Capítulo 34

2183 Words
ELLA. Como um rito de iniciações de uma organização clandestina, eles tentaram não ser explícitos em tudo que tentaram me dizer. Quando eu sei dos genes que cada um, carrega no seu próprio corpo. Eu acho que de tanto chorar, eu consegui estabilizar-me, e canalizar melhor a minha raiva. Ela existe, e com certeza não sumirá nem após eu evaporar com a existência de cada um deles. Afinal de contas, morte seria uma bênção para seres como eles. O meu corpo anseia por torturá-los, e ver os olhos que me observam num misto de julgamento, curiosidade, e ainda intrigados, cheios de lágrimas. Escutar a voz deles, que falam com autoridade, falhar de dor, e acariciar os meus ouvidos com os seus gritos de pedido por piedade e misericórdia. Eu quero ver o corpo que eles usam para impor poder, intimidar e vestir-se com roupas luxuosas que eles conseguiram de forma injusta, molhados de sangue, que não para. Eu quero que eles sintam ao menos metade do que senti, ao menos isso, já que psicopatas desconhecem sentimentos. Eu quero fazê-los pagar por tudo que tiraram de mim, e de várias e milhões de pessoas. E eu o farei. Ou eu não me chamo… ELLA. - … - eu contenho o gemido que ameaçou escapar pela minha boca, quando íamos cruzar o corredor, e o Alexander levou-me contra a parede de maneira abrupta. Eu levanto o meu rosto alcançando o seu olhar enquanto eu sinto a sua mão apertar o meu pescoço. O seu olhar azul é escuro, ódio paira em cada canto dos seus olhos, e eu sorrio. Eu sei que isso o perturbou, mas eu não consigo evitar. Estava a demorar para ele agir como a natureza dele o ordena, eu estava a aguardar por isso. Ele fingiu por tempo que baste, ele tem a necessidade de se despir do fingimento dele. E eu estou feliz porque eu consegui fazer isso com tão pouco. Isso me conforta, pois, não sou eu a única que estou a ficar fora de controle a cada uma hora. Ele não está fora do controle da sua personalidade, pois ele é assim, ele está fora do seu personagem. Ele me revelou o monstro que eu vi mais cedo no hotel, e eu o farei pagar por colocar as suas mãos em mim. - Eu preciso relembrar a você, que está sobre o meu controle, Ella? - a sua voz máscula gutural, penetra os meus ouvidos, e a reação do meu corpo é completamente contrária ao que sinto. Eu não me esforço para arrancar as suas mãos do meu pescoço, afinal, aqui ele não vai me matar. Eu apenas me asseguro de manter a minha respiração controlada, apenas para não lhe conceder o prazer, de ver-me vulnerável a um monstro como ele. - Estou? - eu questiono-o retoricamente de forma irônica, e eu sinto a sua irritação na minha pele, no seu olhar, no seu rosto… E é satisfatório. - Distancie-se de quem eu não autorizei a sua aproximação… - a sua voz é… surreal, eu terei de admitir, faz as minhas veias vibrarem de adrenalina, e o meu coração disparar de fúria. - E não me faça repetir. - ele diz, deixando-me abruptamente e eu inalo o ar todo pelo nariz, recusando-me a deixar ele me ver ventar por ar, e sorrio. - Humn… - eu murmuro passando a minha língua subtilmente pelos meus lábios enquanto o observo. - Foi por isso que o seu irmão falou da sua possessividade, Riina? - eu o questiono e ele passeia os seus olhos sobre mim. - Você quer controlar até o incontrolável? - eu questiono-o sorrindo. - Você quer que eu aja de forma mais credível com a sua família, mas não quer que eu seja tão próxima? - eu o questiono e o rosto dele com o maxilar cerrado, consegue ficar melhor. - Não me obrigue a tirar a sua cabeça em menos de um dia, após ser declarada uma Riina, Ella. - ele diz e ewww. Eu? Uma Riina? Nem por cima do meu cadáver. - Me deixe fazer o que foi combinado, e mantenha as suas mãos distantes de mim, Alexander. - eu falo no mesmo tom que ele, e os nossos olhares simplesmente cativam um no outro, com a intensidade bruta do ódio. Ele quer me matar, e eu também. A intensidade, e a tensão, é aquela que a consciência puxa e impede que isso aconteça agora. Ele quebra qualquer que seja a merda que aconteceu, pegando na minha mão, a sua mão é forte e eu não consegui desenvencilhar-me dela, enquanto ele me puxa. - Você não me ouviu? - eu questiono, e ele volta o seu olhar frio para mim. - Cale a boca. - o seu tom de voz é mais baixo, subtil e casual, como se ele simplesmente não tivesse me mandado calar a boca da forma mais autoritária que já ouvi. Assim que cruzamos o corredor e eu avisto a enorme sala de jantar, já com pessoas sentadas à volta dela eu inspiro fundo, para manter a minha calma e controle. Idiota. Estão sentados à mesa, o Leonardo que agora olhando para nós tem um sorriso sugestivo. Não requer muito entender o que possivelmente deve-se estar a passar pela cabeça de outro i****a como ele. A Clarisse está sentada aqui, sorrindo, do lado esquerdo de onde provavelmente aquele filho do demônio deve sentar, presumo que a filha da máfia russa se sente do lado oposto. Mas ela ainda não está aqui. Ao lado da… da mãe, está o Stefano, ele tem muito da mãe e do pai também, e ao lado dele, está a esposa, a Chiben, que nem sequer fingi um sorriso. A mesa é enorme, e de forma elegante posta. Os funcionários bem uniformizados estão no fundo, e não mantêm contacto visual com ninguém. O meu coração aperta, porque por mais que eu tente ignorar, eu não consigo me aperceber como ela pode ter feito uma coisa dessas. Como ela simplesmente pode se sentar numa mesa dessas, quando eu literalmente não tive mais com quem me sentar a mesa para refeição nenhuma. E quando estive numa… na casa do senhor Smith, não se tratava da mesa da minha família, por mais bem-vinda que eu fosse. Eu fiquei sem mãe, sem pai, deslocada. Quando ela, e o filho dela, se sentam a uma mesa enorme, farta e por mais fodida que seja, uma suposta família. A minha mente insiste que isso é incompreensível. Como previsto, o Alexander ignora a primeira cadeira que deve pertencer à mãe, ele afasta a terceira ao lado do Leonardo, e ele senta-se na segunda. - Querida, como foi a sua instalação? - repentinamente ela questiona e eu reconheço a sua voz com a guardada no meu subconsciente, ela está apenas mais… como a deles. - Com o imprevisto de mais cedo, não lhe conseguimos prestar a devida atenção. - ela fala e eu soldou obrigada a recolher as minhas mãos por de cima da mesa, e deixei-as repousar sobre as minhas pernas quando eu senti, que eu não terei tanto controle sobre elas, e abro um mínimo sorriso. - Foi ótima, obrigada. - eu falo o mínimo e ela observa-me atentamente e assente calmamente, e eu levo o meu olhar para a Chiben e o filho dela. - Como se sente, Chiben? - eu não quero saber como ela se sente. Eu não podia me importar menos. Eu quero entender o que aconteceu. - Eu estou bem. - ela responde curta e tira o seu olhar de mim, para o Alexander ao meu lado. Humn... Ele mantém-se impassível, e de alguma forma isso parece irritá-la. E pela fama que ele tem, eu imagino o porquê, mas eu preciso de confirmação. - A ex-noiva do Alexander não conseguiu me matar. - ela fala repentinamente e eu franzo o cenho curiosa, quando os outros arregalam os olhos minimamente. - Chiben. - o Stefano a chama num tom repreendedor, e ela engole em seco. Mas eu não sou boba, ela não quer calar e eu quero que ela fale. - Ex-noiva? - eu finjo-me de confusa. Eu tenho completa noção de que eles só me aceitaram e o Alexander só quis que eu me casasse com ele repentinamente, porque tem alguma coisa, que eu ainda vou descobrir, mas era suposto ele casar com alguém da laia dele. E eu posso ser tudo, menos da laia dele. Eu vejo um sorriso tomar o seu rosto. - Você não sabe? - ela questiona retoricamente e eu prossigo com o meu teatro, enquanto ela leva o seu olhar para o Alexander. - Até ontem, o Alexander estava noivo, com a filha da família Marconi. - ela diz, e eu franzo o cenho. Marconi… Porra!!! O rapaz que eu prendi na árvore, que ficava perturbando o Kaio… Gerard Marconi, ele é o irmão dela. Que coincidência horrível! Oh, Kaio… eu espero que você se cuide até eu poder falar com você direito. - Chiben. - a voz do Alexander estremece a mesa, inclusive a Chiben, mas não o suficiente para a fazer parar falar. - Ela ficou furiosa quando recebeu a notícia que você, uma moça que não era conhecida por nenhum de nós, repentinamente se casou com o Alexander Riina. - ela diz e eu sinto o ódio na sua voz e contenho o meu sorriso. Humn… Parece que quem irá pagar o karma da Clarisse é o filho preferido dela. - Ela ficou furiosa e veio para cá, para tirar satisfações que na minha opinião, ela tem total direito. - ela até pontua. Tal como todas as moças da mídia, ela não tem diferença. - Eh… eu não entendo o que você necessariamente tem a ver com isso. - eu falo para atiçar e ela franze o cenho, e recebi um olhar escarnecedor do Stefano, o que a faz amenizar a sua expressão. - Quero dizer, a sua sogra estava preocupada, pois possivelmente você estava grávida, e se essa mulher tinha satisfações a pedir, porque iria pedi-lá a você, quando a mãe, o pai, a avó, os irmãos do Alexander estão aqui, Chiben? - eu não sei se consegui camuflar o meu sarcasmo direito, pois agora ela não tentou disfarçar o ódio. - O que está a sugerir, Ella? - o Stefano questiona-me, e o seu tom é ameaçador. - Eu quero apenas entender o que aconteceu. - eu falo de forma inocente. - Eu também gostaria que esclarecesse isso a minha esposa, Chiben, já que iniciou. - o Alexander diz, e o seu tom é provocador. E eu não sei se isso é mais pelo i****a do irmão ou da cunhada. - A Chiben passou por um episódio traumático, não deveriam pressioná-la desse jeito. - a Clarisse se intromete, e eu sorrio de raiva. Episódio traumático… Ah—Hahaha… Ela falou episódio traumático, e ainda, para não pressionar a mulher do filho dela… Que hilário. - Ela foi ordenada para que calasse a boca e ela optou por não fazê-lo. - o Alexander diz e a Zanan ruboriza. - Ela começou um assunto que não lhe cabia, e agora irá contar, minuciosamente para a minha esposa, o que exatamente ela tem a ver com isso. - o Alexander diz e eu consigo ver os olhos puxados da Chiben brilharem alertando lágrimas. - Não fale assim com a minha esposa, Alexander. - o Stefano fala, enfurecido. - Ou o quê? - sinceramente, eu também ficaria calado como ele ficou, depois disso. - Controle a sua esposa e depois olhe para você, e veja quem é para exigir alguma coisa aqui. - oh… OH! - Fale. - o rugido intimidou não só a Chiben, como a sogra dela, de alguma forma. Literalmente, um monstro personificado e moldado por algum demônio, onde a única qualidade é a sua beleza e construção física para cometer pecados. - A ex-noiva do Alexander veio e… - ela olha para baixo. - Todos estávamos exaustos, já sabíamos que isso aconteceria. - ela fala. - E como a primeira nora dessa família, eu quis preservar a paz, e fui conversar com ela de mulher para mulher. - ela fala. - Porém, a fúria de ter sido abandonada por uma mulher… desconhecida, sem aviso prévio, fez com que ela me empurrasse e o acidente aconteceu. - ela explica e eu a observo. - Satisfeito? - o Stefano questiona afrontoso, não parece que ele deita fácil. - É melhor ficar quieto agora, Stefano. - quem intervém agora é o Leonardo e eu observo isso. Inveja, com certeza eu não sinto. Repentinamente todos se levantam, inclusive a engessada, quando o Salvatore, a esposa e a mãe entram. E os meus pés formigam, eu não faço menção de fazê-lo. Eu tive de agir contra a minha vontade, até eles se sentarem, que eu faço o mesmo. Argh! A avó deles senta na outra ponta da mesa e os outros dois, exatamente onde eu previ. Uma ceia no meio de monstros. Automaticamente, a minha mente me prendeu dentro dela, ou eu surtava.
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