Capítulo 9

2087 Words
ELLA. Eu suspiro fundo limpando as lágrimas do meu rosto com as palmas das minhas mãos, respirando fundo buscando me recompor. A última coisa que pretendo, é ficar desse jeito na frente desse i****a. Eu fiz inúmeros planos para quando e se esse dia chegasse, e não foi nada é similar a nenhuma das hipóteses que eu criei. Eu estou ferrada, desolada e desarmada, bem na cova dos leões. E agora com o mais novo Don da máfia mais perigosa no mundo, visto que eu matei o asqueroso do pai dele. Eu inspiro fundo vendo a porta do carro ser aberta. Apenas respire, Ella. "Apenas respire, Ella." Era isso que o meu pai costumava a dizer quando eu perdia o controle, quando não conseguia fazer alguma coisa ou quando ele começou a preparar-me para o dia em que ele seria morto e eu perdia a cabeça, porque eu acho normal que nenhum criança dos seus quatro, cinco anos queira escutar o seu pai falar de assassinos, bandidos, mafiosos, e que ainda pode ser morto. Quanto menos ser treinada para saber agir em qualquer uma dessas situações. Nenhuma... E mesmo preparada, nenhum treinamento ou conversa, realmente ajuda no momento em que o pesadelo começa. Eu estalo o meu pescoço, ele ficou meio travado após eu ter carregado aquele homem sozinha e vejo os homens do i*****l me aguardando com as suas armas do lado de fora e eu suspiro fundo, revirando calmamente os meus olhos e descendo do carro sem que eles ousem tocar em mim outra vez. Eu não conseguiria fazer nada, levaria um tiro no meio da testa facilmente. Eu observo o local, e oh, um lugar longínquo, desconhecido por mim, deserto, perfeito para nenhum dos meus amigos encontrarem o meu corpo. Eu nem sei se ele os deixou vivos ou não... eu estou a começar a achar que ser morta de uma vez não é uma má ideia de todo. - Vamos! - um dos homens grita, querendo que eu caminhe para a estúpida casinha de madeira aqui, me empurrando, e eu travo completamente e eles também. Eu levo o meu olhar furiosa até ele, vendo o carro que supostamente aquele filho da mãe está, chegar. - Não toque em mim, e fale bem comigo. - eu falo encarando-o pupila na pupila e o mesmo fica retinho. Idiota. - Se quer que eu entre nessa casa, fale, entre nessa casa. - eu falo calmamente, procurando não perder o controle e fazer alguma besteira. - Quer um por favor, um, senhorita, um vinho também, Ella Shell Bourne? - atrás de mim, eu escuto o filho daquele i*****l questionar sarcasticamente, saindo do seu carro e fechando a porta logo em seguida sem tirar os seus olhos de mim. - Ande! - ele ordena e os meus pelos se arrepiam. Argh, i****a. Sem muita escolha eu caminho até a casinha e ele vem logo atrás. Não tem quase nada aqui, parece uma casinha de refúgio. Eu passeio os meus olhos pelo lugar, para ver o que posso usar em minha defesa. Não vejo faca, mas vejo madeira, e se eu partir o vidro, posso ficar com um pedaço na mão. Se eu tiver o chefe deles na minha mão, eles não farão nada contra mim. - Não tente ser engraçadinha. - ele diz calmo demais para o meu gosto. Eu nunca o vi tão de perto, antes. - Sente-se. - ele ordena, girando a sua arma em seus dedos. - Não vou. - eu o respondo, e ele observa-me minuciosamente. - Você tocou nos meus amigos? - é a única coisa que me importa saber, agora. - Ainda não. - o que ele quer dizer com ainda não? - Você decide se eu os mato ou se eu os deixo respirar, Ella. - ele diz e eu inspiro fundo, encarando os seus olhos azuis. - Seja direto. - eu falo. - Deixou os meus amigos em paz, e ainda não atirou em mim, o que você quer? - eu o questiono mantendo a minha postura quando eu simplesmente quero explodir. - Eu matei o seu pai, e você ainda está jogando comigo. - eu falo e ele sorri. - Oh, quanto a isso, Ella. - ele fala e no mesmo instante meu coração ameaçou sair pela boca enquanto um arrepio por alguma razão tomou o meu corpo. - Você atirou nele, mas ele está em melhor estado que o seu amiguinho. - QUÊ?! Não... Não, não, não. - Você foi muito corajosa. - ele diz se sentando, e eu franzo o cenho completamente abismada. Isso não é possível, eu atirei bem no meio da cabeça daquele monstro. - Porém, muito azarada. - ele conclui e eu sinto o meu corpo queimar de nervosismo e ele sorri, me observando. - Você colocou os seus amigos e a você mesma na nossa mira, a custo de absolutamente nada. - ele diz eu sinto como se o mundo estivesse a cair em cima de mim. Eu passo as minhas mãos pelo meu rosto querendo morrer. Eu fiz tudo aquilo para nada? Que droga! Apenas respire, Ella. Eu levanto o meu olhar para ele, sentindo o meu coração bater forte contra o peito. - Mas precisará recuperar a honra do seu paizinho, pois não? - eu o questiono e ele encara-me e depois de um tempo pega o celular. - Quem a ajudou? - ele questiona e eu observo-o atenta, procurando o decifrar. Ele está a falar sério? Eu sorrio ainda o encarando. - Você acha que eu preciso de ajuda alguma para meter uma bala na cabeça de côco do seu pai, Riina? - eu o questiono sarcástica e vejo cerrar o seu maxilar e inspirar fundo. - Você invadiu propriedades privadas, e matou o... - eu interrompo-o sorrindo. - O seu braço direito? - eu o questiono e ele observa-me com fúria nos olhos. - Foi fácil demais, ele era bem fraquinho para ter tanta informação nele. - eu acrescento e eu vejo o seu rosto mudar de semblante, ele já não parece mais tão calmo. Ótimo, ficaremos os dois irritados agora, calmaria não combina com o seu sobrenome. - O seu pai matou o meu, e se sabe o meu nome, com certeza sabe quem ele era, encontrar cada um de vocês, é bem mais fácil do que você imagina, eu não preciso de ninguém para fazê-lo. - eu deixo claro, e ele sorri assentindo. - Eu sei que o meu pai matou o seu, justamente por ele ser igual a você. - ele fala e eu o encaro com toda a minha raiva filtrada. - Uma pedra no sapato. - ele diz e eu observo-o querendo enrolar as minhas mãos no seu pescoço, mas isso não seria muito inteligente da minha parte agora. - Com a ajuda da sua mãe. - ele acrescenta e eu sinto o meu coração falhar e o meu estômago embrulhar. - A minha mãe foi levada a força pelos homens do seu pai. - eu falo. - Que merda você está falando? - eu o questiono irada e ele sorri. - Humn... - ele diz sorrindo. - Eu acho que ainda tem inúmeras lacunas na sua pequena investigação, justiceira. - ele fala se divertindo visivelmente e eu respiro fundo. - Achava mesmo que a sua mãe, tinha sido levada contra a sua vontade? - ele questiona e eu o encaro sentindo o meu coração falhar. - É por essa razão que arriscava a sua vidinha, invadindo propriedades privadas para soltar aquelas mulheres? Achava mesmo que ia encontrar a sua mãe lá? - ele está se divertindo com isso. - Onde está a minha mãe? - eu o questiono sentindo o meu corpo ficar eufórico. - Eu tenho uma proposta para você. - ele diz e eu franzo a minha testa completamente confusa. - Proposta? - eu questiono retoricamente, e ele assente positivamente me fazendo sorrir mais perdida ainda. - Que tipo de proposta? Porque você me proporia alguma coisa? - eu questiono, não entendendo o que ele está fazendo ou o que ele quer. - Você não se importa com a sua vida, mas se importa com a dos seus amigos, pois não? - ele questiona retoricamente e eu mordo a minha bochecha interna, procurando manter a calma. - Fale. - eu digo com raiva e ele sorri. - Um casamento. - ele fala e eu fico quieta em silêncio o encarando. - Uma das suas ex namoradas vai se casar e você quer que eu a mate antes que ela diga sim no altar, porque tal como o i*****l do seu pai você é egoísta e ambicioso? - eu o questiono. - E no que isso me beneficiaria, Robin Hood? - oh, ele perdeu a paciência. Robin Hood, é sério isso? - Então fale, onde está a minha mãe? - eu o questiono o que me interessa. - O que você quer de mim, de que tipo de proposta você está falando? - eu questiono alterada. - Eu quero que se case comigo. - ele diz, casualmente, sem nem gaguejar, e ainda com os olhos em mim e eu desisto. Eu não entendo mais o que está acontecendo. Eu estou tão perdida, que eu acabo me sentando, olhando para o teto. Talvez eu esteja a ter apenas um pesadelo, muito real. Mas isso seria estranho, porque eu jamais sonharia ou mesmo teria o pesadelo de me casar com o filho do homem que dilacerou o meu pai e raptou a minha mãe. - Você se escutou? - eu o questiono franzindo o cenho realmente intrigada, e ele está tranquilo. - Você está bem? - eu questiono indignada e completamente parva, o encarando. - Você quer a sua mãe. - ele diz. - E eu tenho a sua mãe. - ele fala e eu sinto o meu coração acelerar. Então ela não está morta. A minha mãe está viva! - Eu tenho a vida dos seus amigos na minha mão... - ele prossegue e eu suspiro frustrada. - E também tenho o seu irmão. - tão rápido quanto o que os meus ouvidos ouviram, os meus olhos se arregalaram. - O quê? - eu questiono mais perdida do que já estava, e ele encara-me minuciosamente e dá um sorrisinho. - Então você não sabia. - ele afirma mais para ele do que para mim. - Eu não tenho um irmão... - eu falo em negação e mesmo assim puxando a minha memória e ele sorri. - Você tem. - ele afirma, me passando o seu celular e assim que os meus olhos vem as imagens nele, o meu chão despenca, o meu coração para. Essa é a minha mãe! É a minha mãe! Bem diferente do que eu me lembro, mas é ela! Um alívio imenso toma o meu corpo, mas com a mesma intensidade, a confusão vem. - Eu não entendo... - eu falo me levantando, enquanto ele tira o seu celular da minha mão. - Você é bem lenta, não? - esse i*****l acabou de me chamar de lerda. Se ela está viva e bem, muito bem... Por que razão ela não me procurou? Que coisa é essa de eu ter irmão? E por que razão ao invés desse ser manipulador e criminoso me matar, quer se casar? E comigo? O que está a acontecer? - A Clarisse Zanan, a mulher que você conhece como mãe, traiu o Bourne. - ele conta e eu consigo sentir curto circuitos na minha cabeça. O que ele está a falar? - Você não sabe o que está a falar. - eu falo indo para o outro canto desse lugar, com um turbilhão de emoções atravessando o meu corpo e pensamentos a minha cabeça. - A Clarisse Zanan era a amante do meu pai, mais como uma interesseira, que queria ocupar o lugar da minha mãe, e o dar o primeiro herdeiro a ele. - ele fala e eu só consigo abanar a minha cabeça vendo a única verdade na minha cabeça se tornar uma mentira. - Infelizmente para ela, além de filho legítimo, eu nasci antes do bastardo do seu irmão. - ele diz e parece que a minha cabeça vai explodir. As minhas mãos estão tremendo, o meu coração extremamente acelerado e a minha respiração indo embora. - Cale a boca... - eu balbucio, colocando as mãos nos meus ouvidos. - Cale, cale, cale! - eu grito, fechando os meus olhos, não querendo ver onde eu estou, não querendo escutar mais. Não...
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