Capítulo 30

1507 Words
Kaio Smith. Eu falei que era uma péssima ideia. - Eu falei, não falei? - eu questiono apenas para deixar claro, e tanto o James como a Heyoon reviram os olhos, enquanto entramos no carro novamente. Nós saímos do nosso esconderijo, numa tentativa falhada de voltar para casa, mas fomos apanhamos como nada pelos homens daqueles bandidos, e até pouco tempo, estávamos todos no mesmo lugar em que encontramos a Heyoon. - Acelere, antes que eles mudem de ideias. - a Heyoon diz no banco de trás, enquanto eu coloco o cinto, porque quem está no volante é o James e todo o cuidado é pouco. - Não me parece que eles vão mudar de ideias. - eu comento, extremamente frustrado, quando o Kent acelera. - O que aconteceu, hein? - ele questiona batendo no volante nervoso. - Por que razão eles nos soltaram? - ele questiona e eu sorrio indignado. - O que você acha? Eu falei que essa era uma má ideia! - eu deixo claro. - Com certeza eles ameaçaram a Ella com alguma outra coisa. - eu deixo claro e ele inspira frustrado tal como a Heyoon que começa a chorar. - Tudo isso é culpa minha. - ela chora, e nós os dois nos encaramos, sem saber realmente o que fazer. O Kent abana as sobrancelhas para fazê-la parar de chorar, mas eu não sei como. Eu levo os meus olhos até ela, que está com o seu rosto ensopado em lágrimas e eu detesto vê-lá desse jeito. - Claro que não, que culpa você teria nisso? - eu questiono-a retoricamente. - Eu devia ter entrado no restaurante quando o Rafa chamou por mim. - ela diz e eu reviro os olhos. - Eu não devia tê-la ajudado a conseguir invadir o sistema daquele capanga. - ela fala e eu olho para frente querendo formular uma resposta adequada. Sabem, mulheres são todas sensíveis. - Você acha que eles se importariam em invadir o restaurante, Kim? - o Kent questiona e bem, é verdade. - E eu também acho que você não devia tê-la ajudado com aquilo, mas não é como se a Ella precisasse de ajuda alguma para descobrir alguma coisa e fazer merda. - ele fala indignada e a Heyoon funga chorando. - O que será que estão a fazer com ela? - a Heyoon questiona alarmada e eu não quero nem sequer pensar numa merda dessas. - Nós devemos fazer alguma coisa. - o James diz, acelerando o carro mais ainda. - Yeah, eu acho que é melhor você se acalmar e deixar a Ella cuidar disso sozinha como ela mesma falou, se nós estamos soltos é porque ela fez alguma coisa, e se tem alguma coisa que a Ella sabe fazer, é cuidar dela mesma. - eu falo. - Ela tinha falado para nós não fazermos nada, nós devemos tê-lá enfiado em mais problemas, no meio daqueles assassinos... e se—se eles ousarem tocar nela? - a Heyoon questiona e eu sinto as minhas têmporas pulsarem de raiva só de imaginar. - Ela não permitiria. - eu e o James falamos simultaneamente. - Vocês têm noção que ela está sozinha, sem absolutamente nada dela, sem as armas, sem o carro, sem celular, e com centenas de homens a vigiando? - a Heyoon questiona, e agora não é um bom momento para ela ser racional. - Ela atirou no pai do Alexander Riina, e está no meio deles, se ela foi obrigada a colocar um anel pertencente a eles no dedo dela, acha mesmo que ela consente alguma coisa ali dentro? - a Heyoon questiona nervosa. Eu levo as minhas mãos até a minha cabeça, ela está martelando com todo esse assunto, e o Jake repentinamente trava e sai do carro abruptamente, batendo os pneus do carro. Que merda! Que merda, Ella. O silêncio instalado aqui, parece até de um funeral. E não é para menos. A Ella é como uma irmã minha, nós nascemos no mesmo ano, e os nossos pais, eram como irmãos de outras mães. Nós crescemos juntos. E a Ella... A Ella, sempre foi ela, em todos os sentidos, desde a sua bravura, a personalidade. Sempre nos demos muito bem, mesmo com personalidades distintas, ela sempre foi extremamente alegre, mais extrovertida que eu, o que me ajudava, já que ela era mais social, eu não tinha trabalho para interagir com mais ninguém, já que ela fazia isso por mim. Não que eu fosse péssimo, apenas não tão social quanto ela. E ainda assim, tínhamos os mesmos interesses, ela sempre foi muito inteligente, tal como eu. Com modéstia. Ela sempre foi uma menina, brava, extremamente atlética, ela adorava treinar com os nossos pais, e sempre foi boa naquilo. Mas tudo tomou um lado obscuro repentinamente. Não existe comparação entre mim e a Ella, ela foi criada e treinada pelo pai, que se preparava e a preparou caso alguma coisa acontecesse com ele, por conta das suas investigações. Ele sabia o quão perigosas eram, se nem mesmo todas as organizações secretas evitam a maioria delas. Organizações mafiosas, são como uma pirâmide hierárquica, que possui controle em vários sectores mundiais. Não é como se fosse um crime individual, ou um crime coletivo menor, trata-se de pessoas com um legado, e poder de controlar vidas. É algo pesado, que uma menina de sete anos, se ocupou de aprender minuciosamente. A menina alegre, virou uma menina vazia. E não tinha como culpá-la, seria um pecado, ela era apenas uma criança que foi tirada a mãe e viu o seu pai morrer na sua frente. E depois disso, completamente sozinha, seguindo o protocolo ensinado pelo senhor Jason Bourne, o pai dela, ela saiu de casa até chegar a um local seguro, sem derramar uma lágrima, até encontrar os agentes que a trouxeram até ao meu pai. Ela continuou com a mesma essência, mas é como se todos os sonhos e a alegria dela tivessem sumido, ela tornou-se vingativa, a sua sede por vingança e justiça virou como um vício para ela. A Ella tem tudo para ser uma agente secreta, porém, existem inúmeras restrições, como, ela estaria presa e mais do que penalizada com as mortes mais do que justas que ela já fez. A Ella não tem filtro, e não quer saber de nada disso, de regras, se eles não fizeram nada pelo pai, ela decidiu fazer justiça com as próprias mãos. Ela não liga nem para a própria vida, seguir regras, definitivamente, não é o seu ponto forte. O pior de tudo isso, é que eu imagino como o meu pai ficará, afinal, ela foi lhe confiada. E eu tentei o meu máximo para estar sempre lá. Não foi o suficiente. E ela só está nessa situação por minha causa, porque se não fosse aquela merda que aconteceu com aquele desgraçado do Gerard Marconi, ela com certeza não estaria nas mãos daquelas pessoas. Isso é tão mau! Ela livrou-se de um corpo por mim, e eu não consigo fazer absolutamente nada. E mesmo que eu tente, é como se eu cavasse o seu túmulo quando ela está nas mãos dos seus piores inimigos. O caminho de volta foi silencioso, até quando ficamos próximos da rua da minha casa e fomos interceptados por carros. - Oh, merda! - eu falo vendo os homens daquele filho da mãe virem na nossa direção e um deles bate na janela onde à contragosto, o James baixou o vidro. - Será esse o primeiro e único aviso. - ele fala e nós o observamos. - Qualquer tentativa de contacto com a vossa amiga, será a sua sentença de morte. - ele diz. - E a vossa também. - ele pontua e eu inspiro fundo. - Espero que tenha ficado claro. - ele fala e o James ameaça sair do carro e só não o fez, porque eu segurei o braço desse inconsequente. - FILHO DA p**a! - o Kent grita buzinando, enquanto os carros somem, e a Heyoon só chora no banco de trás. Que frustração. - Vamos. - eu falo, e expirando fumo ele acelera até a minha casa. - Heyoon, a sua mãe está aqui, tente não chorar, quando nós saímos ela estava extremamente preocupada. - eu digo, e ela se apressa em limpar as lágrimas do seu rosto soluçando. Se bem que a senhora Soo-Min Kim, parece mais forte que nós três juntos. - E o que vamos fazer? - o James questiona estacionando o carro, assim que entramos. A sensação de segurança é instantânea. Eu suspiro fundo abrindo a porta do carro. - Você não ouviu, ela já tinha avisado e nós fomos nos intrometer no que não devíamos. - a Heyoon fala descendo e o James também. - Acalmem-se. - eu falo fechando a porta. - Eu vou falar com o meu pai mais tarde e veremos o que acontecerá, agora se acalmem. - eu falo e eles suspiram ambos frustrados enquanto entramos. Parece que acabamos de entrar no inferno e tem todo um labirinto sanguinário para sair dele.
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