ELLA.
Eu suspiro fundo limpando as lágrimas do meu rosto com as palmas das minhas mãos, respirando fundo buscando me recompor.
A última coisa que pretendo, é ficar desse jeito na frente desse i****a.
Eu fiz inúmeros planos para quando e se esse dia chegasse, e não foi nada é similar a nenhuma das hipóteses que eu criei.
Eu estou ferrada, desolada e desarmada, bem na cova dos leões.
E agora com o mais novo Don da máfia mais perigosa no mundo, visto que eu matei o asqueroso do pai dele.
Eu inspiro fundo vendo a porta do carro ser aberta.
Apenas respire, Ella.
"Apenas respire, Ella." Era isso que o meu pai costumava a dizer quando eu perdia o controle, quando não conseguia fazer alguma coisa ou quando ele começou a preparar-me para o dia em que ele seria morto e eu perdia a cabeça, porque eu acho normal que nenhum criança dos seus quatro, cinco anos queira escutar o seu pai falar de assassinos, bandidos, mafiosos, e que ainda pode ser morto.
Quanto menos ser treinada para saber agir em qualquer uma dessas situações.
Nenhuma...
E mesmo preparada, nenhum treinamento ou conversa, realmente ajuda no momento em que o pesadelo começa.
Eu estalo o meu pescoço, ele ficou meio travado após eu ter carregado aquele homem sozinha e vejo os homens do i*****l me aguardando com as suas armas do lado de fora e eu suspiro fundo, revirando calmamente os meus olhos e descendo do carro sem que eles ousem tocar em mim outra vez.
Eu não conseguiria fazer nada, levaria um tiro no meio da testa facilmente.
Eu observo o local, e oh, um lugar longínquo, desconhecido por mim, deserto, perfeito para nenhum dos meus amigos encontrarem o meu corpo.
Eu nem sei se ele os deixou vivos ou não... eu estou a começar a achar que ser morta de uma vez não é uma má ideia de todo.
- Vamos! - um dos homens grita, querendo que eu caminhe para a estúpida casinha de madeira aqui, me empurrando, e eu travo completamente e eles também.
Eu levo o meu olhar furiosa até ele, vendo o carro que supostamente aquele filho da mãe está, chegar.
- Não toque em mim, e fale bem comigo. - eu falo encarando-o pupila na pupila e o mesmo fica retinho.
Idiota.
- Se quer que eu entre nessa casa, fale, entre nessa casa. - eu falo calmamente, procurando não perder o controle e fazer alguma besteira.
- Quer um por favor, um, senhorita, um vinho também, Ella Shell Bourne? - atrás de mim, eu escuto o filho daquele i*****l questionar sarcasticamente, saindo do seu carro e fechando a porta logo em seguida sem tirar os seus olhos de mim.
- Ande! - ele ordena e os meus pelos se arrepiam.
Argh, i****a.
Sem muita escolha eu caminho até a casinha e ele vem logo atrás.
Não tem quase nada aqui, parece uma casinha de refúgio.
Eu passeio os meus olhos pelo lugar, para ver o que posso usar em minha defesa.
Não vejo faca, mas vejo madeira, e se eu partir o vidro, posso ficar com um pedaço na mão.
Se eu tiver o chefe deles na minha mão, eles não farão nada contra mim.
- Não tente ser engraçadinha. - ele diz calmo demais para o meu gosto.
Eu nunca o vi tão de perto, antes.
- Sente-se. - ele ordena, girando a sua arma em seus dedos.
- Não vou. - eu o respondo, e ele observa-me minuciosamente. - Você tocou nos meus amigos? - é a única coisa que me importa saber, agora.
- Ainda não. - o que ele quer dizer com ainda não?
- Você decide se eu os mato ou se eu os deixo respirar, Ella. - ele diz e eu inspiro fundo, encarando os seus olhos azuis.
- Seja direto. - eu falo. - Deixou os meus amigos em paz, e ainda não atirou em mim, o que você quer? - eu o questiono mantendo a minha postura quando eu simplesmente quero explodir. - Eu matei o seu pai, e você ainda está jogando comigo. - eu falo e ele sorri.
- Oh, quanto a isso, Ella. - ele fala e no mesmo instante meu coração ameaçou sair pela boca enquanto um arrepio por alguma razão tomou o meu corpo. - Você atirou nele, mas ele está em melhor estado que o seu amiguinho. - QUÊ?!
Não...
Não, não, não.
- Você foi muito corajosa. - ele diz se sentando, e eu franzo o cenho completamente abismada.
Isso não é possível, eu atirei bem no meio da cabeça daquele monstro.
- Porém, muito azarada. - ele conclui e eu sinto o meu corpo queimar de nervosismo e ele sorri, me observando.
- Você colocou os seus amigos e a você mesma na nossa mira, a custo de absolutamente nada. - ele diz eu sinto como se o mundo estivesse a cair em cima de mim.
Eu passo as minhas mãos pelo meu rosto querendo morrer.
Eu fiz tudo aquilo para nada?
Que droga!
Apenas respire, Ella.
Eu levanto o meu olhar para ele, sentindo o meu coração bater forte contra o peito.
- Mas precisará recuperar a honra do seu paizinho, pois não? - eu o questiono e ele encara-me e depois de um tempo pega o celular.
- Quem a ajudou? - ele questiona e eu observo-o atenta, procurando o decifrar.
Ele está a falar sério?
Eu sorrio ainda o encarando.
- Você acha que eu preciso de ajuda alguma para meter uma bala na cabeça de côco do seu pai, Riina? - eu o questiono sarcástica e vejo cerrar o seu maxilar e inspirar fundo.
- Você invadiu propriedades privadas, e matou o... - eu interrompo-o sorrindo.
- O seu braço direito? - eu o questiono e ele observa-me com fúria nos olhos. - Foi fácil demais, ele era bem fraquinho para ter tanta informação nele. - eu acrescento e eu vejo o seu rosto mudar de semblante, ele já não parece mais tão calmo.
Ótimo, ficaremos os dois irritados agora, calmaria não combina com o seu sobrenome.
- O seu pai matou o meu, e se sabe o meu nome, com certeza sabe quem ele era, encontrar cada um de vocês, é bem mais fácil do que você imagina, eu não preciso de ninguém para fazê-lo. - eu deixo claro, e ele sorri assentindo.
- Eu sei que o meu pai matou o seu, justamente por ele ser igual a você. - ele fala e eu o encaro com toda a minha raiva filtrada. - Uma pedra no sapato. - ele diz e eu observo-o querendo enrolar as minhas mãos no seu pescoço, mas isso não seria muito inteligente da minha parte agora.
- Com a ajuda da sua mãe. - ele acrescenta e eu sinto o meu coração falhar e o meu estômago embrulhar.
- A minha mãe foi levada a força pelos homens do seu pai. - eu falo. - Que merda você está falando? - eu o questiono irada e ele sorri.
- Humn... - ele diz sorrindo. - Eu acho que ainda tem inúmeras lacunas na sua pequena investigação, justiceira. - ele fala se divertindo visivelmente e eu respiro fundo. - Achava mesmo que a sua mãe, tinha sido levada contra a sua vontade? - ele questiona e eu o encaro sentindo o meu coração falhar.
- É por essa razão que arriscava a sua vidinha, invadindo propriedades privadas para soltar aquelas mulheres? Achava mesmo que ia encontrar a sua mãe lá? - ele está se divertindo com isso.
- Onde está a minha mãe? - eu o questiono sentindo o meu corpo ficar eufórico.
- Eu tenho uma proposta para você. - ele diz e eu franzo a minha testa completamente confusa.
- Proposta? - eu questiono retoricamente, e ele assente positivamente me fazendo sorrir mais perdida ainda. - Que tipo de proposta? Porque você me proporia alguma coisa? - eu questiono, não entendendo o que ele está fazendo ou o que ele quer.
- Você não se importa com a sua vida, mas se importa com a dos seus amigos, pois não? - ele questiona retoricamente e eu mordo a minha bochecha interna, procurando manter a calma.
- Fale. - eu digo com raiva e ele sorri.
- Um casamento. - ele fala e eu fico quieta em silêncio o encarando.
- Uma das suas ex namoradas vai se casar e você quer que eu a mate antes que ela diga sim no altar, porque tal como o i*****l do seu pai você é egoísta e ambicioso? - eu o questiono.
- E no que isso me beneficiaria, Robin Hood? - oh, ele perdeu a paciência.
Robin Hood, é sério isso?
- Então fale, onde está a minha mãe? - eu o questiono o que me interessa. - O que você quer de mim, de que tipo de proposta você está falando? - eu questiono alterada.
- Eu quero que se case comigo. - ele diz, casualmente, sem nem gaguejar, e ainda com os olhos em mim e eu desisto.
Eu não entendo mais o que está acontecendo.
Eu estou tão perdida, que eu acabo me sentando, olhando para o teto.
Talvez eu esteja a ter apenas um pesadelo, muito real.
Mas isso seria estranho, porque eu jamais sonharia ou mesmo teria o pesadelo de me casar com o filho do homem que dilacerou o meu pai e raptou a minha mãe.
- Você se escutou? - eu o questiono franzindo o cenho realmente intrigada, e ele está tranquilo. - Você está bem? - eu questiono indignada e completamente parva, o encarando.
- Você quer a sua mãe. - ele diz. - E eu tenho a sua mãe. - ele fala e eu sinto o meu coração acelerar.
Então ela não está morta.
A minha mãe está viva!
- Eu tenho a vida dos seus amigos na minha mão... - ele prossegue e eu suspiro frustrada. - E também tenho o seu irmão. - tão rápido quanto o que os meus ouvidos ouviram, os meus olhos se arregalaram.
- O quê? - eu questiono mais perdida do que já estava, e ele encara-me minuciosamente e dá um sorrisinho.
- Então você não sabia. - ele afirma mais para ele do que para mim.
- Eu não tenho um irmão... - eu falo em negação e mesmo assim puxando a minha memória e ele sorri.
- Você tem. - ele afirma, me passando o seu celular e assim que os meus olhos vem as imagens nele, o meu chão despenca, o meu coração para.
Essa é a minha mãe!
É a minha mãe!
Bem diferente do que eu me lembro, mas é ela!
Um alívio imenso toma o meu corpo, mas com a mesma intensidade, a confusão vem.
- Eu não entendo... - eu falo me levantando, enquanto ele tira o seu celular da minha mão.
- Você é bem lenta, não? - esse i*****l acabou de me chamar de lerda.
Se ela está viva e bem, muito bem... Por que razão ela não me procurou?
Que coisa é essa de eu ter irmão?
E por que razão ao invés desse ser manipulador e criminoso me matar, quer se casar? E comigo?
O que está a acontecer?
- A Clarisse Zanan, a mulher que você conhece como mãe, traiu o Bourne. - ele conta e eu consigo sentir curto circuitos na minha cabeça.
O que ele está a falar?
- Você não sabe o que está a falar. - eu falo indo para o outro canto desse lugar, com um turbilhão de emoções atravessando o meu corpo e pensamentos a minha cabeça.
- A Clarisse Zanan era a amante do meu pai, mais como uma interesseira, que queria ocupar o lugar da minha mãe, e o dar o primeiro herdeiro a ele. - ele fala e eu só consigo abanar a minha cabeça vendo a única verdade na minha cabeça se tornar uma mentira.
- Infelizmente para ela, além de filho legítimo, eu nasci antes do bastardo do seu irmão. - ele diz e parece que a minha cabeça vai explodir.
As minhas mãos estão tremendo, o meu coração extremamente acelerado e a minha respiração indo embora.
- Cale a boca... - eu balbucio, colocando as mãos nos meus ouvidos. - Cale, cale, cale! - eu grito, fechando os meus olhos, não querendo ver onde eu estou, não querendo escutar mais.
Não...