Capítulo 11

2239 Words
ELLA. - O que foi? - eu falo abrindo a porta, e o homem me olha de cima a baixo e abre a porta ao máximo. - Não tranque as portas. - ele fala, e eu suspiro fundo, ainda o encarando. - Eu quero fazer xixi, você vai ficar aqui para me assistir? - eu o questiono e ele olha pelo banheiro, como um brutamontes e depois desce o seu olhar em mim. - Aqui não tem nada, que possa usar para escapar ou ferir alguém. - ele afirma e eu o olho. - Então, não tem porque você estar aqui. - eu digo. - Nós possuímos sensores, não tranque as portas. - ele diz e simplesmente sai dali. Que doido. - Eu não acredito nisso! - eu literalmente grito, colocando a minha mão ensanguentada para a lavar. Demorei um tempo, para verificar os ferimentos, e depois achar a mala de primeiros socorros e higieniza-lá. Depois passei uma ligadura, lavei o meu rosto o meu e saí da casa de banho. O corredor tinha uns cinco homens só do lado de fora. Eu suspiro fundo e vou para a entrada e não tem diferença. Dos lados da porta, tem dois, e em cada canto do cômodo um, devidamente armados. Eu não acredito que isso está acontecendo comigo. Ainda bem que eu não tirei o celular antes de sair da casa de banho. Eu estou ferrada! Eu vou até ao sofá, retiro os meus sapatos e sento-me nele. Exausta e completamente perdida. Tão perdida, que nem a presença e as armas de nenhum deles conseguiram tirar da minha cabeça o que acabou de acontecer. Eu fui pega. Pelo Alexander Riina, herdeiro do Don da maior organização mafiosa do mundo inteiro, sem qualquer sinal prévio. Não é como se eu esperasse que eles não me procurassem, muito pelo contrário, mas eu não recebi e não detetei movimentação alguma da parte deles e todos os meus planos para quando isso acontecesse foram por água a baixo. E agora, eu descobri que o que eu tinha como vida, antes daquele dia, era tudo uma farsa. E chega a ser óbvio a esse ponto, mesmo com uma vontade imensa de ignorar e dizer que tudo que aquele filho de mafioso falou não passa de uma mentira. Mas ele não colocaria o paizinho dele em risco mais uma vez, e nem a família dele, me colocando no meio deles. E ele é inconsequente e confia demais em si mesmo, para confiar que eu não farei absolutamente nada com o cabeça de côco do seu pai. Como é possível que aquele filho da p**a esteja respirando ainda? Eu saí daquele lugar, após ter enfiado certeiramente uma bala na sua cabeça, depois de ver ele simplesmente cair nos braços do filho. Isso não faz sentindo nenhum. - Nenhum... - eu balbucio perdida na minha própria mente, me levantando porque não consigo ficar parada. " - Mas, papai... - eu choramingo assim que ele insiste na história que eu não quero que jamais se torne realidade, e os seus olhos meio azuis, meio verdes, me encaram com carinho enquanto ele pega as minhas minúsculas mãos nas suas." " - Você é filha do seu pai. - ele diz colocando os meus cabelos detrás da minha orelha com carinho e eu levo a mão que ele soltou para limpar o meu rosto. - Sem mas ou menos filha, você me promete que fará o que e como o papai, ensinou? - ele questiona, e eu não queria ter de responder." " - Promessa de pai e filha? - ele me questiona carinhosamente e persuasivo levantando o dedo mindinho e eu suspiro entre soluços de choro." " - Promessa de pai e filha. - eu respondo-o, e ele assente e beija a minha testa, me abraçando logo em seguida." Eu fiz tudo! Absolutamente tudo como ele ensinou naquele dia. Cada passo do plano para que eu permanecesse viva e saísse de casa em segurança, até chegar a nossa outra casa, completamente sozinha, até poder entrar em contacto com o seu amigo, o pai do Kaio e o diretor da FBI, que basicamente cuidaram da minha segurança até eu completar a maior idade. E desde aquele dia, a minha vida nunca mais foi a mesma. Sem mãe, sem pai, cheia de traumas, a única coisa que eu pensava quando não tinha um ataque de pânico, uma crise existencial, ou tendo pesadelos, é que eu ia fazer aquele canalha morrer do mesmo jeito que ele fez com o meu pai. E durante anos, a minha vida foi estudar todos esses casos criminais, me aproveitar do legado do meu pai e a a******a carinhosa que a FBI me dava e continuei com os treinos que o meu pai fazia comigo em casa, aprendi tudo que um agente secreto faz, por anos, e usei isso ao meu favor, para me vingar do meu pai. E quando eu achei que eu iniciei por quem eu mais queria, o início do meu sonho tornou-se um pesadelo. A única família que eu tenho, está sendo feita de refém por eles e por minha causa, eu não faço a mínima ideia de como um dos meus melhores amigos está, se ele vai viver ou morrer e eu não estou lá porque fui capturada. Se bem que eles se meteram com quem não devia e só agora, eu dei-me conta de quem se trata. E não é nada bom. Eu estou cativa, e sob ameaça de morte pelos mesmos assassinos do meu pai. E descobri que a minha mãe, está viva, e é amante do homem que matou o meu pai. A minha mãe! Eu a procurei em tudo quanto é canto, eu achei que tinha informações sobre aquela família, mas, pelo que vejo eu não... Eu não acredito, eu não quero acreditar que isso está acontecendo, comigo, e nem que isso não é uma realidade paralela, e que a minha própria mãe, não só traiu o meu pai, como me abandonou para os leões me comerem. - Argh... - eu arfo, sentindo as minhas veias pulsando, a minha temperatura subindo, os meus batimentos acelerados, lágrimas de nervosismo e indignação escorrendo pelo meu rosto. Eu fiquei desse jeito por muito tempo, com a minha cabeça montando todo um quebra-cabeça que eu não tinha peças até agora e parece bem mais complicado que o anterior. O sol nasceu, e eu permaneci no mesmo lugar, ele se pôs e eu permaneci encolhida no sofá dessa sala de estar. Abraçada aos meus joelhos, e a minha cabeça sobre eles, eu observo pelos imensos vidros cada movimento no céu, mas completamente presa na minha cabeça. Até a porta ser aberta e eu levar o meu olhar até ela ainda na mesma posição, e é o mesmo homem que estava com o filho do Riina quando eu cheguei na estrada da minha casa, e que falou para eu ter cuidado com quem eu chamava de covarde basicamente. O meu olhar desce sobre ele, que me observa, segurando uma mala, e outros homens entram com sacolas atrás dele, o que parece ser comida. Sem querer mais olhar para eles eu volto a olhar para o céu, e sorrio. Num apartamento desses tem homens deles por tudo quanto é canto, dentro e fora, sem faca, sem absolutamente nada, por minha causa. E ainda reclamou quando eu o chamei de covarde. Não sei por que razão eles têm tanto medo, eles é que são os criminosos, não eu... Bem, eu matei algumas... muitas pessoas, mas todas elas eram pessoas que queriam interferir com o meu plano, como os homens deles. Eu não mato pessoas inocentes, jamais as feri, eu firo as pessoas da laia deles, os homens deles, ou até como o padrasto da Heyoon, um agressor, estuprador e ladrão. Tem uma grande diferença. Eu ouço as rodas da mala rolarem pelo chão, e eu fecho os olhos irritada. Eu penso em maneiras e planos para salvar os meus amigos do meu problema, ou mesmo de eu sair daqui e me entender com a Clarisse sem estar na garra deles, mas... Não é como se a minha identidade fosse desconhecida por eles agora e nem como se a qualquer momento eu pudesse perder os meus amigos. Eu não estou no controle de absolutamente nada agora. Eu ouço os seus passos de volta e continuei ignorando. - Tem comida e roupas para se trocar. - ele fala e eu ignoro. Não é como se eu não tivesse pressuposto. - E tratamos também do corpo na bagageira do seu carro. - ele fala e eu viro a minha cabeça, levando os meus olhos até aos dele. - Quer que eu o agradeça? - eu o questiono e ele sorri, um sorriso debochado. - Não, ele pode ser usado contra você, se tentar fazer algo sem cabimento. - ele fala e eu pressiono os lábios olhando para o lado ironicamente. - Cuidado para eles não usarem o seu contra mim também. - eu falo voltando a olhar para ele e o mesmo continua me encarando, mas com o seu sorriso diminuindo. - Ninguém aqui tem medo de você se é isso que acha. - ele diz e eu abro ainda mais o meu sorriso me sentando direito e passando os meus olhos cansados e pesados por este cômodo cheio de homens armados na minha frente, e volto a olhar para ele sarcasticamente. - Nem você mesmo acredita no que falou. - eu lhe digo e ele já não tem nenhuma expressão debochada no seu rosto. Babaca. Ele apenas me observa e sai, me fazendo revirar os olhos e levantar-me. Nossa... Eu estou aflita de xixi e com o corpo todo dolorido e para ser sincera com fome também. Foi só eu mudar de posição para sentir isso tudo. Eu caminho pelo corredor, e abri o que ouvi ele abrir por aqui, e foi uma adivinhação certeira. Adivinhem, dentro do quarto têm homens também. Sinceramente, eu não sei se eu devia ter medo deles estarem todos aqui, comigo sozinha, indefesa e desarmada, ou se eles realmente têm medo de mim e não ousaram fazer nada comigo, a não ser atirar na minha cabeça se eu quiser fugir. Mediante a dúvida, eu não vou mostrar que eles estarem aqui até quando eu estiver a fazer xixi ou a tomar banho, me deixa extremamente desconfortável. Que merda. Eu abri a mala, e são várias sacolas, de várias marcas e das mais variadas coisas. - Seja lá quem o vosso chefe mandou fazer essas compras, não deve saber muito bem o que uma pessoa mantida em cativeiro faz, senão permanecer em cativeiro. - eu comento com essas estátuas de dois metros armadas e disfarçadas de homens, vendo vestidos, saltos, acessórios de grife. Eu pego o conjunto de pijamas, pantufas e roupa interior, e vou à casa de banho. - Feche, mas não tranque a porta. - um dos que estava bem na entrada diz assim que eu faço menção de fecha-lá. Eu nem me dou ao trabalho de o responder e fecho a porta na cara dele. - Mhm... - eu suspiro caminhando para o espelho e eu estou definitivamente uma zombie. E por causa deles... Eu respiro fundo, tiro o celular do meu sutiã e deixo no meio das roupas e depois esvazio a minha bexiga, após isso, eu lavo o meu rosto, faço a minha higiene oral, tiro as minhas roupas e entro no chuveiro, tinham todos os produtos e o meu banho foi rápido. Deixei o chuveiro ligado, enquanto me vestia e peguei o celular para mandá-los uma mensagem. É arriscado, porque esse celular obviamente é criptografado, mas eu não tenho outro método de contacto agora. "Como está o James?" Eu mando e aguardo a resposta que entrou no mesmo instante. "Ele acordou, nós achamos que ele vai ficar bem. "Ella, pelo amor de Deus, onde você está? O que está acontecendo, nós podemos falar com a FBI!" Como se fosse tão fácil assim. Nem a própria FBI tem forças contra essas organizações mafiosas. Tem alguma razão pelo qual o meu pai, mesmo sendo agente secreto, a área mais elevada da FBI, não conseguiu muita coisa com todos os meios tecnológicos, armamento e até proteção. Eu estou por mim mesma faz tempo, e eu não trabalho para eles. "Vocês fiquem quietos e fiquem longe de problemas, eles estão a vigiar cada um de vocês." "Eu estou bem, encontrei a minha mãe e vou dar um jeito de sair daqui..." Eu tive que enviar a mensagem incompleta porque bateram na porta. Merda. - Abra a porta! - o homem grita e esse é um grito de quem sabe que estou a fazer algo que não devo. Merda! Eu apresso-me em apagar as mensagens, enquanto eles forçam a maçaneta da porta que obviamente tranquei. - Merda! - eu olho para todos os lados, mas só tem um. A privada. Foi rápido, eu lancei ele para a privada e dei descarga. O celular se foi e, ao mesmo tempo, a porta foi abaixo, enquanto eu desligava o chuveiro. - Que merda vocês estão fazendo? - eu questiono enquanto entram três deles. - Onde está o celular? - um deles questiona e eu encaro-o indignada, fingindo demência. - Está vendo algum celular aqui? - eu o questiono. - Revistem-na. - um deles manda e dois vem na minha direção. Era só o que me faltava.
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