Capítulo 4

790 Words
LAURA Vim visitar meus pais, contudo esses pombinhos haviam viajado. Devia olhar mais as mensagens do meu celular, pensei frustrada ao abrir pela milésima vez a gaveta da cômoda do meu antigo quarto de princesa. Papai Valantai tinha arrumado tudo para a menina mimada dos Almeida, quem diria que iria amadurecer tanto em tão poucos anos, bom, ao meu ver passou bem rápido. Sento-me na cama alta ao pegar a caixinha e o outro objeto. Os admirava como duas relíquias preciosíssimas, datada de uma era tão difícil, mas que nutria grande significado, eram de datas diferenciadas, contudo, o homem que havia me presenteado com elas estava tão vivido quanto os objetos estão nas minhas mãos. Sempre as visitava, como se fosse duas pessoas de carne e osso, e até falava umas palavras. Quando me sentia só com as minhas decisões ou triste por pensar na hipótese de ter trilhado um caminho que não era para mim, gostava de olha-los, sentindo as forças sendo carregada. Depois de tanto olha-las decidi pôr a caixinha no bolso da calça jeans, acho que chegou a hora de devolver ao verdadeiro dono. Levantei abrindo um sorriso, ao olhar-me diante do espelho não hesitei em passar o lenço de seda com vários tons de vermelho na pele, sentindo a sedosidade do tecido. Esse, entre os dois, era o que mais me encantava. Era estranho o sentimento de saudade que eu tinha ao usá-lo para cima e para baixo. Sendo que ele representava a minha antiga doença, mas eu não enxergava dessa forma. Isso me fazia me lembrar dela, daquela época que eu era amada sem saber de absolutamente nada sobre como era mar alguém. Do coração bater forte, martelando seus tímpanos com o barulho desenfreado do peito acelerado. Desse compasso sem distensões ou longitude. Lembro-me do seu abraço apertado, da lagrima escorrida. Recordo-me do seu cheiro, da sua amizade.... De tudo.... Vinícios eu.... O aparelho telefônico anunciou uma mensagem desanuviando pensamentos saudosos do passado. Joguei o lenço no ombro buscando atender rapidamente, Jorge Miguel não apreciava quando demorava para atender quando não estava de plantão. Avistei sua mensagem de voz avisando que chegaria mais cedo, e que desejava conversar, jantar comigo num restaurante aqui perto da qual mostrou a localização. Bufei temerosamente, nesses últimos dias tentava abertamente fugir de uma possível discussão relacionada a nossa união. Esse cercamento do meu noivo não tinha fim, embora ele buscasse ser discreto, evitando cenas de ciúmes. Sempre se mostrando presente, carinhoso até demais. Pegajoso era a descrição perfeita no momento. Coitado, não gostava de dizer isso, afinal ele me ama. Antes de sair dali direto para o apartamento para dar tempo suficiente para me arrumar, recebo outra notificação, porém essa de um destinatário desconhecido, não conhecia esse número. Apertei, podia ser de um paciente na emergência, vai saber. Só que ao aceitar verifiquei de quem se tratava, a foto surgiu no ícon, denunciando seu avatar. “Ainda sou o homem mais lindo desse Mundo Laura?” “Não responda, venha amanhã na sala do meu escritório sem falta, como presidente do hospital Mega Center posso perfeitamente obrigá-la a isso. Por favor, é importante e vai definir nossas vidas, depois de descobrir o que eu desejo saber posso tomar as cabidas providencias, caso contrário, nunca mais irei importuna-la.... Menina dos meus olhos.” Abaixei o celular, suspirei cerrando os olhos, vasculhando em minhas memorias quando disse essa frase a ele; e foi exatamente no dia que havia me presenteado com o lenço. Palavras do passado, entoadas num plano temporal. E que somente agora faziam sentido, valiam-se, ganhando mais espaço em meu coração. Abri os olhos, notando a imagem no espelho. A mulher que havia me tornado. Decidida por um sentimento devastador chamado originalmente de alegria, coloquei a peça de seda na cabeça, amarrando as pontas rente a nuca, o coração deu um baque, ao sentir a dor pungente do seu toque na minha pele, sua respiração tão próxima a minha, mesmo que naquela linha de tempo não pudesse ter o tato de uma menina saudável. Eu o sentia no meu interior, sempre o sentia. Arrumei os cabelos longos para frente, adorando meu novo visual saí do quarto, agora feliz pela forma como começara a enxergar cada percurso escolhido, cada curva, cada decisão tomada. E agora sabia como conduzir, escolhendo não me acovardar, encarar o que tiver que vir. Abraçando meu destino com louvor. *** A noite fui rapidamente testada, encontrando meu patrão bebendo na parte do bar enquanto Jorge Miguel olhava-nos com uma feição emburrada no rosto. Como se eu e o Doutor Vinícios havíamos marcado aqui para exclusivamente irritá-lo. E tudo piorou quando este me viu, visivelmente bêbado veio em nossa mesa com uma expressão que me dava... medo.
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