Capítulo 3 - Liz

2014 Words
Estou terminando de me arrumar para ir na festa da Pri. Não estava muito animada, mas agora que Isaac vai eu fico bem mais contente. Um dos motivos do meu desânimo é o Mayke, ele é irmão da Priscila e de vez em quando a gente acaba dando uns beijinhos quando nos encontramos, nada além disso, mas eu sinto que ele já quer avançar o sinal, só que eu não me sinto preparada para isso, ainda não, mas Mayke não entende, ele tá sempre forçando a barra. Eu nunca namorei, sério nunca, mas já tive uns dois ficantes, o primeiro foi um no ensino médio e o outro é o Mayke, porém nenhum dos dois despertaram em mim aquela sensação avassaladora, sabe? Aquela paixão incontrolável? A gente tem química e tals, mas nada fora do comum, por esse motivo eu nunca quis assumir um compromisso sério com nenhum dos dois. — Filha — Meu pai bate na porta do quarto que está entreaberta. — Oi pai, entra. — Está tão linda, vai aonde? — Obrigada papai — Agradeço ao elogio — Vou a festa da Pri. — Quer que eu te leve ou vai com uma de suas amigas? — Vou com o Isaac. — Liz minha filha, senta aqui com o papai, vamos conversar. Me sento ao lado dele na cama para escutar o que ele tem para me falar, embora eu já imagino o que seja. — O que está acontecendo entre você e o Isaac? — Somos amigos. — Só amigos? — Arqueia uma sobrancelha. — Só amigos — Reafirmo. — Eu pergunto porque vocês dois estão sempre juntos, são jovens e ambos não namoram. — Não se preocupe papai, Isaac é meu melhor amigo. — Então tá estrelinha, mas você sabe que qualquer coisa pode contar com seu velho aqui, não sabe? — Eu sei meu amor, mas de velho você não tem nada — Abro um sorriso doce para ele e beijo sua bochecha. — Você é tão linda, igualzinha à sua mãe — Diz com carinho. — Amo você papai! — Eu amo ser o seu pai filha, amo você! Nos abraçamos carinhosamente. Eu sou muito sortuda por ter ele como meu pai e por minha mãe também, meus pais são maravilhosos. Meu celular apita e é uma mensagem do Isaac falando que já está lá embaixo me esperando. — Já vou indo pai, até mais tarde. — Qualquer coisa você me liga. — Tá bom. Me despeço do meu pai e vou ao encontro do meu amigo. Isaac está encostado no carro com as mãos no bolso, ele é lindo, eu consigo entender porque minhas amigas ficam loucas e apaixonadas por ele, talvez se não fossemos amigos eu também ficaria do mesmo jeito. Balanço a cabeça espantando esses pensamentos absurdos, só posso estar ficando louca para pensar dessa forma. — Tudo bem Liz? — Isaac me desperta. — Ahn, sim, tudo bem — Abro um sorriso sem graça. — Você está linda, como sempre — Diz, galante. — Obrigada, você também está lindo! Abre a porta do carro para mim como um bom cavalheiro que é. Eu adoro esse jeito dele. O trajeto todo a gente fez conversando e rindo, me sinto tão bem ao lado de Isaac, não sei nem explicar. Quando entramos na festa a maioria dos olhares são direcionados na nossa direção. Algumas meninas suspirando por ele, outras com raiva porque eu cheguei junto e o de Mayke que não gosta nem um pouco da nossa aproximação, problema dele né. Eu nunca vou me afastar de Isaac, por nada e nem ninguém! Assim que nos vê, Priscila corre em nossa direção. — Amiga, você está linda! — Obrigada, você está muito bonita também! — Retribuo o elogio. — Isaac — Ela diz com um sorriso safado no rosto — Meu melhor presente de aniversário é ter você em minha festa. — Obrigado Priscila e feliz aniversário — Responde seco e o silêncio se instala. Ela fica sem graça e logo se afasta. — Caramba — Comento. — O que foi? — Você destruiu o coração dela. — Eu nunca menti para ela. — Eu sei, vamos beber alguma coisa? — Vamos. Bebemos alguns drinks e eu já estava bem alegrinha, decidi que era hora de beber água. Olho o celular e tem uma mensagem de Mayke. Abro-a e vejo que ele está querendo conversar comigo em particular, respiro fundo, que saco esse cara. — Algum problema? — Isaac pergunta. — Vou ao banheiro e depois vou trocar uma palavrinha com o Mayke, vai ser bem rapidinho. — Você ainda fica com esse merda? — Isaac e Mayke não se dão muito bem, como podem ver. — Ficava, não fico mais, vou comunicá-lo disso agora mesmo — Me levanto e beijo sua bochecha — Já volto. — Qualquer coisa me liga. — Com toda certeza. Faço xixi e depois ligo para Mayke para saber onde posso encontrá-lo, ele me diz que é a segunda porta à direita no corredor. Abro-a e vejo que é uma espécie de escritório, ele está sentado no sofá me esperando. — Oi — Entro e deixo a porta aberta. — Só assim para conseguir falar com você, não sai de perto daquele i****a* — Ele se levanta e fecha a porta. Não gosto da maneira como ele fala de Isaac. — O que você quer? Estou com um pouco de pressa. Pego o celular e rapidamente mando uma mensagem para Isaac informando onde estou. — Quero te ver, ficar com você, tem tempo que a gente não fica juntos — Ele se aproxima e eu recuo. — Então Mayke, sobre isso, eu queria conversar com você... — Pensou na minha proposta? Vai aceitar namorar comigo? Ele está tão próximo que posso sentir seu hálito com cheiro de álcool bem forte. — Não exatamente — Tento explicar — Você é um cara super legal, mas no momento eu não estou preparada para assumir nenhum tipo de compromisso e por isso eu queria romper o que temos. — Como é? — Pergunta desacreditado — Estamos ficando há seis meses e agora você quer terminar? — Ele parece bem nervoso com minha decisão. — Na verdade eu não estou terminando nada, até porque nós dois não temos nada, estou apenas comunicando que não quero mais ficar com você. — Eu estou te esperando há seis meses, seis malditos meses e agora você diz que não quer mais ficar comigo? — Ele me encurrala na mesa. — Me solta Mayke — Peço nervosa. — Você gosta é daquele i****a lá fora, não gosta Liz? Ahn, confesse! — Você está me assustando.. — Assustando? — Solta uma risada irônica — Eu estou igual um i****a aqui esperando por você, enquanto isso você está deitado e rolando na cama com aquele merdinha. Dou um tapa na cara dele e ele se afasta um pouco. — Você me respeita! — Exijo — E mesmo que eu estivesse, você não tem nada com isso! — Se você pode com ele, pode comigo também, te garanto que te darei bem mais prazer. Ele avança e me beija a força, passando as mãos por meu corpo, tento afastá-lo, mas ele é bem mais forte que eu. — Me larga, me larga — Peço desesperada. — Solta ela c*****o! — Isaac tira ele de cima de mim e o joga no chão — Você está bem? — Passa as mãos carinhosamente por meu rosto — Você está bem Liz? Fala comigo, por favor... Eu começo a chorar de soluçar, estou com o meu corpo todo tremendo. Isaac vira e pega Mayke pela gola da blusa, começa a soca-lo e eu não consigo fazer nada além de chorar, vejo que Mayke acerta um soco em Isaac também, mas logo ele revida. Algumas pessoas entram no escritório, provavelmente por ouvir a confusão e separa a briga. — Você vai aprender que quando uma mulher diz não, é não, seu infeliz! — Isaac tenta avançar nele mais uma vez, mas as pessoas o seguram. Ele está com o supercílio sangrando, mas Mayke está bem mais machucado, com os olhos roxos, nariz e boca sangrando. — Amiga, o que aconteceu aqui? — Priscila se aproxima de mim, mas eu não consigo falar nada, estou em choque ainda. — Vem Liz, vamos embora — Isaac segura em meus braços e eu o abraço forte — Vamos embora preciosa, vou cuidar de você. Saio de cabeça baixa ao lado dele. Com cuidado ele me coloca no carro, fico encolhida, ele fala algumas coisas, mas não respondo. — Não quero ir para casa — É a única coisa que eu falo e eu sei que ele entende que não quero que meus pais me vejam assim. — Tudo bem, vou te levar para o meu apartamento. Apesar de novo, Isaac é totalmente independente. Quando chegamos ao apartamento eu peço para tomar banho, quero tirar as mãos daquele imundo do meu corpo. Termino de tomar banho, visto uma camisa e uma cueca dele e volto para o quarto. — Está melhor? — Pergunta e me entrega uma xícara de chá. — Sim, obrigada! Bebo o chá maravilhoso que ele fez. Como pode alguém me conhecer tão bem e saber que nesse momento tudo que eu mais queria era um banho, uma cama quentinha e um bom chá? E claro, a companhia dele? Só Isaac! Ele sabe tudo sobre mim. — Deixa eu cuidar desse ferimento seu aí — Peço ao ver a sobrancelha dele com sangue ainda. — Se preocupa com isso não. Amanhã vamos na delegacia denunciar aquele merda! — Diz com raiva. — Não! Não quero que meus pais saibam disso. — Liz ele precisa ser denunciado. — Depois a gente resolve isso, pode ser? Não quero falar disso agora — Peço. — Tudo bem — Ele abre os braços — Vem cá. Eu deito no meio das suas pernas e o seu cheiro me acalma. — Eu fiquei com tanto medo — Confesso. — Foi a primeira vez? — Sim. Nunca tinha ficado em um lugar a sós com ele, todas as vezes que a gente ficou foi sempre em alguma festinha ou balada. — Nunca? — Pergunta confuso. — Não, nunca — Afirmo. — Entendo. — Você já ficou com muitas mulheres? — Nem sei o que se passou pela minha cabeça para perguntar isso, ainda mais sabendo a resposta. — Sim, mas nunca desrespeitei nenhuma delas, meu pai e minha mãe me deram educação suficiente para saber que não é não. — Queria tanto encontrar alguém como você — Confesso. — Já estou aqui, não precisa procurar — Fala rindo. — Não estou falando como amigo — Me viro para ele — Queria encontrar uma pessoa bacana para namorar igual você, sei lá, não encontro ninguém que me faça ter vontade de... — Paro de falar antes de falar alguma merda. — De? — Não, nada. — Começou agora termina. Eu o encaro e não sei de onde surgiu, mas uma vontade incontrolável de beijá-lo surge. — Isaac? — Sim? — Você ficaria com uma menina como eu? — Quê? — Ele ri — De onde você tirou isso? — Me responde... Você ficaria comigo se caso não fossemos amigos? — Claro Liz, você é linda e a menina mais incrível que eu já conheci na vida. Não penso duas vezes e eu o beijo. Por alguns segundos ele fica sem reação, mas logo segura firme em meus cabelos e aprofunda o beijo. Sinto como se o mundo tivesse parado, meu corpo inteiro está quente e meus pelos do corpo todos arrepiados, milhões de borboletas dançando em meu estômago e milhões de fogos de artifícios estourando. Meu Deus, que sensação incrível é essa? Paramos de nos beijar ofegantes, testas coladas e totalmente desnorteados. — Liz... Sem dar margens para arrependimentos, eu o corto. — Não para, por favor, não para... — Você tem certeza? — Absoluta! Mentira, não tenho certeza nenhuma, mas a única coisa que eu sei é que quero sentir isso novamente.
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