6 - Caos

2030 Words
— Milady! — Conan chamou sua atenção novamente, enquanto observava Louis partir em seu cavalo na direção do acampamento — Acompanhe-me. Hipolita assentiu intimidada, correu um curto percurso até onde seu garanhão estava preso, suas mãos tremiam ao tentar desamarrar Altanero, o cavalo parecia entender sua angústia, tanto que dessa vez não precisou de muito trabalho para monta-lo. O vassalo de Louis não parecia nem um pouco preocupado com a batalha que seu khalasar teria a seguir, parecia que batalhas os incitavam, nunca entenderia os homens, tal pensamento já a aterrorizavam-na. Eles pareceriam ter prazer em lutar, perceberá isso ao ouvir suas histórias todas as noites, após a refeição os homens acendiam fogueiras para amenizar o frio intenso do inverno, ouvira histórias fascinantes dos guerreiros, e nelas eles contavam suas glórias em cada batalha, enalteciam seu líder por suas habilidosas estratégias, Hipolita percebera o quanto cada um deles tinham prazer ao lutar ao lado de Louis. Muitas vezes acreditava que eles exageravam em relação as grandes histórias de batalhas sobre Louis, o guerreiro invencível. Tinha certas dúvidas sobre ele ser tão esplendido assim. Incitou o cavalo para poder alcançar o homem que cavalgava açodado por entre o bosque, quando conseguiu acompanhar seu pique tentou chamar sua atenção para ela. — Eles são muitos, Conan? — Questionou ela com certo receio de que algo r**m poderia ocorrer com Louis e seus homens, mesmo que ele fosse tão magnifico quanto eles narravam em seus contos, ele ainda era um homem, de carne e osso, muita carne por sinal, refletiu ao lembrar de quando o vira despido pela primeira vez — Temo que aconteça uma tragédia. Eles estavam em uma velocidade surpreende, o vento beijava seu rosto, o galope dos cavalos estava tão alto que ela m*l conseguiu escutar o que ele a respondeu, teve que pedir para que Conan repetisse. — Não temas, a única tragédia que acontecerá, são com os invasores, eles serão massacrados. — Respondeu com o que Hipolita pensava que fosse arrogância, mas acabou chegando à conclusão de que era confiança. Eles confiavam suas vidas à Louis, ele era a inspiração daqueles homens, e não tinha nada a ver com submissão, ou qualquer coisa do tipo, estava mais para algo haver com fidelidade, confiança, era isso, eles honravam seu comandante. Ainda sim, não sabia se aquela constatação do homem a fazia sentir-se feliz, aliás, teria um combate entre eles, isso sempre causava dor e mortes. — Como podes está tão confiante quanto a isso? Eles estão em maior quantidade. — Eles têm números milady, nós temos habilidade. — Declarou o guerreiro. Mas ainda que estivesse fugido sem os olhares dos invasores, não estava protegida. Conan avistou três salteadores seguindo-os, ousou a olhar para trás na intensão de a distância que eles estavam, a postura maligna dos homens a assustou, e pôde perceber que eles não eram apenas ladrões, mas também facínoras, delinquentes, além de obterem as feições malignas os sujeitos trajavam vestimentas velhas e imundas, as barbas cobriam partes de seus rostos, com sorriso odiosos nos rostos, revelavam bocas quase sem dentes, e os poucos que tinham estavam estragados, parecia que aqueles homens haviam saído das historias de terror que seus avós lhe contavam quando criança. Eles carregavam machadinhas e espadas, e pareciam estarem dispostos a mata-los. — Devem ter me seguido enquanto fui avisa-los. — Concluiu — Hipolita siga o caminho, ele dará até um povoado, se esconda por lá, depois a buscaremos. Eu os detenho. Mesmo relutante, ela assentiu em concordância e fez o que o guerreiro lhe pedira. Conan puxou as rédeas de seu cavalo diminuindo a velocidade na intenção de começar uma batalha, seria três contra um, pediu a Deus que protegesse o vassalo de Louis e todos os outros. Enquanto seguia seu caminho com Altaneiro galopando a uma velocidade impressionante, percebera que outro bandoleiro a seguia, seu medo crescera ainda mais quando ele se aproximou, não soube discernir claramente quando ou como, mas em poucos segundos Hipolita estava no chão, ele a derrubara de seu cavalo. Abriu os olhos, puxando o ar com força tentando respirar regulamente, mas todo seu peito doeu com o esforço, sua vista estava embaçada, m*l conseguia enxergar, a sensação fora como se estivesse saído de seu corpo por alguns minutos, não conseguia escutar nada a não ser um zumbido, não conseguia se mexer ou falar, quando aquela sensação de impotência passou Hipolita sentiu uma dor horrenda em todo seu corpo, a impressão fora de ser esmagada, rolou pelo chão abraçando o corpo tentando abrandar aquela dor. O riso monstruoso se fez presente, teve que tentar ignorar sua condição e tentar correr. Não conseguiu. — Sua rameira, eu vou fodê-la sem dó. —Praguejou o maldito. Soltou um grito de clemência, enquanto tentara arrastar-se pelo chão em uma tentativa fracassa de fugir. Ele a segurou pelos pés arrastando-a pela mata. —Louis! — Chamou ela apavorada. Céus, como sentia medo. Na verdade, não temia a morte, o que a aterrorizava de fato era o que se antecedia a ela. O pensamento de que aquele homem de olhos malignos lhe fizesse m*l lhe causava náuseas, seu corpo por completo tremia, sentia um aperto no coração, enquanto a respiração falhava — Não, não, não... Solte-me, por favor. Ele não lhe deu ouvidos, parecia com um animal que acabara de encontrar sua presa. O homem soltou a machadinha que carregava e puxou uma adaga, fitando-a com depravação, desejou morrer, queria que Deus a levasse, pois sabia o que ele lhe faria e não tinha como ela o impedir. Gritou, implorou, suplicou para que Louis aparecesse e a salvasse, enquanto aquele demônio rasgava suas roupas. Se debateu a todo o momento tentando impedir que ele seguisse com o ato, mas ele acertou em cheio seu queixo causando uma angustia insuportável, achou que pudesse ter quebrado. Sempre temeu que algo assim acontecesse, esse era um dos motivos que sempre evitou casamentos, nunca aceitaria deitar-se com um homem contra sua vontade, e ser forçada, isso era... Inescrupuloso. Não, preferia a morte! Sentiu nojo de si mesma quando ele rasgou os fios que prendiam seu espartilho com a lâmina e enfiou aquela mão asquerosa por dentro de seu vestido pressionando seu seio força, aquele feito fora a gota d’agua, Hipolita ficou paralisada, enquanto o assistia se desvencilhar das partes de baixo de sua veste, não teve forças para lutar por esta em choque, pouco antes do demônio consumar o ato fora atingido por uma flecha que atravessou sua cabeça, a ponta dela sairá em seu olho direito e o homem caiu desfalecido em cima dela. Um grito torturado ecoou, acreditará que o som tivesse se propagado por quase todo o bosque. O som era sofrido e comovente, era o grito de Hipolita, A mulher à sua frente estava em choque. Foi nesse momento que lamentou com pesar, falhara em sua promessa com Hipólita, tinha prometido que lhe daria abrigo e proteção, no entanto ela quase fora estuprada e morta. A verdade é que seria uma missão complicada mantê-la sempre a salvo, constantemente correria perigo, apesar de ser esperta e forte, ela ainda era vulnerável demais para viver dessa forma, como uma viajante, hoje ela escapará, mas uma hora ou outra ela poderia de fato ser sequestrada, estuprada ou até mesmo morta. Conhecia bem o mundo, as pessoas eram impiedosas. Hipólita sempre seria o elo fraco de seu clã, justamente por não saber se proteger e por ficar sempre à mercê de algum deles. Tirou o corpo desfalecido do maldito de cima dela no momento em que ela se contorceu e vomitou. Hipólita estava m*l. Louis se agachou em sua frente segurou seus cabelos em um ato de empatia, quando ela por fim terminou ele tocou seu rosto, constatou que Hipolita soava frio, levando em conta o susto que passará, seu estado de espirito atual era esperado. Louis ofereceu-lhe a mão para tentar ajuda-la a levantar, mas Hipólita se esquivou recuando para trás, fitando-o como se estivesse com medo dele. Ele preferia seu deboche, suas respostas afiadas, seu ódio do que seu medo. De algum modo aquilo o incomodou. Tentou novamente ajuda-la a levar e novamente ele teve sua recusa. Por conta do ataque que seu contingente iriam partir dali à algumas horas, estava irascível, não teria se quer paciência para lidar com as extenuações dela. Apesar de ter ganho a batalha e deixado uma pilha de corpos de inimigos para trás, aquela conjuntura lhe estressara. Então mesmo contra sua vontade Louis a segurou pelos braços, levantando-a, em seguida a jogou em seus ombros a contragosto, ela se debatera e esmurrara suas costas, a ignorou por completo, só queria sair dali, viajariam para um vilarejo próximo à Northampton. Conan os alcançou naquele momento, por mais que fosse um de seus melhores homens, havia sido ferido no combate, lutou bravamente contra três homens e matou a cada um, seu ombro esquerdo fora golpeado. — Tem certeza que consegue ir sozinho? — Louis inquiriu reflexivo ao perceber que o corte era mais profundo do que pensara, o homem sangrava ainda sim era resistente o bastante para montar seu garanhão com destreza. — Sim, senhor, não é nada grave, já estive pior. — Louis assentiu ante a sua resposta. Conan percebeu que Hipólita estava desmaiada nos braços de seu comandante, preocupou-se pois ela estava sob sua vigilância enquanto fora atacada. — Hipólita está bem? — Ela irá ficar. — Concluiu ele observando a mulher em seus braços ela se dera por vencida ao cansaço, agora dormia calmamente em seus braços. Sem muita dificuldade conseguiu montar em cocuyo com ela em seus braços enquanto segurava as rédeas de Altaneiro que vinha os seguindo. Um som acalorado se espalhara no ar enquanto Hipólita abria os olhos, já era noite. Homens entoavam canções em uníssono ao som da gaita fole, flauta e concertina, ela conhecia bem aquele som, ficou admirada com a forma como eles cantavam, se espreguiçou sentindo-se esgotada, toda aquela situação levara seu corpo a exaustão. Mesmo ainda sonolenta levantou, perceberá que estava dentro de uma caverna, nem sabia como havia parado ali, culpou seu cansaço por isso. Louis quem tocava a gaita fole, percebeu assim que saíra da caverna e encontrou todos os guerreiros ao redor de uma fogueira pensou em ir lá para agradecer, mas achou melhor não atrapalha-lo agora, trocaram um longo olhar, até ele desviar sua atenção para Jamie que tocava a flauta ao seu lado. Do outro lado estava Conan, ele bebia vinho sentado sobre um rocha, se aproximou dele fazendo uma reverência antes de saudar. — Boa noite senhores! — Boa noite Milady! — Queria agradecê-lo por ter me salvo, Conan. — Reconheceu Hipolita — Se machucou por minha causa. Ele maneou a cabeça negativamente sorrindo-lhe. — Infelizmente não fui quem a salvou milady, foi Louis.— Esclareceu Conan, ele realmente parecia decepcionando consigo mesmo por não tê-la salvado — Quando Louis à trouxe disse que a senhorita faria parte de nós, todos estes homens que estão aqui morreriam para salva-la, assim como Louis morreria por cada um de nós. Ele falara com orgulho, achou aquilo honorável. — É por isso que quero aprender a lutar. Quero retribuir tudo o que fazem por mim. — Hipólita confessou entusiasmada, ao perceber a expressão assustada no rosto do guerreiro resolveu perguntar — Por que está me olhando assim? — Assim como milady? — Como se eu estivesse louca! — Retorquiu estreitando os olhos para ele. Talvez porque ela estava. Pensou Conan, mas não ousou confessar-lhe. — Achas que eu não tenho capacidade de ser uma guerreira? — Indagou ela sugestivamente deixando claro que não aceitaria uma resposta negativa. — Claro que tens milady, a senhorita seria uma ótima guerreira. — Respondeu-lhe o homem sob o olhar atento de Hipolita. — Hummm... — Ela resmungou antes de lhe dar as costas, tagarelando sobre ser uma guerreira implacável, em lutar pela justiça contra malfeitores e delinquentes. Conan sorriu ao ver a empolgação de Lady Hallwick, ela era mesmo uma mulher determinada e sagaz, Louis não a traria para seu clã atoa. Sua determinação parecia capaz de romper qualquer obstáculo, não importasse qual a dificuldade. Sua curiosidade pelo desconhecido lhe fazia diferente das outras mulher, Hipolita não tinha limites.
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