Capítulo 2

2256 Words
ELLA. Poucas Horas Atrás. A Heyoon estava me ajudando a tentar descodificar o sistema de segurança de um dos homens do Don da máfia, Salvatore Riina, mais cedo, eu consegui pegar um dos seus homens, na noite passada, e o matei, obviamente. Eu fiquei a saber que ele trabalhava diretamente com eles, portanto, levei comigo tudo o que o pertencia, desde documentos, a celulares e os trouxe para cá, para o meu loft. Achar qualquer um deles, é como procurar uma agulha num palheiro, mesmo sabendo que eles estão por aí, com o monte de crimes que eles cometem, portanto, conseguir colocar as minhas mãos naquele i*****l, foi como ganhar na lotaria. Mas bem, eles também possuem uma segurança atroz, razão pela qual, eles não estão mortos, ainda. Onde quer que estejam, eles possuem uma segurança fora do sério, se eu me aproximasse facilmente custaria a minha vida sem que eu completasse a minha vingança e ciberneticamente falando, eles também possuem um sistema de segurança impermeável. Eu cheguei cá no loft essa madrugada, após sumir com o corpo daquele homem, tomei um banho, lavei as minhas roupas, e comecei o meu trabalho, tentar descodificar tudo que levei dele. Com certeza ele possui informações importantes. Não parecia ser um capanga qualquer. Uma, duas, três horas passaram-se, e nada de eu conseguir invadir o sistema. - Afff... - eu suspiro frustrada. - Que droga. - eu falo, me levantando, vendo que o meu café acabou também. Eu levanto-me e vou até a cozinha pegar mais, quando escuto batidas na porta. São cinco da manhã. - Quem é a essa hora? - eu questiono-me abrindo o meu celular para verificar a câmera externa. - Heyoon Kim, a essa hora? - eu questiono-me retoricamente surpresa, mas feliz, indo abrir a porta. - O que está fazendo aqui a essa hora? - eu questiono abrindo a porta para ela, me deparando com uma japonesa linda com inúmeras sacolas na mão, que pego algumas para a ajudar, fechando a porta com o pé enquanto ela vai logo para a cozinha. - Eu vim tomar pequeno-almoço com você, hoje o meu turno no restaurante será a tarde. - ela diz e eu sorrio. - Ótimo, porque para além de estar a morrer de fome, eu preciso da sua ajuda. - eu digo-lhe deixando as sacolas na bancada. A Heyoon trabalha num restaurante, esse é o seu trabalho legal, o ilegal, é hackear. Ela é ótima com informática, ela usa isso ilegalmente porque é mais prático e rentável, e por mais que isso seja um crime, ela é um bebezinho inocente que m*l consegue ver sangue. Eu matei o padrasto dela. Não me percebam m*l, ele era um criminoso nojento, e se eu não o matasse, ele mataria ela e a mãe dela. - Eu acabei de chegar, Ella. - ela diz e eu sorrio pegando café para nós duas, enquanto ela arruma as sandes. - Achou alguma coisa? - ela questiona-me curiosa enquanto eu levo as chávenas para a sala. - Eu matei um dos homens deles essa madrugada. - eu falo, me sentando no sofá pegando a carteira e o celular do desgraçado mostrando para ela que simplesmente quase deixou cair o meu pires no chão e abana a cabeça pálida. - Eu não sei porque ainda me surpreendo com a sua calma. - ela fala vindo para cá e eu sorrio. - É claro que eu ajudo você, mas não é a primeira vez que tentamos invadir o sistema deles e quase reverteram isso para nós, você sabe que é arriscado, podem rastrear você. - ela diz. - O sistema deles é ótimo, mas o meu também. - eu digo-lhe e ela revira os olhos. - E ainda é teimosa! - ela exclama enquanto eu me limito em comer. Nós conversamos tomando o pequeno-almoço e depois tentamos invadir o sistema através dos dispositivos e dados daquele i****a, mas é claro que não seria como abrir um celular qualquer e obviamente a conversa foi sumindo na medida que a pressão aumentava. E isso durou horas e horas! O James veio, trouxe o almoço e o comeu connosco, e voltou para os seus afazeres com a Heyoon, e eu continuei aqui, com base no café por horas, sem querer desgrudar desse celular e nem do computador. - p***a… - eu balbucio nervosa. A Heyoon parou de descodificar o celular pela metade, e obviamente estão a tentar rastrear essa geringonça. Se eu volto a fechar, todo avanço ganho é perdido. Eu não quero mais esperar… Não posso! A minha ansiedade ataca e eu vejo-me obrigada a fechar os olhos, respirar fundo e controlar o tremor das minhas mãos e os meus batimentos cardíacos acelerados. Medo? Não. Eu só não posso pregar o meu olho mais uma noite sem conseguir nenhum avanço, sem saber o que eles fizeram com a minha mãe, se a mataram, se ela é alguma escrava deles ou foi traficada. Não posso pregar o meu olho mais uma noite sabendo que aquele desgraçado que me deixou órfã, completamente desamparada, e da maneira mais bruta existente, ainda respira no mesmo planeta em que eu estou. - Que se f**a. - eu falo, abrindo os meus olhos e imediatamente, ligo o celular. Será possível eles rastrearem? Sim, mas fica mais fácil de eu conseguir as informações que ele tem e eu preciso também. A minha confiança está toda depositada na minha VPN, quando no mesmo instante o celular começa a tocar. Alexander “Il Duce” Riina. - Ora, ora… - se não é o filhinho do filho da mãe. Rapidamente, eu usei isso para interferir e hackear o celular do herdeiro da máfia e deu mais do que certo. - Boa! - eu não me contenho quando vejo na tela todas as informações que eu preciso, descendo. Agenda, mensagens… localizações. - Apanhei você seu filho da mãe. - eu balbucio comigo mesma, sentindo a adrenalina acariciar a minha pele e fazer com que o meu sangue bombeei com mais força. Eu corto imediatamente a ligação, acabando com qualquer mínimo acesso que eles tiveram com o meu sistema, e subo as escadas para o meu quarto. Eu sinto o meu sangue correr pelas minhas veias, na minha pele, de tão enlevada que estou agora. E enquanto me visto, a minha memória traz impiedosamente as imagens, daquele homem, que o meu pai tanto seguiu, quando ainda trabalhava na base, entrando na casa, inesperadamente. Do meu pai me escondendo e me mandando fazer o que ele ensinou, e por uma brecha, sem poder emitir sequer um som, e sentindo a mesma dor do meu pai, enquanto escutava os gritos da minha mãe sendo levada, sem nem sequer ter sido tocada. Não foi apenas um tiro, não foi em silêncio, os meus olhos virão o meu único melhor amigo, o meu pai, e herói aos meus olhos, e boa parte da base secreta, ser brutalmente dilacerado na minha frente por ele, que o encarava com raiva, e frieza. Vendo o sangue do meu pai escorrer na direção de onde eu estava escondida, sem poder fazer nada, porque como um covarde ele levou toda a sua manada para lá, e atacou de surpresa no dia que era suposto ser um dos mais felizes da minha vida. Tudo virou um show de horrores inesquecível para mim. Terminei de me vestir peguei as chaves do meu carro, que é um Ford Mustang de primeira geração, de cor preta, ou seja, é antigo, foi fabricado lá para os anos de sessenta e cinco, mas é um fiel amigo, e passa despercebido como o meu loft e como eu preciso. Coloco a minha munição descendo as escadas, e vou até a minha escrivaninha, quando o meu celular começa a tocar. Kaio… - Eu não posso falar agora. - eu digo após atendê-lo, pegando um post-it e anoto a localização. - Eu conheço esse tom de voz, o que está aprontando, Ella? - ele questiona e eu suspiro frustrada. - Eu encontrei aquele desgraçado… - eu falo, pegando outro post-it, para escrever-lhes. - QUÊ? - ele questiona parvo, mas eu não tenho tempo a perder. - Eu vou desligar o celular, se eu não estiver em casa até essa manhã, não devem se preocupar em me procurar. - eu lhe digo. - Ella! - ele exclama. - ELLA… - com o seu grito, eu limito-me em desligar o celular e deixar um bilhetezinho para eles. “Não me procurem, não irei morrer sem rebentar com a cabeça daquele desgraçado, mas se eles conseguirem matar-me também, podem crer que eu não deixarei que toquem no meu corpo, portanto o encontrem e o cremem. Xoxo, ELLA.” Deixei ali colado, rebento com o celular do capanga deles, logo em seguida, e saio, trancando a porta atrás de mim. Vamos começar o jogo. A rua está minimamente movimentada, daqui a pouco dará meia-noite, é uma rua escura, os postes de luz estão todos precários, e bem perdida no mapa da cidade. Lugar perfeito não existe. O ar frio, faz com que fumo saia pela minha boca, enquanto caminho até ao meu carro, o destranco com as chaves, pois ele não é automático, e o frio some assim que eu entro nele, e coloco o pistão para funcionar. Lentidão jamais foi uma amiga minha, mas hoje eu acelerei mais que o habitual. Quando cheguei no local, obviamente deserto e eu estacionei num local estratégico, sentindo a meu corpo eletrizado de adrenalina, de sede pelo sangue, com o desejo absurdo de finalmente cumprir com o que eu me comprometi em fazer desde o que os meus olhos viram naquele fatídico dia. Mas eu mantive-me racional, e não permiti as minhas emoções me colocarem em mais perigo do que já estou a correr e apenas observei atentamente o local. O que isso é? Eu observo ao longe uma estrutura aqui. - Outra casa de tráfico? - eu questiono-me, mas entorto a minha cabeça desconfiada, olhando para o relógio, cinco minutos para o horário em que eles deveriam chegar, já tem homens ali parados, provavelmente para os receber. O que aquele velho babacento e nojento viria fazer aqui se fosse uma casa de tráfico, provavelmente é uma reunião, como estava na agenda… mas do que exatamente? Se eu soubesse, isso seria bem mais fácil e prático para mim. Eu retiro as chaves, pego a minha arma e saio cautelosamente, aqui é escuro, o carro praticamente camuflou aqui, as luzes não estão acesas. Eu caminho na direção das inúmeras árvores frondosas, e fico ali parada, observando o movimento deles, sentindo descargas de endorfina sem parar pelo meu corpo. Quando carros atrás de carros chegam aqui, e foi aí que a guerra entre mim e mim começou. A guerra entre as minhas emoções e a guerra entre a minha racionalidade. Assim que a figura daquele monstro saiu daquele carro, lágrimas silenciosas verteram pelo meu rosto, e os meus dentes roçam fortemente uns aos outros, para que o grito de dor reprimida a sete palmos da minha garganta, não ecoe por todo esse local, a minha visão está embaçado e com ela, as imagens daquele dia aparecem da forma mais inescrupulosa inexistente, que as minhas mãos começam a tremer, a minha respiração se torna pesada e eu começo a perder o juízo. Calma, calma, calma… Calma, Ella! Os meus pés não me obedecem, até o último segundo, que é quando os desgraçados entram naquele lugar e eu suspiro fundo, me encostando ao tronco da árvore, tentando recobrar a minha consciência e controlar as emoções conturbadas dentro de mim. Senão, eu realmente vou morrer, e disso eu não tenho medo, só não quero que ele tenha o gosto de fazer isso comigo, quando o meu pai literalmente protegeu-me disso. - Respira, Ella… - eu falo comigo mesma, puxando o ar gelado para os meus pulmões, aguardando pela saída deles, porque não há chance nenhuma de eu conseguir entrar nesse lugar. Pelas duas horas que se passaram os meus olhos, observaram minuciosamente cada passo, cada movimento nesse local, quando eu vi a uma boa distância a silhueta dos seus filhos saindo. Apenas consegui distinguir o seu herdeiro de inescrupulosidade, pelo simples fato de ter uma postura e uma aura diferente dos irmãos, eu não consigo observar a sua fisionomia, apenas a sua silhueta por conta do escuro, Mas depois dele, saiu o monstro, e foi nesse mesmo instante que sem pensar duas vezes, eu apontei a minha arma para a sua cabeça e um… Pi… Foi tudo que escutei, desligando completamente tudo o que sentia, e numa mira certeira, eu vi, a minha bala entrar na sua cabeça, e um alívio se dissipar pelo meu corpo instantaneamente. - Ah… - o meu suspiro durou pouco, pois até aí as armas já estavam apontadas na direção de onde veio o tiro, enquanto ele foi segurado pelo seu filho. Eu gostaria de degustar mais do meu feito, mas a racionalidade falou mais alto, e eu me escondi de entre as árvores, até conseguir correr de volta para o meu carro, incrédula e buliçosa, mas eu tive que me conter até sair dali. - Eu consegui… - eu balbucio, com a frequência cardíaca lenta, mas com os batimentos fortes, e as minhas emoções se tornando numa só lágrima escorrendo sem a minha permissão pelo meu rosto. Momento Atual. - Esse é só o começo. - eu falo vivaz, sentindo o meu corpo eletrizado, e os três na minha frente entreolham-se preocupados, mas eu ignoro. Só o começo.
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