Chapter V

3223 Words
Episode: O Médico e o Monstro - Oh. Sério. Eu estou te falando para ir e ponto final. - Louis rugiu nervoso pelo telefone, segurando o aparelho celular entre o ombro e a orelha enquanto utilizava as mãos para empurrar a grandiosa porta de ferro do hospital. - Louis. Meu pequeno Louis. Eu não posso fazer isso sozinha. Você sabe.  - Eu não to' nem aí. Não me venha com essas, Johanna. Não é uma boa hora para se discutir. - Filho, Este é um dos dias que eu não consigo nem olhar para a cara deles. Eu só... Não consigo. Você precisa voltar pra casa. Precisa fazer isso por mim. Nada era mais estressante para Louis do que as poucas vezes que ele resolvia manter alguma comunicação com sua mãe. E acredite, receptar suas ligações era algo bem raro de acontecer. Ele geralmente as rejeitava antes mesmo que o toque de celular parasse de ressoar. A questão não era não amar sua mãe. Ele a amava, sim. E muito. Mas não amava certas coisas sobre ela, certas coisas que o deixava completamente sem saída e frustrado- como sua depressão e bipolaridade. Estes nem seriam os reais problemas se Jay não fosse a única responsável por cuidar dos irmãos de Tomlinson enquanto o garoto estava desbravando o mundo em sua universidade. Ele não estava mais em casa para ajuda-la. Louis passou os últimos anos de sua vida baseando-se nisso, em cuidar do que era suposto ela cuidar. Casa. Filhos. Contas.  E não- definitivamente Não- seria egoísmo de sua parte permitir que adquirisse vida própria, liberdade para administrar seus próprios afazeres, seguir em frente para realizar sonhos.. Viver. Crescer. Mesmo que para isso ele se negasse sentir pena dela, assumir coragem de deixar seus irmãos apenas nas mãos da mãe, engolir o orgulho e pedir ao tio uma chance de estudar aquilo que queria, traçar rumo aos seus objetivos incluindo o de se formar em Psiquiatria e, assim, concluir a maior meta que estipulara desde o pior desastre (em todos os seus vinte e três anos) acontecer. A maior tragédia que colocara tudo ao seu redor de ponta cabeça. A tragédia pelo qual o obrigou a enxergar o mundo com olhos mais experientes e calejados. Olhos determinados a cumprir uma promessa. A promessa ao seu pai. E bem, ele sabia que para alcançar este desafio teria que ser firme em outros tipos de obstáculos... Um deles era a depressão de Johanna e o bom senso de mãe ausente nela. - Johanna! É sua obrigação cuidar das crianças! Seus filhos! Meus irmãos! Pare de frescura e vá levar Daisy e Phoebe para escola! Não torne Lottie sua escrava e não a obrigue fazer tudo por você como você me obrigou por muito tempo! A paciência de Louis estava totalmente esgotada. O engraçado foi que ele acordou tão contente pela manhã acreditando que o dia seria incrível e inabalável... Bem, até resolver atender àquela maldita chamada de sua mãe e se arrepender imediatamente, tendo-a do outro lado da linha se lamentando por estar cansada da rotina e filhos. Louis entendia que não era completamente sua culpa, depressão tira a alma das pessoas, bipolaridade tira o senso. Johanna perdera ambas as virtudes e agora era só mais corpo vagando pela casa deles, tentando manter a linha de mãe e cuidando de outras seis crianças.  Lottie, a mais velha depois de Louis, acabou por herdar o cargo do irmão de "administradora do lar". E ele odiava isso porque era injusto uma garota de quatorze anos muitas vezes não resolver as lições de casa porque tem que dar banho nas gêmeas de dez, ou alimentar os pequenos Ernest e Doris de cinco. Felicité até ajudava-a quando podia, mas também possuía apenas doze e estava na fase conturbada da pré-adolescência. Somando-se tanta gente nova com uma mãe que perde o equilíbrio facilmente resulta-se em uma situação infernal a qual Louis já não estava mais lá para solucionar. E claro que isso estragaria seu dia por inteiro. - Amor! - Jay soluçava. - Não desligue! Você tem que retornar pra casa! Retornar pra nós e cuidar de tudo! Ernest não parava de chorar a noit- - Johanna, pare de causar drama e cumpra suas obrigações! E antes que os ouvidos de Louis se preenchessem com mais súplicas vazias, ele simplesmente desligou o telefone e o enfiou no bolso. Decidiu que não se atrasaria para o expediente por causa dos problemas familiares. Eles eram a razão por ele fazer isso. - Tommo, está tudo bem? - Liam o perguntou ao alcança-lo nas escadas depois de ter ido estacionar o carro. - Sim. Só o de sempre. - Jay? - A própria. - Louis balbuciou acenando com a cabeça para o amigo já que o quarto de Harry ficava em andares superiores do que a paciente de Payne dormia. Liam sorriu entristecido por reconhecer o peso do amigo e sumiu no corredor. Ao pisar no devido andar, Louis procurou por Zayn a fim de pegar as chaves do quarto de Harry e poder dá-lo seu café-da-manhã ou apenas começar as avaliações. Entretanto... Não o achou. Zayn não estava por ali como usualmente. Louis caminhou incerto até o quarto de Harry e enfiou seu rosto na pequena a******a da porta coberta de grades a procura do paciente. E... Nada. - Posso te ajudar? - uma voz masculina grave despertou-o no transe. Louis se deparou com um outro Doutor jovem vestido sob jaleco branco e uma prancheta em mãos. Seus cabelos eram escuros e o cara tinha uma estatura consideravelmente alta, fora os músculos bem definidos e o sorriso branco. - Meu nome é Matthew e você ... parece ser um aluno de residência perdido? - argumentou como uma pergunta. Louis coçou a garganta e jogou a franja de cabelo para trás. - Na verdade eu estou procurando meu paciente.. Que não está em seu aposento e nem em algum canto deste andar. - Ow, você fala do 302? Porra. Se havia alguma coisa que Louis detestava no sistema deste manicômio era a maneira que os funcionários usavam para se referirem dos internos. Os residentes possuíam nome e ele não compreendia qual era a dificuldade de usá-los quando fossem menciona-los. - Não. Eu falo de Harry Styles. Matthew pareceu perceber a irritação do menor e arregalou os olhos levemente. - Oh.. Yeah. O Doutor Malik me pediu para orienta-lo se eu te encontrasse confuso por aqui. Então, bem, Harry não está em um bom dia... Ele está na sala de observações com Zayn e Zayn lhe concedeu esse dia de folga. Poderás retornar para seu lar e tirar a tarde livre que quando for amanhã e Harry estiver melhor você virá cumprir as cargas horárias. Talvez fosse o leite estragado com cereal que ingerira mais cedo ou então o pensamento de que seu paciente podia estar m*l, mas Louis realmente sentiu o estômago se revirar e contrair.  O desespero antes presente em si se fortaleceu com a certeza de que nada estava certo por lá. Mas ele não podia discutir. Louis era apenas um aluno no último ano de universidade desenvolvendo seu projeto hands-on da Pitt, sem nenhuma autoridade naquele hospital psiquiátrico senão o de acatar ordens de superiores. E se Zayn o expulsou por hoje... Então o correto era que ele avisasse Liam, tomasse um ônibus e fosse para casa gastar a tarde jogando Flappy Bird no celular, ouvindo músicas e comendo besteiras como qualquer adolescente normal. Mas... Embora sua mente estivesse certa sobre isso ao assentir para Matthew e entrar no elevador, seus dedos foram mais rápidos e involuntariamente pressionaram o botão do último andar, aquele em que se localizava a sala de observação que vira Harry pela primeira vez. Se ele se encrencasse com isso? Fazer o que. A preocupação estava maior do que o receio. O barulho de seus pés correndo pelo piso tornaram-se mais frequentes conforme se apressava para o corredor de vidro, em que seria possível ver o que ocorria dentro da sala. Ele praticamente teve um ataque cardíaco quando estava prestes a alcançar o vidro e uma voz familiar o repreendeu surpresa. - Louis Tomlinson? Que raios faz aqui? Ele nem precisou se virar para descobrir quem era. Zayn tinha um timbre bem peculiarmente rabugento. - Ué. Vim ver Harry. - informou como se fosse óbvio. A surpresa de Malik se transforma em carranca e logo a pouco o rapaz cruzou os braços contra o peito e arqueou uma das sobrancelhas. - Matthew não te passou MINHAS recomendações? - Ah.. Sim. - E então... - Olha Zayn, pra ser honesto eu só vim saber o que aconteceu com o meu paciente porque fiquei assustado ao não encontrar nem você nem ele quando cheguei. Zayn bufou em desistência e destruiu a expressão fechada em seu rosto, trocando-a agora por uma de compreensão. - Não se sobrecarregue, Harry está bem. Ele só está em uma hora r**m. - Hora r**m?! - É.. Lembra que eu te falei no começo que tem vezes que ele começa a interagir demais e isso eventualmente deixa de ser algo bom pra se tornar uma ameaça a ele próprio? - Não me lembro muito disso, faz um tempo. - Escute... Harry é fechado com todos, você sabe... Mas tem dias que ele viaja em sua própria dimensão quando está com alguém que tenha algum apreço. E aí ele se empolga e começa a construir mais e mais fantasias em voltas de si e conversar como se estivesse esperando para conversar com alguém por décadas. Até aí tudo certo, é revigorante para ele se abrir mesmo que seja num mundo inexistente... Mas sua esquizofrenia meio que dá um tiuti em seu cérebro e uma crise de ansiedade o toma, até que ele entre em algum estado de sobrecarregamento e isso se torne um ataque de pânico, que consequentemente invoca sua epilepsia e ele se torne agressivo. E lá estará ele se debatendo até que os médicos apliquem vários calmantes e o façam desmaiar antes que a epilepsia se equivalha ao nível de uma convulsão. Louis nunca entendeu o verdadeiro significado de ficar arrepiado.. Até digerir o que foi dito por Zayn. Isso o fazia se questionar como Malik conseguia ser tão calmo ao se tratar de um assunto pesado como esse. Talvez ele estivesse acostumado, claro. Mas Louis sentia que ao contrário do rapaz ele nunca se acostumaria com coisas assim, mesmo depois de se formar em psiquiatria forense. - Quê?! E.. E por quê você não está com Harry? Ele está desmaiado?! - Não, Louis. Relaxe. - Zayn tentou conforta-lo, apoiando a mão em seu ombro. - Se lembra quando falei que eu era o único com quem Harry meio que tinha confiança pra conversar e às vezes estabelecer um curto diálogo? Pois é. Ele estava começando a conversar demais comigo agora a pouco por isso o trouxe pra essa sala e estou o mantendo isolado. Quero ver se mesmo sem ninguém ele continuará se exaltando em um mundo paralelo ou se ele se acalmará sozinho e essa fase se dilua até que ele retorne ao normal. - Retornar ao normal?! Zayn! O normal dele é ficar completamente sem companhia e isolado da realidade! Você não acha que ele deve estar farto o suficiente dessa situação e provavelmente se sentindo assustado consigo mesmo dentro daquela sala? Ele está sozinho. Ele não pode ficar sozinho. Se Harry está querendo falar com alguém então você precisa estar lá para ouvi-lo! - Louis Tomlinson. Eu sei que você é um aluno ainda e por isso tem que aprender e compreender que sim, essa é a realidade de Harry. Ele é esquisofrênico, viver perdido numa vida oclusa de laços sociais faz parte dele. Constitui sua realidade. O que é melhor... Tentarmos ver se ele para de se empolgar e divagar sobre tudo e todos até que tenha epilepsia e precise de remédios, ou deixa-lo falando sozinho até que se contenha enquanto o observamos voltar pra sua realidade?! - Isso não é a p***a de um exílio, Zayn. Não abandone Harry e simplesmente ache que estará fazendo melhor pra ele se talvez o que seu paciente precise é só um pouco de atenção! Nunca se questionou se ele tem esses surtos ao conversar com alguém porque talvez em todos os dias que fica recluso e sem abrir a boca não acumula os pensamentos pra si próprio até que eles explodam de seu cérebro?! O problema pode não ser quando Harry fala muito, e sim, quando ele não fala nada! Zayn estava muito puto porque quem Louis pensava ser pra questionar suas práticas de cuidado com os pacientes?! E com isso Tomlinson não esperou uma resposta do moreno trajado sob jaleco enfurecido de sua frente e correu para a porta da sala, tendo berros de Zayn vibrando por seus ouvidos conforme girava a maçaneta e adentrava no local. "Louis Tomlinson! O que pensa que está fazendo?! Volte pra cá agora! Harry poderá ficar agressivo e você apanhará feio! Louis!" O ambiente estava muito silencioso e Louis descia calmamente os degraus da escada que pousariam no piso da sala. Ele sabia que haviam várias câmeras por lá e estaria seguro de qualquer maneira, embora não acreditasse que Harry o feriria ou algo do tipo.  Enfiou as mãos por baixo das mangas compridas do moletom ao descer o último degrau e observar ao redor, tendo uma criatura com cachos de chocolate sentada na cadeira em frente da mesa, virado de costas. - Hey. - Louis saldou na tentativa fracassada de manter a voz firme. - Harry? Styles se virou casualmente e olhou bem nos olhos de Louis. Suas pálpebras mais leves e menos roxas, uma face simples e livre de tensões. Por pouco o repuxo que dera no canto de seu lábio se passara despercebido. Por pouco. Porque, claro, Louis nunca deixaria qualquer indício de sorrisos de Harry passarem em vão. Louis se aproximou sem nenhuma hesitação e puxou a cadeira do lado oposto que Harry estava para se sentar, apoiando os braços no tampo de madeira e avaliando os traços do rosto suave do menino. Harry Styles era um garoto tão lindo. Uma obra de arte abstrata que todos ficariam observando por horas sem enjoar ou conseguir desvendar os sentimentos por trás daquilo que está exposto. - Ele. Ele não entendia.- Harry disse do nada, olhando distante. Louis arqueou uma das sobrancelhas confuso. - Desculpe, o que falou? - Ele não entendia. - Harry repetiu convicto, como se dessa vez suas palavras fossem fazer qualquer sentido para Louis. - Não era como se fosse óbvio de alguma forma. Ele só estudava o caso, mas não juntava as peças. - Do que está se referindo, Harry? - Tomlinson persistiu enquanto assistia seu paciente se levantar e caminhar de um lado para o outro. Esta era a primeira vez que o presenciava neste estado. Alucinado. - Eras um advogado. O que se esperava disso? Ele estudava o caso como qualquer outro mas no fundo pressentia que aquilo estava diferente. Soava errado, anormal! - elevou o tom de voz. Louis torceu o nariz. Ele se lembrou quando suas irmãs gêmeas Phoebe e Daisy eram muito pequenas e não falavam nada com nada... Divagavam o dia todo coisas sem nexo algum, mas que para elas e entre elas tinha total sentido, como historinhas de bichinhos animados e imaginários que elas juravam existir e que usavam coroas rosas. A situação se repetia com as ações intrigantes de Harry que estavam deixando um Louis apavorado. Louis se levantou e tentou chegar perto do corpo inquieto de Harry. - Ele era um advogado! Utterson! Sr. Utterson! - Harry repetia continuamente ao que seu corpo se agitava mais ainda e suas mãos começaram a ficarem trêmulas. Sufoco? Ow, seria eufemismo afirmar que Louis estava se sentindo sufocado com aquilo. Seus olhos apenas se arregalavam mais e mais ao ponto de quase não caberem em seu rosto. Seu queixo estava caído e a coloração de sua pele aos poucos ia embora porque ele não tinha noção do que fazer. De repente Harry se ajoelhou no chão, encolhendo o corpo, e se virou para Louis, encarando-o com angústia e súplica por algo que Louis era incapaz de reconhecer. - Sr. Utterson não tinha culpa. Ele só era um advogado alheio que queria descobrir. - Harry proferiu com um tom de voz mais sossegado. Louis se ajoelhou a sua altura e esticou o braço para toca-lo. Ele não pensou em outra solução além de querer acalmar Harry o tocando, o mostrando que tudo estava bem. Essa seria oficialmente sua reação. Insensata? Sim. Arriscada? Sim. Mas a que soava correta no momento. Ao passo que seus dedos tocaram de relance em um dos cachos suados caídos sobre o ombro de Styles - e também ao passo que Styles encarava seu ato completamente perplexo, atônito, sem piscar e ansioso - a porta da sala foi aberta abruptamente, e vários baques apressados pela escada indicavam que alguns funcionários desciam, entre eles, Zayn. Zayn tinha uma expressão horrorizada. - O que pensa que está fazendo, Louis?! Se afaste dele você vai se machucar!  Louis formou uma carranca porque percebeu que toda a movimentação causou mais agitação ainda em Harry, que agora se levantou e correu de costas até encostar na parede, balançando freneticamente a cabeça. - Eu estou ajudando ele! - Isso só piora tudo, seu i*****l! - Estava dando certo até a hora de você e sua equipe aparecerem! E então Harry começou a grunhir e repetir o nome "Sr. Utterson" várias vezes, aumentando o tom de voz em cada repetição. Ele estava num estado de agitação indomável e Louis se sentia absurdamente culpado e torturado por assisti-lo se debater contra a parede. Tão pequeno. Tão vulnerável, desprotegido.  Sua máscara caiu e lá estava um indefeso filhote de veado (no sentido animalesco da palavra) rodeado por caçadores, se sentindo intimidado como se o peso do próprio corpo fosse demais para se distribuir entre a firmeza das pernas.  Apesar da contra-indicação, Louis correu e se aproximou novamente de Harry. - Se acalme, Harry! - Eu não lembro! - o garoto guinchou em resposta. - Harry! - Louis o chamou ao que Styles tremia toda sua musculatura, no que devia ser considerado o início de uma epilepsia. - Eu não consigo me lembrar do final e eu sempre lembrava! Por que agora não lembro?! Eu estou me esquecendo das coisas! - Harry! - Louis gritou mais uma vez, desesperado. A esse ponto os enfermeiros já seguravam o garoto pelo braço ao que um terceiro vinha com uma agulha grossa em mãos. - Harry! Do que você está falando?? Se acalme! Aquilo incomodava Tomlinson tanto que ele podia arrancar os olhos para parar de ver, cortar os ouvidos a fim de não ouvir a voz desesperada de Harry, e remover o próprio cérebro pra esquecer essas imagens traumatizantes. E, enquanto a agulha era aplicada com agressividade em um Harry cheio de pânico e exaltação, Louis escutou-o dizer mais calmo. - O Médico e o Monstro. Assim, com mais outra agulha sendo introduzida na veia do braço esquerdo do encaracolado por uma quarta enfermeira, Harry diminuiu seus espamos de ansiedade e seus olhos começaram a piscar lentamente... Até que ele desmaiasse. Deixando ali um Louis extremamente perturbado pela cena.
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