Chapter I
Episode: Pitt
Louis estava .. Assustado.
Ele não era certamente um rapaz corajoso de coração frio e estômago de ferro. Ele, assim como todos os estudantes de psiquiatria, sabiam a maneira que pessoas mentalmente abaladas podem agir.
Eles sabiam porque é exatamente sobre o que estudaram ao longo dos anos. Eles se prepararam pra isso.
E bom, essa era a chance.
A chance de cada um realizar seu projeto final e mostrar que estavam prontos pra se graduarem e começarem suas devidas carreiras.
A vantagem (ou consequência) de se estudar na Universidade de Pittsburgh ( Pitt ).
O departamento de psiquiatria da Pitt é dividido em três áreas principais de preocupação: atendimento clínico , de ensino e pesquisa . Pitt é o lar do Instituto de Psiquiatria Ocidental e Clínica (Western Psychiatry and Clinical Institute) que oferece atendimento clínico aos pacientes e oferece aos estudantes a oportunidade de ganhar experiência hands-on.
Pesquisa da Pitt gira em torno de cinco áreas principais: infância e adolescência, esquizofrenia, transtornos afetivos e afins , geriatria , e de saúde e doença . E o departamento de educação psiquiátrica da Pitt abrange residências e formação clínica em um número de diferentes especialidades, como psiquiatria infantil, geriatria e forense .
E Louis Tomlinson apenas respirou fundo e contou até vinte antes de adentrar junto ao seu colega Liam Payne e os outros quinze estudantes na Western Psychiatry and Clinical Institute. Ou como preferiam chamar: manicômio.
As histórias traspassadas em filmes de terror são sempre sensacionalistas/fictícia e focam mais no assunto 'assombrações' do que nos próprios pacientes.
Embora o comportamento da maioria ali fosse duvidosa, Louis havia dito a si mesmo que se ele quisesse se tornar um grande doutor como seu pai ele deveria abraçar a oportunidade satisfeito.
Cada um dos alunos receberam um formulário contendo o número da "residência" e nome do paciente que lhe foi cuidadosamente selecionado.
Sim, "residência", porque de acordo com os instrutores do lugar os pacientes apreciavam que seus quartos se assemelhassem à casas. E muitos genuinamente acreditavam que aquilo não era um hospital psiquiátrico. E sim um condomínio de "residências".
Pra ser sincero, a maioria deles viviam em seus próprios e imaginários mundos com seus costumes e maneiras de se lidar específicas. O importante - dando ênfase no importante - para o projeto é que você se aproximasse deles, reconhecesse suas emoções e necessidades e anotasse seus quadros de evolução, como se fossem verdadeiros experimentos científicos ou a p***a de bichos aprisionados numa gaiola sendo estudados por telespectadores.
Acompanhassem-os nesses meses com vigor e astúcia, demonstrando valer seu título de seguidor da melhor universidade de Pittsburgh.
Louis nunca realmente impôs um senso crítico depreciativo para manicômios. O sonho dele era trabalhar em um. E apenas estava nervoso agora - ou querendo vomitar suas tripas - porque seria a primeira experiência dentro do Instituto acoplado no complexo imenso que era a Pitt.
Era uma novidade à sua rotina monótona antes baseada em livros e aulas teóricas.
Isso seria seu primeiro contato com aquilo que desejava pro resto da vida: cuidar de doentes. E sim, ele resguardava um porquê especial da razão de estudar psiquiatria.
E bem, pensou, que este seja o começo de uma próxima aventura.
- Senhor Tomlinson, selecionei um caso especial para você. - Senhorita Parks havia o dito dias anteriores.
Seria mentira se falassem que Louis era um aluno exemplar.
Muito pelo contrário.
Embora guardasse grande determinação e vontade, as coisas não passavam disso: determinação e vontade, porque ele realmente nunca foi de prestar atenção nos professores ou nas apostilas com centenas de páginas. E a determinação e vontade não eram aplicadas a nada.
Então talvez, só talvez, A Senhorita Parks - uma das velhas professoras que Louis jamais fez questão de respeitar - houvesse escolhido o caso mais fodido (na mente de Louis seria alguma esquizofrênica em estado avançado que escalava paredes com os olhos revirados e extremamente agressiva) para ele se responsabilizar.
Sim, Louis teve vários pesadelos de quem raios aquela maldita professora separou, afinal, se fosse de fato uma pessoa que começasse a falar latim do nada e agir como uma possuída, Tomlinson estaria fora na mesma hora do curso.
Ele queria sim dar orgulho ao seu pai.
Mas queria mais ainda manter a própria sanidade intacta.
Já Liam Payne era O aluno.
Medalhista em várias olimpíadas de pesquisas universitárias e avaliações rigorosas; filho único de donos de uma empresa de lustres famosos e refinados (pais ricos, claro); líder de reuniões no Conselho do Corpo Estudantil; e futuro proprietário do que provavelmente será um Instituto psiquiátrico só para ele (porque de acordo com o pensamento de Louis era óbvio que um dia Liam abriria seu próprio manicômio).
... Mas principalmente... Melhor amigo de Louis nas horas vagas (ou em todas as horas, por mais que o menor dificilmente admitisse).
Bem lá no fundo Louis sabia que dado as circunstâncias Liam Payne era muito - expressivamente muito - humilde e gentil. Não como a maioria dos filhinhos de papai esnobes e insuportáveis.
Só haviam normalmente duas possibilidades pra você entrar na Pitt: primeira- ser esforçado, estudioso, aplicado o suficiente para passar nos testes impossíveis. Segunda- ser rico e ter pais que possam "comprar" sua entrada ilegalmente.
Payne por sorte gozava dos dois requisitos.
E é.. Louis de nenhum deles.
O pequeno Tomlinson só conseguiu uma vaga naquilo porque seu tio ocupava o cargo de reitor da faculdade. O tio que tem auxiliado financeiramente Louis nos últimos dez anos de sua vida e ficara com pena dele por tudo que o menino enfrentou.
Portanto, lá estava ele, ansioso, vestindo uma beanie vermelha, jeans, camiseta largada cinza, um livro de anotações no braço esquerdo (como se ele fosse realmente escrever) e uma caixinha de M&M's na mão direita.
Assim que ultrapassaram os imensos portões de ferro os estudantes se deslumbraram com o que poderia ser confundido com um castelo de tijolos avermelhados e vários andares, rodeado por uma estrutura assemelhada à um forte - aquela que impedia a fuga de qualquer paciente.
" Não tenham conversas íntimas com eles, não acreditem no que afirmam, não se apeguem tanto emocionalmente, não mantenham contato físico senão o necessário, não permitam que eles te atinjam... Lembrem-se que eles são doentes e alguns podem ser manipuladores para não tomar os remédios ou coisas do tipo. Lembrem-se que vocês estão aqui para manter uma relação de assistente e paciente, devendo agir com maturidade e cientes que todos são frágeis e vulneráveis...
A maioria tem tendência à ataque de pânico, depressões e crises de histeria... Então estejam acostumados."
E bla bla bla.
Conforme eram guiados por um dos funcionários dentro daquela imensa estrutura - explorando alguns andares e salas - seus nomes eram chamados.
Um por um.
E então já ficavam no andar cujo seus futuros pacientes-experimentos habitavam.
O pátio e área de recreação eram Okay's.
Os corredores davam um pouco de arrepio porque expunham as portas de ferro com pequenas aberturas que permitiam uma vista limitada do cenário exterior aos enfermos; e numerações. Seus quartos.
Ninguém diria que são quartos. Estava mais para celas, prisões.
E aquilo era no mínimo intimidador.
A cada quarto cruzado grande parte dos "loucos" enfiavam seus rostos nas frestas das portas e permaneciam gritando, rindo histericamente ou cuspindo no chão.
Ew.
O aluno certamente não cuidaria do paciente sozinho; haveria toda uma equipe especializada em tratá-los. E o assistente principal.
Enfim.
Liam ficou no terceiro andar.
E quando o instrutor-guia chamou o nome de Louis eles estavam no sexto.
Tomlinson se aproximou dele hesitante.
- Então o senhor Tomlinson está com o ... - o moço (aparentemente chamado de Robin no crachá) arregalou os olhos e engasgou levemente.
Pronto. Fodeu.
- O senhor está com o paciente 302. Harry.
Legal, as pessoas são enumeradas, como robôs. Louis pensou, mas obviamente ele não se importava muito, porque afinal eram todos malucos que provavelmente não ligariam pra isso ou até mesmo soubessem da realidade.
- Sim?
- 302 é tanto o número do quarto que ele mora quanto o número pelo qual o reconhecemos. - Robin explicou. - É dobrando este corredor, três dormitórios seguintes à esquerda. Harry está na sala de observação no momento. Último andar. Vá até lá que algum funcionário saberá lhe instruir.
Louis concordou com um aceno xingando mentalmente a professora que escolheu a p***a do 302 justo para ele, porque agora, ele estava andando naquele corredor em direção ao elevador sabe Deus para encontrar quem.
E, no instante que o elevador apitou no nono andar e ele pisou fora deste, um jovem vestindo um jaleco branco o abordou.
Era alto, magrelo, beirando os vinte e sete, com cabelos e barba negros.
- Zayn Malik. - o rapaz se apresentou, estendendo uma mão para Louis de cumprimento. - Você deve ser Louis Tomlinson?
- Yeah.. Sim.
- Certo, me siga por favor Louis.
E assim Louis o seguiu em um corredor onde pessoas vestindo jalecos cruzavam por todos os lados segurando pranchetas.
- Li no seu currículo que você está mais ligado à psiquiatria forense.- Zayn murmurou conforme paravam em frente a uma parede imensa de vidro, a qual olhando através se enxergava uma sala mais abaixo. - Bom, deve ser um bom aluno já que te enviaram para avaliar justo Harry.
E o sangue do menor congelou.
Bom aluno?!
- Bom. Harry é um dos que requerem de mais cuidado por aqui. Eu vou lhe relatar a ficha dele para que você anote no seu caderno.
- Okay... - disse atordoado.
- Harry tem 20 anos, está instalado na clínica há cinco anos e sete meses. Ele possuí esquizofrenia crônica, epilepsia moderada e depressão. Já teve algumas convulsões, e tentativas de automutilação. Não recebeu visitas desde que foi internado e, pra ser sincero, ele é um caso extremamente especial e delicado.
PORRA! Louis pensou.
- Só falta ele também ser cego, surdo, mudo e autista. - Tomlinson caçou.
Mas Zayn o lançou um olhar repressivo no exato instante.
- É... Percebi que você não é na verdade o tipo preparado pra lidar com o 302. Melhor eu verificar uma mudança na-
- Não! - Louis praticamente berrou. - Eu tenho que provar pro meu tio que .. Que eu posso e eu sou bom, sei que sou! Só é minha primeira vez e eu estou treinando e darei o máximo de mim.
Assumo que você é o doutor principal dele, não?
Zayn Malik suspirou durante alguns segundos e coçou o queixo, ponderando uma decisão.
- Sim, eu sou. - por fim bufou. - Certo. Vamos fazer um teste e ver como você se sai nessa semana, sim? Caso não funcionar a gente te muda de paciente.
- Como assim não funcionar?
- Harry é um caso especial, como eu disse. Ele é um cara de fases. Normalmente não abre a boca ou fala com ninguém. Ele não se relaciona. Se ele gosta de uma pessoa então certamente irá permitir que ela converse com ele de alguma forma. E aí ele muda para a fase ofegante, aquela que o mundo dele é diferente e ele te insere em sua fantasia. Mas no caso dele ficar muito entusiasmado e empolgado é comum que venha um ataque epilético, e se os remédios não forem introduzidos na hora isso se torna uma convulsão. Ele pode ser agressivo de vez em quando... Vês como é complicado?
Louis engoliu a seco realmente assustado.
- Sim.
Zayn deu de ombros.
- Ele provavelmente não vai nem conversar com você. Ele não conversa nem com enfermeiras nem ninguém. Apenas com uma pessoa.
- Você?
- Sim. - O garoto de cabelos negros enfiou as mãos no bolso do jaleco observando pelo vidro. - Eu não deveria nem ter te falado isso, porque isso é parte do que vocês, alunos, têm que descobrir por si mesmos. De qualquer modo, boa sorte. Você precisa entrar lá e se apresentar ao 302. Ele provavelmente estará sentado encarando a parede ou algo assim.
A sala do outro lado do vidro era acizentada e não dava para se ver muito bem por ser muito abaixo de onde estavam.
Tudo bem. Louis iria usar da sua determinação pra ter a coragem de entrar lá.
Ele esperava pelo desafio que viria naquele momento.
Mas não esperava as consequências que tudo lhe traria futuramente.