03°

1102 Words
Rebeca Vaz Estranho ver o Polegar entrando no nosso quarto todo atordoado, ele passa direto para o banheiro do nosso quarto, me levanto da cama apressada e já desço para esquentar a comida do almoço, já que ele não veio almoçar em casa, e eu não sabia se ele viria jantar, acabei nem esquentando a comida, e se ele chegar na cozinha e a comida não estiver quente, começa mais uma seção de pancadaria. Assim que desligo o fogão o Polegar entra na cozinha e já se senta, esperando ser servido, e hoje ele está diferente, cara de quem chorou, o rosto vermelho, meio inchado, enfim, nada que seja da minha conta, só espero que ele não acabe descontando em mim toda essa fúria dele. Polegar: o 2N morreu- fala baixo enquanto eu sirvo a comida dele. Eu: desculpa, eu não escutei- falo meio amedrontada, ele odeia ter que repetir as coisas. Polegar: o 2N morreu, o Nicolas está morto- fala mais alto e eu paraliso no lugar. Se o Nicolas está morto, a Priscila vai finalmente se ver livre desse inferno!! Aí meu Deus, obrigada, só espero que eu também consiga me livrar desse meu inferno pessoal em breve. Eu: como?- pergunto o olhando. Polegar: uma emboscada na pista, o velório vai ser amanhã de manhã, você vai comigo- fala e eu confirmo com a cabeça apenas. Sirvo a sua comida e deixo o prato na sua frente, peço licença para sair da cozinha, avisando que estaria no último andar lavando roupa, e sai andando. Priscila é a minha cunhada, acho que influenciado pelo irmão, o Nicolas também se tornou um alguém completamente diferente depois que se casou, e fazia com a Priscila o mesmo que o Polegar faz comigo, e que Deus me perdoe, mas eu não consigo sentir pena da morte do Nicolas, apenas alívio... Eu estou aliviada que a minha cunhada e amiga, conseguiu se livrar daquele demônio com quem ela era casada. [...] Acordo antes que o Polegar, como sempre, me levanto e vou no banheiro, escovo os meus dentes, tomo o meu banho e saio do banheiro com a toalha em volta do meu corpo, sigo até o meu guarda-roupa e visto um conjunto preto, um macacão suplex, um moletom preto e um tênis branco nos pés. Arrumo o meu cabelo, passo uma maquiagem leve para esconder as marcas que o Polegar deixou em mim ontem a noite, após mais uma sessão de pancadaria, passo perfume, desodorante e estou pronta para mais um dia do meu inferno pessoal. Desço para a cozinha pronta para preparar o café da manhã, monto a mesa com pão, frios, um bolo que pedi para os vapores da contenção comprar, uma jarra de suco e a garrafa de café. Todos os dias são assim, o Lucas tem que acordar e ver a mesa bem posta, chegar para almoçar e a comida estar pronta e quente, e eu tenho que servir o prato dele, e na janta a mesma coisa, caso contrário eu apanho, e mais, ele tem que chegar para o almoço e a casa tem que estar um brinco e eu bem arrumada também, caso contrário, apanho também, e assim vai indo a minha vida. Polegar: senta para tomar café também, quando terminar eu vou me arrumar e a gente sai- fala e eu confirmo com a enquanto o obedeço. Tomamos o nosso café da manhã em completo silêncio, e eu prefiro assim também, eu não consigo mais ver o Lucas ou ouvir a voz dele sem sentir repulsa, só não fui embora ainda porquê sei que não vou conseguir fugir, já tentei, e como resultado, eu passei seis meses em coma. [...] Olho para o Polegar, para a Priscila e para o tal gerente do complexo, o gerente está na dele, com cara de poucos amigos, tem cara de ser extremamente leal ao Lucas, a Priscila está se fazendo de viúva inconsolável e o Lucas está estático a horas, apenas encarando o corpo morto do irmão no caixão. Eu: eu vou no banheiro com a Priscila- falo baixo para o Lucas que apenas olha para mim e olha para o tal gerente. Ele ergue a mão o chamando e logo está perto de nós, o Lucas manda ele nos acompanhar até o banheiro e assim ele faz, sem falar um "A" sequer com a gente, ele entra no banheiro com a gente e eu sigo para uma das cabines sozinha, enquanto escuto a Priscila conversar com ele. Pri: que horas eu vou embora?- pergunta com a voz agoniada. - De madrugada, vou te levar escondida no carro até o ponto, lá você vai pegar um ônibus clandestino até São Paulo, em São Paulo vai ter uma pessoa te esperando. Pri: como vou saber quem é? - Apenas vai. Dou descarga e saio da cabine indo lavar as mãos, os dois continuam conversando como se eu não estivesse no banheiro, olho para os dois e olho bem para a Priscila. Eu: você vai conseguir fugir, graças a Deus- falo a abraçando. Pri: como eu queria poder te levar junto minha irmã- fala chorando no meu abraço e eu seguro as lágrimas. Eu: você estando longe desse inferno já é um alívio para mim- falo fazendo um carinho no seu cabelo. Pri: eu não vou ficar em paz sabendo que você continua nas mãos desse monstro- fala e eu n**o com a cabeça secando o seu rosto. Eu: eu vou me virar bem aqui, sempre me virei bem aqui, não vai ser agora que eu não vou conseguir, tá bom? Se cuida Priscila, e viva a sua vida como você nunca viveu antes- falo e a puxo para outro abraço- um dia a gente vai se reencontrar minha irmã- falo e ela me aperta mais no abraço. Pri: está parecendo que uma de nós duas vai morrer- fala e eu dou uma pequena risada sem graça. Eu: nós duas sabemos que eu só tenho um final com o Polegar, e eu sinto que esse final não está tão longe assim de chegar- falo e a Priscila começa a chorar. - Não se depender de mim- fala e eu olho para ele- eu estou conseguindo tirar ela daqui, posso te ajudar também- fala e eu n**o com a cabeça. Eu: a última vez que tentei fugir, eu passei seis meses em coma- falo e a Priscila olha para ele. Pri: cuida dela para mim Lobão, ela é a minha única família- fala e ele confirma com a cabeça. Lobão: uma coisa de cada vez- fala e a Priscila volta a me abraçar.
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