Melissa Mendes Fernandes/ Layla:
Assim que cheguei em casa, eu não encontrei com ninguém, por isso subi para o meu quarto, deixo as minhas sacolas de compras em cima da minha cama e fui tomar um banho, pois precisava relaxar.
Eu não conseguia acreditar em tudo o que eu descobri hoje, nunca imaginei que isso aconteceria comigo, claro que já tinha visto algumas histórias dessas em programas e jornais, mas jamais me imaginei sendo parte de uma coisa como essa.
Tudo o que eu precisava saber agora era se Antônio e Dana são raptores ou vítimas assim como eu, mas o que não entra na minha cabeça é porque eles esconderam essa história de adoção de mim, já que eu sempre seria grata por eles terem me dado amor e uma família, eu não entendo porque isso teria que ser um segredo apenas entre os dois, já que é a história da minha vida.
Mas voltando a alguns detalhes, ele me deram tudo do bom e do melhor na área material, mas fora isso eles não eram assim tão carinhosos, principalmente o Antônio, ele passava mais tempo viajando do que em casa, Dana ficava comigo em casa, até que quando cresci um pouco, depois ela passou a acompanhá-lo e eu ficava com a babá, e isso nos afastou cada vez mais.
Eu nem consigo mais chamá-los de pai e mãe, o que é muito estranho isso, mas por incrível que pareça eu já não os enxergo mais como meus pais, eu posso está sendo injusta com eles, já que o mais lógico é que eles não sabia que eu fui roubada, mas e o jeito que eu fiquei sabendo sobre isso que está me matando.
Depois que tomei meu banho, vesti um pijama, mas não queria sair do quarto nem pra jantar, eu não conseguiria olhar para os dois, pelo menos não hoje, preciso digerir tudo o que eu descobri primeiro antes de confrontá-los.
Meu celular tocou e eu fui atender quando vi que era a minha amiga que estava me ligando.
-Oi Ingrid. Atendo desanimada.
-Oi, você chegou em casa bem? está melhor?
-Não e nem sei se vou conseguir ficar, pelo menos até descobri toda a verdade.
-Você já falou com seus pais, Mel?
-Ainda não, nem sei se eles estão em casa, mas eu não vou perguntar, porque eles poderão mentir pra mim, eu preciso descobrir a verdade sozinha.
-Pode contar comigo para te ajudar, Melissa, vou dormir agora, te vejo amanhã na escola?
-Sim, amanhã a gente se vê, e obrigada por ficar ao meu lado, Ingrid, boa noite.
Desligo o celular e vou para a cama, depois de colocar as sacolas em cima do carpete.
Mas fico rolando de um lado para o outro até tarde, pois eu não estava conseguindo pegar no sono.
Uma batida leve na porta chamou minha atenção por ser tão tarde, mas mesmo assim eu disse pra quem quer que fosse que podia entrar.
-Oi meu amor, não queria te incomodar, mas como não vi você chegando do shopping, você nem jantou conosco eu quis vim aqui somente para checar se você estava no quarto ou se foi dormir na casa da sua amiga Ingrid, está tudo bem?
Dana perguntou já entrando dentro do quarto segurando um copo de leite nas mãos, pelo menos ela lembrou que eu gosto de tomar leite morno antes de dormir, o que é um milagre, já que ela nunca fez isso por mim, só a Olívia.
-Trouxe pra você o seu leite, na verdade era a Olívia estava trazendo, mas eu quis fazer isso, pois precisava falar com você. Que novidade, seria um verdadeiro milagre se a Dana lembrasse de algo que eu gosto sem que outra pessoa tenha que dizer ou fazer para ela prestar atenção nisso.
Sento na cama, e pego o copo de leite que estava na bandeja, e ela se senta na beirada da cama, de frente pra mim.
-O que você tem pra me dizer, Dan... Mãe. Droga, acabei quase dando uma mancada.
-Amanhã vou pra Dubai com seu pai, ele vai a trabalho e eu irei com ele, não talvez iremos voltar na segunda ou na terça, mas a Olívia ficará em casa cuidando de você e da casa.
Parei de beber o leite, quando ouvi isso, afinal eu não preciso que a Olívia banque a babá pro meu lado.
-Eu não preciso de babá, mãe, eu posso muito bem cuidar de mim sozinha, não seria a primeira vez, já que vocês dois viajam muito.
-Eu sei disso Melissa, foi só um modo de dizer, assim que voltarmos podemos fazer algo que você queira, que tal? Ela pergunta enquanto fuça nas minhas sacolas, olhando o que eu comprei.
-Vamos ver, pois estou tendo muito trabalho e provas no colégio, preciso focar nisso para poder me formar e ir para a faculdade.
-Tudo bem, eu não estou falando de uma viagem, mas podemos passear por ai, fazer compras, algo do tipo, pois seu pai vai ganhar muito dinheiro nesta viagem.
-Que negócio é esse que ele irá fazer que vai render tanto dinheiro assim? Pergunto intrigada.
-É uma fusão, não sei direito, mas assim como eu sempre fiz, você não devia questionar os negócios do seu pai, ele sabe o que faz, vou deixar você dormir, boa noite Melissa.
-Boa noite. Eles estão mentindo pra mim, choro irritada ao constatar isso, assim que fico sozinha no meu quarto outra vez.
Dou um tempo ali na cama, depois saio da cama pé ante pé e saio do quarto, eu nunca ouvi conversar alguma atrás da porta, nem gosto de fazer isso, mas dessa vez era necessário, porque eu precisava tentar descobri alguma coisa, o quarto deles ficam afastado do meu.
Fiquei diante da porta do quarto dos meus pais, onde eu pude ouvir a voz deles conversando, cheguei mais perto para escutar melhor.
-Maldita hora que eu concordei com você para ficarmos com essa menina, Dana, agora você fica me enchendo a p***a do saco que ela está desconfiando de algo. Antônio diz aos berros.
-Eu só estou dizendo que estou achando ela muito estranha nestes últimos dias, Antônio, não é pra tanto, e não coloque a culpa toda em mim, já que você concordou em ficar com ela como nossa filha, afinal precisávamos passar a imagem de uma família, para que ninguém suspeitasse de nós a respeito da venda de bebês roubados.
-Não vamos falar sobre isso aqui sua louca, agora vamos esquecer um momento essa história, pois amanhã esse negócio que iremos fazer é o que vai nos colocar no topo outra vez, quando voltarmos veremos o que faremos para engabelar a Melissa, acho que poderíamos nos mudar até de país.
-Eu não quero sair dos Estados Unidos, Antônio, mas eu vou dar um jeito de tirar as caraminholas da cabeça da nossa filha, primeiro vamos viajar e depois eu cuidarei disso.
-Acho bom você cuidar disso, porque se essa menina descobri o que fazemos, eu mato você.
Estou enojada, com tudo o que eu estou ouvindo, corro de volta para o meu quarto e desabo no chão.
Maldito seja esses dois, eles realmente teve coragem de me roubar dos braços da minha familia biológica.
Chorei em silêncio por quase uma hora, eu precisava ir embora daqui, mas não dava para fugir no meio da noite.
Tomei um copo d'água para ver se me acalmava, mas não adiantou muito bem, já que confirmar toda a verdade me deixou desesperada.
Na manhã seguinte eu não consegui ir para a escola, pois eu passei a noite toda vendo as redes sociais da minha mãe, a Joyce Spencer, ela tinha colocado várias fotos minhas de quando eu era bebê, contando que alguém poderia me reconhecer e ligar para ela dando informações sobre sua filha desaparecida.
Como ela deve ter sofrido, e meu pai Rodrigo também.
Mas o pior foi encontrar um depoimento dela numa ONG que acolhe famílias que busca pelos filhos desaparecidos.
Eu chorei com os relatos dela, principalmente quando ela contou sobre a depressão terrível que ela teve desde o meu sumiço, isso me fez ter ódio de Dana e Antônio.
Fiquei trancada no quarto até que eles fossem para o aeroporto.
Peguei alguns pertences pessoais, meus materiais e algumas roupas somente, pois precisava sair dessa maldita casa, Olívia quando me viu descendo as escadas, até me avisou que o almoço estava pronto, mas eu disse que iria sair.
Fui andando até a casa dos Spencer, respirei fundo e apertei o interfone.
Um segurança me atendeu e me levou até a porta da entrada, meu coração batia cada vez mais forte, assim que a governanta abriu a porta, eu fui convidada a entrar.
Perguntei pela Joyce e ela me mandou subir, pois ela está em um dos quartos, deixei minhas coisas com ela fui procurar minha mãe.
Eu a encontrei um quarto típico de adolescente, ela estava distraída e eu chamei por ela.
-Mamãe! Ela se virou e olhou pra mim chorando, eu não resisti e corri para os seus braços.
-Como eu sonhei com esse momento, meu amor. Ela disse no meu ouvido, e só chorava.
Continua..........