Gaia Spanos
Infelizmente, depois de cinco anos meu pai continua firme com a história de casamento com o Joaquim e a cada vez que somos obrigados a conviver juntos sempre acabamos brigando, ele consegue me humilhar de uma forma que às vezes não consigo aceitar calada.
Hoje minha mãe e minhas avós tiraram o dia para comprar algumas peças para o meu enxoval, suspiro vendo a empolgação de todas elas e tento fingir que estou empolgada com alguma coisa, mas, na verdade, eu queria apenas estar na pista de pouso nos braços do Arthur.
Meus pais sempre souberam que o amo e que é por ele que queria estar comprando cada uma das peças do meu enxoval, mas como punição meu pai nos aproximou, mas ainda para que eu percebesse que ele não é o homem certo para mim.
Diferente do Joaquim, sempre que pode, ele fica o máximo de tempo aqui em Santorini ou em algum país próximo para me encontrar, minha irmã e meus primos e amigos sempre dão um jeito de nos ajudar a esconder nossos encontros.
Tia Selma e minha avó Paula são as únicas que me apoiam e que se dependessem delas eu estaria com o Arthur, nosso último encontro foi a duas semanas quando viajei com a Laís para ir até Paris ver os desfiles de moda.
Ela está feliz com o seu casamento, mesmo que no início eles tenham passado por inúmeras dificuldades, mas agora estava tudo certo, fico feliz que a Laís conseguiu deu a volta por cima e conseguiu domar seu homem.
— Gaia, olha esse meu amor, o que acha? — Minha mãe levanta uma peça de lingerie preta toda rendada, muito linda por sinal e me imagino usando com o Arthur tirando ela do meu corpo, sinto um pouco de vergonha de pensar sobre isso.
— Pode escolher o que achar melhor mãe, não me importo. — Viro de costa e saio da loja e procuro por algo que chame a minha atenção, nossos seguranças estavam andando um pouco mais afastados da gente, quando sinto uma mão segurando a minha.
— Sua avó me disse onde te encontrar. — Arthur estava vestido com uma calça jeans e uma camisa azul, boné e óculos escuro, deixando ele mais lindo que já é. — O que está fazendo aqui fora, meu rubi? — Respiro fundo e ele olha para os seguranças que estavam se aproximando.
— Minha mãe resolveu comprar lingeries que não planejo usar. — Reviro os olhos e continuo andando pelas calçadas e entro em uma loja que tinha uma bolsa que me chamou atenção.
— Gaia, sabe que precisa aceitar o seu destino, não é meu amor? — Finjo que não escuto o que ele fala e continuo olhando os preços das bolsas e pego uma. — Não adianta me ignorar, iremos ter essa conversa. — Ele insiste em falar sobre esse assunto.
Percebo que os seguranças se aproximam mais e praticamente estão na loja, Arthur acena para eles que voltam a se afastar, a última coisa que queria agora é ter que voltar para perto da minha família e aceitar esse casamento.
Assim que p**o pela bolsa, saímos da loja e ele segura a minha mão e me leva até o carro que estava estacionado um pouco mais distante, mas como estávamos um pouco mais casuais, ninguém nos percebeu ou meu pai me mataria por ser fotografada com outro homem que não fosse meu noivo, já no carro ficamos em silêncio e ele me leva para um bosque bem tranquilo e no fim dele tem um mirante lindo.
— Vem vamos sentar ali nas árvores Gaia. — Ele sai e espero para que ele abra a porta para mim, ele estende a sua mão forte e a pego com segurança.
Vamos andando devagar até onde ele me mostrava onde queria se sentar.
— Meu rubi, você se lembra quando foram ao Brasil quando fez seus 16 anos para firmar o compromisso com o Joaquim? — Como poderia me esquecer desse dia, que atormenta a minha vida desde então, volto a me recordar.
CINCO ANOS ANTES
— Filha, por favor, tente ser razoável com isso. — Meu pai já havia me dito todo seu arsenal de explicações.
Já não tinha, mas lagrimas para chorar implorando para que ele não fizesse isso, todos meus avós tentaram persuadir ele sobre essa questão, mas nada o fez mudar seu pensamento, e como uma boa filha passei a aceitar tudo sem reclamar.
Mas desde esse dia em diante uma mágoa tão grande cresceu em mim que passei a falar somente o necessário com meu pai, sempre que precisava de algo recorria ao meu avô Marius.
— Gaia estou falando com você. — Olhei para o meu pai que tem lindos olhos azuis e um vinco enorme na sua testa, talvez irritado por estar ignorando-o no avião.
— Sim, ouvi o senhor. — Volto para a mesma posição que estava, volta e meia Atena me ajudava com alguma coisa que meu pai falava.
Após horas chegamos no Rio e vamos para o nosso apartamento sem passar em lugar nenhum.
No dia seguinte fomos para a casa do tio Júlio e somos recebidos pela tia Tânia que abraça a todos e chama seus filhos, mas apenas o Thalles aparece e me abraça com carinho e brinca com a Atena.
— Cadê o seu irmão? — O pai dele pergunta, percebemos que ele não sabe o que responder. — Vou matar esse menino um dia Tânia.
Tenho vontade de rir, mas me seguro e sei que daremos trabalho para esses dois que insistem em nos casar.
— Alex, me desculpa por isso, vou encontrar ele e daqui a pouco ele chega aqui. — Me aproximo do Thalles e chamo ele para ir passear.
— Onde pensa que vai? — Pela primeira vez decido enfrentar meu pai.
— Vou para a casa da tia Carol, porque mesmo que vocês insistam nessa sandice, ele não ira aparecer e da mesma forma que ele não me quer, não o quero também. — Viro de costa e saio da casa dos Garcia de cabeça em pé, mesmo sabendo que meu pai me deixará de castigo por anos.
Consigo convencer que me levassem até a casa da tia Carol e mesmo com trânsito pesado não demoramos a chegar até a sua casa, dei sorte que a Laís estava aqui, mas estava arrumando as malas para um mochilão que fará daqui a alguns dias.
— Oi, Gaia o que faz aqui? — Ela me abraça e me puxa para o seu quarto e vamos rindo.
— Estou fugindo do louco do meu pai. — Ela começa a rir e caio na sua cama e me abraço ao seu travesseiro.
— Espera aí que vou trazer algo que melhorará o seu humor. — Ela sai rindo e grito para ela em português.
— Espero que seja uma panela de brigadeiro. — Puxo a minha bolsa e tiro o celular de lá e havia várias mensagens e ligações dos meus pais, abro somente a primeira.
Papai: Assim que por meus olhos em você, pode ter certeza que a sua mãe não conseguirá abrandar a raiva que estou sentindo de você agora Gaia Spanos.
Reviro os olhos para a mensagem e penso no que responder e apenas digo a verdade.
Gaia: Está decretando a minha morte, me forçando a me casar com que não amo, estou com a Laís comendo brigadeiro.
Resolvo desligar o celular porque sei que agora eles vão ligar até se cansarem, consegui chamar atenção deles, isso tenho certeza, começo a ouvir passos se aproximando, mas como estava de costa para a porta não faço ideia de quem chegou.
— Cadê o brigadeiro Laís? — Pergunto dela tentando aplacar a dor do meu coração.
— Ela está fazendo e pediu para que descesse comigo rubi. — Me viro rápido assim que ouço a voz do Arthur na porta.
Me levanto no pulo e corro até os seus braços que me agarram com força e sinto o beijo na minha testa, ele levanta meu rosto e seus lábios encosta nos meus e nosso beijo sai com carinho e me derreto completamente por ele.
— Por que está aqui e não no Suíça? — Ele começou a trabalhar com a tia Carol por meio período e estuda no período noturno, está quase terminando a sua faculdade de engenharia aeronáutica.
— Vim trazer uma coisa para a Laís que a minha tia mandou, estava na cozinha quando chegou, agora me diz o que houve? — Respiro fundo e falo baixinho.
— Viemos para que meu pai encontre um meio para que esse casamento aconteça. — Ele me abraça mais forte.
— Me perdoe Gaia, por escolher não entrar nessa vida. — Sempre soube que seus pais nunca quiseram se envolver com nada disso e hoje estamos aqui sofrendo com isso.
— Não tenho que perdoar nada, meu pai que precisa ceder. — Antes que termine de falar algo mais, a Laís entra.
— Seus pais e minha mãe estão vindo, acho melhor você ir Arthur. — Ele concorda.
— Assim que você estiver perto de se casar, se ele mantiver com essa ideia faremos algo, não se preocupe. — Ele fala e me beija mais uma vez.
— Daremos um jeito para que fiquem juntos, podem contar comigo… — A porta do quarto se abre e vejo a minha irmã na porta e sorri para mim.
— E comigo, não vou perder a minha irmã para a morte. — Todos me olham preocupados e tento explicar.
— Meio que disse que me mataria se me casasse forçada. — Dou de ombros e vejo a expressão assustadas deles.
— Nunca mais fale isso, ouviu? — Concordo com a cabeça e ele me abraça e nos despedimos.
Volto para a cama e a Laís mostra a panela de brigadeiro e vamos todas para a cama, quando nossos pais aparecem dizemos que estávamos somente a gente na casa.
E como sabia ele não demoram muito para surgir cuspindo fogo, como a vovó Maite fala sempre a tia Carol aparece brava lá em casa.
Eles tentaram conversar comigo de todas as formas, mas não quis ouvir e pela raiva que meu pai ficou de mim e pela raiva que o pai do Joaquim ficou dele, eles se acertaram e decretaram meu casamento para quando fizesse 21 anos, não tenho mais o que fazer, agora é viver um dia por vez até esse maldito dia, agora estou aqui nos braços do homem que realmente amo.
Arthur com seus 29 anos é formado em engenharia, mas para conseguir ficar mais perto de mim tirou as permissões necessárias para que se tornasse piloto e com uma certa ajuda ele foi contratado para ser o piloto da família, então sempre que conseguimos ficamos um tempo sozinhos.
Sei que meu pai sabe disso, que ele se arrepende de decretar essa prisão para mim, mas infelizmente ele não quer voltar com a sua palavra.
— Não sei o que pensar Arthur. — Me deito em seu peito e olhamos para o mar que estava na nossa frente.
— O que me preocupa em tudo isso é que o Joaquim toque em você meu rubi, isso é a pior coisa que passa na minha cabeça. — Sempre imaginei que a minha primeira vez fosse com ele.
Nunca passamos dos limites, até porque sei o que me cabe na organização sendo filha do meu pai, então o Arthur sempre me respeitou muito, mas na noite da festa dos meus 18 anos meu pai fez uma festa enorme e todos ficaram muito embriagados, de madrugada fui surpreendida com o Arthur entrando no meu quarto e me mostrou o que teria com ele.
Ele fez com que conhecesse o meu corpo e me deu uma pequena amostra de que era um orgasmo, mas sei que ele só fez isso porque havia bebido muito, antes de amanhecer ajudei ele a voltar para o seu quarto e fiquei sozinha pensando em tudo o que podia ter com ele.
— Ele não vai me tocar nem que tenha que mata-lo nas nossas núpcias. — Ele começa a rir.
— Mas sua irmã tem uma ideia melhor para o seu casamento, e acho que deva conversar com ela sobre isso. — Me viro de frente para ele e questiono o segredo.
— Não percebeu nada nos últimos anos? — n**o com a cabeça. — Tenho quase certeza que a sua irmã se apaixonou pelo Joaquim.
Isso é uma revelação e tanto, estou mais surpresa ainda por minha irmã não me contar sobre seus sentimentos.