Kaio Smith.
Depois do plano, obviamente não tão bem planeado do Kent, nós retornamos a casa.
Deixamos a Heyoon, o mais engraçado, é que a senhora Soo, consegue ser a mais controlada e menos medrosa do que ela…
Talvez mais do que nós.
Mas com o esposo que ela tinha, o padrasto da Heyoon, ela já sofreu o pão que o d***o amassou, e nada a surpreende mais.
Todos nós ficamos aliviados em saber que ao menos um de nós a viu, e supostamente, ela está bem.
Supostamente, senão ela não estaria na merda de um hospital, tão pálida, igual uma zombie como disse o Kent.
Ele veio comigo até a minha casa e para mim é melhor assim.
Não está ninguém aqui, só os funcionários.
Mal entramos e fomos verificar o funcionamento da AirTag da Ella, e bem, embora ter a dado um maldito de um celular, a arma dela, ou até dinheiro fosse ser mais inteligente, ele até que pensou.
Sabendo onde a Ella está, talvez poderemos montar um plano para resgatá-la.
Eu apenas mandei uma mensagem para o meu pai, ele está numa missão agora.
O clima está minimamente mais leve que o anterior, talvez por sabermos e confirmarmos que ela ainda está viva, mesmo que claramente impotente.
Se nem toda a base consegue chegar até eles, infelizmente, nem a Ella, mesmo ela sendo a pessoa mais astuta que conheço, ela não tem como fazer absolutamente nada, estando lá, e sendo controlada daquela forma.
Ela não tem.
Eles têm olhos e ouvidos em tudo quanto é canto, não é uma luta justa quando eles tem todos os recursos e ela tem somente a ela, e mais nada.
Nenhum sistema para embater com as dele, nenhuma arma para combater com eles e nem seria justo, mesmo ela tendo todas as habilidades para tirar todos os órgãos de qualquer um, o que ela já provou mais de uma vez que pode fazer, são centenas, milhares, contra ela.
Impossível!
Nós ficamos horas observando o monitor até tarde da noite com ele.
Eu despertei com o meu alarme tocando.
- … - eu murmuro desligando ele, me dando conta de que eu dormi aqui do nada.
A luz entra aqui e eu suspiro fundo passando a minha mão no rosto sonolento.
- Porque você não me acordou? - eu questiono com um olho fechado e com o minimamente aberto observando o Kent, aí escorado da porta da sacada.
- Você não dorme há dias, devia dormir mais. - ele fala num tom que não é do seu costume.
Ele inspira fundo olhando para o monitor e eu levo o meu olhar para ele também.
- Merda… - eu balbucio atordoado vendo que a localização mudou.
- Ela saiu do hospital, a levaram para a porcaria daquela mansão. - ele fala e eu suspiro fundo.
- Ei, fique calmo. - eu falo, me levantando e me espreguiçando.
Eu dormi na merda da minha poltrona.
- Se ela saiu do hospital, é porque ela deve ter melhorado de seja lá o que tiver acontecido. - eu digo e ele suspira.
- O que se passa com você? - eu questiono porque ele não se comporta assim normalmente.
- Nada. - ele diz e eu observo-o minuciosamente.
- Ela disse para você alguma coisa que você não me contou, Kent? - eu o questiono desconfiado.
- Ela não falou merda nenhuma, Kaio. - ele diz nervoso e eu inspiro fundo.
Isso tudo é uma merda.
- Ela não falou quase nada, ela está lá cativa, por minha causa, e não pode fazer e nem sequer consegue falar merda nenhuma. - ele diz e sinceramente eu não sei mais o que pensar e nem fazer mais.
- Se continuarmos desse jeito, em solução nenhuma iremos chegar. - eu falo para ele que suspira fundo passando as mãos no seu cabelo e entrando no quarto completamente, fechando a porta da sacada.
- Porque o seu alarme tocou essa hora? - ele me relembra e o meu cérebro acorda.
- p***a… eu tenho que ir deixar um trabalho na faculdade. - eu falo tirando a camisa e caminhando até ao banheiro.
- Você não vai? - eu o questiono de borla, afinal, ele só pisa lá quando o convém.
- Está realmente me perguntando? - ele diz enquanto eu coloco a escova elétrica na minha boca, retirando os meus calções e indo deixar na roupa suja.
- Eu não quero me cruzar com o… Marconi. - eu falo com a escova na boca, fazendo xixi.
Eu não posso me atrasar.
Que merda.
- Eu vou tomar banho. - ele diz e humn…
- Ok. - acho que posso usar o Marconi como desculpa agora.
Eu escuto-o sair do quarto, e eu vou até ao box e tomo banho de uns dez minutos.
Visto-me rápido, e na mesma velocidade organizo o trabalho, e encontro o Kent aqui em baixo comendo.
- Bora, cara. - eu falo vendo ele ali, comendo.
- Senhor Kaio, devia comer antes de sair. - a Ceci diz, me vendo.
- Não dá, eu estou atrasado. - eu respondo-a. - Vamos logo, Kent. - eu falo já caminhando até a porta olhando para o relógio, e escuto a cadeira afastar.
- Estava tudo muito bom, Ceci. - eu escuto ele dizer. - Deixe-me acompanhar esse nerd para a faculdade. - eu escuto ele dizer e eu reviro os olhos saindo e desbloqueando o meu carro.
- Você age como se não tivesse aulas também. - eu falo colocando os documentos guardados, enquanto ele entra sem material algum.
Mal eu acelero para fora dali, o celular dele toca.
- É a Heyoon. - ele diz atendendo.
Ela estava muito nervosa ontem.
O caminho inteiro a faculdade nós falávamos com ela, enquanto ela ajudava servindo as mesas do restaurante.
Eu cheguei a tempo a faculdade, e fui direto atender os requisitos da submissão do meu trabalho, e eu gostaria de dizer que o James foi para a aula dele, mas m*l entramos e ele já estava flertando com uma menina qualquer.
Com certeza foi extravasar a raiva dele no meio das pernas dela, em algum lugar da faculdade se eu bem o conheço.
Desde que não seja fazendo outra loucura, para mim está de bom tamanho.
Eu prossegui com as minhas aulas tranquilo.
Essa merda até a última aula, quando eu vi o Marconi entrar e na mesma hora a minha concentração some e o meu coração descompassa.
As minhas mãos começam a soar, sentindo o olhar desse filho da p**a em mim, porém, tento manter-me impassível.
Que merda!
Medo, Kaio?
Não, eu não tenho medo daquele i****a.
Bem, nem tanto.
Não dele especificamente, porque eu tenho a capacidade de matar ele se assim… a minha coragem, o quiser.
Eu tenho medo porque ele pode destruir a minha vida, se ele abrir a boca.
Ele me viu matar o maldito do segurança dele.
Se ele fala eu estou fodido, a minha bolsa estará fodida, tal como o meu currículo, a minha reputação, o meu futuro emprego, a minha vida inteira ficará fodida.
Eu fico fecho os olhos, e mesmo assim as imagens… o sangue que eu derramei naquele maldito yacht, o cadáver daquele homem, voltam a atormentar a minha cabeça.
- Kaio? - eu escuto a voz do docente chamar por mim, e eu abro os olhos assustado sentido o olhar de todos em mim.
- Algum problema? - ele questiona e eu sinto uma vontade absurda de me matar também.
Que porcaria foi que eu fiz?
- Eu… - Kaio, merda. - Eu não estou bem, senhor. - eu falo e ele me observa preocupado.
- Eu posso dizer. - ele afirma, me encarando. - Pode se ausentar se assim preferir. - não, isso vai manchar a merda do meu currículo.
- Pode ir, não terá ausência. - ele diz e eu assinto com a sua confirmação.
- Obrigado. - eu falo, me levantando e pegando as minhas coisas saindo da merda da sala, me sentindo a merda de um falhado.
Eu não ouso olhar na direção dele, eu simplesmente saio escutando o docente prosseguir com a aula.
- … - eu suspiro frustrado comigo mesmo.
Como a Ella consegue fazer uma coisa dessas?
Como ela conseguiu pensar, limpar a cena do crime, como ela conseguiu?
Como eu não consigo? Por que eu não consigo?
Eu sou uma merda, uma decepção de filho.
De raiva eu esmurro a porta da sala de limpeza na minha frente, e logo em seguida a minha cabeça.
Eu bato, mas as imagens simplesmente não somem.
Eu levo os meus olhos até as minhas mãos e só consigo ver sangue, o sangue do homem que matei, e o sangue do James que se feriu me protegendo.
- Que p***a! - eu esbravejo fulo comigo mesma batendo a porta com o meu pé.
- Oh calma, Smith. - merda.
Eu escuto a voz do Marconi atrás de mim.
E eu me viro olhando para ele, furioso.
Porque tudo é culpa dele.
Tudo o que está a acontecer é culpa dele.
Ele sorri, me encarando e eu sinto raiva.
- É matar uma pessoa pela primeira vez nos deixa desnorteados. - ele fala e instantaneamente clica o fato de que a Ella avisou que ele era perigoso.
- Saia da minha frente. - eu falo querendo sair daqui, mas ele simplesmente se coloca na minha frente.
- Oh, calma… - ele diz e o tom de voz dele irrita-me. - Eu não quero matar você. - ele diz sugestivo e eu o observo. - Não aqui pelo menos, eu não quero me denunciar. - ele diz e eu o encaro.
Que vontade de esmurrar a cara dele.
Mas eu não posso.
- Olha se eu não tenho razão de matar você. - ele diz, e eu franzo o cenho. - O Kent, irá fazer companhia a você, não se preocupe. - ele diz batendo no meu ombro e eu empurro a sua mão.
- Calma… - ele diz sorrindo levantando as mãos dele. - Ainda tem a moça estupidamente atraente que veio salvar vocês, já que os meninos não conseguiriam se safar sozinhos. - ele fala.
- Ela é a mesma que apareceu por aqui algumas vezes não? - ele questiona e eu não suportei ele descrever a Ella, que a minha raiva se apoderou da minha racionalidade e eu levei a minha mão até ao seu pescoço, mas imediatamente ele retira e coloca a dele no meu empurrando-me contra a porta.
- Ella, é o nome dela, não? - ele questiona e eu inspiro de raiva, retirando o braço dele e o empurrando.
- Tire o nome dela da sua boca. - eu falo furioso, e ainda bem que ninguém está nesse maldito corredor.
- Ela me amarrou numa maldita árvore. - ele diz, me empurrando de volta. - Atirou nos meus pneus e roubou o meu dinheiro para entregar a vocês. - ele diz apertando o meu pescoço nervoso. - E ainda… está casada com o ex-noivo da minha irmã. - ele fala entre os dentes e eu fico embasbacado com essa notícia, quando eu vejo o James aparecer e no mesmo instante, não só tira o Marconi de cima de mim, como desfere um soco nele deixando ele cair no chão.
E entro no meio antes que uma briga comece.
- Oh… - o Marconi diz sorrindo, limpando os seus lábios que rasgou com o murro e se levanta do chão.
- A surra que levou não foi o bastante? - o James o questiona querendo partir para cima dele, e eu o empurro para longe.
Ele cheirou, obviamente se drogou.
Porra, Kent.
- Eu quase mandei você e o seu amigo para o inferno e você acha que me deu uma surra, Kent? - o Marconi questiona.
- Cale a merda da sua boca. - eu falo puxando daqui o James.
- Podem fugir, eu entregarei a vocês a cabeça da vossa linda e corajosa amiga, antes de mandar vocês para o inferno, seus filhos da p**a! - ele exclama agressivo e eu respiro enraivado, e tanto eu como o Kent o mandamos o dedo do meio, e sem que eu parasse de empurrar com o meu corpo o James.
- O que aquele desgraçado está falando? - ele questiona ameaçando voltar para lá.
- Cale a boca, c*****o! - eu exclamo puto e extremamente preocupado.
- Ele estava a falar da Ella, c*****o! - ele diz enraivado, e eu o empurro me livrando dele.
- Exatamente, eles estavam falando da Ella. O que vai fazer, espatifar a cara dele, f***r a primeira garota que vir na frente ou cheirar mais pó? - eu questiono furioso comigo mesmo, e com medo do que eu causei para a Ella.
- Pare de agir como um i****a pela primeira vez e pensa c*****o. - eu falo, frustrado e caminho para a merda do meu carro.
PORRA!
Eu mando uma mensagem para o meu pai, contando o que acabei de descobrir.
A Ella está reclusa numa organização mafiosa, a mais poderosa, e supostamente, fez a organização aliada se tornar inimiga.
Ela tem duas putas organizações comandadas por criminosos extremamente protegidos e de alto escalão contra ela.
E tudo por minha causa.
E nem uma morte que causei e que ela me acobertou eu consigo superar.
- Que merda. - eu falo chutando a merda do meu pneu segurando a vontade i****a de chorar.
- O que aconteceu? - eu escuto a voz do James atrás de mim, e isso só me revolta.
- Eu sou uma merda de filho, uma merda de amigo, o que você acha que aconteceu? - eu o encarando e o questiono nervoso.
- Porque está a falar uma merda dessas agora? - ele questiona ainda na sua plena consciência, mas ele obviamente se drogou.
- O meu pai é um homem condecorado pelo governo, pelo mundo, e eu não consigo nem sequer ver a p***a de sangue. - eu falo. - Eu não consigo nem sequer ficar na merda de uma sala de aulas, dormir ou comer sem pensar na merda que fiz e que pode me destruir. - eu falo.
- Se me destrói, eu serei de uma vez por todas uma decepção para o meu pai, por não ser merda nenhuma, nem sequer metade e prestígio da honra dele, reconhecido apenas pelo sobrenome dele, e sem merda nenhuma. - eu falo com isso me atormentando dia e noite.
Eu estudo dia e noite para o fazer esquecer que ele tem um filho incapaz de deitar sangue, para ele se alegrar de ao menos dizer que o filho dele é um gênio.
Mas eu estou bem longe disso.
- Você fala como se o seu pai alguma vez tivesse cobrado isso de você. - ele diz e eu olho para o lado nervoso.
- Ele não falou, mas eu sei! - eu exclamo. - Nem a minha melhor amiga que se arriscou por mim, eu consigo pensar na merda de uma solução para a salvar, eu sou uma merda… - eu falo não me suportando.
- Ei… - ele diz, me puxando para um abraço que eu não quero.
Mas quero.
- Você fala isso como se não conhecesse a merda do pai que eu tenho. - ele fala e eu suspiro. - O seu pai está e é orgulhoso de você, e você sabe disso, devia parar de se cobrar desse jeito senão ficará louco. - ele fala numa tranquilidade, que só o pó o poderia dar.
- Eu é quem sou a grande decepção, a grande merda aqui, e todo mundo sabe. - ele diz enquanto eu me desenvencilho dele, ele bate nas minhas costas.
- E sabe qual é o segredo quando se é assim? - ele questiona dando a volta para o lado do passageiro.
- Ser bom em fazer merda. - ele diz e eu reviro os olhos.
- Claro. - eu respondo-o entrando no carro, e ele faz o mesmo. - E o que mais? - eu o questiono, iniciando o carro.
- Cheirar pó, é bom para começar. - ele diz e sinceramente, a esse ponto não me parece uma má ideia.
Não foi uma má ideia de todo para mim, porque assim que chegamos em casa, eu o fiz.
- Essa é a calmaria… - eu falo leve e solto, calmo e apreciando a luz do luar. - Que eu precisava. - eu completo deixando o meu corpo voar pelo céu, até cair na minha cama.
- A lua é tão formosa, não é? - eu questiono para o Kent, olhando para ela, e eu sorrio. - Tem cara da Heyoon. - eu falo rindo e apreciando a formosura da lua.
•••
- Oh… - eu gemo sentindo uma p**a de dores de cabeça me dando conta que adormeci, e depois de olhar para a cabeceira com pó, eu me viro para o lado entendendo o porquê.
Que merda…
O som da porta sendo batida ecoa pelas partes mais profundas da minhas cabeça aumentando ainda mais a dor.
- Já vou… - a minha língua está pesada ainda.
Eu saio desleixadamente da cama sentindo as minhas pernas leves como e pesadas simultaneamente.
Batem na porta novamente e eu faço careta ignorando o fato de ver a porta perto e longe ao mesmo tempo, quando finalmente alcanço a maçaneta e abro a porta.
E vejo a Heyoon.
Oh, merda!
Eu ia fechar a porta para não deixá-la me ver assim, mas ela já viu mesmo.
- Que merda hein, Kaio. - ela diz entrando e eu fecho a porta.
- Oi, Heyoon… - eu falo sem graça e obviamente grogue.
- É por isso que nenhum de vocês atendeu as minhas chamadas. - ela diz olhando para a mesinha e eu dou de ombros me lançando de volta para a cama.
- Você me ligou? Eu nem escutei… - eu falo e ouço ela suspirar de frustração.
- Onde está o James? - ela questiona e eu dou de ombros.
- No chão, no banheiro, comendo a Ceci… quero dizer, a comida da Ceci. - eu falo, me virando de barriga para cima passando as minhas mãos pelo meu rosto incomodado com a luz.
Ficou dia rápido.
- Ele não está aqui, e não está na casa da Ella e muito menos na dele. - ela fala preocupada, e eu dou de ombros.
- Ele deve estar com alguém, relaxa… - m*l eu falo, alguém bate na merda da porta novamente como se fosse o fim do mundo.
- Oh… - eu reclamo, enquanto vejo a Heyoon abrir a porta.
- Senhor Kaio! - eu ouço a Ceci exclamar e eu levanto o meu olhar para ela grogue.
- O que houve? - a Heyoon a questiona.
- O senhor James! - ela exclama e a minha visão fica nítida repentinamente. - Os seguranças o encontraram lançado na estrada todo ensanguentado. - ela fala preocupada e eu me levanto imediatamente, sóbrio.
Quando foi que ele saiu?
- Merda. - eu falo.
- Merda. - a Heyoon diz e saímos todos apressados até lá para baixo.
- Chame o médico, Ceci. - eu já mando e ela assente indo para o outro lado e entrando na sala, para encontrá-lo realmente todo ensanguentado.
- James? - a Heyoon chama por ele preocupada correndo até ele e eu sinto fúria, ele está inconsciente, mas o seu peito ainda sobe e desce.
- c****e. - eu falo, ele foi espancado, brutalmente espancado e eu tenho a imediata sensação de saber por quem.
O que você fez, James?
MERDA.