Capítulo 32

2408 Words
ELLA. Idiota. - Para mim é. - eu afirmo e ele age, como se eu estivesse mentindo para mim mesma. Primeiro ponto, eu não estou habituada em ter pessoas no meu quarto, principalmente, não mafiosos. Segundo, eu não vou dormir no mesmo lugar que esse filho da mãe. - Você é minha esposa, o que esperava? - ele questiona e eu franzo o cenho o observando. - De mentira. - eu pontuo, e ele me encara como se eu fosse uma doida. - Eu achei que você teria a decência de se distanciar de mim, e ao menos... pedir outro quarto. - todas as opções são viáveis. - Isso faria muito sentido. - ele diz irônico e eu reviro os olhos, num pânico interno. - Onde você vai ficar? - eu questiono-o e ele sorri, me observando. - Robin Hood. - ele diz e eu suspiro fundo. - Você já fez questões mais inteligentes que essas. - ele diz e eu sinto o meu corpo aquecer de raiva e nervosismo. - Estamos no meu quarto, onde acha que eu ficarei? - ele questiona e eu olho para o sofá. - Esqueça. - ele pontua como se eu tivesse sugerido que eu dormiria na cama. Onde eu vim parar? Argh... Ele atende o celular e eu passeio os meus olhos por esse lugar. Eu não acredito numa merda dessas. Que grande merda! Aqui tem um open closet, bem no quarto. Tem um sofá, uma poltrona por aqui, uma sacada, eu consigo ver daqui, eu vou até uma das portas e a abro para ver o que é, enquanto ele me observa. É o banheiro. Humn... Eu vou até a outra porta, e é um outro closet. Eu entro no closet e encontro várias peças de roupas que não me pertencem, mas obviamente são para mim. Eu pego algumas peças de roupa e vou para casa de banho. - Fique à vontade. - ele diz sarcástico. - Cale a boca. - eu falo fechando a porta e a trancando. No mesmo instante em que fechei a porta eu sinto como se uma faca tivesse sido cravada no meu peito. Tudo o que eu sentia e mantive silenciado até agora, se exteriorizou. O meu corpo inteiro treme, lágrimas ensopam o meu rosto silenciosamente, o meu peito convulsiona e o meu coração dispara. Faz tempo que eu não me sinto tão vulnerável, e eu detesto isso. Eu não tenho controle de absolutamente nada e a sensação de ser um malefício para todos a minha volta vem com força. Eu não estou a honrar o meu pai, em absolutamente merda nenhuma, aqueles desgraçados, estão falando comigo, olhando, sorrindo, para mim. Me tocando e me dando beijinhos no rosto... A p***a, da minha própria mãe... Nem sequer me reconheceu. Eu descobri que a minha própria mãe, traiu o meu pai e me abandonou por vontade própria para ser a segunda esposa de um criminoso. Ela simplesmente age como se eu fosse inexistente. Toda a esperança que eu tinha em encontrá-la, tudo o que eu me apeguei por quinze anos, quinze merda de anos, é a maior mentira já existente. Eu preferia que ela estivesse morta a saber disso. Eu preferia que ela tivesse morta! Ela me abandonou... Como pode uma mãe fazer isso com a própria filha? Como? Ela é completamente diferente do que eu achava que ela era. Tudo o que eu me iludi e achava que ela era, é completamente o oposto. Ela matou o meu pai! Ela o matou, ela o traiu na lata dura, e deixou-me para assistir à morte do meu próprio pai e foi-se com o assassino. Eu nunca tive uma mãe... apenas um pai, que deu a vida por mim, e eu estou aqui. De onde ele quis me tirar de perto. Eu sinto um bastão bater na minha cabeça, e eu levo as minhas mãos até ela franzindo o cenho de tão forte que dói. Ela tem outro filho... Ela tem um filho com o Salvatore Riina, o homem que matou o meu pai, e uma nora... A minha barriga aperta, e de nojo, eu literalmente vomito. Toda essa situação consegue ser mais nojenta que absolutamente tudo o que eu já vi e ouvi. Mal eu comecei, eu literalmente não parei de lançar refeições inexistentes, eu não como absolutamente nada desde ontem e eu tenho a sensação de que as minhas tripas irão sair. Tudo isso me dá nojo. O ar que eu respiro parece impuro, eu sinto-me invadida, eu repudio absolutamente tudo aqui. Eu sinto nojo, de absolutamente tudo. Eu tenho a sensação de que eu não conseguirei ficar aqui, eu tenho a sensação de que irei surtar. Eu estou numa luta interna que precisa acabar logo, caso contrário eu não conseguirei ficar aqui, e fazer o que deve ser feito. Eu não consigo... Eu tive um blackout, a minha visão escureceu-se, mas eu continuo consciente e em pé. Eu fecho os meus olhos, com a minha cabeça bombardeando de dor, e com o som da água a correr entrando em embate com as vozes da minha cabeça. Eu sofro para trazer ar aos meus pulmões, e o meu corpo treme. Pânico! "Ella, Ella, Ella..." Eu escuto a voz do meu pai ecoar como naquele dia que a nossa casa foi invadida por eles, enquanto ele me escondia. "Promessa de pai e filha." Eu inspiro e expiro fundo. Eu não tenho outra escolha a não ser lidar com isso, está difícil, muito difícil. Gradualmente, não tenho noção após quanto tempo, eu consigo me acalmar. Eu sinto-me voltar a ter controle do meu próprio corpo, e respirar melhor, a medida que a minha visão regressa. Você tem que voltar! Me sentindo nojenta após ter eles tocando em mim, eu retiro a minha roupa, e ligo o chuveiro do box. Retiro a minha roupa, e entro no box e esfrego o meu rosto, a minha mão, o meu corpo com força, de raiva, talvez mais raiva de mim nesse momento do que deles. Eu preciso voltar e organizar a minha cabeça, pelo meu pai... e pelos meus amigos. Merda, quando o senhor Smith descobrir tudo isso. Ele nunca quis que eu tocasse nas investigações do meu pai... Mas não é como se a minha vida fosse ter sentido se eu não o fizesse. Ele não terá muito o que fazer, fim ao cabo. Mas eu só não quero que ele se mexa para fazer o mínimo, porque se acontece alguma coisa com ele também, eu não sei se eu ficarei com algum juízo sobrando na minha cabeça. Eu fico debaixo do chuveiro tempo o suficiente para sentir a minha honra e orgulho retornar. Eu termino e saio. O jogo começou, vamos jogar, Ella. Eu faço a minha higiene oral, e depois estilizo o meu cabelo, têm absolutamente tudo aqui, o que é meio suspeito. Eu visto-me com as calças de pano, e uma blusa simples de cor bege. A minha cara está pálida, de tanto lançar. Se eu estivesse no meu loft seria o de menos, mas eu recuso-me em aparentar fraca, ou vulnerável, eu não me deixarei ser comida por eles. Nem por cima do meu cadáver. Eu passo um gloss labial, passo blush, para dar cor ao meu rosto, e foi. Eu saio da casa de banho, e eu não vejo o Alexander, o que eu agradeço. Eu não tenho noção de quanto tempo se passou, mas muito eu tenho certeza. Eu entro no closet, e pego um par de sapatilhas e calço, quando batem na porta. - Humn... - eu suspiro frustrada. Termino de calçar os sapatos, que até o meu número está correto, é tão repugnante. Após inspirar fundo, três vezes seguidas e escutar mais uma vez batidas na porta. Eu caminho até lá e abro a porta e encontro o mordomo, que assente assim que abri a porta. - Senhorita, a senhora Ginevra, e o senhor e a senhora Riina, a aguardam para uma conversa. - ele diz e eu seguro o meu semblante quando o meu coração falha. - Claro. - eu falo e ele assente dando-me espaço para passar e assim eu o faço. Eu saio, e o sigo. Descemos pelo elevador, e não pelas escadas, até ao segundo andar. Eu sinto as minhas mãos aquecerem. Oh, eu terei de ser maior que o meu descontrole, porque o que elas querem fazer! Oh, Ella... Oh, Ella... Nós saímos, e eu segui-o até a porta em que ele bateu. Tem homens aqui fora também. A porta é aberta, e eu entro acompanhada pelo Gerardo que me segue dois passos atrás. Eu vejo os três cá sentados. Isso parece ser uma sala de visitas. Tem outros homens aqui dentro, e eu questiono-me qual é a necessidade. De duas uma, ou eles são muito inseguros com eles mesmo, ou eu fui descoberta... Eu acho a primeira opção mais viável. Que vontade de arrasar com a existem deles aqui e agora. O meu olhar não se contém, e passeia pela pupila de cada um deles que me observa, até eu mesma chamar-me a consciência e eu me forço a atuar. Eu consigo... - Com a vossa licença, o Gerardo informou que gostariam que eu cá viesse. - eu falo abusando da minha língua e eles assentem. - Sente-se, Ella. - o Salvatore fala indicando o sofá paralelo aos três e eu vou, sentindo o meu sangue ferver. Eu vou e me sento. - Ella. - ele fala, e eu sou obrigada a olhar para o rosto dele. Fúria. Esse é o único sentimento que eu consigo reconhecer no meu corpo. - Você foi a escolha do meu filho primogênito. - ele diz e eu não consigo, esboçar reação nenhuma, eu estou a lutar com a minha própria mente. - E estamos muito felizes com a sua chegada a nossa família. - ele diz. AH! É mesmo? - Porém, deve conhecer a nossa família. - ele fala com um orgulho do c*****o que dá vontade de fazer ele engolir goela a baixo. - Eu tenho noção. - respondo curta e ele me observa assentindo. - Isso é ótimo. - ele diz sorrindo. Repugnante. - Porém, com a pressa do casamento inúmeras das nossas tradições foram quebradas. - a avó do Riina diz, fazendo-me levar o meu olhar a ela. O que eles querem? Me introduzir a organização deles, me intimidar? - Eu tomei a dianteira e observei que não possui apelido, e nenhum dos seus familiares se é que tem compareceu ao casamento, Ella. - a Ginevra Riina diz, e eu escondo o meu sarcasmo olhando para ela. - Eu perdi a minha família quando tinha apenas sete anos. - eu a respondo e ela levanta as sobrancelhas me observando. - Não tinha familiares distantes? Não há registo algum de uma entrada sua para adoção. - humn, ela fez a investigaçãozinha dela. - Eu era filha única, tinha apenas o meu pai e a minha mãe como familiares próximos. - eu lhe digo. - Porém, antes da morte do meu pai ele deixou-me a cuidados de uma pessoa próxima a ele. - eu digo, e eles observam-me curiosos. - Ele faleceu quando eu completei a maior idade. - eu conto só para essa conversa sair do radar. - E quanto a sua identidade? - a Kassandra questiona intrigada. - Não possui segundo nome ou um apelido, falou do seu pai, ele era presente, pois não? - eu queria muito tirar a palavra pai da língua de cada um deles. - Bem, a minha mãe, não contou para o meu pai que estava grávida, eles não estavam juntos e só descobriu da minha existência um tempo antes da minha mãe desaparecer. - eu elaboro a minha história inventada, e eles observam-me intrigados. - Bem, o meu pai tinha uma reputação, e por conta disso levou um tempo para ele me registar, porém, antes da conclusão, ele faleceu. - eu conto olhando para eles. - Eu tive como colocar o apelido no meu nome, pois eu tinha todos os documentos de reconhecimento, mas eu cheguei a conclusão que não o queria. - eu falo e eles me observam. - A minha mãe não o contou sobre mim, pois a minha falecida avó, impediu, a família dele não foi muito recíproca com ela. - eu acrescento para tornar essa mentira mais credível. - Portanto, eu valorizo o meu pai o bastante, pois assim que ele soube de mim, ele foi um pai presente, porém, eu prefiro apenas as memórias dele, do que o apelido da família que repeliu a minha mãe. - eu conto e eles parecem genuinamente intrigados. Bem, eu não gaguejo. - Veio de uma família turbulenta. - a avó do Alexander diz e eu a encaro. - Concordo que as coisas entre os meus pais poderiam ter sido melhores. - eu falo. - Mas infelizmente houve interferência externa, e a culpa não foi deles. - eu falo com as veias na minha têmpora pulsando. - O meu pai assegurou-se do meu futuro, mas infelizmente eu não tive a sorte de os ter por perto por mais tempo. - eu concluo e eles assentem, enquanto eu só consigo pensar que a minha suposta falta de sorte foi acusada por eles. - Você foi a escolha do Alexander por alguma razão, e esperamos que sejam pelas boas e que vão conforme as regras da nossa família. - o Salvatore fala. - Agora faz parte da nossa família, e essas regras terão de ser seguidas por você a rigor, principalmente como a esposa do primogênito da nossa família. - a avó aqui fala. E eu estou curiosa para a escutar falar. - Esperamos que esteja disposta a isso. - ela fala, me penetrando o seu olhar no meu e eu só me imagino arrancando a cabeça dela fora e depositando nas mãos do filho. - Claro. - eu respondo com o meu corpo em brasa e eles assentem com um mínimo sorriso. - A sua sogra a guiará, e explicará a você sobre a nossa família e o que é esperado de você. - ela diz e eu levo o meu olhar para a Kassandra. Eu gostaria de saber o que a filha de um mafioso que aceitou ser segunda esposa pode possivelmente me contar. - Seja bem-vinda a família, Riina, querida. - eles dizem em uníssono. Soa como se eu estivesse sendo saudada por demônios.
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