E esse seu vestido levantado, o que significa então?

998 Words
— Eu? Nunca! — respondo, me levantando e tentando manter a compostura. Mas ao notar que ele continua me encarando, uma sensação estranha surge. Ele arqueia uma sobrancelha e solta um "Duvido" em um tom desafiador. —E esse seu vestido levantado, o que significa então? Confusa, olho para mim mesma e sinto meu rosto queimar de vergonha ao perceber que meu vestido ficou preso na calcinha quando usei o banheiro. Oh, céus! Isso não pode estar acontecendo comigo! Eu nunca usei vestidos e a correria está tão grande para deixar tudo impecável ocorreu isso. Meu coração dispara enquanto tento desesperadamente puxar o tecido de volta ao lugar, sentindo a humilhação se apoderar de mim. — Eu não vi que estava assim — murmuro, mortificada, evitando encará-lo. A expressão de Alejandro não muda, mas sinto como se ele estivesse rindo por dentro, como se minha situação apenas confirmasse alguma crença preconcebida que ele tem sobre mim. Seus olhos carregam uma mistura de diversão e ceticismo, como se já estivesse acostumado a lidar com situações assim, como se esperasse que eu fosse exatamente como ele pensa. Meus dedos tremem enquanto ajusto o vestido, tentando não me deixar a****r pelo desconforto. Tudo em mim grita para sair correndo dali, mas ao mesmo tempo, há algo na maneira como ele me olha que me mantém enraizada no lugar, desafiando-o sem querer. — Pode rir à vontade — digo, finalmente encarando-o de volta, tentando recuperar um pouco de dignidade. — Eu sei que deve estar se divertindo com isso. Ele esboça um leve sorriso, mas apenas com um arquear de canto de boca, seus olhos permanecem atentos, quase críticos. — Não estou rindo — ele responde, mas o tom de voz carrega uma ironia difícil de ignorar. — Só me pergunto até onde vai essa farsa. —Farsa? —Sim, esse fingimento de inocência. Sua provocação me atinge como um golpe. Ele realmente acha que me conhece, que sou apenas mais uma tentando me encaixar em algum estereótipo que ele já criou na mente. — Você não sabe nada sobre mim — retruco, com mais firmeza do que esperava encontrar. Alejandro inclina a cabeça levemente, como se estivesse avaliando minhas palavras. Seus olhos, tão frios e calculistas, me analisam novamente, mas dessa vez, há uma faísca de interesse, como se ele finalmente estivesse percebendo que eu não sou tão simples quanto ele pensava. — Talvez não saiba mesmo — ele admite, dando um passo para trás, mas sem perder o contato visual. — Mas o pouco que tenho visto é sinônimo de problemas. Essa última frase, dita com tanta naturalidade, me deixa sem palavras. Alejandro então se afasta, a presença dele ainda carregando aquele ar de desafio, deixando-me sozinha para lidar com o turbilhão de sentimentos que ele acabou de provocar. Droga! O dia m*l começou, mas já sinto o peso de tudo que me aguarda. O riso dele, combinado com o olhar desafiador, me deixou com uma sensação desconfortável, como se eu tivesse sido avaliada e julgada. Tento me recompor, sentindo a vergonha se dissolver lentamente em uma mistura de frustração e determinação. O casarão dos Castillo é como um labirinto de emoções e expectativas que me puxa para diferentes direções. Alejandro, com aquele olhar penetrante e suas provocações, mexeu comigo de um jeito que eu não esperava. Tento me focar nas palavras de Marta e Maria, mas ele está em todos os meus pensamentos. Volto minha atenção para o trabalho, mas cada cômodo que limpo, cada tarefa que realizo, é feita com a sombra de Alejandro pairando sobre mim. A vergonha pelo incidente com meu vestido me queima por dentro, mas, ao mesmo tempo, sinto uma faísca de raiva. Que direito ele tem de me julgar uma rameira? Com um pano de ** nas mãos, esfrego a mesinha de centro com mais força do que o necessário. Tentando esfriar a cabeça concentro-me no trabalho restante, mas a mente continua girando em torno do encontro com Alejandro. As palavras dele reverberam na minha mente. Eu não vou deixar que ele me desestabilize. Estou aqui para fazer o meu trabalho e encontrar meu lugar, e vou me esforçar para enfrentar qualquer desafio que surgir. Com o resto do dia se desenrolando, vou me dedicando às tarefas, tentando focar nas exigências da casa e na preparação para o jantar importante. Cada movimento é feito com uma mistura de concentração e uma leve tensão causada pela interação com Alejandro. Marta surge na sala. —Alejandro resolveu marcar para outro dia a recepção aos convidados. Está com uma dor de cabeça terrível. Me pediu até um remédio para aliviar a dor. Suspiro. —Então podemos relaxar. Ela ri. —Não. Você ainda tem todo pátio para varrer. Eu sorrio sem humor. —Tudo bem. —Ah, antes de ir, gostaria de saber, o que deu você com aquele rapaz que sempre fica rondando sua casa? —Juan Carlos? —Ele mesmo. — Somos amigos. Marta me olha com um sorriso experiente, como se soubesse mais do que eu mesma. — Mas isso não é o desejo dele. Não sei como você não percebe. Meu corpo fica tenso, como se eu tivesse sido pega de surpresa em um pensamento que nem eu mesma queria confrontar. Eu fico olhando para ela e ela balança a cabeça, murmurando algo sobre "jovens e suas complicações" e então se afasta. Suspiro, pegando a vassoura para varrer o pátio, enquanto uma nova onda de pensamentos me invade. Tenho deixado Juan perto o suficiente para preencher um vazio que nem sei como nomear? Alimentado assim esperanças de algo mais entre nós? Dios! Isso não é certo. O vento fresco do pátio é um alívio, mas minha mente continua ocupada, inquieta. Mas não em Juan e aquilo que Marta acabou de me dizer e sim com Alejandro, com sua presença desafiadora. E, de alguma forma, sei que esse encontro com ele é apenas o início de algo que ainda não consigo entender completamente.
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