02°

1084 Words
Hugo Cavalcante. Eu odeio esse lugar! O que não fazemos por uma vingança? Bom, não há nada que eu não faça para me vingar dele, o homem que matou a minha mãe sem nenhuma piedade, que fez o meu pai tirar a própria a vida, e fez com que aos meus 15 anos, eu já tivesse que assumir o meu próprio complexo. Hoje com 29 anos eu estou aqui, na casa do inimigo, tramando o melhor jeito de me vingar... Há três eu me passei por um morador de rua e vim procurar abrigo aqui, no complexo do Vidigal, complexo comandado pelo Polegar. Tô aqui hoje como gerente, um dos de confiança dele, mas por enquanto, apenas um gerente, mas isso está prestes a mudar, hoje mais cedo eu montei uma armadilha para o 2N, braço direito do Polegar, os meus soldados se encarregaram de atirar trinta vezes contra ele na pista, e eu vou assumir o lugar dele, afinal, eu tive um longo trabalho tentando fazer o Polegar acreditar que só pode confiar em mim. Mas quando você cresce como eu cresci, aprende que não se confia na sua própria sombra, pobre Polegar, o fim dele está mais próximo do que ele imagina, e eu não perco por esperar o dia que verei esse verme implorando pela própria vida, nesse dia, Paraisópolis está em festa! Eu: chefe?- chamo ele enquanto bato na porta da sua sala. Polegar: entra logo Lobão- fala e eu entro- que cara é essa?- pergunta vendo a minha mais fingida cara de tristeza. Eu: teve uma emboscada na pista Polegar, o 2N não tá mais com a gente nessa- falo e ele paralisa me olhando. Polegar: pegadinha?- pergunta e eu n**o com a cabeça. Eu: sinto muito, mas o seu irmão tá morto chefe- falo e ele só esfrega o rosto. 2N é muito mais que o braço direito do Polegar, é o irmão legítimo dele, única família que lhe restou, bom, única família tirando a mulher dele, que vive em cárcere privado na casa dele, eu nunca vi, mas já ouvi falar, ele trata a mulher dele como um bicho, mas para mim e para o 2N, ele fala dela como se fosse a jóia mais rara que ele tem, e ela, vai ser a próxima coisa que eu vou tirar dele. Polegar: você vai ficar responsável por resolver todo o b.ó do velório e esses caralhos, tô sem cabeça agora- fala encarando o nada, ele fica um tempo em silêncio, mas logo pega o seu computador e joga longe- p***a- grita e passa as mãos pelo cabelo- SOME DAQUI p***a, VAI FAZER O QUE EU TE MANDEI- grita e eu apenas saio da sala dele. Eu queria tanto que tivesse sido eu a matar o 2N, mas eu precisava montar um halibe aqui, então, no momento em que mataram o 2N, eu estava bem aqui em reunião com o Polegar, e novamente fazendo a cabeça dele para ele acreditar que somente eu sou de confiança, e ele é facilmente manipulável, sem contar que é burro, não sei como ele conseguiu chegar onde está hoje. [...] Eu: eae irmão- falo assim que atendo a ligação do Abelha, meu braço direito em Paraisópolis. Abelha: fala irmão, como anda as coisas por aí?- pergunta e eu abro um sorriso enquanto olho os caixões. Eu: melhor impossível, tudo correndo nos conformes- falo depois de conferir que estou sozinho aqui- a minha volta para casa está mais próxima do que imaginamos- falo e ele dá risada. Abelha: assim espero irmão, a sua casa é aqui, tua família tá aqui, a gente não vê a hora de ter de volta. Eu: é só eu terminar o que eu tenho para resolver, esse plano está cada vez mais perto de se concretizar- falo e escuto ele rindo. Abelha: o lugar que a cabeça daquele vacilão vai ficar, já tá separado aqui- fala e eu dou risada. Eu: é isso irmão, fé. [...] Olho tudo à minha volta, reparando em cada pessoa presente nesse velório, Priscila no pé do caixão se fazendo de viúva inconsolável, essa aí é igual a mulher do Polegar, vivia um inferno em casa, mas já falei para ela que eu vou ajudar ela a fugir, já mandei o Abelha arrumar uma das minhas casas lá para ela. Ela vai chegar em Paraisópolis com casa pronta, algumas poucas roupas que conseguimos de doação e outras eu mandei comprar, e um emprego certo, a vida dela vai mudar para melhor, afinal, a minha vingança é contra o Polegar, ela e a mulher do Polegar não tem nada haver com a história, e depois que eu usar a mulher desse cara para o que eu quero, vou ajudar ela a se ver livre dele também. E é só falar no d***o, o Polegar acabou de chegar no velório, está com uma roupa preta, boné na cabeça e óculos de sol, afinal, estamos no Rio de Janeiro, são sete da manhã agora, mas o sol já está tirando. Mas, o que me chama atenção é a pessoa que está ao lado do Polegar, uma mulher baixa, no estilo cavalona, cabelo bate na metade das costas, um tom de castanho, sei lá, rosto bonito, porém, com uma feição clara de quem está assustada, está completamente de preto, e no dedo anelar da mão esquerda, uma aliança de ouro, idêntica a aliança que o polegar usa. Então essa é a mulher do Polegar? Não é que o filho da p**a tem bom gosto para mulher? Vai ser um prazer tirar ela dele, e vai ser melhor ainda usá-la para a minha vingança, não vou fazer nada com ela, que ela não queira, e é isso que eu vou usar para infernizar o Polegar, eu não vou obrigar a mulher dele a fazer nada, e tudo o que ela fizer, vai ser porquê ela quer. Polegar: valeu irmão, tá tudo muito lindo, do jeito que meu irmão merece- fala chegando em mim já fazendo um toque. Eu: tamo aí para isso, meus pêsames aí irmão- falo e olho para a mulher que está de mãos dadas com ele. Polegar: essa é a minha mulher, Rebeca, acho que tu ainda não conheceu ela- fala e eu só aceno com a cabeça para ela, e a mulher nem sequer olhou na minha cara, provavelmente com medo do marido- depois tu passa lá em casa, tenho um assunto para falar com você- fala e eu só confirmo com a cabeça.
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