Celina pensou a noite inteira, m*l conseguiu dormir. No dia seguinte, no café da manhã com Luis, tinha um plano perfeito e traçado. Só não contava com a reação dele
- Não acho justo sua mãe não gostar de você por causa de você parecer com seu pai. E pra falar a verdade, acho que o Caio e Helena são filhos do Henrique.
- Se fossem filhos dele, ele teria largado a mulher e casado com minha mãe.
- Isso é o que sua mãe quer acreditar. Vai ver ela contou tanto essa mentira pra si mesma, que virou verdade na cabeça dela. Mas você não acha estranho serem os únicos que não tem nenhuma pigmentação?
- Não acho nada! Acho que não devo me meter na vida dos dois. Você acha que meu pai nunca desconfiou desse outro, ou dos inúmeros casos que ela teve durante todos esses anos?
- Já falamos sobre isso, e eu já concordei com sua teoria.
- Meu pai sabe de tudo, finge machismo e ciúmes pra não ter que tomar atitude.
- E sua mãe deixar ele em definitivo.
- Eles se merecem, Lu. Ele não é m*l comigo, mas deixa ela ser. E eu não mereço.
- E o que você vai fazer a respeito?
- Primeiro, você vai procurar o Anderson e falar sobre aquela história de leiloar minha virgindade.
- Está louca? Eu soquei a cara dele e depois dei um apavoro por ele falar isso pra você. Como vou agora ir atrás disso?
- Você não conhece como funciona isso?
- Não. Meu negócio fica bem longe de crimes sexuais. Leiloar virgindade de mulheres, principalmente menores de idade, p*******a, tráfico humano. Tudo isso me enoja.
- Mas eu preciso agora, Lu. Você tem que me ajudar.
- Porque você não aceita minha proposta de vir morar comigo, Lin? Será que é pior ainda do que ser vendida pra um velho?
- Porque você tem sentimentos por mim que eu não posso retribuir. Isso vai nos destruir e eu não posso ser egoísta a esse ponto.
- Então aceita pelo menos minha ajuda financeira. Eu sei que você considera dinheiro sujo, mas o dinheiro do pedófilo não seria pior?
- Porque agora não vai me adiantar de nada, Luís. Meu problema nesse momento é tempo. O prazo pra matrícula se encerra 32 dias antes de eu fazer 18 anos e poder assinar por mim.
- Porque você não se mantém virgem e presta de novo no próximo semestre?
- Não quero. Eu cansei de ser a boazinha, Luís. Eu vou dar o troco na minha mãe por todas as frustrações da vida dela que descarregou em mim. Vou dar a volta por cima, vou me formar e esse período nebuloso vai ser esquecido quando eu for feliz lá na frente.
Celina contou todo seu plano para os próximos 20 dias, e Luis foi obrigado a concordar que era um plano perfeito, mas pra alguém como Helena e não ela.
- Lin. Você não é esse tipo de pessoa, está perdendo sua essência.
- Não ligo. Gentileza gera gente folgada. É ótimo perder a essência. Não quero mais ser a mocinha. Nem ser a boazinha que tudo suporta. Não sou um poema de Camões. Eu tenho um lugar no mundo e se meu selo é o preço que tenho que pagar, que se dane. Talvez eu até goste muito da coisa.
- Está bem. Mas em nome de nossa amizade, não leiloa sua virgindade.
- E como vou resolver isso deixando minha mãe ganhar?
- Quanto você quer pedir?
- Não sei, quanto você acha que vale?
- Não tem preço, Celina.
- Preço tem. Não tem valor...
- Não sei, vi casos aqui no Brasil de 20, 30 mil. Mas ouvi dizer que nos leilões os gringos acabam pagando 100, 200.
- Duzentos mil reais? Com esse dinheiro consigo comprar um barraco e me manter durante todo o período da universidade!
- Então você vai fazer, sem pensar mais um pouco?
- Vou, dê um jeito de leiloar isso aqui pra um gringo. E quando eu for pagar, você me ensina o que tenho que fazer?
- Te ofereço 500 mil. Me deixa ser o primeiro? E te ensinar?
- Porque, Lu? Deixar você fazer isso, vai te desestruturar, fazer você criar expectativas...
- Que isso, novinha? Eu sou bandido e meu codinome é Bradock. Sou sujeito homem, não vou me iludir.
- Até o Superman tinha uma fraqueza.
- Tá certo, você é minha criptonita. Mas se você não aceitar, vou me envolver no leilão e não paro até dar o último lance. Você está vendendo e eu vou comprar. Só que se você deixar ir pra leilão, vai ter que dar a metade do que conseguir para os caras que vender. Comigo é limpinho...
- Está bem, Luís. E te agradeço por isso. Pra mim vai ser mais fácil fazer com você.
- Tá bom. Agora que estamos combinados, vou dar um jeito de sua mãe permitir e vou marcar o dia. Mas posso sugerir como você deve investir tanto dinheiro? Se você aceitar, já posso começar hoje mesmo a te pagar.
- Claro que pode, mas você vai pagar antes do serviço prestado?
- Celina, eu te amo. Tanto que você não tem a menor noção. Aceito ser seu amigo por que é tudo o que você me permite. Sou malvadão quando estou em cena, mas controlo todos os meus instintos quando estou perto de você. Há muito tempo quero tirar você de perto da sua mãe, cuidar de você. Agora que você me permitiu te ajudar, vou agarrar a oportunidade.
- Já tá criando expectativas...
- Não estou. Só estou fazendo as coisas como você quer que sejam.
- Tá bom. Quais são seus planos pro meu dinheiro?
- Primeiro comprar uma casa na cidade universitária. Eu sei que você vai se sujeitar a ir morar com o velho, mas é bom ter seu porto seguro. Comprar um carro e o que sobrar, vou esperar você fazer 18 anos pra abrir uma conta e colocar nela.
- Perfeito. Tudo isso só por dar o priquito? Aqui na quebrada tem muitas que fazem só pelo prazer.
- E pra tomar uns tapas depois, não esqueça.
Os dois riram, continuaram conversando sobre um monte de coisas pra Celina relaxar. Depois Luis achou melhor não ir vê-la até a mãe marcar o encontro com o noivo. E Celina estava uma pilha com tudo o que tinha planejado.