ELLA.
O som do enorme portão sendo aberto eletriza os meus ouvidos.
A rua obviamente é particular, e a extensão desse lugar também.
O meu corpo parece entrar num choque térmico de tão arrepiada que estou, e os meus observam todo e cada mínimo detalhe desse lugar.
Eu estou a entrar na toca dos lobos.
Exatamente onde o meu pai não queria que eu entrasse.
O meu coração está disparado e a minha respiração está pesada, e eu busco, busco todo o controle que eu tenho para manter-me impassível mesmo com o olhar desse criminoso em mim.
Lágrimas derramam pelo lado interno dos meus olhos e eu mantenho o meu rosto seco por fora.
Os meus olhos observam tudo em tempo real, mas a minha mente vê todas as memórias que eu gostaria de manter presas no meu subconsciente agora.
Se concentre, caramba!
O jogo começou.
O motorista estaciona, e eu vejo outros carros entrarem.
Tem toda uma fileira na entrada de funcionários, como se eles fossem o quê?
Estão fazendo filas para receber o demônios e os seus filhotes?
Abrem a porta e eu saio do carro.
Me deu tanta vontade de não respirar, repentinamente.
O Alexander desce e para do meu lado e eu faço questão de me distanciar ao menos num passo, enquanto assisto os outros descerem.
A namorada ou noiva do Leonardo não veio com ele.
- Eu consigo sentir o seu nervosismo daqui, Ella. - a voz máscula entonada no seu sotaque italiana no fundo penetra os meus ouvidos.
- Venha, eu não mordo. - ele fala e eu levo o meu olhar para o dele, que demonstra o mesmo estar se divertindo.
- Quero dizer, não pretendo morder você, agora. - ah, valha-me.
- Cale a boca. - eu falo, me segurando para não revirar os meus olhos aqui, e ele sorri caminhando e eu o sigo evitando o máximo de aproximação dentro dos conformes possíveis.
Na frente caminham o monstro e a sua Fionna.
Desculpa...
A Fionna é legal.
Na frente está o Salvatore e a Kassandra Riina, e a Clarisse...
Logo atrás a Chiben e o Salvatore que a puxa na cadeira de rodas, eu estou do lado desse mafioso e o outro, que é o seu outro irmão se junta a nós, enquanto os funcionários deles saúdam, todos baixando a cabeça.
Só falta beijarem os pés.
- Seja bem-vinda, senhorita! - um homem assim que chegamos a entrada diz sorrindo e eu o ofereço o que os meus lábios estiveram dispostos a esboçar e assinto com a cabeça enquanto entro.
Todos os olhares estão em mim, eu sou nova por aqui, acho que para além de os aguentar, eu serei a atração desses paspalhos por algum tempo.
Eu preciso de paciência.
O lugar aqui, é enorme, uma família de cinquenta caberia aqui facilmente.
A decoração aqui, tal como o outro não condiz em absolutamente nada com eles.
Entra bastante luz, eles são literalmente das cavernas, das trevas, mas não, a decoração e a arquitetura tudo muito limpo, minimalista, com umas surpresas exuberantes e luxuosas aqui e ali durante o caminho.
Não se parece como uma toca de monstros de todo, mas nada que me impressione, mas com certeza impressiona a Clarisse.
Entramos na sala, e cá está, a mãe do monstro, a bruxa Ramona.
Ela não se parece como uma fisicamente, ela é uma idosa elegante, e bonita, porém, por dentro é completamente diferente.
Todos a saúdam, e ela é toda carinhosa, e sorri para todos eles, todos estão a falar e sorrindo, mas eu estou tão presa na minha cabeça, que a interação deles, está meio que sendo bloqueada pela minha própria cabeça.
Todos a saudaram e só fiquei eu, o Stefano ajuda a Chiben a sentar-se, todos sentaram-se, com exceção do... filho da Clarisse, e do Alexander que está um passo atrás de mim, esperando que eu saúde a avó dele.
- Senhora. - eu falo e ela sorri pegando na mão em que eu direcionei a ela para que a mesma apertasse, puxando-me para dois beijos, e eu fecho os olhos, com ânsia.
Eu separo-me dela, abrindo os meus olhos e ainda com o pequeno sorriso que consigo manter na sua direção, e a mão do Alexander vai para as minhas costas.
- É tão calada... - a Chiben fala num tom de provocação, enquanto eu vou me sentar onde o Alexander me leva e ela recebe um olhar de repreensão da avó e da mãe do Alexander.
- Nós atrapalhamos a vossa noite de núpcias, mas foram por causas maiores, tal como a pressa pelo casamento, mas você não se importa com isso. - a avó fala num duplo sentido e eu a observo. - Seja bem-vinda a família! - ela diz e o meu coração falha.
- Obrigada. - eu respondo-a, e é como se a minha língua pesasse do tanto que eu faço-a funcionar.
- O casamento foi repentino, porém, com a rapidez da escolha do meu neto, eu penso que conhecessem muito bem. - ela diz e eu sorrio, e tento esconder o meu sarcasmo o máximo possível.
Não, senhora, o seu neto trouxe para dentro de casa, a suposta razão da sua vinda, uma total desconhecida que irá matar cada um de vocês.
- Sim. - eu afirmo e ela assente.
- Nós teremos uma conversa assim que se instalarei no vosso quarto. - ela diz e eu assinto.
- Como está, Chiben? - a avó do Alexander a questiona, e eu estou me questionando o que aconteceu.
- Senhora. - ela diz baixando a cabeça. - Eu estou bem, eu tive apenas uma fratura na perna. - ela responde e a mesma assente.
- Nós iremos subir, a noite foi exaustiva. - o Salvatore que me observou a interação esse tempo todo, diz, levantando-se com a ajuda da sua muleta. - Seja bem-vinda a família, essa será a sua casa daqui em diante. - ele diz e os meus músculos nem sequer funcionam para forçar algum sorriso falso, portanto eu só assinto.
- A Ella parece exausta. - a Kassandra diz levantando-se também, com um sorriso no rosto observando. - Será melhor se forem ao vosso quarto, o Gerardo já o preparou. - vosso...
Esse detalhe escapou da minha cabeça.
Provavelmente, por eu ter achado que eu não viria para cá.
- Venha, minha esposa. - o Alexander fala levantando-se e estendendo a sua mão na minha direção num tom irônico.
Ele é definitivamente um i****a.
Eles sorriem e eu faço o mesmo dando a minha mão para ele, contendo os meus olhos, enquanto me levanto.
- Nós conversaremos assim que se instalarem, fique a vontade, querida. - a Kassandra diz e eu assinto.
- Obrigada. - eu respondo estranhando-a, e estranhando ainda o silêncio da Clarisse.
Eu me questiono se é por causa do suposto bebê da nora, já que ela estava completamente diferente ontem.
Isso não me importa.
Os dois saem, e eu saio com o Alexander, seguidos pelo homem, que nos saudou na entrada, subindo às escadas.
- Deixe-me apresentar a você o Gerardo. - o Alexander fala e ele está tão normal, como se ele quisesse isso, como se estivesse feliz realmente.
Talvez esteja, já que me meteu onde ele queria.
- De todos eles, ele era o mais ansioso para conhecer a minha esposa. - ouvi-lo me chamar de esposa arrepia o meu corpo.
Por que ele não cala a boca?
- A sua chegada foi muito esperada, senhorita. - o homem mais velho cujo rosto está subtilmente ruborizado diz e eu dou um meio sorriso.
O que ele é?
Mordomo?
Governante?
Um dos braços direitos do Riina?
De qualquer uma das formas, se serve a essa família, não é boa coisa.
- Eu fico feliz por saber. - eu o respondo e ele assente.
Chegamos ao último andar, de dois andares e o Gerardo abre a porta e eu entro na frente dos dois.
É amplo.
Nada condizente com o Alexander, mas ainda assim, bem decorado.
- O meu quarto mudou demasiado, não acha Gerardo? - eu ouço o Alexander o questionar, enquanto eu observo somente uma e única cama aqui.
- Senhor, essa foi uma decoração escolhida pela sua mãe, adequada para um homem casado, pensamos em deixar a senhorita, mais confortável. - ele diz e eu levo o meu olhar para ele e a minha barriga esfria enquanto ele me observa.
- Espero que esteja do seu agrado. - ele diz e eu ignoro o olhar do Alexander.
- Sim, obrigada. - eu falo e ele assente.
- Poderá sempre informar-nos se quiser fazer alguma mudança. - ele diz, e eu assinto.
- Eu não penso que será necessário, mas obrigada. - eu agradeço-lhe novamente e ele assente e baixa a cabeça ao olhar para o Alexander.
- Com a vossa licença. - ele diz e sai do quarto, fechando a porta atrás dele.
E o meu coração dispara completamente, enquanto eu olho para onde eu estou, com quem estou, com o meu fluxo sanguíneo extremamente acelerado.
Eu sinto o olhar dele em mim, queimar a minha pele, mas eu estou demasiado em choque para ligar.
- O que está passando pela sua cabeça? - a sua voz soa e eu levanto o meu olhar para ele, meio indignada, e ainda confusa.
- Só tem uma cama. - eu falo olhando para ela, sentindo o meu rosto queimar, e levo o meu olhar para ele que está a sorrir de forma provocativa, o seu olhar é dominado de sarcasmo.
- Você diz isso como se fosse uma coisa r**m. - ele fala e o meu corpo inteiro queima e o meu coração consegue disparar mais forte ainda.
Argh, aja paciência.