Chapter X

2373 Words
Episódio: Un-broken - .. Então eu disse pro meu avô que era ridículo ele usar aquelas meias natalinas nos dias que não eram Natal, porque elas eram horrorosas! Só então que eu me dei conta que quem as costurou fora minha bisa e eu deixei meu avô arrasado com aquilo. Juro, sinto remorso até hoje pela grosseria! Quão malvado sou eu, Harry? - Louis falava no final da tarde da sexta-feira, sentado com as pernas de índio sobre a cadeira. Em alguns minutos acabaria seu expediente, mas claro que até o último segundo de seu tempo ele iria interagir com o maior. Harry, por sua vez, deu de ombros como se não ligasse. Seus olhos observando fixo em algum ponto da cabeleira de Louis.  - Isso não é ser malvado.- De repente comentou. E Louis sentiu uma onda de ânimo atingi-lo por dentro, mas claro que ele não demonstraria isso por medo de deixar o garoto constrangido e nunca mais escutar sua voz novamente. Decidiu agir normal. - É sim, Harry. Meu avô nunca mais colocou as malditas meias! - Você tinha apenas doze anos. Não pode ser culpado assim. Maldade tem tantos outros significados, mas não esse. - Harry afirmou pacífico, levemente antenado na conversa e disposto a desenrolar o debate. - Ow. Que tantos outros significados? - Fazer pessoas sofrer. - Harry disse com a voz monótona e vazia, mas certo brilho nas pupilas dilatadas. - Bom, eu fiz várias pessoas sofrerem. Pra ser sincero na minha época de faculdade eu costumava ser o famoso "quebrador de corações" do colégio. - Louis revelou absorto em suas memórias de anos atrás. Harry se encolheu um pouco e engoliu a seco, claramente incomodado com o assunto. - Partia o coração das pessoas e pouco me cagava para elas... Mas... E você? Como era? Louis deveria ter parado sua grande boca. Ele estava extrapolando a linha do limite, aquela em que ele não deve perguntar a Harry sobre sua vida pessoal anterior ao Hospital. Esse era um tópico proibido entre um médico e um paciente, já que o médico está suposto a tratar de assuntos presentes, a saúde atual, os sintomas imediatos e não aquilo que passou. Isso é trabalho dos psicólogos pessoais. E além de ser anti-ético, era um fator que incomodaria e muito Harry. O garoto m*l falava, quem dirá se abrir sobre seu passado. Louis se esquecia que eles não eram tipo amigos, que Harry não era um camarada com quem ele poderia chegar e falar sobre transas, futebol, política,... Isso era muito. E foi assim quando Louis se tocou de sua burrada que Harry passou a língua entre os lábios e espremeu os olhos verdes. E você? Como era? - Eu era o que tinha o coração partido.- Styles confessou em um sussurro, da maneira que fez isso soar um segredo ou então algo muito doloroso para ser dito e concretizado em alto e bom som. Louis enxergou claramente a sinceridade através das orbes suplicantes de Harry, que por ora parecia perdido em algum submundo de lembranças cheias de sofrimento. Louis notou os pelos do cacheado se arrepiando, seu corpo se encolhendo como um gatinho assustado, suas pálpebras tremendo porque tentavam demais impelir qualquer amostra de sentimento ou dor, mas falhando consideravelmente e só entregando o coração do garoto de bandeja. Louis estava prestes a levantar sua mão e tocar o ombro de Harry para conforta-lo quando alguém entrou de abrupto pela porta do quarto. - Louis! - Payne surgiu no ambiente afobado e sem seu jaleco, com as roupas normais. - Liam? O que faz aqui?- o menor questionou um tanto irritado pela intromissão de seu melhor amigo. - Eu que te pergunto. Nossa hora de cuidar dos pacientes já se acabou há dez minutos e eu te procurei por todo lugar não sabendo se você precisaria de carona ou se já havia ido embora. Aliás, olá Harry, tudo bem? - Liam sorriu gentilmente para o garoto de cachos sentados na cama com as costas recostadas contra a parede. Harry o olhou por poucos segundos e balançou a cabeça, assentindo. - Ahm... - Louis estava atordoado. Até a pouco precisava consolar o paciente quebrado a sua frente e agora tinha seu amigo se metendo no meio. De repente a porta foi-se aberta de novo, essa vez era Zayn. - Que diabos está acontecendo aqui? - franziu o cenho. Ótimo. Ali estava um Liam animado, um Louis levemente irritado, um Harry perdido em pensamentos e Zayn zangado. - Oi, desculpe, eu sou amigo do Louis só vim chamá-lo pra ir embora. - Liam se apressou em explicar. Zayn  desfez o vinco de sua sobrancelha e se acalmou, encarando então Louis. - E por que você ainda está aqui? Sua jornada já acabou, Tomlinson. Tommo olhou rapidamente para Harry verificando o estado emocional do garoto. O menino não parecia tão abalado, mas ainda assim ressentido e afastado. - É! Pegue suas coisas e vamos. Estou pensando em ir para um karaokê hoje, o que acha Lou? - Liam sugeriu. Harry levantou um pouco seu queixo como se estivesse prestando atenção na conversa alheia dos rapazes. - Eu não sei. - Louis disse hesitante, sentindo-se m*l por estarem falando de sair numa sexta noite na frente de Styles, quando o mesmo nem era permitido a deixar o quarto/'cela'. - Ow, vamos sim! - Liam incentivou-o, amostrando um grande sorriso. - E você? Quer nos acompanhar? - convidou Zayn. Malik encarou-o confuso. Estava ponderando a proposta quieto. Ele particularmente não costumava passear em dias de semana, nem em finais de semana, nem nunca. Sua rotina se baseava de ir do hospital pra casa e de casa pro hospital. E se fosse para ser honesto, ele adorava Karaokê, apesar de ser tímido no começo até conseguir soltar a voz. - Será legal! Nos acompanhe!! - Payne tentou. O garoto era bondoso demais para não querer que todos se divertissem, por mais que não conhecesse-os, ele faria questão de que as pessoas possuíssem ao menos tal chance. - Ahm. - pingaterreou. - Acho melhor não, e-eu tenho que lavar muita louça em casa. - Come'on. Não pense em louça numa plena sexta-feira à noite. Acredite em mim, até ano passado eu não parava de estudar a semana inteira. Era estressante. Aderi ao lema do Louis de "viver é diferente de existir". - Hm. - Zayn ainda estava hesitante, mas sabia que não seria capaz de recusar a oferta e dar essa desfeita diante da persistência do amigo de Louis. - Certo. Vou tirar o jaleco e me trocar, encontro vocês na garagem? - Yeah! Sim! - Payne comemorou.- Vou tirando o carro da garagem. - avisou ao acompanhar Zayn para fora do quarto, entretanto não sem antes recuar um passo e questionar Tomlinson. - Você vem? Louis respirou fundo. - Vou. - baixou a cabeça, tendo uma visão periférica de um Harry mordendo o interior da bochecha. - Encontro vocês lá embaixo. Vou trancar o quarto e desço pro estacionamento.  - Uh. Okay. Vou indo. Não demore. - Liam alertou. - Tchau Harry! - acenou e saiu. Louis resolveu se levantar da cadeira e sentar na ponta do colchão da cama de Styles. - Você está bem? - perguntou entristecido por não poder levar seu paciente junto ao passeio. Afinal, ele era um paciente integral. Harry encarava as próprias pernas que estavam repuxadas contra o peito, sendo abraçadas por seus braços magros. - Sempre estou. - respondeu vazio. Chega. Isso foi o suficiente. Foda-se as regras de só tocar os pacientes quando necessário. f**a-se o conselho de manter distância deles quando não houver supervisão de seguranças. Louis simplesmente não se importou em se aproximar do corpo encolhido do cacheado e apoiar a mão em seu ombro, fazendo de imediato Harry dar um mínimo pulo, assustado. Os olhos verdes estavam arregalados e vibrantes, encarando amedrontados e confusos as orbes azuis do menor. Seus cachos caíam sobre as maçãs de seu rosto pálido cedendo uma imagem de um garoto que na verdade se sentia solitário e pequeno, por mais que demonstrasse aquela pose de inabalável. Ele era somente um humano. Louis sorriu minimamente. Ele queria transmitir confiança e apoio. Queria demonstrar que estava lá para consola-lo. Embora nunca fosse bom com palavras, ele pensou bastante antes de quebrar o silêncio: - Olha, eu costumava quebrar o coração das pessoas que, pra ser honesto, meio que mereciam, principalmente daquelas garotas assanhadas que se atiravam pra qualquer um que aceitasse t*****r com elas. Não vou mentir e dizer que também não caguei com os sentimentos de uns rapazes e moças de bom caráter, mas aquele era eu sendo um i****a que nunca se sentia satisfeito com o que tinha. Agora, seja quem for que quebrou seu coração no passado, Harry, pode ter certeza que essa pessoa devia se internar nesse hospital, ela sim é maluca, porque por mais que você não ache isso ou se sinta assim, ouça o que eu digo, Harry: você é especial. Especial para ser o suficiente para qualquer um que você desejar. E eu sei que você nunca vai admitir que talvez doa pensar sobre seu passado ou que te traga qualquer emoção, mas elas estão ai, e elas são o que te fazem ser a pessoa que você é, então não as esconda, não se importe em deixá-las transparentes quando a sensação for muita para suporta-las sozinho. Eu não sou nada, mas estou aqui por você. Esse ser-humano, sendo menino ou menina, que causou qualquer dor em você, certamente é o campeão dos estupidos. Você é mais do que isso, Styles. - suspirou - Muito mais. Wow. Nem Louis acreditava que tinha feito tal discurso. Ele geralmente só se embola no que diz e tudo sai uma merda. Contudo, por incrível que pareça, dessa vez ele pôde se expressar como esperava com sua voz sincera, e estava satisfeito consigo. Os olhos de Harry instantemente quebraram conexão com os seus, encarando algum ponto aleatório no chão. As bochechas de Harry estavam extremamente coradas. E Louis considerou esses sinais como um indicador de que o que ele falou causou algum efeito no maior.  Por compreender que seu tempo estava esgotado, Louis afagou o ombro de Harry brevemente e se levantou, caminhando para a saída. - Boa noite, Harry. - proferiu antes de fechar a porta. Se ele houvesse ficado ali por mais três segundos teria visto Harry levantando totalmente a cabeça com o rosto inteiro em um vermelho rubro, olhos brilhando, e... Um pequeno mas adorável sorriso cheio de covinhas. Styles jurava estar tentando. Ele estava se esforçando. Mas.. O que estava acontecendo era meio inevitável. E ele não se decidia se queria evitar aquilo, porque era mais forte que ele.  Seu sorrisinho entregava a melhor prova possível. E ele não entendia se essa era uma boa sensação ou a insinuação de algo péssimo, pois, honestamente, estava farto de sofrer. Ele havia percorrido esse caminho em tempos passados. Mas dessa vez a emoção era mais forte, poderosa. E ele se esforçava como ferro para suprimi-la de seu peito... Mas... Não era culpa sua se seu coração apenas se acelerara e seu corpo se esquentara com o discurso de Louis. Merda .... - Está brincando comigo! - Zayn xingou Louis conforme o menor entrou no carro. - Você se atrasou em quase quinze minutos!  - Eu estava cuidado de Harry. - Louis se explicou. - Sim Louis, mas horário é horário e precisa ser cumprido.  Zayn já estava se arrependendo de ter aceitado ir com os rapazes.  - Enfim gente! - Liam se intrometeu. - Fiquem quietos porque quero escutar a música da rádio! - informou-os colocando o rádio em alguma estação aleatória e manuseando o voltante de seu carro rumo ao Yellow & Red Karaokê.  ... - Louis é eficiente. Eficiente até demais. - Zayn contava a Liam. Os três alugaram um dos espaços com a TV e aparelhagem de canto para se divertirem a noite toda. Claro que Louis fez questão de pedir várias bebidas diferentes no bar do local. Liam não bebia tanto quanto seu amigo, entretanto uma quantidade considerável para deixá-lo animado. Zayn no começo relutou a se soltar, entretanto Payne sendo o "patricinho simpático e perfeito" como Louis o julga conseguiu facilmente a simpatia do muçulmano e o induziu a beber o mesmo que ele. Louis já era o super solto que sempre se oferecia para cantar todas as músicas e até cantava com pessoas aleatórias de outras cabines. Você poderia culpar o excesso de álcool em seu sangue ou então o gênio extrovertido e contagiante do menino.  Depois de Ellie Goulding, Artic Monkeys, Coldplay, Drake, Vic Mensa e até Justin Bieber, os "novos colegas de saída" resolveram fechar a conta. As cordas vocais de Tomlinson estavam estouradas depois de tanto serem forçadas. A de Liam e Zayn também se encontravam bem desgastadas já que ambos descobriram que cantavam realmente bem e no final tiveram que participar de um concurso com outras cabines.  A equipe que ia melhor ganhava um shot de tequila por conta da casa. Totalizaram uns cinco shots de tequila. Louis, Liam e Zayn deixaram o estabelecimento extremamente bêbados. E, apesar de alterado, Liam continuava responsável o suficiente para se recusar a dirigir após se aventurar com os shots. Portanto descobriram que há algumas quadras dali havia uma balada eletrônica. Já que não podiam dirigir e não tinham como voltar pra casa (porque táxi seria demasiadamente caro pois Zayn morava um pouco longe) eles optaram por gastar o resto da madrugada na balada. E foi a partir daí que tudo não passou de um borrão na cabeça de Louis. - Vamos pra pista de dança, galera?  - Ah, não Louis. Nem vem. Não vou me misturar naquele amontoado de gente suada se esfregando!  - E você, Zayn? - Passo. Obrigado. - Seus chatos! Vou sozinho e f**a-se! Luzes fortes. Música muito alta. Vários corpos juntos pulando sincronizados. Alguém está cutucando seu ombro. - Louis? - era uma voz familiar. Estranha mas familiar. Um rosto relativamente familiar também. - John? - arriscou cambaleando. Ele riu amostrando sua dentição branca e brilhante. - Tente de novo. - Rick? - Quase lá. - Nick?  - Um ponto para o Tomlinson!!  
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