5- Larissa

930 Words
Larissa narrando : Peguei minhas poucas coisas e segui Milena até o carro onde a segurança do seu irmão nos esperava. Ainda estava me sentindo perdida e abalada pela perda dos meus pais e pelo incêndio que destruiu tudo o que tínhamos. Olhei para trás uma última vez, vendo Dona Maria na porta, acenando com tristeza. Agradeci silenciosamente por todo o carinho que ela havia me dado nos últimos dias. No carro, enquanto Milena conversava com o motorista, me perdi em meus pensamentos. Não conseguia acreditar na generosidade dela, se oferecendo para me ajudar daquela forma. Tudo parecia um sonho confuso e assustador. Chegamos ao shopping e Milena me levou para uma loja de roupas plus size . Ela insistiu em escolher tudo para mim, desde roupas íntimas até um novo guarda-roupa completo. Eu me sentia grata e desconfortável ao mesmo tempo, aceitando sua ajuda com um nó na garganta. – Milena, eu realmente não sei como te agradecer – murmurei enquanto experimentava um vestido que ela havia escolhido para mim. –Você está fazendo tanto por mim –Ela sorriu gentilmente, seus olhos verdes brilhando com ternura. – Você não precisa me agradecer, Larissa. Você é minha amiga, e amigos se ajudam, não é? – Balancei a cabeça, sentindo um misto de emoções. – Eu só... não estou acostumada com tanta bondade. As pessoas nunca foram assim comigo antes. –Milena colocou a mão sobre a minha. – Bem, você merece toda a bondade do mundo, Larissa. E estamos apenas começando. Vamos fazer tudo isso funcionar. A sensação de ter alguém ao meu lado, alguém que genuinamente se importava comigo, começou a acalmar um pouco da dor que carregava desde o incêndio. Eu sabia que a estrada seria longa e cheia de desafios, mas agora, com Milena ao meu lado, eu me sentia um pouco mais forte para enfrentá-la. Passamos também em algumas lojas de calçados, acessórios e produtos de higiene e beleza. Os rapazes que trabalham para Milena carregaram nossas sacolas até o carro, enquanto nós seguimos para a praça de alimentação. Comemos um lanche no McDonald's, cada uma com seu refrigerante. Depois de satisfeitas, saímos e fomos até o estacionamento onde os seguranças estavam nos esperando. Entramos no carro, e ele começou a dirigir. Enquanto o carro seguia pelas ruas do Rio de Janeiro, eu não conseguia deixar de pensar em como minha vida havia mudado drasticamente em tão pouco tempo. Olhei pela janela, vendo as paisagens familiares se transformarem à medida que nos aproximamos do Morro do Alemão. – Larissa, você está bem? – Milena perguntou, notando meu silêncio. – Sim, só estou tentando processar tudo – respondi, tentando sorrir. – Ainda parece um sonho, ou talvez um pesadelo. Milena colocou a mão sobre a minha, oferecendo um conforto silencioso. – Eu sei que é difícil, mas vamos passar por isso juntas. Eu prometo. Eu sei oque você está sentindo , eu também já perdi os meus pais –Ela diz, me dando um abraço apertado . Chegamos em uma barreira e Milena me explicou que aquilo era chamado de contenção. Era uma espécie de controle para quem entrava e saía do morro. Tinha vários homens armados, alguns bem jovens, com armas enormes. Meu coração acelerou ao ver a cena, mas Milena parecia tranquila, o que me deu um pouco de coragem. – Não se preocupe, Larissa. Eles sabem quem eu sou – disse Milena com um sorriso reconfortante. Quando os homens viram o carro, abriram caminho e nos deixaram passar tranquilamente. Olhei para Milena, que acenou para alguns deles. – Esses são os vapores do meu irmão – ela explicou. – Eles garantem que ninguém entre sem permissão. Eu assenti, tentando absorver tudo o que estava acontecendo. Era um mundo completamente novo para mim, cheio de regras e dinâmicas que eu ainda não compreendia totalmente. Continuamos subindo o morro, e logo o carro parou em frente a uma casa maior e mais bem cuidada do que eu esperava ver ali. Na verdade uma mansão. Milena olhou para mim, sorrindo encorajadora. – Chegamos – disse ela. – Essa é a minha casa... nossa casa, pelo tempo que você quiser e precisar. Eu respirei fundo, sentindo uma mistura de alívio e ansiedade. Saí do carro e ajudei a pegar algumas sacolas. Olhei ao redor, observando as crianças brincando na rua e as pessoas conversando nas portas de suas casas. Era um ambiente vibrante, apesar das dificuldades visíveis. Entramos na casa, e eu fui recebida por um ambiente acolhedor, com móveis de primeira , coisa chique mesmo . Milena me mostrou o quarto onde eu ficaria, decorado de forma aconchegante. – Espero que você se sinta em casa aqui, Larissa – disse ela, colocando uma mão no meu ombro. – Estamos juntas nessa, e eu estou aqui para te ajudar no que for preciso. Eu sorri, sentindo uma pontada de gratidão. – Obrigada, Milena. De verdade. Eu não sei o que faria sem você. Ela me abraçou apertado, e naquele momento, soube que, apesar dos desafios, eu tinha uma amiga verdadeira ao meu lado. Era o começo de uma nova fase, e eu estava pronta para enfrentar, um dia de cada vez. Eu estava exausta, tanto emocionalmente quanto fisicamente, mas o quarto que Milena me mostrou me deu uma sensação de segurança que eu não sentia há muito tempo. Coloquei minhas poucas coisas no armário e deixei todas as sacolas no chão pra depois eu arrumar e me joguei na cama, olhando para o teto e tentando processar tudo o que tinha acontecido nos últimos dias. Continua ......
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