*CAPÍTULO 3: JP ENFRENTA A DOR DA TRAIÇÃO DO IRMÃO*
Após um mês aqui, nesse inferno já me parecia uma eternidade. Tô ligado que minha mãe veio me visitar duas vezes nas primeiras semanas, mas optei por não recebê-la, pois não queria que ela usasse isso contra mim, insinuando que eu assassinei a mulher do meu irmão por inveja. Acabou me rotulando como um monstro, enquanto o verdadeiro monstro está solto nesse caralho.Nesse período, o maldito que me agrediu manteve-se afastado após ter retornado da cela de isolamento. Já me liguei que ele não gosta de mim.
Acabei fazendo amizade com Fred, Marcos e Lucas; são moleques do bem que sempre me apoiam nessa p***a de lugar. Atualmente, estávamos no pátio da penitenciária, onde alguns detentos desfrutavam de regalias, e percebi que tudo pode ser conseguido com propinas. O Lucas frequentemente pede a um dos guardas que traga cigarros, drogas e outros itens essenciais, e acaba compartilhando.
Neste momento, eu estava fumando um cigarro de maconha e refletindo sobre o que vou perder nos próximos 10 anos, encarcerado neste inferno, por um crime que não cometi. Foi então que Fred chegou.
Fred é um dos meus amigos mais próximos. O garoto é jovem e já se encontra preso por ter roubado uma idosa, movido pela necessidade de se alimentar.
A vida nunca foi fácil para ninguém, e agora, aqui preso, reconheço essa realidade, que desconhecia antes.
Fred: está refletindo sobre a vida, irmão?
JP: Estou pensando na vida que vou perder lá fora por causa do desgraçado que me jogou aqui.
Fred: Como foi a parada? Você sempre acusa esse cara, mas nunca fala o que realmente aconteceu.
Apaguei meu cigarro de maconha e estava prestes a começar a falar quando Marcos e Lucas chegaram.
JP: Sou dono do Morro da Babilônia. Meu coroa faleceu e, antes de partir, passou o comando para mim. Nunca quis assumir essa responsabilidade, pois não me sentia preparado para isso; minha vida não girava em torno do tráfico. Desejava explorar o mundo e não ficar restrito a um morro. Já meu irmão, por outro lado, dedicava-se intensamente ao morro e conhecia tudo a seu respeito. Eu, no entanto, não tinha a menor ideia de como liderar. Antes de meu pai falecer, ele nos convocou, a mim e ao meu irmão, e nos disse que o morro era meu, enfatizando que o filho mais velho deveria assumir o comando por direito. O Guilherme acreditava que nosso pai transferiria a ele a responsabilidade, mas acabou se decepcionando. Pô, mais pensei que ele ia respeitar o desejo de nosso coroa.
Meses se passaram desde a morte de meu pai, e fui aprendendo como funcionavam as dinâmicas do tráfico, da contabilidade e diversos aspectos do morro. Reconheço que Guilherme era, de fato, um líder nato e merecedor de ocupar essa posição, mas sentia que precisava honrar o desejo do nosso pai e conduzir a liderança da melhor forma que podia. Com o tempo, comecei a me adaptar ao papel. Guilherme, em algumas ocasiões, me ofereceu ajuda, mas percebi que ele parecia desejar minha posição a qualquer custo. Achei que isso pudesse ser apenas uma neurose da minha cabeça. Ele estava em um relacionamento com uma garota, e acreditava que ele realmente a amava. Certo dia, ele me pediu para buscar a namorada no asfalto, pois havia uma surpresa preparada para ela. Atendi ao seu pedido, mas ao chegar lá, a encontrei morta, caída no chão, com minha arma sob seu corpo.
Fui até a mina para verificar se realmente estava morta e, sem considerar as consequências, peguei a arma.
Fui abordado pela polícia, que me prendeu sob a acusação de ser o autor do assassinato. Infelizmente, todas as evidências pareciam me incriminar, incluindo a arma que o maldito do Guilherme utilizou para cometer o crime contra a Virgínia. Parece que ele premeditou cada detalhe.
Durante a detenção, o Guilherme revelou que era o verdadeiro responsável pela morte da Virgínia. Essa revelação me devastou, pois ele fez isso para me afastar e tomar meu lugar no morro, um lugar que ele sempre desejou para si. O que mais me magoou foi saber que minha mãe preferiu acreditar no desgraçado do Guilherme, achando que eu sentia inveja do meu irmão. Agora, estou aqui preso por causa dele, enquanto ele ocupa o lugar que sempre quis.
Lucas: Cara, esse desgraçado merece morrer. Fez tudo para ficar com seu morro e tomou a sua vida enquanto você acaba apodrecendo aqui nesse inferno.
Marcos: p***a, irmão! Que família você tem, na moral? Sua mãe mandou m*l pra c*****o ficando do lado do maldito.
JP: Tô ligado. E quando eu sair daqui, a primeira coisa que vou fazer é tomar meu morro de volta e mostrar a ela quem é o verdadeiro assassino.
Eu preciso de alguém no meu morro para me passar todas as informações e acompanhar todos os passos do Guilherme enquanto estou aqui na prisão.
Lucas: Daqui a alguns meses eu saio cara, se você quiser, eu posso me infiltrar lá e te manter informado. Além disso, posso te ajudar a se vingar do desgraçado do seu irmão.