6- Larissa

1235 Words
Larissa narrando : Continuação: Depois de algum tempo escuto um barulho da porta e a Milena entrou no quarto com duas xícaras de chá. – Achei que você poderia gostar de algo quente para se acalmar –disse ela, entregando-me uma das xícaras. –Obrigada –murmurei, aceitando o chá com gratidão. – Foi a dona Sandra que fez , ela trabalha aqui desde que éramos crianças – Ela diz e eu sorrio fraco pra ela . Sentamos em silêncio por alguns minutos, bebendo o chá de camomila e absorvendo a tranquilidade momentânea. Finalmente, decidi quebrar o silêncio. – Milena, como é viver aqui? – perguntei, tentando entender melhor a realidade dela. Ela suspirou, olhando para a janela. – Não é fácil, Larissa. Mas é a nossa realidade. A comunidade é unida, mas também há muita tensão e perigo. Meu irmão, o Barão, ele faz o que acha necessário para proteger e sustentar nossa família e a comunidade. Nem sempre concordo com ele, mas ele é tudo o que me resta. Ele pode ser um ogro lá fora , mas pra mim ele é o melhor irmão do mundo . Eu assenti, compreendendo um pouco mais sobre a vida de Milena. – E você? Como você lida com tudo isso? –Ela deu de ombros. –Eu tento ajudar da maneira que posso, estudando e trabalhando para ter uma vida melhor. E agora, quero ajudar você. Ninguém deveria passar pelo que você passou sozinha. Me senti tocada pela sinceridade dela. – Você é realmente incrível, Milena. Não sei como agradecer por tudo isso. – Você não precisa agradecer. Somos amigas, e amigas se ajudam. Vamos passar por isso juntas – disse ela, sorrindo. Depois de terminar o chá, Milena me deixou descansar um pouco. Fechei os olhos e, pela primeira vez em dias, me permiti relaxar. Sabia que a estrada à frente seria cheia de desafios, mas com Milena ao meu lado, sentia que tinha uma chance de reconstruir minha vida. Quando acordei, o sol estava começando a nascer .Olhei no meu celular e eram sete horas da manhã . Me levantei e fui até o banheiro. Tomei um banho na água morna, algo que não fazia há muito tempo, já que lá em casa nosso chuveiro elétrico tinha queimado e meus pais estavam sem condições de comprar outro. Aproveitei o banho demorado, sentindo a água quente relaxar meu corpo e aliviar um pouco do peso que carregava. Depois de me secar, fui até o quarto e comecei a abrir as sacolas que nem tinha guardado ainda. Peguei um hidratante e passei no corpo, sentindo a pele mais macia e cuidada. Achei um vestidinho rosa com algumas estampas e um jogo de lingerie branco, que Milena tinha escolhido para mim. Me vesti e passei uma escova no cabelo, deixando-o molhado mesmo. Fiz uma maquiagem discreta para disfarçar meus olhos ainda inchados pelo choro recente. Passei meu perfume preferido e calcei um par de Havaianas. Ao me olhar no espelho, senti uma mistura de tristeza e esperança. Apesar de tudo, estava tentando seguir em frente. Saí do quarto e e fui até a sala, onde encontrei Milena conversando com um homem alto, de aparência severa , mas muito lindo . Ele tinha o mesmo olhar determinado de Milena. Me olhou dos pés a cabeça e isso me fez sentir um frio na espinha , de longe dava pra ver que ele tinha uma arma na cinta, era tão tatuado que parecia um gibi . – Larissa, este é meu irmão, Ronaldo. Mas todos o conhecem como Barão – Milena apresentou. Ele me olhou com curiosidade, mas também com uma espécie de respeito silencioso. – Satisfação , Larissa. Milena me falou sobre você. –Ele diz pegando na minha mão e eu sinto um frio percorrer a minha espinha –A Milena fala demais , não gosto que fale meu nome pra ninguém , então pra você eu sou o Barão – Ele diz todo marrento e eu engulo seco . –Tá bom , pode ficar tranquilo – respondi, tentando manter a calma. Barão olhou para mim com um olhar sério, mas não hostil. – Você pode ficar aqui o tempo que precisar, Larissa, desde que ande na linha. Milena vai te explicar como funcionam as coisas aqui no meu morro. Assenti, compreendendo a seriedade da situação. – Obrigada. Eu prometo que vou respeitar as regras. A Milena puxou para sentar em uma mesa cheia de coisas gostosas e o café estava fresquinho. Fiquei surpresa com a variedade de pães, frutas e bolos. Era uma visão acolhedora, algo que eu não via há muito tempo. Me sentei , ainda tentando me ajustar ao novo ambiente. O Barão só tomou a sua xícara de café e saiu e eu dei graças a Deus, ele me dá medo . Enquanto eu me servia, vi uma senhora do lado de fora, estendendo roupa no varal. – Quem é aquela senhora? –perguntei, curiosa. Milena olhou para onde eu estava apontando e sorriu. – Ah, aquela é a Dona Sandra. Ela trabalha aqui em casa há muitos anos. É praticamente parte da família. Cuida da casa e sempre faz questão de preparar um café da manhã caprichado. Assenti, me sentindo um pouco mais à vontade. –Ela parece ser muito cuidadosa. – Sim, é mesmo –respondeu Milena. – Ela vai te adorar. Dona Sandra tem um coração enorme e sempre trata todo mundo com muito carinho. Conforme eu comia, Dona Sandra entrou na cozinha, enxugando as mãos no avental. Ela me lançou um sorriso caloroso. –Bom dia, querida. Como está se sentindo hoje? – Bom dia – respondi, tentando retribuir o sorriso. – Estou me sentindo melhor, obrigada. – Que bom –disse ela, se aproximando. –Se precisar de qualquer coisa, é só me chamar. Vou estar por aqui o dia todo. Se quiser posso preparar outro chá daqueles calmantes , eu sou boa nisso . Agradeci, me sentindo realmente acolhida. A presença de pessoas tão bondosas fazia toda a diferença em um momento tão difícil da minha vida. Milena e Dona Sandra continuaram conversando enquanto eu terminava meu café. A tranquilidade da cena me deu uma sensação de normalidade, algo que eu não sentia há muito tempo. Depois do café , Milena me levou para o quarto novamente para conversar com mais privacidade. Sentamos na cama e ela começou a explicar. – Aqui no morro, as coisas funcionam de um jeito diferente. Meu irmão, o Barão, tem controle sobre tudo o que acontece. Isso significa que a segurança é reforçada, mas também que temos que seguir certas regras. É importante que você evite se envolver em qualquer atividade suspeita e sempre avise a alguém de confiança sobre onde você está indo. Não arrume confusão e fique na sua , vai dar tudo certo . Ela fez uma pausa, certificando-se de que eu estava entendendo. – As pessoas aqui são unidas, mas também precisam seguir as ordens para manter a paz. Meu irmão pode parecer duro, mas ele faz isso para proteger a comunidade. Eu assenti, absorvendo todas as informações. – Entendi, Milena. Vou fazer o meu melhor para me adaptar e respeitar as regras. Ela sorriu, colocando uma mão sobre a minha. – Eu sei que vai. E lembre-se, estou aqui para te ajudar em qualquer coisa que você precisar. Você não está sozinha. Continua .......
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