Capítulo 04

1278 Words
Dois meses depois. Beatriz Aos poucos a vida está voltando aos eixos, ainda não consegui comprar um novo apartamento que atenda às nossas necessidades, ate isso acontecer eu aluguei um, tao pequeno que consigo ver a cozinha enquanto vou em direção ao quarto. Saio do banho e já vejo uma bagunça na cozinha, sigo até lá. __ Luna meu amor o que você está fazendo? Falo tentando manter a calma, limpando uma pequena coberta de farinha, rosto, cabelo, roupa tudo branco, fora o chão que estava lindo, para não dizer ao contrário. Esses últimos dois meses toda vez que a Luna aprontava alguma arte eu buscava não me estressar e não brigar com ela, um filme passava em minha mente e as lembranças dela no incêndio vinham a tona, ela pequena e frágil em meus braços, toda aquela lembrança r**m e o quanto perto eu fiquei de perde-la, ms faz ver que uma arte como jogar farinha em toda a cozinha não é absolutamente nada comparado que está tão perto da morte como ficamos, preciso deixar ela fazer um pouco de arte, assim o trauma não fica tão evidente em sua mente. Mas, nos últimos dias, porém, parecia que ela estava cada vez mais focada em me tirar do sério, e o meu controle estava por um fio. __ Fazendo muffins mamãe. Ela fala tão alto que quase todo o prédio escutou, desde que tudo aconteceu que procurei alugar algo no térreo. Mesmo, amando a vista das ruas do meu bairro eu ainda vou pensar muito em morar em outro lugar que não seja o primeiro andar. Agora que meus pesadelos estão diminuindo, mas passei várias noites sonhando em estar presa no quarto andar e ter de engatinhar pelos andares que pareciam sem fim, por isso agora eu realmente prefiro ter segurança a ter uma bela vista, talvez quem sabe um dia eu consiga voltar a morar em um andar mais alto, mas agora quanto mais próximo ao chão melhor. __OK. Mas por que isso às seis e quinze da manhã? Sempre tivermos o habito de acordar cedo, mas a Luna não costumava ser muito produtiva tão cedo, especialmente no primeiro dia do feriado de inverno. __ Podemos levá-los para o Corpo de Bombeiros. Para os bombeiros comerem no café da manhã. Nas primeiras semanas após o incêndio, Luna me bombardeava de perguntas sobre o fogo, sobre os carros de bombeiros... e sobre Raphael Simpson. Eu tentava responder a todas as perguntas técnicas o melhor que podia, com a ajuda da internet e de alguns livros da biblioteca. No entanto, tinha feito o máximo para despistar as perguntas dela com relação ao bombeiro que nos salvou. Sobretudo aquelas que envolviam vê-lo novamente. No hospital, eu pude ver a emoção sincera nos olhos dele quando a Luna o abraçou. Mas, depois, ele se fechou tão repentinamente e completamente que fiquei um pouco magoada. Tinha consciência de que era melhor não levar para o lado pessoal, especialmente quando sabia que aquela viga lhe atingira em cheio a cabeça. E as minhas emoções tinham estado à flor da pele naquele dia também. Infelizmente, a Luna não era a única a pensar nele o tempo todo. Eu também pensava nele todos os dias, em quanto me sentia agradecida por ele ter feito o que fez por nós duas e em quanto ele foi altruísta ao arriscar a própria vida por nós. E, muitas vezes a noite quando eu estava sozinha na cama, pensava em como ele era bonito e em quanto seus músculos eram grandes, seus braços fortes e aqueles olhos que me fascinavam. Não que esses pensamentos servissem para alguma coisa. Mesmo que ele não tivesse nos mandado embora do quarto do hospital, eu nunca poderia ficar com um homem como ele. Não depois de ter aprendido sobre os riscos, e a dor, de estar com um homem viciado em perigo, ja tinha vivido uma perda e não queria ter que passar por isso de novo. Eu queria um futuro com um homem que definitivamente ficasse em casa toda noite. Eu me recusava a passar outro dia, outra noite, esperando o telefone tocar, a batida à porta com a notícia de que o meu parceiro que esperava estar ali, não voltaria mais. E tudo que eu queria mesmo era ficar longe dele e de toda a sua profissão perigo, mas não ajudou muito quando o Pelotão que ele trabalha enviou um presente de aniversário para Luna algumas semanas após o incêndio. Era uma bonequinha vestida de bombeiro, com maria-chiquinha rosa e um cachorrinho dálmata com uma coleira vermelha da cor do carro de bombeiros. A Luna simplesmente tornou essa boneca em seu brinquedo favorito e a leva para todo lado, dorme com eles embaixo do braço, e se enrosca neles no sofá à noite. Até mesmo agora a boneca e o cachorro de pelúcia estavam lá, em pé, no balcão da cozinha. __ Tenho certeza de que eles já comeram bastante no café da manhã. __ Nada tão bom quanto muffins, eu acho. Eu não podia argumentar. Os muffins de chocolate, banana da Luna eram famosos. Era uma combinação que não deveria dar certo, mas que, no final das contas, virou um sucesso. Deus sabia que a Luna não tinha me puxado para os dotes culinários. Não, isso vinha do Marcus, que tinha um talento especial para cozinhar. Luna se parecia tanto com o pai, em tudo, inclusive do cabelo louro-claro, que às vezes eu olhando para ela sentia que ele ainda estava vivo. __ Vamos conversar sobre isso depois que eu me vestir. __ OK, mamãe. Não tinha muito o que fazer com o pedido da Luna e não podia dar mais desculpas para não irem até o quartel para dizer "oi" aos bombeiros. Então resolvi irmos, não ia ser nada demorado, deixaríamos os muffins, ela admiraria os carros brilhantes e depois iriamos ao parque para passar algumas horas. Não me incomodaria a possibilidade de ver o Raphael. Na verdade, ele nunca nos disse para chamá-lo de outra coisa a não ser de Sr. Simpson, mesmo não sendo muito mais velho do que eu. De qualquer forma, quais seriam as chances de ele estar de plantão nessa manhã? Ou mesmo de se lembrar da gente? Dou uma olhada no espelho sobre a cômoda e penso que não havia mais como ignorar as mentiras que eu estava acumulando, uma após a outra, nesta manhã. Só de pensar no bombeiro já sentia um nó no estômago e não havia nada que pudesse fazer a respeito disso. Se ele estivesse de plantão, se lembraria de nós, já que houve uma conexão inegável, uma faísca palpável entre nós dois. Uma hora depois íamos para o quartel, a Luna ia toda sorridente e faceira para levar sua travessa cheia de muffins quentes. Há quase um quarteirão de distância, Luna ja correu e quando vi já havia desaparecido para dentro das portas abertas do quartel do Corpo de Bombeiros. Eu sabia que meu coração não deveria bater tão rápido. Sim, nós subimos uma colina para chegar aqui, mas eu estava em boa forma por causa da ioga que praticava todas as manhãs. E no momento que minha pequena saiu com ele no portão, meu coração praticamente parou de bater, meus pés também pararam, me deixando estranhamente estagnada na calçada, segurando os muffins, com a boca entreaberta, devia ser proibido ter um homem tão lindo e sexy como ele, preciso tirar ele da minha mente, antes que ele entre em meu coração e isso não pode acontecer, eu não posso deixa-lo entrar, não agora que consegui me manter segura sem ter alguém que viva correndo perigo constantemente.
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