10 - Força

2135 Words
Hipólita desmontou o seu garanhão e o amarrou a uma árvore próximo a feira no pequeno vilarejo de Chipping Campden, vendiam de tudo um pouco ali, galinhas, porcos, frutas, caldos, havia também uma tenda com variados tipos de flores. Sapateiros, ferreiros e carpinteiros se espalhavam pelo local, várias pessoas circulavam ao mesmo tempo, era um lugar pequeno e diferente de onde morava. Passeou pelo lugar encantada com tudo, crianças corriam uma atrás das outras enquanto os pais trabalhavam, vários mercadores gritavam chamando atenção dos clientes, vendiam jarros, tapeçarias, copos, jóias... de tudo um pouco. Ao retornar a taverna onde Louis e os outros estavam, segurava as rédeas de Altanero enquanto ia a pé, conhecendo melhor aquele pequeno vilarejo, arrodeou o estabelecimento em direção ao estábulo que ficara atrás da Taberna, deixou Altanero lá e ao virar-se para sair um jovem magrelo e franzino atravessou sua frente. Ele carregava um ar cafajeste no sorriso que lhe dava. O olhou com curiosidade, ele usava roupas elegantes, dignas de alguém da nobreza, jóias de ouro, tinha a postura de um lorde, os cabelos loiros acima dos ombros, grandes olhos azuis cheios de perspicaz, seu rosto era bem bonito. — Bom dia minha bela dama! — Ele saudou galante. — Saudações meu senhor — Ela deixou-se levar pelas prosas do mulecote fazendo uma reverência exagerada, se ele fosse esperto o bastante perceberia o desdém de Hipólita a cada gesto. — És um prazer conhecê-la! — Disse ele tomando sua mão e beijando-a — Lord Vanchosen II da Casa Cawllon. Apresentou-se ele, em algum momento de sua vida já ouvira alguém falar da Casa Cawllon, eram nobres, importantes e abastados, mas não se importava com isso, grande maioria deles eram desprezíveis. — É uma honra conhecê-lo milord. — Mentiu. Pensou em um nome e falou o primeiro que veio em sua mente — Elizabeth. Os olhos do rapaz enfiaram-se em seu decote e ele o avaliou, sorriu, depois voltou a fitar seu rosto, ela entendia bem qual sua intenção. Por Deus, aquele garoto estava se metendo com a pessoa errada. Ele se aproximou de Hipólita encostando-a na parede ao fundo da taverna, aquela parte era deserta, ao fundo tinha apenas o estabulos e uma imensidão de árvores. Acompanhou o movimento da mão dele com os olhos até vê-lo tocar-lhe o seio esquerdo, ele o acariciou, o moleque era mesmo ousado. — Que tal nos divertimos um pouco, Elizabeth.— Ele sussurrou em seu ouvido, Hipólita imaginou que o rapaz acreditava ter lhe arracado arrepios com o gesto — Vou resevar um quarto dentro da taverna, ou preferes que sejas aqui? Ela riu ante a declaração do rapaz, ele não deveria ter nem quinze verões e se achava homem o bastante para levar uma mulher pra cama. Quanta prepotência, pensou. — Foi o que imaginei, messalina. — Disse ele — Forte e com força, assim que vou come-la. A outra mão dele subiu por sua perna levando junto o tecido de seu vestido, ele enfiou a cabeça por entre o pescoço de Hipólita e cheirou. Ela enrolou a mão nos cabelos loiros do moleque até estarem firme o bastante, afastou-se um pouco dele, seu joelho foi direto no centro entre as pernas dele, forte e com força, pensou ela repetindo suas palavras e voltou a atingi-lo no mesmo lugar. Ele soltou um grito gasguita e choramingou colocando as mãos no lugar atingido, mas ela não parou, aproveitou que as mãos ainda estavam em seus cabelos e os puxou levando seu rosto de encontro ao joelho, fez-se um estralo, o rosto do jovem lavou-se em sangue que saia de seu nariz, por míseros minutos Hipólita teve piedade do jovenzinho, era quase um criança, malcriada, prepotente, mas era. Mas esses minutos passaram no momento que o viu levantar a mão para bater-lhe, Hipólita aproveitou e a segurou, em um golpe rápido ela girou se posicionando atrás do rapaz com o braço dele e agora o pescoço em seu domínio. Ele se debateu furioso. — Se não parar quebrarei teu braço! — Ordenou Hipólita fazendo o uso das lutas que Louis a ensinara. Ela sufocou o jovem apertando o braço esquerdo por seu pescoço. Percebeu que em sua bainha o jovem carregava uma espada, ela foi rápida ao puxa-la e o soltou dando um chute no meio das costas dele, fazendo-o cair no chão. Ele era meia cabeça maior do que ela, mas foi fácil rendê-lo e amarra-lo com algumas cordas que encontrou pelo estábulo. Hipólita achou suas roupas bonitas e elegantes, trajava uma calça e botas negras, luvas de pele de algum animal e um manto de um tecido suave e elegante. Mas a calça dele que lhe chamara atenção, queria tanto uma, seus trajes pomposos sempre atrapalhavam seu treinamento. Resolveu tirar as roupas do jovem lorde e deixa-lo apenas com as vertimentas que cobriam sua vergonha. Hipólita tirou sua longa saia e pôs-se a vestir a calça, ficou bem mais apertada do que imaginou que ficaria, a calça marcava bastante suas n*****s, mas não se importou com isso. — Rameira miserável, tire-me daqui! — Exigiu ele. Hipólita deu-lhe um forte tapa no rosto, ficara a marca de seus dedos pela pele branca do rapaz. — Mandarei mata-la! — Ameaçou Vanchosen entre dentes, certo, agora ele não lhe aprecia mais uma criança, mas sim com um lord perverso. Era assim que maioria dos filhos dos nobres se corportavam, como completos animais, pensavam que eram donos do mundo e achavam que podiam fazer tudo o que quisessem. Os meninos desde cedo eram levados a bordeis e tavernas pelos pais, Hipólita imaginara que devia ser para provar a masculinidade, também pelo fato de que homens nunca se casavam virgens, esse fato a deixava furiosa, eles exigiam virtude das mulheres mas viviam em bordéis com meretrizes. — Tu mandarás que façam o que? — Desdenhou ela com as mãos na cintura olhando para o menino. — Mandarei cada homem da guarda do meu pai estrupa-la, depois mandarei que a matem! — Retorquiu, podia ver o ódio ferroz em seu olhar, ele já havia sido corrompido pela mediocridade do mundo. Hipólita ergueu o braço mais uma vem e bateu no outro lado da face do rapaz, agora as duas bochechas estavam coradas por conta da bofetada. — Eu mandarei... — Ela não o deixou completar, bateu então mais uma vez, e mais outra... — Eis um jovenzinho muito malcriado, deveria aprender como se trata uma dama. — Disse ela, olhou para a espada dele em suas mãos — Irei ficar com ela também, tu podes se machucar, não quero que lhe aconteça isso. Hipólita sorriu lindamente para o jovem e deu dois tapinhas em sua cabeça, depois acariciou os cabelos, isso o fez rosnar. — Até breve jovem lorde. — Fez uma reverência e saiu indo na direção a entrada da taverna, as lamentações do jovem ia ficando cada vez mais longe de acordo que se afastava. — Quem devo matar para conseguir beber um copo de rum? — Perguntou Hipólita ao abrir as duas portas da taverna, acabou por soltar uma gargalha quando a atenção de todos se voltou para ela. Rum era uma bebida gostosa e adocicada, ainda era muito difícil de encontrar, poucas pessoas a produziam, a bebeu somente uma vez quando seu tio trouxe de uma das viagens que fazia e ela pegou um pouco escondido. Sorriu para os amigos que estavam espalhados pelas meses, havia algumas caras desconhecidas também. Percebeu um certo choque em todos ali presente, tinha certeza que fora sua calça que o causara. Afinal, mulheres não podiam vestir uma, mas agora ela usava, quem iria impedi-la? Era livre. Alguns rostos desconhecidos de homens e até mesmo mulheres a olhavam com reprovação, o ódio destilado a ela por aqueles olhares fizeram-na se sentir uma escandalosa, sim, aquele adjetivo lhe caia bem, Hipólita ainda iria chocar muitas mais pessoas, não seria diferente de quem era para tentar agrada-las. Vasculhou os olhos pela taverna a procura de Louis e o encontrou em uma mesa junto a Jamie, Uriah e Gael. Aproximou-se deles sendo recebida de forma cortês pelos homens que lhe acenaram. Hipólita sentou-se ao lado de Louis, o que mais lhe chamara a atenção nela desde quando a vira chegar fora a calça que ela trajava, marcava bem suas curvas, ela tinha uma beleza felina, era atraente de uma forma semi igual. O espartilho que prendia seu corpo até abaixo do seio a deixava mais sedutora, o tecido fino da camisa branca que ela usava quase transpareciam seus m*****s, aquilo bastou para que ele sentisse uma pontada na virilha. Maldição, aquilo o excitara! Quando se tratava de Hipólita um simples balançar de quadril quando andava, um sorriso sagaz ou um piscar de olhos bastava para fazê-lo querer arancar suas roupas e ama-la até que ambos ficassem satisfeitos. Ele não estava mais conseguindo controlar o que sentia, parecia como um coelho, bastava olha rindo para ele que sentia vontade de tê-la e Hipolita sempre o provocava, as vezes ela nem se dava conta disso. — Onde conseguiste a espada? — Inquiriu ao perceber que ela carregara a lâmina. Ela sorriu com um ar misterioso. — Foi um presente! — Retorquiu Hipólita pegando o copo que Louis bebia e sorveu por completo o líquido que estava dentro. Ele sabia que ela mentia. — A calça também Hipólita? — Jamie quem perguntou com zombaria, ele ria. — Descobrir que fico mais atraente tranjando calças. — Ela piscou para ele e lhe sorriu — Barganhei até consegui-la — Não sei porquê Hipólita, mas estou com a sensação de que tu estas mentindo, tenho certeza de que deves ter feito alguma travessura. — Ele ironizou divertido então lembrou-se de algo — Tenho algo para lhe dar. — Louis disse referindo-se ao presente que havia encomendado fazer para ela, pegou o objeto que colocara embaixo da mesa e desembrulhou. Viu os olhos da mulher cintilarem, ela estava maravilhada, colocou as mãos sobre a boca afabando os gritinhos — Pedi a Conan que encontrasse um ferreiro para fazê-la. — Conan! — Ela chamou o homem que estava na mesa ao lado — Obrigada! — Hipólita admirou boquiaberta a espada majestosa que Louis lhe dera quando ele a desembainhou, era bem menor que a dele, mas tão linda quanto, sua bainha era revestido em um couro tão suave quanto veludo, seu pomo não era tão largo, fora feito perfeitamente para a pegada de de Hipólita, o gume forjado de aço brilhava, seu fraco era bem fino e pontudo, fora o melhor presente que havia ganhado — Nem sei como te agradecer Louis. És tão esplêndida, cada detalhe... — Agora não precisará resmungar toda vez quando for treinar. — Louis advertiu. — És uma bela espada. —Jamie elogiou — Poderá cortar a garganta de seu amado noivo. Hipólita soltou um sorriso maquiavélico antes de repontar: — Cortarei outra coisa, Sor Jamie. — Arqueou as sobrancelhas e olhou sugestiva para o homem. — Precisar dar-lhe um nome Hipólita. — Louis aconselhou enquanto pegou seu copo que estava próximo dela e o encheu de cerveja. Hipólita pensou por alguns momentos, nome era algo importante para um guerreiro pôr em uma espada, as espadas de todos aqueles nome também continham um nome. — Rainha dos condenados. — Falou lembrando-se de um livro que lera em sua infância, nele contava a história de uma rainha que se chamava Akasha de Kemet. Os homens olharam-na com certa estranheza, Jamie franziu o cenho. — És um bom nome para uma espada. — Opinou Louis. — Rainha dos condenados. — Jamie repitiu — Soou c***l, gostei. As portas da taberna foram abertas abruptamente por um soldado de armaduras prateadas, logo atrás dele o jovem lord Vanchosen II, o manto enrolado nos quadris cobria sua vergonha e o peitoral desnudo revelava apenas a magreza do rapaz. Ele passeou os olhos pelo local a procura de alguém. Quando seus olhos alcançaram Hipólita ele grunhiu. — Foi ela! — Gritou aprontando o dedo em sua direção — Quero que mate aquela menssalina e depois dê de comida aos cachorros. Hipólita e Louis trocaram um longo olhar, agora entendia tudo. Desde Conan à Sor Raider levantaram-se e desembainharam as espadas, apontando-as na direção dos dois sujeitos. O soldado que acompanhava Lord Vanchosen II observou a todos com uma feição dura, depois voltou sua atenção a Hipólita. — O que está esperando? Mate-a! Mate-a! — O pirralho a ordem ao seu soldado. Céus, como ele era irritante. — Basta! — Gritou de volta sua voz era ríspida — Envergonhará tua casa quandou souberem que perdeu para uma mulher milorde. Não tinha chance de algum dos dois saírem vivos caso resolvessem optar por um combate, e tinha certeza que aquele homem sabia disso pois ele voltou a colocar sua espada na bainha. — Tu envergonhastes o jovem Lord, Lady Hallwick. — Na armadura prateada que trajava o homem trazia ao peito o brasão da casa Vanchosen. — Seu pai não agradará disso.
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