ELLA.
- Está bella, Ella. - a Ginevra elogia, me observando minuciosamente de cima a baixo, e eu forço um sorriso.
- Obrigada. - eu agradeço-a, e os olhos dela, continuam a analisar-me detalhadamente, sem receio nenhum, e eu estou a ficar desconfortável e com vontade de arrancar os olhos dela.
- Alexander. - ela fala levando o seu olhar para ele, que está servindo whiskey do outro lado da sala com o Leonardo, e eu observo os dedos dele... os anéis nos seus dedos, eu quis dizer.
Afff...
Eu sinto o meu rosto ruborizar por alguma razão i****a, quando ele dá um sorriso para a avó.
- Então, como foi o vosso almoço? - ela questiona.
- Foi bom. - eu respondo, já que ela olhava para mim, por alguma razão.
- Bom? Mesmo com a ex do seu esposo indo ter a vossa mesa, um dia após o vosso casamento? - a Chiben questiona sorrindo irônica.
- Seria esse um problema, Chiben? - por mais que eu não me importe, eu não quero que achem que eu sou uma boba.
- Como você mesma falou, supostamente eles estavam noivos, o casamento foi apressado, ela queria conversar, não teve a melhor abordagem, mas foi perceptível. - eu digo-lhe e ela observa-me atenta e depois sorri de ódio.
- Hahaha! - ela sorri falsamente. - Eu não sei se você é ingênua ou se simplesmente o Alexander achou a mulher menos ciumenta por ele, na terra. - oh, ela denuncia-se tanto.
- O que quer dizer? - assim, eu gosto de atiçar.
- Nem todas as mulheres são ciumentas, Chiben. - a Ginevra diz levantando o seu olhar para ela que sorri sem graça.
- Talvez seja porque ela mesma tenha mais ciúmes que a própria esposa do meu irmão. - o Leonardo provoca rindo, e o Alexander, simplesmente a observa como se estivesse à espera de uma reação explosiva dela e do Stefano, que está até agora com o semblante odioso e a Clarisse, está ao celular.
- Muito engraçado, Leonardo. - ela fala sem graça, e ele observa-a com um sorriso sarcástico no rosto. - Visto que conhece o Alexander a tempo o suficiente para ele decidir deixar a ex-noiva, para casar-se com você... - ela fala com desdém. - Eu assumi que soubesse da fama de mulherengo do meu cunhado. - ela fala levando o olhar dela até ele, que só a observa, dando a mínima para o que ela diz e ainda sorri, levando-o copo de whiskey aos seus lábios novamente.
- Devia se calar, Chiben. - a Ginevra diz para ela que ruboriza.
- Por que devia? - o Stefano questiona.
- Ih... - o Leonardo diz sorrindo com a intromissão do irmão.
- A Chiben não contou nenhuma mentira, está apenas deixando a Ella, informada. - ele fala e eu o observo.
- Obrigada pela preocupação, mas como disse a Chiben, eu conheço o meu esposo... - eu falo propositalmente para a ver ficar vermelha, e o olhar do Alexander veio até mim, e eu fiz questão de ignorar. - E eu garanto a vocês que eu não sou nenhuma tola. - eu pontuo fazendo todos eles olharem para mim, e a Clarisse desliga o celular com o seu olhar em mim.
- Claro que não é. - a Chiben diz num tom irônico e eu ofereço-a um sorriso me levantando, com uma vontade imensa de meter a minha mão na garganta dela, e retirar as cordas vocais dela.
Nem engessada ela cala a boca.
A voz dela me irrita.
Mas eu só me levantei por causa do Gerardo, o mordomo, se ele apareceu aqui...
- O senhor Salvatore e a senhora Kassandra já descem, a mesa já está posta. - ele informa, e os outros se levantam, menos a Chiben que obviamente acidentou-se sozinha para chamar a atenção de alguém específico, e está frustrada simplesmente porque não obteve o que esperava.
Eu saio na frente, afinal, eu tenho a missão de conseguir uma faca agora, ou eu não faço ideia ainda de como o farei para conseguir outra.
Para terem noção, tem homens parados discretamente a cada virada do corredor dentro da casa.
O Alexander com certeza não faz questão de me apresentar os cômodos, e eu tenho a certeza que esses homens o devem informar de qualquer coisa aqui.
Eu não posso simplesmente apagá-los dentro da casa, seria muito óbvio que fui eu, e não é isso que queremos.
Todos vem atrás e eu procuro caminhar o menos suspeita, possível, portanto, chegamos a sala de jantar todos ao mesmo tempo, e a única coisa que deu para fazer sem que nenhum deles se apercebessem foi puxar os meus talheres e os do lugar do Leonardo, mais para a borda da mesa.
O Alexander se aproxima e eu faço questão de puxar a minha cadeira para trás, enquanto ele foi afastar a cadeira da avó, e no momento em que o Stefano chegou com a Chiben no seu lugar, eu bati o meu quadril contra a mesa, discretamente, e como é óbvio os talheres que eu havia puxado caíram, e por conta do gesso da Chiben, pela cara dela, nem ela mesma tem certeza se foi ela ou não.
- Me desculpem, eu ainda não estou habituada com o gesso. - ela diz sorrindo sem graça sob o olhar deles, enquanto eu me baixo, fingindo que o meu intuito é coletar os talheres e assim que estou de baixo da mesa, apressadamente, pego a faca para carnes, muito bem afiada por acaso, e coloco por depois do acessório na minha perna que está me apertando que só.
- Senhorita, nós faremos isso. - uma senhora diz vindo e eu levanto-me, entregando-a um dos garfos só para cena.
- Tudo bem. - eu falo para ela me levantando, enquanto ela se baixa.
Ótimo.
A senhora que apanhou os talheres sai e outra repõe, para o Leonardo e para mim, quando o Alexander senta-se do meu lado, e assim que ela sai, eu e o Leonardo nos sentamos também.
Não devia, pois logo em seguida os reis da criminalidade chegaram, e mesmo não querendo, eu tive de me levantar, até eles se sentarem.
RAIVA.
O meu corpo aquece de raiva e ódio de mim mesma por estar-me levantando e ter de me sentar a mesma mesa que o assassino do meu pai, e dos filhos dele, na companhia da traidora da Clarisse, sem puder fazer merda nenhuma.
Eu sento-me, sem fazer questão de olhar para o rosto dele, eu estou com uma faca aqui e a vontade de simplesmente fazer algo que vai me matar em dois segundos é demasiado tentadora.
- Está linda, querida. - a Kassandra elogia-me e eu forço um sorriso.
- Obrigada. - eu agradeço e ela assente, levando o seu olhar para o filho do meu lado que não lhe dá a mínima agora.
Humn... eu estou com a estranha sensação de que alguma coisa não está boa entre os dois.
- Nós sairemos amanhã, querida. - ela fala voltando o seu olhar para mim. - Iremos fazer compras, conversar, o que acha? - ela questiona e humn...
- Será ótimo. - eu falo, e sinto os músculos do Alexander tensionarem.
- Ótimo, eu sairei mais cedo com a senhora Ginevra, eu ligo-a para quando estivermos a voltar. - ela informa e eu sorrio.
Ai... como isso é bom.
- Claro! - eu exclamo e ela sorri.
Os funcionários deixam as estradas, e saem.
- Ella. - o meu corpo vibra de raiva quando o Riina chama-me pelo nome.
Quando ele diz o meu nome eu fico literalmente enojada.
Ele suja o meu nome, eu gostaria de arrancar o meu nome da boca dele.
Eu levanto o meu olhar para ele, pois a minha garganta simplesmente trancou.
- Espero que não esteja ofendida pelo que aconteceu durante o almoço? - ele está a questionar.
AH...
Não é como se eu devesse esperar mais.
Ele quer que eu diga não, e esse será o pedido de desculpas dele? Não que eu precise de um, pois no final das contas eu não vou perdoar, mas ele podia esforçar-se mais.
Eu sou supostamente a esposa do primogênito e herdeiro dele.
- Requer muito mais coisa para me ofender, senhor. - eu respondo-o e ele assente, me observando atentamente.
- Bem, eu aprecio muito a família, e provavelmente não seja algo que esteja habituada a sentar-se à mesa com tantas pessoas, não deve ter sido um costume para você... - ele fala eu aperto a minha mão contra a cadeira, para gerir a minha fúria enquanto observo esse filho da mãe.
VOCÊ TIROU ISSO DE MIM!
VOCÊ, CANALHA!
- Porém, nessa família todas as refeições para além de serem feitos a horas, são também feitas em conjunto, é algo para além de cultural, é uma regra. - ele tenta falar num tom que soa menos tirano.
Como se eu não tivesse visto com os meus olhos o que ele foi capaz de fazer.
- Qualquer saída ou pretensão de sair nesses horários devem ser comunicados antes do horário, para evitar desentendimentos, esses momentos são levados muito a sério. - ele diz-me observando e eu ergo as sobrancelhas como quem diz, "é mesmo?".
- Não devia se preocupar com as regras, eu garanto que a Ella já as sabe. - o Alexander fala, mas num tom que soa bem superior ao do pai.
Bem, o aprendiz se torna melhor que o mestre eventualmente, não?
O Alexander passa o seu olhar para ele e depois para mim arregalando subtilmente os olhos e dando um sorriso.
- Isso é ótimo! - ele exclama e eu esforço-me para dar meio sorriso, mas duvido que tenha feito isso com sucesso.
- Há pouco tempo ela não soube quem é a minha mãe. - o Stefano comenta num tom acusatório. - Eu acho que ela tem muito que aprender. - ele conclui, e eu consigo ver um sorriso de canto no rosto da Kassandra.
- Bem, não é desse jeito. - eu falo num tom inofensivo, atraindo a atenção deles.
- Eu... - eu finjo estar relutante. - Eu desconhecia da existência da... senhora Clarisse. - eu falo levando o meu olhar para ela, que fecha a cara automaticamente.
- Eu conhecia apenas a senhora Ginevra, ela é uma pessoa pública e para além disso o Alexander sempre falou muito bem. - eu falo levando o meu olhar até ela que sorri amistosamente, acho que elevei o ego da Riina.
Era o que eu pretendia.
- Obviamente a senhora Kassandra, ela é também uma pessoa pública, envolvida em vários... projetos intrigantes. - eu falo e ela sorri. - E bem, ela é a mãe do Alexander e ele também sempre falou carinhosamente da senhora. - eu falo sentindo o cheiro do ego deles inflando.
É tão fácil inflar o ego de pessoas idiotas, maldosas e sanguinariamente ambiciosas, com o mínimo dos elogios, por mais disfarçados que eles sejam, incendiam o seu desejo de serem aclamados e vistos num lugar que não lhes é pertencente.
- Mas eu desconhecia a senhora Clarisse. - eu falo talvez com uma intonação mais odiosa, olhando para o rosto dela, mas eu não consigo evitar.
O seu rosto está obviamente quadrado de tão fula que está e não quer demonstrar.
- Bem... - ela fala pigarreando e sorri facilmente. - Eu tenho certeza que o Alexander já falou de mim, alguma vez. - ela pontua e o Alexander ri!
Mas um riso, que preencheu a sala toda, um riso gostoso, que fez o Leonardo começar também, e mesmo quem não viu graça, sentiu as bochechas erguerem.
A cara dela ficou pior que a anterior, e ela toda vermelha de raiva e vergonha, e eu gosto.
As minhas veias gostam porque é exatamente assim que ela devia ficar.
É assim que eu a quero deixar.
- O que faz você achar que eu falaria de você? - o tom sarcástico e desdenhoso do Alexander, deve ter cortado a alma dela, tal como a do pai.
Do outro lado, por mais que educadamente, a Kassandra sorri discretamente.
- Eu a desconhecia até ontem. - literalmente.
Eu achei que você fosse uma pessoa completamente diferente esse tempo todo...
- E acabo por confundir, eu lamento por não saber de quem você é filho, mas é que como eu mencionei anteriormente eu, não estou habituada a... - eu não devo ser tão rude agora.
Respire, Ella.
- Você não precisa se explicar. - o Alexander diz, fazendo-me levar o meu olhar até ao dele.
- Eu penso que é exigir demais da minha esposa entender... isso. - ele fala de forma cortante, e eu gosto disso simplesmente pelo fato do meu corpo vibrar com a cara da Clarisse e do Salvatore.
- Não é algo convencional, que ela esteja habituada, e eu não permito que exijam isso dela. - ele fala nem ligando para eles.
E eu vejo que o Salvatore está se segurando para não soltar fumos e fogos.
- Bem, isso não é motivo de debate, eu concordo. - a Ginevra fala apaziguando tudo.
- Bem, desde que a minha nora me conheça, está tudo bem. - a Kassandra diz num tom irônico e de quebra-gelo e eu sorrio, retribuindo o sorriso dela.
A cara dos três sentados do outro lado da mesa me satisfaz, e o que vai acontecer mais tarde, com certeza, também o faz.