Capítulo 5

2161 Words
ELLA. Três dias passaram-se e foi o suficiente para os três se acalmarem. Tempo suficiente também, para eles pararem de chamar-me de inconsequente, e voltarem ao normal e o suficiente para eu festejar que matei o filho da mãe, que simplesmente tirou tudo de mim, sem remorso algum. Mesmo sabendo que com certeza ele está morto, eu não festejei tanto quanto achei que o faria, afinal esses simplesmente sumiram, novamente. E garantidamente, matá-lo desse jeito, não era o meu objetivo. Eu queria torturá-lo, do mesmo jeito que ele fez com o meu pai, eu queria enfiar uma faca no seu peito e abrir o seu corpo lentamente ao som dos seus gemidos. Eu queria escutar ele pedir perdão pelo que fez, eu queria que ele mesmo me dissesse para onde ele levou a minha mãe. E da mesma forma que eu não conseguia dormir cem por cento antes, eu não consigo agora, mesmo tendo a satisfação de vê-lo desfalecer por um tiro certeiro meu. São duas da manhã, a Heyoon veio jantar comigo, a mãe dela cozinhou os meus pratos preferidos. Neste momento estou na cozinha do meu loft, sem sono, preparando chocolate quente, aqui sozinha, porque a Heyoon Kim, já se foi. Clink, clink, clink... É o som que preenche os meus ouvidos mexendo o meu chocolate quente, com a colherinha, subindo até ao meu quarto. Assim que eu chego, o meu celular que está na mesinha de cabeceira começa a tocar. - Humn... - eu balbucio tirando a chávena da boca e a depositando na mesinha de cabeceira e faço uma careta quando vejo o nome do Kaio. - O que ele faz acordado a essa hora? - eu questiono retoricamente me sentando na cama, e atendendo. - Kaio? - eu questiono. - O que aconteceu? - eu consigo escutar a respiração ofegante dele. - Eu... eu... - ah, valha-me. - Eu, eu, eu. - eu o imito. - Fala logo, Kaio. Porquê você está gaguejando? - eu lhe questiono começando a ficar preocupada. - Eu acho que matei alguém... - pouca coisa me surpreende, mas isso! - QUÊ? - eu o questiono me levantando. - Kaio, você não está brincando não é? - eu questiono-o. - Ella, você acha que eu brincaria com uma p***a dessas? - ele questiona sussurrando e audivelmente indignado e eh dou de ombros. - O James está desmaiado, tem como você vir para cá logo, as nossas cabeças correm risco de serem tiradas do nosso corpo. - eu sorrio mesmo preocupada, com o drama dele. - Achei que apenas eu era a assassina do grupo. - eu comento, deixando o celular no viva-voz, me trocando. - E que p***a vocês estavam fazendo? Não era suposto você estar a dormir a essa hora, você não tinha um projeto para apresentar na sua faculdade? - eu questiono pegando a minha jaqueta. Eu ouço o som de carros chiando e tiros soando. Porra! - Era... - eu o ouço falar. - c*****o, agora não é hora para você ter desmaiado Kent! - eu ouço ele gritar. - Ella... venha logo! - ele grita enquanto eu desço às escadas, apressada, pegando a minha arma, e saindo logo em seguida. - Estou vindo, me mande a localização e tentem não morrer até lá. - eu falo trancando a porta e corro até ao meu carro. - É isso que estou tentando fazer. - ele responde irônico e eu sorrio, já pisando no acelerador, e vendo o que ele me mandou. - Rápido! - ele grita, e eu suspiro frustrada. Que p***a aconteceu? - Tá, tá, tá. - eu falo verificando a localização. Por que esses idiotas foram para o Porto a essa hora? - Fique calmo, e tente acordar o James. - por mais que tenham feito merda, os dois acordados, aumenta a probabilidade de eu os encontrar vivos. Poff! Isso foi um murro? - Oh, caralho... - eu ouço o gemido e o xingamento do James. O método não importa, quando deu resultado. Boa, Kaio. - Baixa a cabeça, p***a! - eu escuto o Kaio gritar, e com isso escutei o som de vidros estilhaçando. - Quem está seguindo vocês? - eu questiono completamente confusa. O problemático é o James Kent, e não o Kaio que com certeza, seria incapaz de se envolver num problema que envolva armas ou perseguição, principalmente quando ele tem algum projeto importante, e uma bolsa de mérito, impedindo que ele tenha uma reputação manchada. Não que ele precise de bolsas de estudos, mas ele é o típico menino de ouro, e ele realmente me adora; por isso, está envolvido nas minhas coisas, já o James... Por mais que seja irônico, o Kaio, é filho de um agente da FBI, o seu pai era amigo do meu, mas ao contrário de mim, ele não quer ter nada a ver com esse mundo, ele é mais nerd. - Longa história... - eu ouço o James falar e eu reviro os olhos. Com certeza é coisa dele. - Eu vou desligar. - eu falo, já desligando sem aguardar a resposta de ambos e acelero o máximo possível até onde indica que eles estão. Pegar atalhos de madrugada, é sempre mais fácil, as estradas estão sem tráfego algum. No mato, é onde mostra eles parados, e é onde eu estou, mas não vejo nenhum deles, apenas o carro. - Não, não, não... - eu balbucio começando a ficar com medo que alguma coisa tenha acontecido com eles, quando observo com a lanterna do meu celular, o carro do James, com o vidro traseiro completamente estilhaçado no banco de trás, algumas manchas de sangue fresco, eu presumo que seja de algum ferimento e não de tiro. - Que merda... - eu balbucio olhando para o chão procurando por passo, mas apenas encontro rastro de rodas. O meu sangue está a ferver, e eu não suporto pensar que alguma coisa aconteceu com nenhum deles. Eu já perdi pessoas o suficiente, eu irei ficar louca se eles tiverem feito alguma coisa com eles. Eu entro no carro novamente, e sigo as marcas. Não demorou muito até eu ver o carro na frente e a silhueta deles, armas apontadas para a cabeça de cada um no banco de trás, mas como eles são idiotas! Eu baixo o meu vidro, tentando os alcançar, antes de entrarem novamente para a autoestrada. Eu pego na minha arma suspirando frustrada, porque eles decidiram andar em ziguezague agora. Eles acham que eu sou uma palhaça, é isso? Puxo o gatilho na direção da roda que explode, e eles perdem a direção momentaneamente, mas conseguem aproximar-se da estrada, eu me apresso para atirar no outro pneu de imediato. O carro chia, e eu faço a ultrapassagem parando na frente do mesmo, fazendo-os travar bruscamente, os bloqueando antes de chegar na autoestrada. Por que eu não quero ir para a autoestrada? Pelo simples facto de terem câmeras, e aparentemente eles já estão envolvidos em problemas que bastem. - O que você está fazendo? - um dos homens grita saindo do carro, e eu caminho na sua direção. - Oh, roubou a arma do papai, para salvar o namoradinho… - ele diz sorrindo. Ele realmente acha que é engraçado. Eu conheço de algum lugar a cara dele… - Me diga qual é, o Kent ou o Smith? - ele questiona. - Ela está com uma arma, c*****o! - um deles grita de dentro do carro. - Escutem, eu não entendo o que aconteceu. - eu falo, me inclinando a capô do carro, olhando para o que estava a dirigir e depois volto o meu olhar para o i*****l parado do lado da porta. - Mas eu tenho certeza, que vocês não querem continuar com a vossa brincadeira. - eu falo, procurando controlar a minha vontade de já disparar na cabeça desses palhaços, girando a arma entre os meus dedos. - Vamos, tirem eles do carro. - eu falo e eles encaram-se, e instantes seguintes eles começam a rir. - Quem você acha que é, moça? - o que está no volante questiona desdenhoso. - É melhor sair daqui, e não se meter se não quiser dar trabalho ao seu papai, não devia estar fora de casa a essas horas. - o daqui de fora fala descendo o seu olhar em mim, e eu fecho os meus olhos, inspirando fundo. Rapazes… Eu atiro para a mão dele, no segundo seguinte, fazendo ele deixar a arma cair, que eu me apresso a pegar. - Oh, argh. - ele geme alto de dor indo para o chão. - Que drama. - eu falo pegando na sua arma, indo para o lado do motorista que está pálido agora, e meio paralisado. Eu não sei quem esses filhos da mãe são, ou o que querem com o James e o Kaio, que agora se desenvencilharam lá dentro batendo nos outros dois no banco de trás, mas com certeza não sabem nada, e estão fazendo isso de pirraça. - Eu atiro em você também, ou você sai da p***a do carro? - eu o questiono abrindo a porta e ele me observa horrorizado. - Tudo bem, baixe essas armas… tudo bem, estou saindo. - ele diz levantando as mãos e saindo destrambelhado do carro. E os dois, no caso o Kaio e o James saem também puxando aqueles dois. - Você demorou. - o Kaio balbucia soltando o outro moço, passando a mão pela sua testa, que está sangrando pela sua bela pele n***a. Que merda, hein. - Para lá, vamos! - eu falo os direcionando para a árvore aqui. - Quem é você? - um deles questiona confuso. - Eu falei para vocês me deixarem em paz. - o Kaio fala rindo e eu reviro os olhos, enquanto o James que está todo ensanguentado vai buscar a corda que fica na bagageira do meu carro. - Mãos para trás. - eu nem vou os revistar, é só uma pequena tortura. Os quatro entreolham-se. - Não ouviram? - o Kaio questiona engrossando ainda mais a sua voz. Nem parece que estava a gritar de medo a pouco tempo. - Você é bonita demais para pegar em armas e ainda para andar com esses imbecis. - um deles fala, e eu assisto os dois idiotas dos meus amigos os amarrando e eu caminho para o carro deles. - Vamos ver o que os matulões têm aqui… - eu falo comigo mesma, mexendo nas coisas. Humn… dinheiro. Ótimo, suficiente para o Jake arranjar o carro. - Ei, deixe isso! - o que estava no volante grita. - Cara, por favor… - ele choraminga. - Esse dinheiro é do meu pai. - own, como é fofinho. - Oh, que peninha… - eu falo levantando o maço de dinheiro para eles que estão atados ao tronco da árvore e o James e o Kaio veem até mim. O James está bem mais ferido que o Kaio, eles levaram uma bela de uma surra. - Considerem isso como pagamento pelo que fizeram com o outro carro. - eu digo-lhes e os quatro expiram frustrados. - E outra, vocês não vão abrir a boca sobre isso, senão quiserem receber uma visita surpresa depois. - eu falo retirando a munição da arma deles. - Estamos entendidos? - eu questiono-os atirando a arma que lhes pertence para dentro do carro dos mesmos. - Entendidos? - o Kent os questiona todo sapeco agora. - Entendido. - eles murmuram, mas é o suficiente para mim. - Cara, me tire daqui. - o que eu dei um tiro choraminga enquanto eu caminho para o meu carro. No que esses dois se meteram? Entro no carro e os dois entram instantes a seguir. - Como eu amo você! - o Kaio fala puxando a minha bochecha se sentando no banco do passageiro, enquanto eu retiro as minhas luvas. - Vocês dois vão me explicar que merda foi essa? - eu os questiono fazendo a manobra para ir até onde o carro do James estava. O Kaio fica calado e eu subo o meu olhar para o James pelo espelho, e ele está subindo a camisa, que está ensopada de sangue. - Isso foi uma facada? - eu questiono incrédula e ele se ajusta a cadeira fazendo uma careta. - Sim. - ele responde e eu suspiro indignada, mas me contenho. - Que p***a aconteceu, porque vocês estão aqui a essa hora? - eu questiono confusa. - Eles são colegas da faculdade do Kaio. - o James responde. - A culpa foi toda do James, eu não queria problemas… - o Kaio fala voltando a entrar em pânico. - Eu ajudei você, seu i****a. - o James fala atrás. - Ah, ah, ah… - ele mímica sarcástico. - Olha como ajudou, se descobrem isso eu estou ferrado. - ele diz e eu suspiro fundo. Eu só queria descansar e tomar um chocolate quente. Mas me parece que a minha noite será mais longa do que eu esperava.
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