ELLA.
- A Zanan era tão obcecada pelo meu pai, que se ofereceu a virar informante dele, ficando com o seu pai, que já estava dando muito trabalho. - ele continua a falar, e eu não quero ouvir mais.
- Eu não preciso dar-te detalhes, eu não tenho tempo para isso e estou a propor você a oportunidade de ficar viva, e se vingar de quem deveria ter feito desde o início ou morrer agora. - ele fala e eu levanto os meus olhos para ele concentrando as lágrimas nos meus olhos.
- Você vai falar. - eu digo voltando para perto dele e ele fica com a expressão de deboche, animada.
- Eu achei que queria que eu me calasse. - ele fala sarcástico e eu busco ar e me acalmar.
- Você não está nem aí para o que eu quero e muito menos trouxe-me aqui para fazer as minhas vontades. - eu lhe respondo. - Eu sei que vai se beneficiar de alguma forma com essa proposta estúpida, mas você começou e vai terminar, Alexander Riina. - eu falo nervosa e ele observa-me atentamente por um tempo, suspira e se senta sem tirar os seus olhos azuis de mim, seguidamente.
- O seu pai caiu nas artimanhas da Zanan, nas mesmas que o meu caiu, principalmente depois dela ter o dado mais um filho. - ele fala como se não fosse nada. - Parir para conseguir o quer, nunca foi um problema para ela. - ele diz e o escutar falar é cortante.
- Foi o mesmo que ela fez com o Bourne, mas como deve estar óbvio para você, não era o seu pai quem ela queria. - ele diz e isso está difícil de engolir, mas ele com certeza não tem por que mentir.
- Ela foi informante do meu pai, por anos. - isso tudo faz ridiculamente muito sentindo.
Eu lembro-me do meu pai estar sempre frustrado pelo simples fato de qualquer avanço dele não dar certo.
Nas suas anotações tem tudo isso, ele escrevia bastante.
Mas não tem nada sobre a minha mãe, ele não sabia de nada.
Por isso eles entraram na nossa casa e fingiram ser um rapto antes de atacarem o meu pai.
Ela tinha de manter o disfarce.
Mas...
Apenas respire, Ella.
- Depois dela ter tirado o i****a do seu pai do caminho. - ele diz e eu mordo a minha bochecha interna para não o fazer engolir os insultos que ele está a proferir sobre o meu pai agora. - Ela conseguiu se tornar a... - ele levanta-se suspirando, pela sua expressão facial ele não a suporta. - Digamos que a p**a predileta do meu pai. - não é como se eu pudesse esperar que ele fale bem de mulheres.
Eu estou a ter uma crise existencial, a única parte que eu tinha como a mais bonita da minha vida está se tornando num pesadelo.
Com certeza um tiro antes de escutar isso, seria menos torturante de sentir do que saber que a minha vida nunca teve verdade alguma.
Ele fala e eu sei que ele não dirá que ele está a inventar isso para me machucar, afinal, ele conhece outras formas de machucar e ele não usaria essa justamente para a assassina do seu pai.
Quase assassina...
QUE DROGA!
- Argh! - eu perdi a postura e chutei o sofá mil e uma vezes, extravasando.
Quando eu dei por mim, foi quando eu senti dois pares de mão me segurando forte para parar, mas até esse ponto, eu já havia estragado o sofá, o monte de madeira está espalhada pelo chão, a janela quebrada e agora o meu punho sangra.
- Me soltem! - eu falo para os homens desse mafioso me segurando, que não notei terem entrado, enquanto o filho do Riina, está extremamente calmo, despreocupado, me observando e depois de um suspiro como quem pede por paciência ele faz um sinal com a cabeça para os dois homens saírem e assim eles fazem.
- Sim ou não? - ele questiona e eu uso a minha mão não machucada para limpar o meu rosto.
- No que isso beneficiaria você? - eu o questiono.
- Não é da sua conta. - ele responde grosso.
- Quer me levar para perto da sua família e de você, eu posso matar vocês, tem noção disso? - eu o questiono e o mesmo sorri.
- Você não fará isso, Ella Bourne. - ele afirma com uma certeza irritante. - Você aceita, não morre, tem a sua... vingacinha, e protege os seus amigos. - ele fala.
- Ou eu mato você agora, os meus homens matam os seus amigos, se não forem mortos pelos rapazes que eles decidiram provocar, e a p**a da sua mãe terá um final feliz com o filho dela após ter entregado o seu pai de bandeja para o meu. - ele fala e eu o observo atentamente.
Eu não acredito que eu estou realmente ponderando uma coisa dessas.
Mas ela está viva.
Ela esteve viva esse tempo todo.
E o assassino do meu pai não está morto.
E a minha mãe, a minha mãe está com ele, e traiu o meu pai.
Isso não está a entrar na minha cabeça, mesmo com todas as peças encaixando.
E o que ele ganha com isso?
Por que justamente um casamento?
Por que razão ele colocaria a atiradora do próprio pai, na sua frente?
De duas uma, ou ele odeia o pai, ou tem tudo a ver com a Clarisse, eu não sei exatamente o quê, mas alguma coisa tem a ver, para ele querer me colocar no meio deles.
Eu pesquisei dia e noite e estive atenta a eles por todos esses anos, e jamais, jamais cheguei até a minha mãe.
E se ele a conhece pelo nome, é porque ela não trocou de identidade.
Argh, isso está muito confuso para mim, agora.
Eu só quero saber do James.
Eu fui apanhada, e eles estão em perigo por minha causa.
- Jamais achei que escolher entre a vida e a morte fosse difícil. - ele diz irônico.
- Que garantia eu tenho de que você já não tocou ou tocará nos meus amigos? - eu o questiono.
- A minha palavra. - ele responde e eu sorrio nervosa.
- Com certeza, a palavra de um mafioso passa muita credibilidade. - eu digo revirando os olhos.
- Acha que está em algum filme, Ella? - ele questiona. - Eu mato você aqui, os seus amiguinhos, e acabou, se trata de uma... oportunidade de consertar a bojarda que você fez, e não uma negociação. - ele diz. - Eu não preciso dar a minha palavra para você e tão pouco passar credibilidade. - ele diz fazendo pouco caso da minha pessoa.
- Apenas achei que podia ser útil antes de virar um cadáver, mas está a abusar do meu bom humor. - ele fala pegando na sua arma apontando-a na minha direção.
Eu olho para o orifício da sua arma, mas as únicas coisas que passam pela minha cabeça, são as imagens do meu pai sendo dilacerado a sangue-frio, bem na minha frente e sangue no chão vir na minha direção lentamente, enquanto eu me sufocava para não gritar.
Os meus olhos vão para a minha mão ensanguentada sujando o chão de madeira a pingos incensáveis.
Eu já estou na cova dos leões, eu não tenho mais a perder que ele.
Ele não me conhece, eu mato ele, a família dele, tiro toda essa história a limpo, e livro os meus amigos das consequências de terem se tornado os meus amigos.
Difícil, mas com certeza o meu pai me dando a oportunidade de agir da maneira certa dessa vez.
Eu levanto o meu olhar para ele, para encontrá-lo apertando o gatilho.
Que idiota...
- Baixe a p***a da arma. - eu falo e fecho os meus olhos imediatamente quando ele dispara.
O meu peito inflou e o meu coração falhou, mas o tiro não me acertou e sim a parede.
Eu suspiro levando os meus olhos até os dele novamente.
- Os seus homens sabem quem eu sou, isso chegará aos ouvidos do seu pai, que estranhamente... não está a sete palmos da terra agora. - eu estou me questionando o que realmente aconteceu, para ele não estar morto.
Vaso r**m, não quebra mesmo.
Sem tirar os seus olhos de mim, volta a guardar a arma.
- Eles são os meus homens, não os do meu pai. - ele responde caminhando até a porta, e o jato de ar frio vindo de lá, arrepia o meu corpo.
Que merda!
Eu saio logo em seguida.
- Coloquem-na no carro. - ele fala caminhando para o dele, e os seus homens simplesmente me levam a força, como um objeto para o mesmo carro que vim.
Eu só não os mato, porque ele com certeza colocou homens na porta de casa da Heyoon.
- ARGH! - eu gritei todas as emoções confusas para fora.
A minha cabeça não parou de funcionar por nem sequer um segundo, até o carro parar e eu ter sido tirada de lá, sendo escoltada como uma criminosa.
- Vocês têm noção, que o vosso chefe é quem é o criminoso, não? - eu os questiono, enquanto as portas do elevador do estacionamento em que eles estacionaram se fecham.
Nenhum deles me responde, mas eu sei que vontade não faltou.
Eu suspiro fundo olhando para o teto, a minha mão está a ficar dormente e ainda pingando sangue no chão do elevador.
O elevador para e as portas se abrem, e novamente todos os sete homens que subiram comigo, puxam-me até uma porta, eles não pensam muito.
A porta é aberta por cartão, e eu sou jogada para dentro do apartamento como se fosse nada.
- Idiotas... - eu falo olhando para a porta fechada, e antes de tirar o celular que peguei de um deles, eu rodo o meu olhar pelo apartamento em que estou.
Eu não vejo nenhuma câmera, mas todo o cuidado é sempre pouco.
Eu devia ter pensado sobre isso antes.
Eu entro em todos os cômodos rapidamente, até achar o banheiro, não vai demorar muito para um deles notar que o celular dele misteriosamente sumiu.
Eu tranco-me no banheiro e tento descodificar não foi um problema.
"Dá para ligar, senhora Soo?
El."
Eu mando a mensagem e aguardo a sua resposta, impaciente.
"El?"
"Sim, sim, pode."
Eu recebo as duas mensagens seguidas e é isso que eu faço, eu ligo.
No primeiro toque eu sou atendida e o meu coração fica aliviado.
Eles não estão mortos.
- Senhora Soo? - eu questiono e ouço um choro familiar.
- A Ella não morreu. - é a Heyoon.
- QUÊ? - esse é o Kaio. - Coloque no viva-voz. - eu ouço.
- O James? Como está o James? - eu questiono extremamente preocupada.
- A senhora Soo, já tratou do ferimento e da transfusão do sangue, mas, ele ainda não está consciente... - o tom de voz do Kaio reduziu.
Isso não é nada bom.
- Como você conseguiu esse celular, como continua viva, onde você está? - a Heyoon questiona agitada.
- Eu peguei dos seguranças daquele psicopata. - eu respondo. - Eles me trouxeram para um apartamento, mas eu estou bem. - eu respondo.
- Tenha cuidado, querida. - a senhora Soo diz e eu sorrio.
- Desculpem, por isso. - eu peço.
- Pare com isso, Ella. - a Heyoon diz.
- Você consegue fugir, eu arranjo carros, e levamos você daí. - o Kaio dz e eu suspiro fundo.
- Você já me arranjou problemas que bastem, Kaio. - eu digo nervosa. - Eu preciso que vocês tomem cuidado, eles estão observando vocês. - eu aviso.
- Eu não estou entendendo, como você continua viva e por que eles nos deixaram estar? O que está a acontecer, Ella? - a Heyoon questiona e eu suspiro fundo.
- Eu explico quando tiver oportunidade. - eu falo. - Kaio, esse Gerard é muito perigoso, tomem cuidado. - se eu tivesse me recordado teria tirado a cabeça dele naquela hora.
- Eu preciso desligar, não liguem. - eu falo assim que ouço passos vindo até esse cômodo e eu rapidamente enfio o celular bem no meio do meu sutiã, e ligo a água.
- Abra a porta! - uma voz pesada grita do outro lado após forçar a fechadura e eu suspiro fundo.
Respire, apenas respire, Ella.