ELLA.
- Onde você está, Ella? - a voz da Heyoon soa preocupada ao celular, enquanto eu busco recuperar o meu fôlego e iniciar o carro agora.
O meu coração está acelerado, e custa-me acreditar no que acabou de acontecer.
A adrenalina é tanta que a satisfação está encubada e a incredulidade grita mais alto.
- ELLA! - ela grita, enquanto eu atiro a minha arma para o banco de passageiro e sorrio respirando ainda ofegante, pisando no acelerador, com uma lágrima vertendo pela minha face de alegria.
- Eu o matei. - eu falo sentindo o meu corpo extremamente aliviado, e com um turbilhão de emoções, simultaneamente.
- QUÊ? - eu escuto a voz deles, em uníssono e eu sorrio, mas não estou em condições nenhumas de os dar explicações agora, portanto, eu apenas desligo o celular, e acelero o mais rápido para fora dali, até chegar a minha casa.
Completamente extasiada.
- Eu consegui pai... - eu balbucio.
(•••)
- Caramba, Ella... - eu ouço a Heyoon falar do outro lado da estrada, semi escura, deixando o capacete da sua moto nela novamente, enquanto eu tranco o meu carro, sem conseguir conter o êxtase no meu corpo.
- O que está fazendo aqui fora a essa hora? - eu questiono-a sorrindo e girando a minha chave com o dedo, atravessando a entrada até ela. - Ia me buscar? - eu questiono ironicamente e ela revira os olhos me fazendo abrir ainda mais o meu sorriso.
- O que você acha? - ela questiona retoricamente e eu sorrio mais abertamente, não me contendo, dou um abraço forte nela, que retribui na mesma intensidade, mas depois ela me oferece um tapa gratuito.
- Ai... - eu reclamo passando a mão pelo meu ombro onde ela bateu.
- Você é maluca! - ela grita de raiva, e eu deixo ela extravasar a sua raiva, enquanto entramos no meu loft e vejo os meus dois belos amigos sentados um no meu sofá com o computador na mão e o outro em pé, ambos visivelmente nervosos.
Own...
- Vocês realmente iam deixar a Heyoon sair sozinha? - eu questiono sarcástica fazendo ambos finalmente notarem a minha presença.
Oh, eles estavam mesmo preocupados.
- Caralho... - o Kaio diz, me encarando e levando as suas mãos a cabeça, paralisado e com as suas emoções sendo demonstradas apenas com o seu olhar petrificado em mim.
- Não fui eu quem morri, relaxe. - eu digo-lhe batendo no seu ombro, e ele abana a cabeça negativamente em visível choque.
- Você realmente o matou? - o James questiona imediatamente deixando o computador na mesa de centro, e eu sorrio, sentindo cada parte do meu corpo receber uma boa dose de endorfina e eu encho ar nos meus pulmões.
- Se a cabeça dele não for de titânio, sim... - eu falo pousando a minha arma sob a mesa, e volto o meu olhar para eles. - Eu o matei! - eu exclamo não contendo mais a minha satisfação e alegria, e nem eles.
Rapidamente isso virou uma curta comemoração.
Eu tirei algumas cervejas que tinham na minha geleira, e eles já estavam a comer pizza.
A comemoração foi curta, pois para além do interrogatório que eles se propõem a fazer, eu tenho de observar o movimento deles.
Isso infelizmente ainda não acabou.
Matar aquele velho asqueroso e vagabundo, era o que eu mais desejava, o principal da minha vingança, mas essa não é nem sequer a metade do caminho andado.
Sim, mesmo o velho asqueroso sendo ninguém mais, ninguém menos que o assassino do meu pai, e o chefe da maior organização mafiosa do mundo.
- Você pode ter se metido numa grande alhada, Ella... - o Kaio fala olhando para o computador, e eu dou um gole da minha cerveja, querendo sentir o gosto do início da minha vingança por mais um pouquinho, antes de ser puxada novamente para a realidade.
- Eles não me viram, e se alguém viu, dificilmente irá me encontrar, não é motivo para tanto. - eu falo, terminando a minha garrafa.
- Impossível você ter conseguido se aproximar daquele homem, sem que nenhum dos homens dele tivessem visto você, Ella, você... - o James fala nervoso e preocupado. - Melhor que eu, você sabe que você se meteu numa grande merda. - ele diz inconformado e eu pouso a garrafa na mesa.
- Eu sempre estive metida numa grande merda, James, o que você achou que eu iria fazer? Esperar mais por um tempo melhor? - eu o questiono indignada.
- Ele matou o meu pai, e levou a minha mãe, caramba! - eu os recordo e eu ignoro o apertar do meu peito, não é momento para isso.
- Se eles vierem até mim, melhor ainda, eu rebento com o crânio vazio deles e acabo logo com isso. - eu respondo irritada e ele respira fundo frustrado, já o Kaio e a Heyoon se entreolham.
- Você se importa em explicar o que realmente aconteceu, Ella?! - a Heyoon questiona inquieta e curiosa trazendo mais garrafas da cozinha e eu suspiro fundo encostando a minha cabeça ao sofá, já que estou sentada no meu tapete.
- Detalhadamente, assim podemos limpar os rastros da sua impulsividade. - o James diz e eu reviro os olhos, ele está parecendo o Kaio.
- Minuciosamente. - o Kaio acrescenta só de pirraça, e eu suspiro fundo.
- Era suposto isso ser mais divertido... - eu murmuro.
- Fala logo! - a Heyoon diz e eu suspiro.
- Eu hackeei o filho dele. - eu conto e o James leva a mão para a cabeça, o Kaio para o rosto e a Heyoon me observa incrédula.
- Você conseguiu? - ela questiona chocada, e sorri instantes seguintes incrédula. - Não, Ella... - ela balbucia. - Você invadiu o sistema de segurança do herdeiro da máfia? Do Alexander Riina? - ela questiona e eu franzo o cenho.
Eles agem como se fosse o meu primeiro rodeio, nisso.
- Sim. - eu lhes respondo e o suspiro deles foi uníssono.
- Não, não, não… - o James fala se levantando, quase enfiando os seus dedos na cabeça, já caminhando de um lado para o outro.
- E você a ajudou com isso? - o Kaio questiona para a Heyoon nervoso e incrédulo.
- Claro que não… - ela fala.
- Ajudou sim. - eu falo pegando um pedaço de pizza.
- Você está morta, Ella! Morta! - oh, que grande motivador é o meu tão bom amigo, James.
- PAREM COM ISSO VOCÊS DOIS! - a Heyoon grita entrando em pânico e eu não sei por que tanto tumulto.
- Ella, explica direito o que aconteceu. - ela pede, e eu olho para o James e o Kaio, que estão num estado surpreendente.
Desde quando eles se tornaram tão medrosos?
- Se esses dois me deixarem falar. - eu falo um gole da minha cerveja os observando.
- É melhor falar logo, antes que o seu esconderijo seja descoberto e mil e um homens entrem aqui para massacrar você. - o Kaio diz, e para contexto, ele é filho de um agente secreto da FBI que era amigo do meu pai.
- Você é doida. - os dois falam ao mesmo tempo.
- SHHH! - eu e a Heyoon falamos, já exaustas olhando para esses dois que ainda com a expressão facial mais para lá do que para cá se sentam, para escutar como eu enfiei uma bala bem no meio da cabeça do filho da mãe que sequestrou a minha mãe, e ainda matou e esquartejou o meu pai, bem na minha frente, na frente de uma criança de sete anos sem piedade ou remorso algum.