da rua beijando um completo estranho? Ela encara o rapaz e tal a sua surpresa ao reconhecer Bruno. Regina estreita os olhos encarando Helena e então solta entre os dentes: — Entre agora, Helena. Helena olha para Bruno uma última vez , pega a sacola do chão e entra para dentro da pousada sendo observada por Regina que permanece do lado de fora. Então a mãe de Helena se vira em direção ao rapaz e diz: — Bruno, não é? —Sim, esse é o meu nome. - Responde Bruno oferecendo um sorriso para Regina que permanece séria. —Escute bem o que vou te dizer: esqueça que Helena existe. Ela está noiva... —Acho que não está não... Pelo o que ela me contou foi praticamente largada no altar. - Argumenta Bruno. —Ela está passando por um momento difícil e sua presença pode atrapalhar sua recuperação. Então fique longe, rapaz. Minha filha não é para você. - Finaliza Regina se virando em direção a pousada. —Acredito que essa decisão cabe a ela e não à senhora. —Como disse? - Pergunta Regina se virando, brava com a ousadia do rapaz. —Isso mesmo que a senhora escutou. Eu só me afastarei de Helena quando ela quiser que eu faça isso. Ela tem que me pedir isso. - Explica Bruno de forma enfática. Ele ajeita sua bicicleta e quando está prestes a ir embora , diz: — Boa noite, espero Helena amanhã na loja. Bruno sai pedalando pela rua sob o olhar fuzilante de Regina que entra com péssimo humor. Ela entra no quarto da filha que está guardando os trajes no guarda roupa sob o ohar do irmão. —Quer dizer então que você agora passou a mentir para mim? - Pergunta Regina com as mãos na cintura encarando a filha. — Não menti para a senhora, mamãe. Não exagere. - Fala Helena ignorando o drama de sua mãe. —Não mentiu? Saiu daqui dizendo que ia cancelar o pacote feito, mas passou o dia todo fora e ainda pra completar , eis que aparece aos beijos com o rapaz do seu aniversário. —Uau! Como é ? - Fala Marcelo , chocado com as revelações de sua mãe. Ele senta na cama da irmã arqueando a sobrancelha enquanto solta: —Maninha, você está beijando o Bruno? Mas ele não tem namorada? — O quê? Ele é compromissado? Minha filha, o que está acontecendo com você? - Pergunta Regina, horrorizada. —Mãe, menos, tá bom? As coisas não são bem assim. - Recusa Helena se afastando do guarda roupa. Ela olha para o seu irmão e diz: — Para começar o Bruno não tem namorada... Não mais. Segundo, eu não saí dizendo que ia cancelar o pacote. Eu apenas disse que iria ver o que dava para fazer. Terceiro, que não cancelei o pacote porque eu não quis e antes que me perguntem, passei o dia na casa do Bruno conhecendo os pais dele que são maravilhosos e me trataram super bem. — E o que raios você foi fazer na casa da família dele? —Não é óbvio, mãe? Ela foi conhecer os sogrinhos novos . - Responde Marcelo pela irmã fazendo a mãe arregalar os olhos. — Não, Marcelo. Eu fui lá porque fui pegar um traje para usar no passeio que faríamos hoje. Aliás, não sei se cheguei a falar, mas o Bruno é o meu guia turístico e foi com ele tomei todas , andei por aí de bicicleta, dei um único beijo... não necessariamente nessa ordem. — Já chega. - Fala Regina erguendo as mãos em direção aos filhos. — Helena, você vai remarcar as nossas passagens para amanhã. Já descansamos o suficiente... Está na hora de voltar. — Mas mãe... - Reclama Marcelo. — Mãe nada. - Interrompe Regina. — Helena, remarque a passagem e você, Marcelo, vá até esse bendito lugar onde trabalha aquele homem... — Aquele homem tem nome, mamãe. O nome dele é Bruno. - Fala, Helena, irritada. — Vá até lá, Marcelo , amanhã bem cedo e cancele esse maldito pacote de ciclismo. — Eu proibo, Marcelo. - Diz Helena ao irmão. — É uma ordem! — Não! Você não manda em mim... em nós! - Fala Helena se impondo diante de sua mãe como nunca fizera na vida. — A senhora está fazendo uma tempestade em copo d'água. — Fazendo tempestade? Eu peguei você beijando outro homem! Imagina se o Leandro sonha com isso? — A minha vida não é mais da conta do Leandro. Assim como quem eu beijo ou não , também não é da sua conta. - Responde Helena. — Ah, mas é sim! Enquanto você morar debaixo do meu teto, comer da minha comida e depender do meu dinheiro porque agora você está tão endividada que vai precisar de mim... Então sim, minha querida filha, sua vida é da minha conta sim. - Rebate Regina estreitando os olhos. Ela pega o celular de cima de cama e estende em direção a Helena, dizendo. — Agora remarque as nossas passagens. Helena segura o celular em suas mãos encarando sua mãe. Sua vontade era de continuar brigando, mas no fim sua mãe estava certa. Ela estava endividada com o casamento, mesmo os pais de Leandro tendo se comprometido a arcar com metade dos prejuízos. A loira disca o número da companhia aérea que chama em seguida, enquanto é observada por sua mãe e pelo seu irmão que a olha com cara de decepção. — ... linhas aéreas, bom dia. Meu nome é Sônia, em que posso ajudar? - Pergunta a atendente do outro lado da linha. — Olá, Sônia, gostaria de remarcar minha reserva. - Começa Helena que então se vira para sua família e diz: — Será que dá para vocês saírem do meu quarto, pelo menos? Regina então puxa o braço de Marcelo e dois saem do quarto deixando Helena sozinha. *** Bruno chega na loja mais cedo, ansioso. Não conseguiu dormir a noite pensando no beijo que deu em Helena. Temtava se recordar quando foi a última vez que havia se sentido dessa forma ao beijar alguém. A única coisa que tinha certeza era de que precisava tocar os lábios de Helena mais uma vez. — Bom dia. —Bom dia. - Responde Bruno se virando e encontrando Marcelo parado na porta da loja, o que faz ele arquear sua sobrancelha. Ele desejava os lábios de Helena, mas por algum motivo agora estava frente a frente com o irmão dela. — Em que posso ajudar? —Bruno, né? - Pergunta Marcelo se aproximando e tirando seus óculos escuros. — Eu vim aqui para te avisar que a Helena não vai mais fazer os passeios com você. Estou aqui para cancelar qualquer vínculo da minha irmã com a sua empresa. —Tem algum motivo para essa decisão? - Pergunta Bruno já sabendo a resposta. Pela cara da mãe de Helena na noite anterior, ele sabia que corria o risco de não ver mais a Helena. — Motivos pessoais. - Informa Marcelo, evasivo. —Certo, mas não posso lançar isso no sistema... Eu preciso de algo mais específico para dar baixa. —Isso é para o sistema ou para você? - Questiona Marcelo cruzando os braços. —Faz alguma diferença? - Questiona Bruno recebendo um sorriso sarcástico do irmão de Helena. —Agora entendi de onde está vindo a ousadia da minha irmã. - Comenta Marcelo limpando seus óculos da camiseta vinho que usava. —E isso é um problema? - Pergunta Bruno, irritado com o comentário. —Nenhum. Na verdade, eu sou o maior apoiador de vocês. Sou se fã. - Fala Marcelo erguendo os braços e fazendo uma reverência. — Você não tem ideia do quão grato sou por ter feito minha irmã reagir a minha mãe. —Obrigado. - Agradece Bruno, com receio, pois sentia que havia um "mas" vindo nas palavras de Marcelo. —Pois é, mas isso levou a minha mãe tomar atitudes drásticas. - Informa Marcelo colocando os óculos de volta no rosto. — Estamos indo embora de Parati mais cedo. Então, acredito que o romance de vocês chegou ao fim. Até um dia, cunhadinho. Marcelo se vira em direção a porta da loja sem esperar qualquer resposta de Bruno que estava surpreso diante da fala do rapaz. Ele não sabia porque sentia seu peito apertar cada vez mais enquanto desejava pedir para Helena não ir embora, mas suas pernas não obedeciam o comando de seu coração. Os amigos de Bruno chegaram na loja, o cumprimentaram, mas ele não prestara atenção. Sua mente estava longe revivendo as poucas lembranças que tinham com Helena, mas que o marcaram tanto. —Bruno, você está bem? - Pergunta Jonathan se aproximando do amigo. —Não... - Responde Bruno encarando o amigo. — Não estou. —Ihhh, alguém tomou um pé na b***a ou um fora bem dado. - Brinca Lucas ao fundo. — Eu a beijei. - Revela Bruno ainda atordoado. Ele conta toda a história aos amigos e então diz: — Eu a beijei e ela vai embora. A mãe dela a forçou a ir embora. —Bom, geralmente é assim que funciona com você. - Comenta Gabriel abrindo o caixa. — Você fica com a garota e depois ela vai embora. Sem vínculo romântico, lembra? —Helena é diferente. - Argumenta Bruno se virando para os amigos. — Eu não sei... tem algo nela que me atrai e me faz querer ficar próximo. Eu não quero que ela vá... Não ainda. — Cara... nem sei o que te dizer, mas você lembra da sua profecia. Cuidado, pois esse lance surreal de vocês pode ser isso. - Explica Lucas ao amigo. —Não, a Helena é loira. A profecia é bem clara: mulher de cabelos castanhos. - Recorda Gabriel. —Isso aí. A Helena não é a mulher da profecia, então se você se apaixonar por ela... - Começa Jonathan. — Não tem problema. - Finaliza Bruno sorrindo para os amigos. — Eu preciso ir. — Ir para onde? - Pergunta Gabriel sem receber uma resposta, pois Bruno já saiu correndo pela rua. *** A respiração de Bruno entrega seu cansaço, mas ele não pensava em desistir. Pelo contrário, a única coisa que vinha em sua mente era que em poucas quadras ele chegaria na pousada e encontraria com Helena. O que diria? não tinha a menor ideia, mas precisava vê-la novamente nem que fosse para se despedir. O rapaz já está virando a esquina quando vê Marcelo com duas malas na mão entregando para o motorista da van estacionada em frente a pousada. O motorista guarda as malas enquanto Marcelo entra no veículo, fechando a porta. Bruno decide acelerar mais seus passos, mas o motorista entrou na van e sem pensar duas vezes saiu dirigindo, deixando apenas a poeira para o rapaz. Bruno inclina seu tronco para frente, segurando seus joelhos enquanto pensa: era isso, Helena tinha ido embora e não havia nada que ele pudesse fazer. —Bruno? - Pergunta Helena aparecendo na entrada da Pousada. — O que está fazendo aqui? Bruno se levanta e a única atitude que toma é puxar Helena para dentro do seu abraço, a beijando ardentemente.
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