Hipólita ainda sentia-se molinha e sonolenta quando se permitiu a coçar os olhos com o dorso das mãos e espreguiçar-se tentando atenuar toda aquela preguiça que sentia. Percebeu que Louis a fitava compenetrado, aproveitou para observa-lo também, ele estava deitado de lado, apoiando a cabeça com a mão. Os cabelos soltos e desgrenhados, mas o deixavam com um ar de jovialidade, sua tez agora reluzia calmaria. Deitou-se da mesma forma que ele estava e pôs-se a sorrir quando ele lhe sorriu também.
— Bom dia, Lady Hallwick! — Ele saudou com um tom de voz rouco, a mão livre dele voou sob seu seio e o espalmou, o mamilo enrijeceu de imediato quando o polegar instintivamente o esfregou.
Deixou um suspiro deleitoso escapar por seus lábios até se tornarem gemidos.
— Bom dia, milord. — Respondeu-lhe ela quando recuperou o fôlego.
Sua perna estava em cima do quadril de Louis, algo lhe chamou atenção por dentre os cobertores, então os puxou e passeou os olhos por ali, um pingo de divertimento pairou sobre Hipólita, voltou a olha-lo agora com jocosidade.
— Acordas sempre assim, Louis? — Questionou ao perceber sua ereção logo a esse horário.
Estranhamente não se sentiu acanhada ao apreciar sua nudez ou por fazer tal comentário, pelo contrário, Louis a deixara a vontade para agir ou falar como quisesse, era exatamente por isso que gostava de compartilhar momentos assim com ele.
Ele deu de ombro ao responder:
— Todos os dias!
Abriu um sorriso audacioso e recebeu de bom grado o beijo que ele depositou em seus lábios, mordeu os lábios de Louis e aproveitou para aprofundar o beijo. A manhã estava fria, porém, ironicamente ele era quente e estar perto de Louis conseguia aplacar todo frio. Poderia passar horas e horas assim, apreciando esse momento, teve liberdade para conversar sobre tantas coisas com Louis, inclusive sobre sexo, ele esclarecera todas suas dúvidas detalhadamente, enquanto uma hora ou outra lhe roubava um beijo.
Com muito sacrifício desgrudou dele e foi tomar banho na gruta, diferente do clima lá fora água estava perfeita, há dias não sabia o que era lavar-se com uma água quentinha, queria poder ficar o dia todo lá dentro, principalmente por Louis está lá, abraçando-a, beijando-a, fazendo-a se sentir única, quando ainda dentro d’agua ele com muito zelo a penetrou, a excitou, e juntos chegaram ao clímax.
— Precisamos ir. — Advertiu Hipólita sem fazer nenhum esforço para desgrudar dele.
— Deixe-os esperarem! — Retorquiu com o queixo apoiado no topo da cabeça de Hipólita.
Ela não queria ser culpada por suas irresponsabilidades, então de pronto o empurrou com cuidado e se afastou. Percebera que ele havia pego algumas de suas peças de roupas, agradeceu e pediu que ele a ajudasse a coloca-las.
— Esse troço não quer fechar. — Resmungou ele se referindo ao seu espartilho.
— Que? Tu que não sabes como colocar!
— Ah, se tem algo que sei bem como tirar e colocar — ele sussurrou em seu ouvido e continuou —, são roupas femininas.
— Não és o que parece. — Murmurou Hipólita.
Maldição, ele estava certo!
Teve que prender a respiração e esquiar a barriga se esforçando para que ele conseguisse enfim amarrar os fios do espartilho. Ultimamente estava comendo feito uma fera selvagem, mandou os bons modos para o quinto dos infernos, Zarbon, o açougueiro, fazia uma comida deliciosa, acabava comendo bem mais que o de costume, pelo visto teria que se controlar ou suas curvas femininas irão se tornar rechonchudas como as dos leitões que comia. Sorriu ante ao pensamento e caminhou ao lado de Louis pelas trilhas da caverna.
A esse horário sabia que todos os guerreiros estariam no átrio prontos para iniciarem o treinamento. Seu desejo era treinar também e Louis não iria impedi-la, aproveitou para esclarecer o m*l entendido que havia ficado entre eles, afinal, por mais que estivessem ficado juntos isso não isentaria suas desavenças.
— Desculpe-me. — Hipólita pedira enquanto segurou a mão de Louis fazendo-o parar e olha-la.
— Por qual motivo estás pedindo-me desculpas? — Inquiriu ele confuso.
Hipólita se perguntara se ele realmente não estava entendendo ou se estava jogando com ela.
— Tu sabes muito bem o porquê. — Ela se irritou ao retrucar.
— Se soubesse estaria eu perguntando?
Ela grunhiu de raiva e bufou, queria cortar o pescoço dele agora, tinha certeza de que não se arrependeria.
Sempre que estavam juntos, duas coisas poderiam acontecer, brigas ou copulação.
— Acho que me chocou o ver matar alguém de maneira tão brutal, eu não estou acostumada com isso, nem acredito que um dia vou está, mas no mundo em que vivemos é necessário. — Ressaltara Hipólita, sua mente fora transportada para o dia em que sofreram o ataque dos bandoleiros e ela o viu ceifar a vida de um deles. Sabia que Louis queria apenas protegê-las, mas não conseguira evitar sentir horror diante daquela cena, nunca havia presenciado algo tão hediondo — Creio que não seja errado matar pela justiça, nem todos podem ser convencidos de forma pacífica, talvez este seja o único jeito de tentar manter a paz entre os povos, infelizmente.
Hipólita pensara que fosse algo fácil governar de forma pacífica. Por muito tempo criticou a forma como muitos líderes governavam, sempre achou a guerra algo desnecessário, hoje pensara que talvez fosse uma alternativa infeliz, porém necessária para se manter o controle. O ser humano era moldado por uma tez maligna, sua ira pelo poder e riquezas sempre faria com que o mundo entrasse em caos. Destruições em massa séria o legado que o homem deixaria no mundo após sua extinção.
— Não gosto de matar, mas odiaria morrer. Jamais colocaria a vida de meus homens em risco, as vezes é necessário, na guerra é matar ou morrer, não existe meio termo.— Louis cuspiu as palavras.
— Queria agradecê-lo por ter me trago contigo — Agradeceu — Acho que se não o encontrasse, não passaria de um dia na floresta, fugiria apenas para assinar minha sentença de morte, eu não tinha ideia para onde ir, e não estava preparada para sobreviver na floresta.
— Sim, fora uma ideia estúpida. — Ele afirmou e sua resposta a irritou pois não era o que esperava ouvir dele.
— Eu irei treinar, Louis! — Exclamou ela, determinação era o que regia cada palavra.
Observou atentamente a boca dele se fechar e Louis entortar os lábios como se sentisse um gosto amargo ao ouvir suas palavras. Sabia o quanto ele poderia ser turrão quando queria, só pela expressão austera dele sabia que ele iria contra sua aquisição.
— Tu achas que tudo isso não passa de uma brincadeira, um jogo, Hipolita? Somos guerreiros, lutamos pra matar não por diversão. — Comentou ele cruzando os braços acima do peito, lançou-lhe um olhar ríspido em sua direção.
Por Deus, talvez quando o conhecera aquela postura fria do homem poderia causar-lhe arrepios ao mira-lo, mas agora, aquela camada de frieza que Louis emitia, lhe despertava apenas raiva.
— Não acho que se trata de uma diversão. — Rebateu balançando a cabeça negativamente e se aproximou dele — Eu quero aprender a me defender Louis, não posso ficar esperar sempre por ti ou teus homens para me proteger.
Afinal, nem sempre ele estaria por perto, um dia teria que procurar um rumo para sua vida, e para uma mulher viver sozinha ela teria que ser esperta e saber cuidar de si mesma, pois a maioria dos homens faziam favores em contrapartida exigiam algo em troca.
— Se defender?— Perguntou com amargor — Estás disposta a matar?
— Claro que estou! — Respondeu sem titubear.
— Estás mesmo? Estás disposta a ceifar a vida de uma pessoa? — Instigou novamente com ira, antes que pudesse pensar no que responder ele continuou — Estás preparada para está do outro lado, olhar a vida de alguém esvaindo-se? És um caminho sem volta, matar requer coragem pois tirar a vida de uma pessoa requer "ser frio", achas que podes?
O mundo sempre fora um lugar perigoso de se viver, se precisasse ter que usar a espada para manter-se viva, Hipólita usaria.
— Sim, posso!
— Então esteja preparada para si olhar com aqueles mesmos olhos.
Ele estava se referindo ao dia em que a salvou, Louis havia interpretado de forma errada seu comportamento perante a situação.
Ele era tão cabeça dura! Ignorou isso, já havia pedido desculpas, não queria ter que lidar com o rancor dele.
— Não se preocupe com isso.
— Certo. Irei treina-la. Exigirei de ti o mesmo que exijo de todos os meus homens, então empenhe-se Hipólita, te esforce para ser a melhor.
— Assim o farei! — Disse sisuda, mas comemorando internamente.
Finalmente ele havia concordado.